O amanhã sempre chega escrita por Sazi


Capítulo 11
Despertar


Notas iniciais do capítulo

Perdoem a demora a postar alguma coisa aqui.
Eu tenho uma justificativa boa. Eu estava lendo >...
Gosto muito e sou daquelas que lê três livros ao mesmo tempo, mesmo tendo trabalho, curso e faculdade para fazer. Mas nesse tempo em que estive ausente estava lendo as histórias do pessoal daqui do site. Aliás estava inteiramente rendida a uma.
E sou assim mesmo, leio a trama dos meus leitores também, quem comenta principalmente, eu sempre leio. Sempre. Mesmo que não de imediato ou que eu demore um pouco. Mas pelo menos o primeiro capítulo eu vejo. E as vezes comento e as vezes fico com a sensação boa de ser um fantasma por um momento para depois expôr a minha opinião.
Pois bem, eu estava assim, perdida no mundo que outra pessoa criou.
Mas sem delongas, já que não sou de por notas iniciais assim tão longas.
Boa leitura.



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Aquele seria o segundo aniversário em que eu iria na minha vida, estava um pouco incomodada, já que havia discutido muito com meu namorado no da véspera. Não apenas por isso. Pelo meu corpo. Parecia que quanto mais presa eu estivesse em uma gaiola mais feliz ele achava que eu estava. Eu estava perdendo peso consideravelmente. A dieta juntamente com o boxe que eu estava fazendo estavam dando certo. Eu já estava com os meus sessenta e sete quilos e queria rumar a um número menor. E isso, não entendo por que, estava incomodando ele.
– Você está a cada dia mais bonita. - ele dizia enquanto esperava que eu terminasse de me pentear.
– Obrigada, você é lindo o tempo inteiro.
Ele apenas ria disso e começava a argumentar dizendo que eu estava sendo alvo de olhares dos rapazes da minha idade, no fim das contas eu me mantinha calma como sempre e dizia que ele passava pelo mesmo, já que o incidente com Jaqueline fora algo programado, mas talvez chegaria o dia em que não seria. Que uma aluna sem pudor invadiria o espaço dele o desrespeitando ao ponto de ser atirada. Eu tinha medo, tinha os meus receios como qualquer mulher. E mesmo que ele fosse considerado o príncipe da minha vida. O perfeito não era algo tangível aos seres humanos, por mais minucioso que fosse, os erros eram cometidos e em algum momento eles seriam revelados. Eu tinha plena certeza disso. Assim nós sempre brigávamos por ciúmes dele. E sempre eu me sentia na obrigação de tranquiliza-lo. Meu pai não se metia na discussão. Mas quando via o genro com uma expressão de desgosto ele sempre me perguntava qual o problema em manter um relacionamento saldável. Recentemente ele começou a fazer pequenas comparações entre eu e minha mãe. Mesmo que fossem indiretas, mesmo que fossem mínimas. Ele as fazia, machucando e torturando a minha mente lentamente. Assim eu me via sufocada e me obrigada a deixa Lenny mais confortável o possível. Meu consolo era chegar na escola e correr pros braços de Laís e Tayla. Contar a elas como me sentia, já que aquele vinculo que nos unia ficava dia a dia maior. Eu era sempre grata a elas em especial a Tayla que me proporcionara um mundo novo através do boxe. Dentro desse contexto todo eu decidi fazer algo que eu nunca fiz na minha vida. Mentir. Dei uma desculpa qualquer para ir ao aniversário do Kevin. Eu devia a minha vida ao loiro além de encontrar nele um amigo sempre presente e fiel.
Naquela noite em que comemoramos o aniversário dele eu pude perceber que estar naquele lugar era o que eu realmente queria. Sentir me parte de um conjunto e ser especial. Quando eu caminhava nos fins de noite para o quarto do meu irmão eu perdia qualquer ânimo ao ver que ele estava pagando tão caro. Não sou santa, mas ao mesmo passo que não consigo não sentir pena dele. De não querer que ele possa experimentar o que é ser parte do que eu estava sendo. No fundo os amigos que ele dizia ter na escola eram tão falsos quanto os meus. Era um mundo de plástico, tão inútil quanto o meu. Mas ali não. As coisas tinham as suas cores e eu podia julgar que cada palavra era desferida de maneira útil e precisa para aquecer o meu coração. Eu precisava daquele ambiente assim como precisava comer ou beber.
– Surpreso? - eu perguntei ao dono da festa.
– Eu sabia que iriam fazer isso. Até trouxe os doces para complementar. - ele riu. Parecia tão acostumado a receber isso das pessoas. Como se esperasse sempre o melhor. Do nada ele me olhou fixamente com um sorriso misterioso. Aquele rapaz não tentava nada, mas a cada passo que ele dava em minha direção era como se estivesse conquistando uma parte de mim. Não que eu não ame o meu namorado. Apenas o loiro mexia comigo. De uma maneira que eu lutava incessantemente para negar. Eu detestava ser assim. Sentir-me presa a uma vontade tão vergonhosa. Esses meses ao lado dele me fizeram isso. Sempre atento e gentil. De uma maneira distante que o deixava a cada dia mais próximo.
– O que houve?
– Apenas observando o quanto você mudou e ao mesmo tempo continua a mesma pessoa maravilhosa por quem eu me apaixonei.
Creio que se alguém ficasse ao meu lado, poderia ouvir o som do meu coração que estava incessante. Parecia querer sair do peito e tomar um lugar que não é seu. Uma confissão daquelas em um meio totalmente inusitado. Eu não soube reagir. Não sabia o que dizer e nem ao menos se eu consegui manter as pernas firmes. Sentia como se uma onda tivesse me arrastado para um oceano de possibilidades. Algo em mim pedia urgentemente que eu me afastasse daqueles olhos tão penetrantes em um tom que me deixava navegar por eles. Aquele azul. E ao mesmo tempo eu queria que ele completasse o seu ato e tomasse de mim o que no intimo eu não poderia oferecer sozinha. Naquele instante eu me senti suja e ao mesmo tempo tentada a dar um passo adiante. Eu baixei a cabeça e tentei não mostrar que estava nervosa com aquela confissão.
– Não precisa me responder. - ele continuou. - Sou bem acostumado com rejeições. Mas se eu estou errado, se o que você quer é o mesmo que eu preciso de você. Me dê a sua mão e eu te guio. Vamos nos perder juntos, quando as nossas bocas souberem como se encontrarem.
Perdi meu chão com aquelas palavras. Estávamos escorados em sua cômoda naquele quarto cheio de pessoas. Mas para mim aquelas vozes não estavam mais ali. Não conseguia nem discernir quem estava presente ou não. O que eu mais sentia era o toque leve que a mão dele fez no meu rosto. Eu não conseguia desprender os meus olhos, me livrar ou me libertar. Era o momento errado de ser certa. Precisava fugir. Logo todos estavam distraídos e não perceberam que ele havia me puxado pela mão. Fomos em direção ao corredor que estava escuro. Lá naquele local ele me prensou contra a parede fria e ficou me olhando. Havia uma janela no final do cômodo que refletia um pouco da luz da lua que mesmo fraca iluminava um nossos rostos. Ele esperou, seus olhos fitavam os meus de uma forma pura e simples. Não fez como os outros que me beijaram sem cerimônia. Parecia que necessitava de uma permissão. E não sei por quanto tempo as nossas orbes ficaram desenhando uma a outra, os lábios entre abertos e o pulsar daqueles corações que podiam ser sentidos tanto pela proximidade, quanto pelo arrepio que se formava pouco a pouco. Nesse contexto eu não consegui esperar, nem lutar contra a sensação que me transbordava. Delicadamente eu toquei a sua nuca, o roçar do cabelo macio com os meus dedos me deu um estupor enorme. Afaguei aquele local, antes de tomar os lábios do maior que já esperava por mim. Já me queriam, desejavam, pulsavam. Sentiam. Naquele instante e somente dele eu era dele e ele meu. As línguas não exigiam tanto espaço. Elas já encontravam o sei encaixe o seu deleite. Podia sentir o toque respeitoso e macio de suas mãos na minha cintura. Apertando puxando e me fazendo suspirar. Nunca havia sentido a necessidade de ter um corpo mais e mais colado no meu quanto sentia naquele instante. Assim o fazendo, trazendo Kevin para tão perto que pude sentir cada detalhe do seu corpo apesar da roupa que separava a pele nua de se libertar. Era desejo, era tensão e ao mesmo tempo um torpor sem medidas. Não tinha ideia de quanto um beijo pudesse causar tamanha carga em nós. Tínhamos uma mão livre que foi entrelaçada sem que percebêssemos e aquele momento parecia não ter fim apesar de eu saber que durou poucos minutos, já que eu sentia que as pessoas notariam a nossa falta e me afastei, sendo guiada por ele de volta ao recinto. Nada mais foi dito, não precisou ser. Nossos olhos conversavam enquanto o que precisávamos fazer era apenas deixar que aquele momento marcasse a nossa mente com aquele prazer sem pudor. Senti o meu rosto ruborizar. Não queria que as pessoas notassem, mas de fato nem quanto nós saímos elas perceberam. Aquilo foi satisfatório pra mim. já que não saberia disfarçar o quanto aquele beijo mexeu comigo. O caminho de volta foi tranquilo e aconchegante. O carro de Matheus nunca pareceu tão confortável como naquela noite. Minha mente viajava e eu sentia que o aniversariante do dia sabia o caminho por onde eu me conduzia. Cheguei em casa e encontrei o meu pai na sala. Estava vendo um filme a esmo que passava na tv.
– Como foi os estudos? - não era exatamente tarde, ainda eram vinte e duas horas.
– Foram bons. Consegui terminar dois trabalho e me sinto cansada. Vou ver o Ehtan e ir dormir.
– Faça isso. - ele disse.
Estava cansada realmente, meu corpo pedia pela cama macia que tinha. Caminhei tranquilamente para o quarto do meu irmão e abri a porta que nunca estava trancada. Quando adentrei o ambiente me deparei com uma cena que ansiava durante muito tempo. Ehtan estava sentado na cama, o olhar perdido pelo quarto até encontrar os meus. Naquele instante os olhos do meu irmão nunca foram tão bonitos.

Por Elisa Ann Dicksen


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