Redenção escrita por mjonir


Capítulo 12
Promessas que não posso cumprir




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Meus olhos ardiam de tanto sono, todavia a pesquisa sobre a S.H.I.E.L.D continuava. Todos sabem que é uma organização financiada pela ONU a fim de proteger os seres humanos deles mesmos, e eu estava tentando entender há meses o porquê de ter um bilhete deles em minha antiga casa.

Era meio óbvio que essa organização secreta tinha enviado agentes para matar meus pais, porém o que mais me deixou, esse tempo todo, com tantas questões é o porquê disso tudo.

Meus pais não tinham nenhuma passagem, nada que os tornassem um perigo para que a S.H.I.E.L.D se envolvesse. Os dois eram apenas cientistas que estudavam por amor, nada mais que isso.

Abri várias guias de pesquisa sobre a organização e estava torcendo para que chamasse a atenção deles para assim poder… Sei lá? Diana acorda, eles são uma organização de espionagem e você querendo prensá-los contra a parede?

E se eles tivessem algo a ver com o assassinato de meus pais o que eu poderia fazer? Vingá-los?

E foi aí que eu encontrei um grupo que tenta de todas as formas desmascarar os envolvimentos da S.H.I.E.L.D nos encobrimentos de super-heróis chamada: Maré Crescente.

A princípio, foi completamente difícil entrar em contato com eles, mas no momento em que consegui me tornar um membro do grupo, minha visão sobre o mundo mudou, não estávamos sozinhos no espaço.

A cama atrás de mim começou a fazer barulho, o que me fez congelar na cadeira de minha escrivaninha. Desesperadamente salvei todas as informações no meu minúsculo pendrive e fechei todas as abas que abordavam minha obsessão.

Meu namorado se levantou da cama e veio apoiar suas mãos macias em meus ombros:

— O que está fazendo acordada essa hora? Você tem faculdade logo cedo, esqueceu?

Engoli em seco tentando parecer convincente na minha mentira.

— Já estou indo, baby. Só estava terminando uma pesquisa aqui. – Puxei o pendrive e mostrei a ele.

Ele fingiu que tinha engolido mais essa desculpa e balançou a cabeça negativamente.

— Vem, anda logo! – Respondeu carinhosamente.

Ele virou minha cadeira pra ele, envolveu seus braços em minha cintura me puxando para o seu colo. Encostei minha cabeça em seu ombro fechando os olhos e sentindo paz que eu tenho precisado há dias.

Fomos até a grande cama branca de nosso quarto, ele ainda me segurando enroscada em sua cintura. Faz dez dias que não nos víamos por conta de seu trabalho. O pai dele é dono de uma multinacional de New York e devido a isso ele precisava fazer muitas viagens.

Por esse motivo depois da morte de meus pais viemos para a cidade que nunca dorme e agora moramos juntos. Eu deixei absolutamente tudo pra trás, nós nos formamos no Texas e nos mudamos para cá me fazendo deixar aquela Diana enterrada a sete palmos do chão.

Senti o baque do colchão em minhas costas enquanto ele soltava minhas pernas de sua cintura passando sua mão de leve por elas, levantei meus olhos para o seu e acariciei seus cabelos ruivos, seu rosto marcado devido o sono.

Suas mãos subiram pela minha cintura fazendo um carinho gostoso ali e ele me deu um beijo leve:

— Hora de dormir, meu anjo. – Disse me colocando deitada e se jogou na cama ao meu lado.

Quando ele finalmente achou uma posição confortável eu abracei sua cintura e repousei meu rosto em seu abdômen sentindo o sono chegar. Apenas quando estava junto dele eu sentia a paz que fugiu de mim.

Meu maior medo em estar sozinha era que os mesmos assassinos de meus pais viessem para me fazer ter o mesmo destino que eles.

O que eu mal sabia é que eles viriam.

— Diana! – Gritou Aaron me fazendo levantar a cabeça.

A chuva torrencial continuava deixando meus cabelos ensopados e grudando na testa e bochechas, não é exatamente um bom momento para conversar com o soldado loiro que se encontra abrigado na parte coberta do pátio.

A confusão tem tomado a maior parte de meus sentimentos, eu me sinto confusa em relação a tudo e o culpado disso tudo é o maldito asgardiano, Loki. Se essa peste não existisse pra estragar o que eu tenho vivido ultimamente seria perfeito.

Aaron estava completamente nervoso e a tensão é quase palpável mesmo estando longe, faz quase um mês que não nos falamos depois do beijo impulsivo que ele me deu. Eu sabia que o dia de conversarmos chegaria e sei também que eu fui irresponsável por sair correndo sem dar nenhuma explicação a ele.

O soldado repentinamente saiu debaixo da cobertura e andou na chuva as pressas para finalmente parar ao meu lado, seu cabelo loiro assim como sua roupa ficaram ensopados. Ainda me encontro sentada perto da mesa de mogno tremendo de frio devido o gélido temporal.

Ele se aproximou de mim e sentou-se ao meu lado, virou um pouco o corpo e pôs a mão em um dos meus joelhos. Minha primeira reação seria me esquivar, todavia tentei de alguma forma mostrar que nós dois podemos conversar.

— Hey Di! – Ele sorriu pra mim.

— Oi Aaron. – Devolvi o sorriso.

O silêncio constrangedor se instalou entre nós me deixando completamente desconfortável, todavia no momento em que abri minha boca pra falar algo Aaron me interrompeu:

— Olha Di, me perdoa, por favor. – Ele se virou de frente para mim. – Eu fui impulsivo demais, pensei no meu desejo e esqueci completamente do que você queria e…

Ele começou a ficar nervoso e falando cada vez mais rápido, franzi o cenho tentando acompanhar até onde ele queria chegar. É óbvio que ele foi completamente impulsivo e nunca dei sinal algum de que havia algo mais que amizade entre nós.

Aaron é um homem incrível, cheio de qualidades e um sorriso magnífico assim como seu coração e se eu quisesse que houvesse algo entre nós eu mesma o beijaria, não sou daquelas que espera uma atitude. Ri com meu próprio pensamento atraindo a atenção do loiro a minha frente.

— Por que você está rindo? – Ele soltou uma pequena gargalhada franzindo o cenho.

— Nós somos dois malucos, meu amigo. – Dei um sorriso largo. – É claro que eu te perdoo, preciso do meu melhor amigo de volta.

— Mas, você saiu correndo como se tivesse visto Fenrir. – Ele riu.

— Eu fiquei confusa, não é como se eu fosse te agarrar… – Ele fez uma careta. – Não que você não seja ‘’agarrável. ’’ – Nós rimos.

— Essa palavra nem existe.

— Eu sei. – Gargalhei – Acabei de inventar, minha criatividade é infinita.

— É verdade. – Ele me olhou com um enorme carinho e decidi que deveria retribuir isso. – Eu achei que iria te perder pra sempre, Di.

— Você não vai, eu te prometo. – Sorri e joguei meus braços ao redor de seu pescoço. – Você é meu melhor amigo, me perdoe também.

Seus braços em volta de minha cintura se apertaram e ele beijou o topo da minha cabeça.

— Quem mais vai me levar ao banheiro pra fazer xixi, ou me ensinar a atirar arco e flecha? – Rimos.

— Estarei sempre aqui pra te levar ao banheiro. Aliás, mesmo que estivéssemos longe um do outro eu passava aqui para espiar seu treino e você está cada vez melhor, começo até ficar com medo de um dia você chutar a minha bunda.

— Não se espante se um dia eu precisar.

Se alguém estivesse nos olhando com certeza diria que somos loucos, acho que nunca ri tanto em toda a minha vida. Aaron me soltou de seu abraço de urso e me puxou para cima me fazendo levantar.

— Vamos pra dentro, você está completamente ensopada. – Disse ele tentando arrumar meu cabelo molhado.

— E você está bem seco não é mesmo, baby? – Ri.

— Vem!

Ele me puxou pelos ombros me fazendo correr para dentro do palácio.

A luz do sol irradiou pela janela do apartamento me fazendo esconder o rosto no travesseiro, mexi bruscamente minhas pernas que estavam presas nas de meu namorado, eu devia estar parecendo o Capitão Caverna, afinal eu me mexo tanto quando durmo que a cama e meu cabelo ficam parecendo que foram atingidos por um furacão.

— Olha só quem finalmente acordou. – Sua voz animada me fez bufar. Quem em plena 7h00 da manhã fica tão animado? – Bom dia, anjo.

— Bom dia. – Bocejei.

— Por que não toma um banho enquanto preparo nosso café? Precisamos conversar sobre umas coisas.

Meu corpo ficou tenso e tirei meu rosto do travesseiro a fim de analisar o rosto de meu namorado procurando algum indício de que ele soubesse o que eu estava fazendo de madrugada, e lá estava a ruguinha familiar de preocupação em sua testa. Certo, ele sabe.

— Claro. – Me levantei rapidamente indo direto para o banheiro.

Olhei-me no espelho e bufei, eu definitivamente estou parecendo com o Capitão Caverna.

Após um banho quente e relaxante voltei para o quarto e me sentei na cama enquanto ele arrumava a bandeja do café da manhã em cima da cama. Começamos a comer em silêncio me deixando cada vez mais desconfortável com toda aquela situação.

— Diga o que tem pra falar logo. – Soltei de forma impulsiva me arrependendo do que havia dito.

Ele fez uma careta e eu quis bater a cabeça na parede repetidas vezes. Por que tão impulsiva O’connor?

— Você acordou de mau humor, é? – Ele soltou uma risadinha falsa me fazendo revirar os olhos.

— Só diga logo.

— Você sabe que estou ciente do que você estava fazendo acordada de madrugada, já conversamos sobre isso, Diana. Por que não deixa essa sua obsessão pela S.H.I.E.L.D de lado? – Ele disse bravo.

— Você sabe muito bem porque eu não paro de pesquisar, eu não preciso te explicar esse tipo de coisa, viu o mesmo bilhete que eu e fica me questionando sobre. –Aumentei minha voz

— Diana, eu não quero brigar, por favor, só estou pedindo que esqueça isso. Levamos o bilhete para a polícia, tudo bem, mas você sabe que essa organização é poderosa demais e fica impune por qualquer coisa que faça.

Bufei alto, isso é completamente injusto. Como um assassino não paga por seus crimes?

— Tudo bem. – Resmunguei.

— Prometa que vai esquecer isso e apagar tudo que tem naquele pendrive? – Disse entredentes apontando para o objeto metálico na minha escrivaninha.

Eu sabia que nosso relacionamento é baseado em confiança, mas dessa vez eu teria que mentir para ele e fazer de tudo para ser mais discreta dessa vez. Essa promessa eu não poderia cumprir.

— Prometa! – Esbravejou.

— Ai… Eu prometo, não grite às 7h00 da manhã. – Sorri para ele.

Ele soltou um suspiro de alívio e passou as mãos nervosamente pelo cabelo.

— Ótimo, agora precisamos conversar sobre outra coisa. – Ele me lançou um sorriso genuíno.

— O que foi agora? Não fiz nada de errado. – Fiz um biquinho.

Meu namorado revirou os olhos e pegou em minhas mãos.

— Meu pai quer que você seja estagiária da nossa organização. – Seu sorriso se alargou.

COMO É QUE É? EU TÔ SONHANDO? ME BELISCA, GENTE.

— É o que? – Gaguejei. – Como assim? Eu… Não sabia que era preciso uma astrofísica na empresa de vocês.

— Na verdade precisamos de uma cientista e você é a primeira aluna da classe, um histórico perfeito, anjo. Meu pai está completamente interessado em você.

Uau!

Soltei um grunhido de animação.

— E aí? Você topa, anjo? – Seus olhos brilhavam com a animação e duvido que os meus estivessem diferentes dos dele.

— Mas é claro!

— Sua entrevista é amanhã, já organizei tudo. Sabia que você aceitaria.

— Esse é meu namorado. – Ele soltou uma gargalhada. – Me conhece bem.

Minha curiosidade e ansiedade em saber o que aconteceria nessa entrevista aumentaram em uma escala de 0 a 10.

Ele empurrou a pequena bandeja para o lado e me puxou de forma brusca colando seus lábios no meu e a paz novamente tomou conta de todas as células de meu corpo.


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