Para Sempre - Parte II escrita por JVB


Capítulo 7
Noivado




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   STEVE

  Foi como um choque – literalmente. – Eu senti todos os pelinhos do meu corpo se arrepiarem quando eu vi Julie parada junto a mesa. Meu Deus, ela estava ali. De começo eu não acreditei, podia ser uma moça muito parecida – já que ela estava com o cabelo castanho e não ruivo como antes.

 Mas era ela.

 Eu tentei não olhar, Samanta estava aqui, eu não podia simplesmente ficar olhando para uma outra mulher. Ela parecia não querer falar comigo, sempre desviando o olhar quando eu estava olhando e só foi na virada do dia vinte e quatro para o dia vinte e cinco que eu tomei coragem para ir lá falar com ela. Eu tentei não parecer estar nervoso mas minhas mãos estavam suando.  

 E então no final ela caiu na grama do jardim enquanto falava no telefone. Não mudou nada, eu pensei.

 Entrei no carro e esperei Samanta parar de conversar com as pessoas, mas eu agradeci por esse momento sozinho. 

 - Você vai direto para o seu apartamento ou para a casa da sua mãe? – Ela me perguntou quando entrou. Nesse tempo eu tinha comprado um apartamento para mim, já que não ficava bem eu com os meus vinte e seis anos morando com minha mãe.

 - Vou para o meu apartamento.

 - Se importa se eu dormir com você? 

 Eu não iria esperar até a semana seguinte para falar com Julie. Eu queria saber o que ela tinha feito, eu queria...eu só queria falar com ela.

 - Steve, eu estou falando com você!

 - Ah, sim.

 - Você escutou o que eu disse?

 - Desculpe, pode repetir? Estava prestando atenção no trânsito.

 - Vou ir para o seu apartamento, não precisa me deixar em casa.

  Não disse mais nada.

 Quando chegamos em casa eu me joguei no sofá e fiquei olhando para o teto.

 - Por que você está com essa cara?

 - Essa é a única cara que eu tenho.

 - Você ficou assim o jantar inteiro. O que foi? – Ela se sentou do meu lado e deitou a cabeça no meu peito. 

 - Não é nada, eu só estou cansado.

 - Então vamos dormir. Ou melhor, podemos fazer outra coisa...

 - É Natal.

 - E o que tem?

 - É uma falta de respeito.

 - Tem razão. Steve, eu queria dizer uma coisa...

 - Diga.

 - Eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você. – Ela disse. – Por que não podemos dar um passo no nosso relacionamento?

 - Tipo um noivado?

 - Um noivado! – Ela se levantou e ficou me encarando, com os olhos brilhando. – Seria incrível! Ah, Steve, vamos nos casar! Você me ama e eu te amo. Eu lembro quando você disse que eu era muito importante para você e que queria passar o resto da sua vida comigo. Eu quero isso também. Está decidido, vamos nos casar.

 Engoli em seco.

 - Eu podia morar aqui.

 - Seria ótimo – eu sorri. Eu não podia dizer não só por conta que Julie apareceu no Natal. Pelo que eu ouvi da conversa do telefone, ela tinha alguém também.

                                                                        ***

E eu estava num almoço com a família de Samanta, todos sentados, deliciando a saborosa comida da senhora Jade.

 - Tenho uma noticia para vocês – Samanta anunciou.

 - Você está gravida?

 - Não, ainda não. Eu e Steve...nós vamos nos casar!

 E então foi uma festa.

                                                                                ***

No dia seguinte eu liguei para minha avó e pedi o telefone da casa da avó de Julie. Eu tinha que falar com ela antes que Samanta se mudasse para cá – e do jeito que estava ansiosa ela se mudaria logo.

 Minha avó passou o telefone e então eu tomei coragem para ligar.

 - Alô?

 - Oi, aqui é o Steve...

 - Steve! Aconteceu alguma coisa?

 - Não, não...eu só queria perguntar se Julie está aí.

  -Ah, sim. Você quer falar com ela?

 - Por favor.

 - Um instante.

 E foram os segundos mais demorados da minha vida.

 - Steve?

 - Julie.

  E o telefone ficou mudo.

 - Alô?

 - Estou te ouvindo – podia ver que ela estava sorrindo.

 - Você está livre hoje a noite? Quer dizer, pensei em te levar em algum bar para conversarmos, colocar o papo em dia, sabe?

 - Ah, sei sim. Claro que sei. Hã...sim, estou livre.

 - Ótimo. Posso passar aí as oito?

 - Eu te encontro lá, é melhor. Onde é?

  Falei o nome do lugar e o endereço.

 - Então é isso, até.

 - Até.

  E desliguei.

 Me joguei no sofá como se tivesse levado um tiro. Certo, eu iria conversar com ela e não poderia mostrar que estava nervoso. Eu conseguia, eu sabia disso.

 Samanta me ligou perguntando se eu estava livre hoje mas eu disse que não, e então ela ligou novamente e disse que iria viajar amanhã para o Rio de Janeiro – para algum trabalho de modelo.

 - Amanhã?

 - Sim, - ela disse no telefone. – Mas quando eu voltar eu prometo já estar morando na sua casa.

 - Ótimo – eu disse. – Vou ver você amanhã antes de ir.

 - Irei logo cedo, acho que não vai dar. Mas se você quiser passar aqui as seis da manhã...

 - Farei o possível.

 - Eu te amo.

 - Hã, eu também.

  Quando deu sete horas eu fui tomar banho e colocar uma roupa. Aproveitei o tempo que eu tinha sozinho antes de Samanta se mudar e dei uma olhada no apartamento pensando que talvez ela mudaria algumas coisas. Peguei o carro e fui me encontrar com Julie.

 Cheguei no bar e estava bem cheio. Procurei ela nas mesas até ver alguém levantar a mão para chamar minha atenção. Lá estava ela, aparentemente nervosa também.  Tentei me lembrar de não ficar nervoso e me sentei na cadeira a sua frente.

 - Oi.

 - Oi – ela disse.

 - Como você está?

 - Muito bem, e você?

 - Estou muito bem – sorri. – Já...já pediu alguma coisa?

 - Ainda não.

  Chamei o garçom e pedi duas cervejas.

 - E então... cinco anos.  Como foi lá em Paris?

 - Ah, foi incrível. A faculdade era maravilhosa...tudo era perfeito. Conheci meus irmãos e até que nos damos bem. Era o mínimo de maturidade que eles poderiam ter, já que não são adolescentes mimados. Bom, mimados talvez. Ainda moram com meu pai.

 - Seu pai não tem bastante dinheiro?

 - Sim.

 - Está aí a resposta.

 - Eu sei bem disso.

 - E você está namorando?

  Ela me olhou e o garçom chegou, colocando a latinha na mesa. Quando ele se retirou ela disse:

  - Sim. E você também está. Aquela moça é muito bonita.

 - Ela é modelo.

 - Jura? Isso é demais.

  - É, sim.

 - E o que você fez nesses anos...e Mary?

 - Bom, eu vou te dar um resumo do que aconteceu nesses últimos tempos. Você foi embora – quando eu disse isso ela pareceu ficar desconfortável, mas eu não liguei. – E então Rosie nasceu...

 - Rosie? Ah, muito melhor esse nome do que aqueles que ela queria por.

 - Eu dei a sugestão. Enfim, então Rosie cresceu, eu e Mary não ficamos juntos nesse tempo mas ela continuou morando lá. Claro que ela tentou manter um relacionamento comigo, tentou me seduzir e até que conseguiu. Eu não tinha motivo para ficar fazendo corpo mole e rejeitá-la. Conheci Samanta, e Mary começou a trazer um cara lá para casa. Greg, o nome dele. Então eu reparei que Rosie tinha uma mancha de nascença na mão, igual a mancha dele. Ficou óbvio que tinha algo errado. Acabei descobrindo então que Rosie não era minha filha...

 - O que? – Ela interrompeu. – Meu Deus. Steve, isso...nossa, eu não sei nem o que te dizer.

 - Eu sei. Então Mary foi embora, levou Rosie com ela.

 - Você não fala mais com ela? Não vê mais a menina?

 - Bom, vejo ela uma vez no mês...ela ainda é minha filha, sabe? Mas fico pensando que talvez seja melhor eu deixá-la. Ela tem um pai, não precisa ter outro.  Samanta concordou.

 - Samanta concordou porque ela quer ter uma família com você e é melhor que seja da forma tradicional.

 - Você também não queria isso.

 - Não foi bem isso e você sabe bem. Eu só não queria ficar no seu caminh...

 - Isso não importa mais, não é?

 Ela parou e me olhou.

 - Não, não importa – e tomou um gole da cerveja.

 - Você pretende ficar em Paris para sempre?

 - Não sei, eu gosto muito daqui...estava pensando em levar minha mãe comigo. É mais fácil. Mas eu não sei ainda.

 - E me conte mais sobre o seu namoro.

 - Ah, está tudo certo. Stuart é um cara maravilhoso, gosta muito de mim... eu gosto dele também.

 Enquanto ela dizia isso eu só conseguia olhar para sua boca se movimentando, imaginando que eu poderia estar beijando cada centímetro dela. Censurei esse pensamento, lembrando que eu tinha Samanta em minha vida.

Conversamos sobre muitas coisas, rimos e as vezes lembrávamos algumas coisas da época em que namorávamos. Tudo como velhos amigos. 


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