Apesar de tanto amar uma pessoa nem sempre somos para ela o mais correto, o mais preciso. E mesmo que esse amor seja algo que nós traga alegria nem sempre é o reciproco para o outro. Assim que eu me sentia naquele exato momento em que passei a ter as minhas primeiras dificuldades no relacionamento. Tayla e eu estávamos completando um ano de namoro naquele dia. Eu preparei aquele jantar.

Que eu mesmo fiz. Luz de velas, flores, uma caixa de chocolate e um perfume. Tudo muito lindo. Procurei me vestir de acordo com a idealização da minha irmã. Segundo ela eu estava ótimo. Tive uma ideia estúpida, mas não sei se iria agrada-la. Perto de onde nós nos conhecemos existe um parque. E o nosso jantar seria lá.

Levei uma mesa e toda a comida. Por sorte parecia que não iria chover e o clima não estava tão frio assim. Os meninos me ajudaram, claro que contei com o carro do Matheus para servir pra nos levar as comidas. Tudo estava pronto e quando ela chegou senti minha respiração falhar. Ela estava linda, realmente muito bonita.

Tenho que descrevê-la.

Estava de uma maneira que eu não imaginava que uma garota pudesse se vestir, trajava um vestido vermelho com alcinha largas e um tênis all star cor caqui com flores delicadas cor de rosa. O colar que eu havia lhe dado e o cabelo preso em um coque com alguns fios soltos. A deixavam mais delicada e ao mesmo tempo não fugia do que ela realmente era. O conjunto da obra estava perfeito, eu não poderia pedir por mais. Aquela moça que estava a minha frente era exatamente o que eu esperava que fosse.

— Vejo que você teve muito trabalho ao preparar isso. - ela disse sentando -se na nossa mesa improvisada.

— Sim, deu trabalho, mas valeu a pena. Para você qualquer coisa vale a pena. - assim ela sorriu e começamos a nossa noite. Eu sei que tudo aquilo era bastante clichê e que tudo o que eu estava preparando era uma mera cópia do que os casais de filmes faziam, mas eu estava bem animado com tudo aquilo. Bem feliz em estar tendo um momento assim. Me lembrei que Larissa e eu comemorávamos o nossos dois aniversários de namoro em casa. Em baixo das cobertas comendo pipoca e vendo filme. Era como se fosse um dia comum pra ela. Já que na realidade era. Um dia a esmo. E pra mim sempre era uma conquista, já que eu estava ao lado da pessoa que eu amava e respeitava. Tudo era difícil pra nós, mas estávamos ali tentando. Ou pelo menos eu tentava. Mas enfim com Tayla estava sendo mais do que diferente. Ela estava animada e alegre tinha um sorriso sempre a mostra e uma empolgação por cada pequena surpresa que eu preparava como o jantar que eu mesmo cozinhei, a sobremesa que fiz com ajuda da Laís. Eu consegui confeccionar umas luvas. Foi mega difícil, mas fiz com Elisa nos fins de semana que eu ajudava a banhar o irmão dela. Eu tive um certo trabalho para concluir tudo, mas no fim estava tão perfeito que eu me senti útil.

No final de tudo fomos caminhando pra casa sob a luz do luar. O restante das coisas do jantar seriam levadas pelos meus assistentes.

— Obrigada por estar ao meu lado. - ela disse enquanto olhávamos a lua.

— Eu que agradeço. Não podia querer uma namorada mais linda do que você. - ela

me olhou com um olhar um pouco triste, será que ainda estava preocupada com o que aconteceu naquele dia?

— Eu queria poder ser mais grata a você.

— Não há motivo algum para se sentir assim. Aliás, qualquer e todo casal passam por momentos de altos e baixos, fico imensamente contente em saber que nós ainda não estamos nessa fase e que quando ela chegar nós saberemos lidar bem com ela.

A deixei em casa no horário em que a mãe dela estipulou e depois fui pra casa todo alegre. Tinha muito a arrumar e a agradecer a algumas pessoas. O tempo estava tranquilo e a brisa leve da noite inundava a minha pele com aquela sensação boa. Eu tinha que estudar também naquela noite e me sentia exausto, mas aos poucos eu sabia que a recompensa viria.

...

O aniversário do Kevin chegou e estávamos planejando uma pequena festinha, apenas nós o nosso grupo no quarto dele, com um bolo, salgadinhos e refrigerante. Eu não iria beber, já que tinha de ir pra aula no dia seguinte, Laís também não queria beber e o Daniel também, Matheus não era fã disso, Tayla e Elisa também não. O único que queria se embriagar era Renan para a nossa surpresa. Hirome havia voltado do Japão a tempo para a festa. Fizemos aquela surpresa. Arrumamos tudo e esperamos que ele chegasse e quando ele abriu a porta cantamos o velho parabéns pra você. Ele não parecia realmente surpreso apenas nos olhou de soslaio e fui abraçando cada um. Ele havia trazido consigo duas caixas de cup cakes. Alguma coisa me dizia que ele já sabia que iriamos fazer algo assim pra ele. O loiro era esperto. Sentamos e comemos enquanto falávamos sobre o nosso dia a dia. Parecíamos velhos cansados, todos menos Renan que bebia tranquilamente no canto do quarto.

— Parecem um bando de velhos cansados. - ele disse por fim e todos rimos disso, mas parece que ele não gostou disso. - Ficam dizendo sobre as suas dores e sobre os seus problemas e nem ligam pros seus amigos e nem pelo que estamos passando.  Então ele começou a chorar. Muito. Realmente o que ele disse fez um grande sentido. Estávamos focados na nossa vida e nem percebemos que quem esteve ao nosso lado sempre poderia estar passando por alguma dificuldade sem que soubéssemos. Fiquei um pouco sentido com isso.

— Anda aqui seu ruivo chorão. - e assim o loiro consolou o rapaz, fazendo-o sentar ao seu lado e afagando a sua cabeça enquanto abocanhava alguns salgadinhos. Estavam lindos juntos, parecia um pai consolando o seu filho. As meninas se juntaram para repartir o bole e nos servir de mais bebida. Aquele quarto parecia pequeno para tanta gente. Matheus estava conversando muito animadamente com Hirome que por sua vez parecia mais feliz em ter o rapaz por perto. Quando foi que eles ficaram daquela maneira? Eu sinto que perdi muita coisa, que alguns detalhes da vida dos meus amigos passaram por mim e eu não percebi. Isso era que significava ser um adulto? Eu queria ser diferente dos rótulos por ai. Quero ter uma vida boa e ter meus amigos sempre ao meu lado. Não queria que o meu dia a dia atual me afastasse do que eu demorei anos para construir.

Por Leonardo Jonh Walker.