O tempo lá fora começara a chover. Os corredores estavam escuros e Ladybug não conseguia enxergar quase nada pela iluminação de seu ioiô mágico. Mas não podia mais voltar atrás naquele momento. Com Chat Noir aos seus calcanhares, ela e o parceiro chegaram até o primeiro andar. A respiração ofegante de ambos era o único som que podiam ouvir no meio da escuridão. Como a morena não conseguia enxergar quase nada no escuro, sentiu uma mão guia-la até o fim do corredor. Havia algumas luzes acesas e logo a visão de ambos voltou ao normal. Mas antes que pudesse dizer alguma coisa Ladybug sentiu sua face empalidecer de medo.

— Chat... – chamou quase sem voz. O mesmo encarou a garota aguardando sua resposta. – Tem alguma coisa atrás de nós.

O loiro olhou para trás e com sua visão noturna não encontrou nada em meio à negridão. Tirou Chat Blanc de seus ombros e o apoiou na parede ao lado de Ladybug. Tirando o bastão de suas costas, olhou novamente para a escuridão. Dessa vez percebeu uma silhueta no fim do corredor. Um frio lhe subiu pelas costas quando notou que era mais um akuma enviado por Hawk Moth. Horrificador.

— My Lady, pode me fazer um favor? – perguntou olhando rapidamente para a parceira. Quando a mesma assentiu voltou a encarar o monstro ali próximo. – Eu quero que no três você corra o mais rápido que puder. Vou tentar distrair o Horrificador e ganhar mais tempo para você.

— Eu não vou sair daqui sem você Chat. – a mesma afirmou se posicionando atrás do mesmo. – Somos parceiros e não é agora que vou te deixar sozinho.

— Escuta. – Adrien disse a virando rapidamente para si e a encarando aflito. – My Lady, não estou perguntando se você quer ir ou não. Isto é uma ordem. Só você pode chegar ao Hawk Moth e salvar Abelle. Então pare de dar uma de durona e faça aquilo que é o certo. Eu te alcanço assim que puder. – disse sentindo a sua respiração bater descompassada em seu rosto. Sua mente o atormentava em dizer que não chegaria a vê-la novamente depois, mas tentou ser o mais forte que conseguia naquele momento. Aproximou seu rosto e lhe depositou um pequeno beijo em sua testa. - Espere o três e não olhe para trás.

A mesma amarrou o pequeno ioiô em sua cintura novamente e segurou Chat Blanc nos braços. Seus olhos tentavam segurar as lágrimas que queriam descer pelo seu rosto e ela queria gritar o quanto ela se orgulhava do mesmo naquele momento. Queria gritar que não poderia acabar assim. Queria gritar que ela era a Marinette que havia conquistado seu coração. Queria gritar o quanto estava cansada de tudo aquilo e que desejava jogar tudo para o alto. Mas infelizmente aquilo era necessário. Era necessário arriscar para conseguir o que se queria.

— Um... dois... – Chat Noir contou começando a girar seu bastão antes de ver o monstro avançando em sua direção. Deu um sorriso nervoso e gritou o mais alto que pôde: - Três!

***

— Cuidado Paon! – Louis gritou fazendo a ruiva se desviar de uma rajada de gelo de Tormenta antes que a atingisse.

Ambos haviam ficado para terminar de lutar contra os akumas enquanto Ladybug e Chat Noir corriam para encontrar o vilão no estúdio de Tv. Havia apenas uma pequena desvantagem entre eles: eram quatro contra dois e ambos heróis já estavam cansados. Seus golpes estavam cada vez mais preparados e ninguém cedia descanso para nenhum dos dois. Estavam exaustos.

— Tortoise eu tive uma ideia. – a heroína de azul gritou quando o moreno se desviou de uma série de tiros de Lady-Wifi e de Homem Bolha. Deu um chute na perna de Ilustrador do Mal e riu um pouco de sua atitude infantil quando o mesmo pulava de dor a sua frente.

— E o que seria My Bird? – indagou com um pequeno sorriso travesso. A ruiva odiava quando a chamava daquela maneira. Ainda estava longe o suficiente da mesma quando viu Tormenta sendo arremessada contra Homem Bolha á sua frente.

— Primeiro, não me chame de My Bird. – começou o repreendendo pela brincadeira. Sentindo alguém se aproximar pelas suas costas, agilmente deu uma rasteira no mesmo, vendo que era apenas Lady-Wifi indo ao chão. – Segundo, eu sei como vencê-los todos de uma vez só. Mas vou precisar que você use o seu poder secreto.

— E se o seu plano falhar? – Louis indagou preocupado com toda aquela situação. Seria muito arriscado. – E se ele não der certo? Eu só vou ter mais cinco minutos antes de me transformar de volta.

— Ele tem que dar certo. Estou cansada de lutar. – respondeu se distanciando novamente do mesmo. Logo o garoto pôde ver Homem Bolha se aproximando pelas costas de sua melhor amiga. Não hesitou e sem pensar duas vezes lançou seu escudo no inimigo. A mesma retribuiu a ajuda com um pequeno sorriso. – Está pronto? – perguntou quando todos os vilões estavam indo ao encontro da mesma. Fechou os olhos com força. Precisava acreditar em si mesma. Precisava aprender a colocar sua coragem em prática e afastar os sinais de dúvida de sua mente mais cedo ou mais tarde. E aquele seria o momento ideal. – Agora!

— Slow Time!  - Tortuise gritou com força.

De repente, tudo parou. Simplesmente tudo. Graças ao poder do miraculous da tartaruga ele podia fazer o tempo e o lugar onde está paralisar totalmente por cinco minutos. Algo que seria suficiente para que o plano de Kattie fosse efetuado. Rapidamente o moreno pegou todos os objetos que Kattie havia dito de onde Ladybug havia purificado seus akumas e libertou todas as borboletas negras que estavam ali, os quebrando.

Como que instantaneamente, o tempo voltou ao normal e todos os akumatizados também. Nenhum deles sabia o que estava acontecendo e Paon comemorou o fato de que o seu plano fora um sucesso. A mesma conseguiu acalmar todos os garotos e convencê-los de irem para casa se proteger de tudo que estava acontecendo na cidade. Quando todos saíram pela porta da emissora a mesma não pôde segurar um pequeno sorriso.

— Eu não disse que o meu plano era perfeito? – indagou sorridente da expressão do melhor amigo. De fato ele não poderia negar a verdade.

— Sem comentários My Bird. – disse com um pequeno sorriso.

Subitamente um brilho azul brilhou a frente da ruiva. Uma luz intensa se formou ao redor da mão da garota e logo se tornou em um pequeno pedaço de pergaminho, fechando o punho da mesma. Encarou o moreno a sua frente e sorriu animada. No mesmo momento, um brilho verde amarelado tomou conta da visão de Louis. O pergaminho também havia se revelado para o mesmo.

— Yeah! – Paon não pôde conter sua felicidade. Com um sorriso de orelha a orelha encarou as mãos de Tortoise e o pergaminho do mesmo. Não pensou e quando se deu conta já estava abraçando o moreno. – Conseguimos! Melhor dupla ever!

— Não acredito que conseguimos mesmo. – o mesmo comentou sorridente. Sentiu o rosto esquentar por um pequeno segundo. – Você é demais Paon. Q-quer dizer, nós somos demais. A dupla da Tartaruga Azul consegue concluir a operação Pudim de Chocolate e o universo revela aos seus heróis os penúltimos pergaminhos para selar o seu destino. – fingiu narrar uma pequena novela estendendo um dos braços no ar. – Será que isso será o suficiente para derrotar Hawk Moth ou o vilão mais temido de Paris será mais esperto? Será que a ruiva mais desejada de toda a cidade conquistará o coração do lindo e charmoso Tortoise ou ele será mais difícil do que ela imaginara? Descubra as respostas dessa trama do próximo capítulo de Miraculous: Em busca dos pergaminhos perdidos.

— Cala a boca Tortoise. – a garota pediu entre risos. Como Louis gostava daquele sorriso... Ou melhor, como o mesmo gostava de fazê-la sorrir para ele. – Vamos precisamos encontrar Ladybug e Chat Noir antes que a sua transformação acabe.

— Como quiser parceira. – afirmou guardando ambos pergaminhos em seu uniforme e a encarando novamente. – Devemos seguir o mesmo rumo que os dois seguiram?

Paon assentiu começando a correr na mesma direção que Tortoise: para as escadas. Estava escuro, mas era o único lugar que eles sabiam que iriam encontrar seus amigos. Era a única escolha que eles tinham naquele momento. Começaram a subir os primeiros degraus e pararam logo em seguida. A garota não entendeu a parada repentina do moreno e não conteve sua curiosidade.

— O que foi? Porque você parou? – indagou tentando decifrar a expressão no rosto do parceiro. O mesmo olhava fixamente para a escuridão a sua frente. Mas antes que pudesse fazer alguma coisa sentiu o garoto a empurrar rapidamente para o lado oposto que ambos estavam. – Louis!

— Fuja Kattie! Fuja e procure ajuda! Ache a Volpina. – ouviu a voz do mesmo diminuindo pelos corredores das escadas. Alguma coisa havia agarrado o mesmo pela cintura e o arrastado para a escada coberta pela penumbra.

Logo caiu em si que haviam sido atacados pelo Horrificador. Ladybug havia lhe contado como derrota-lo. Isso a encheu de coragem e força para ir atrás do melhor amigo. Correndo quase sem ver seus passos, a ruiva seguiu seus instintos e chegou até o primeiro andar do prédio. Com o coração batendo a mil olhou ao redor tentando encontrar alguma coisa.

Do lado de fora a chuva batia constantemente nas janelas do andar, fazendo com que o cenário ficasse parecido com um filme de suspense. Relâmpagos podiam ser ouvidos nos corredores do andar e o silêncio ecoava o barulho ainda mais alto. Kattie procurava a coragem que há poucos minutos atrás a haviam feito chegar até ali.

— Vamos Horrificador, venha aqui me pegar. – chamou olhando ao redor e sentindo seus joelhos balançarem um pouco. Respirou fundo algumas vezes e continuou a procurar algo que pudesse ajuda-la a encontrar alguma pista do paradeiro de Louis. – Vamos! Venha acabar de uma vez por todas com essa situação e venha me pegar!

— Nunca... Deseje... Algo... de... ruim... porque desejos... são... atendidos... – uma voz desconhecida sussurrou nos ouvidos da heroína e foi o suficiente para que todo o seu corpo se arrepiasse por inteiro.

Então ela gritou. O mais alto que conseguiu.

***

— O que foi isso? – Ladybug indagou se virando rapidamente para trás. Havia acabado de ouvir um barulho muito alto que ecoara pelas paredes e assombrara ainda mais os corredores por onde estava passando com Volpina. – Parece um grito.

— Espero que não tenha nada a ver com Paon. – a raposa disse parecendo preocupada com a heroína.

Haviam se passado poucos minutos desde que a joaninha encontrara Volpina. Ela tinha a havia salvado de Cupido Negro e a ajudado a purificar o seu akuma como já havia feito antes, no Dia dos Namorados. Depois de conseguirem avançar até o terceiro andar do prédio, ambas estavam procurando onde Hawk Moth poderia estar esperando por ambas numa armadilha. Lá fora a noite parecia ir desaparecendo junto com a chuva. Logo já seria manhã de novo e Ladybug ainda não havia resolvido àquela história. Deu um suspiro pesado e olhou para Chat Blanc sendo levado por Volpina, já desperto.

— Eu realmente torço para que tenha sido ela. Fala sério, a ingenuidade de vocês me dá náuseas. – o loiro disse revirando os olhos. Volpina não hesitou em lhe dar um peteleco na cabeça. – Ai!

— Obrigada Volpina. – a mesma agradeceu olhando pela janela o reflexo de ambos. Encarou a pequena chuva que insistia em cair e voltou a andar pelo corredor. – Sabe Volpina, agora eu vejo como estava enganada ao seu respeito.

— Como assim? – a morena indagou encarando a garota.

— Você sabe. Desde o dia que você disse que iria mudar a minha opinião ao seu respeito eu vi um grande esforço em você. – Ladybug argumentou tentando expressar bem o que se passava em sua cabeça. – Faz de tudo para mostrar sua força, sua lealdade com a equipe, tenta ajudar naquilo que pode e ainda por cima me salvou agora pouco. Estou muito orgulhosa de você.

— E-eu... não sei o que dizer... – balbuciou com a cabeça baixa. – Acho que você está exagerando Ladybug. Não sou a garota que você pensa que eu sou.

— Bobagem. – afirmou com um pequeno sorriso. Quando a garota voltou a encará-la continuou: - Eu nunca pensei que mesmo depois de todo o nosso passado você me perdoaria. Não tenho palavras para agradecer você Lila. Mais uma vez eu admito que estava errada a respeito de alguém do meu grupo. Resumindo toda a minha resenha, você ganhou o meu voto de confiança. – terminou com um pequeno sorriso de canto.

— Ladybug... eu... eu... – a mesma começou piscando várias vezes e se dirigindo até onde a mesma estava. – Você precisa sair daqui... eu...

— Não não. Eu tenho quase certeza de que Hawk Moth está naquela última porta do corredor. – a interrompeu apontando para a porta. Agarrou-lhe pela mão e a puxou até lá. – Rápido, precisamos salvar os outros. Quando eu contar três, nós duas abrimos a porta juntas. Pronta?

— Espere Ladybug, eu não acho uma boa ideia... – a garota tentou novamente a encarando.

— Um... – a heroína contou se afastando.

— Espere Ladybug... não faça isso... – Volpina pediu implorando que a morena mudasse de ideia.

— Dois... – continuou com um pequeno sorriso e se preparou para correr. – Três!

— Não! – Volpina gritou quando a mesma chutou a porta com força, abrindo-a em seguida.

— Finalmente nos encontramos cara a cara Ladybug. – ouviu uma voz falar com a joaninha e adentrou o local empurrando Chat Blanc.

A mesma olhou em volta e ficou chocada. O que ela havia feito? Sentiu os olhos marejarem quando viu os outros membros de sua equipe presos dentro de uma jaula trancada. Todos haviam sido capturados diante de seus olhos. Sentiu sua consciência pesar quando Chat Blanc deu uma gargalhada e sussurrou em seu ouvido:

— Está vendo isso? É tudo graças a você minha raposinha. Talvez sem a sua traição à confiança deles nós não teríamos conseguido. – Lila sentiu o coração apertar e abaixou os olhos com o comentário do loiro. O mesmo depositou um pequeno beijo em sua bochecha e ainda acrescentou: - Não fique assim. Ladybug te humilhou e agora você está fazendo o mesmo com a confiança dela.

— Volpina?... você... você planejou tudo isso? – a voz de Ladybug ecoou por todo o estúdio de TV.

Sua voz estava trêmula e quando a garota olhou para a heroína sentiu a voz falhar. Abaixou as orelhas do topo de sua cabeça e engoliu em seco. Precisava pensar se aquilo fora realmente uma boa ideia.