O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco mas cheguei. Todos prontos para dar as boas vindas a Anat?



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Alguns dias depois...

 

 

Por Ramsés

 

A rotina do palácio girou em torno de Henutmire e suas filhas nos últimos dias, principalmente no que se referia aos cuidados com minha irmã, que lentamente se recuperava do parto. Paser viajou, mas deixou ordens restritas de que a princesa deveria repousar e não esforçar-se inutilmente. Confesso que isso me preocupou, mas, graças aos deuses, Henutmire agora anda por todo o palácio, iluminando todos os cantos com seu sorriso e sua alegria, carregando nos braços as suas filhas, orgulhosa de si mesma por ter sido capaz de gerar uma criança em seu ventre, ou melhor, duas crianças.

 

—Delicioso, Gahiji. — Falo ao tomar o vinho que o cozinheiro real me servira.

 

—Obrigado, soberano. — Ele agradece. — Esta é uma safra especial, que reservei para servir apenas ao Hórus vivo.

 

—Não encontraria em todo o Egito melhor cozinheiro que você.

 

—É uma honra serví-lo, meu senhor.

 

As portas da sala do trono se abrem e Nefertari entra por elas com nosso filho nos braços.

 

—Pode ir, Gahiji. — Falo.

 

—Com licença, soberano. — Ele faz uma reverência e sai em seguida.

 

—Não importa quantas vezes eu a veja entrar na sala do trono, sempre irei me admirar com sua beleza. — Falo, enquanto Nefertari sobe os degraus do trono.

 

—Você me trata como uma deusa, Ramsés. — Ela fala. — Não sou merecedora.

 

—É merecedora de muito mais. — Falo e ela sorri. — E como está nosso menino?

 

—Crescendo a cada dia. — Nefertari fala com um sorriso.

 

—Com o nascimento das filhas de Henutmire, os homens se tornaram minoria na família real. — Falo divertido e meu filho ri para mim, como se entendesse o que eu disse.

 

—E isto aumentou a sua responsabilidade em cuidar das mulheres da família real. — Nefertari argumenta.

 

—Dividiremos esta responsabilidade, não é mesmo, filho? — Falo ao pegar Amenhotep no colo e ele me responde com mais um sorriso.

 

—Acha que Henutmire terá mais filhos? — Nefertari pergunta.

 

—Eu espero que não. — Falo rindo.

 

—Ramsés! — Minha esposa me repreende, com um sorriso.

 

Meu olhar, antes preso no olhar de meu filho, agora volta-se para as portas da sala do trono, que lentamente se abrem, revelando duas pessoas.

 

—Com licença, soberano. — Paser fala ao entrar, acompanhado por uma jovem. Ambos fazem uma reverência.

 

—Pai! — Nefertari exclama com felicidade e desce os degraus do trono. Ela vai até seu pai e o abraça. — Estava com tanta saudade do senhor.

 

—Eu também, minha filha. — Paser sorri para Nefertari.

 

—Não sabia que já havia voltado de viagem, Paser. — Falo.

 

—Acabo de chegar de Aváris, senhor. — O sumo sacerdote responde e traz para perto de si a moça que o acompanhava. — Gostaria de lhe apresentar Anat, minha sobrinha.

 

—Seja bem vinda a Pi-Ramsés. — Falo.

 

—Obrigada, majestade. — Anat fala. — Agradeço a bondade do rei em permitir que eu viva no palácio, perto de minha família.

 

—Viver no palácio, sobre a minha proteção é um privilégio para poucos. — Falo. — Espero que sempre se mostre merecedora do que estou lhe oferendo.

 

—Assim será, soberano. — Ela promete, ao fazer mais uma reverência.

 

—Anat, esta é Nefertari, minha filha. — Paser fala. — Se lembra dela?

 

—Como se lembraria, meu pai? Nos vimos uma única vez e ela era ainda tão pequena. — Nefertari olha para sua prima com atenção. — Você se tornou uma bela moça.

 

—Agradeço a gentileza, grande esposa real. — Anat quase sorri.

 

—Não é preciso tanta formalidade, Anat. — Nefertari fala. — Somos da mesma família, somos primas.

 

—Como quiser, senhora. — Ela fala. Seu olhar se dirige novamente até mim, o que me causa um pouco de incômodo. — Aquele é seu filho?

 

—Sim, é o príncipe Amenhotep, futuro rei do Egito. — Nefertari fala, com orgulho de nosso filho.

 

—Paser, apresente a sua sobrinha as dependências do palácio. — Peço. — Presumo que ela esteja curiosa para conhecer o lugar onde vai morar a partir de agora.

 

—Farei isso agora mesmo, soberano. — Paser fala.

 

O sumo sacerdote e sua sobrinha fazem uma reverência e em seguida saem da sala do trono. Volto meu olhar para Amenhotep, que segura com força o meu dedo indicador em sua pequena mão. Nefertari sobe novamente os degraus, se colocando em minha frente. Posso ver seu sorriso ao me contemplar com nosso filho em meus braços. Mas, nem o sorisso de minha esposa ou o carinho que recebo de meu filho é capaz de tirar de meu rosto a expressão de seriedade que o tomou desde o momento em que coloquei meus olhos em Anat.

 

—O que achou dela? — Pergunto.

 

—Parece ser uma boa moça, mas de longe se pode notar que está sofrendo. — Nefertari fala. — Ela acabou de perder a mãe, não deve estar sendo fácil suportar essa dor e adaptar-se a tamanha mudança de vida.

 

—Acha que ela vai se acostumar aqui?

 

—Com o tempo sim. — Nefertari responde. — Farei de tudo para que Anat se sinta acolhida e protegida no palácio.

 

—O olhar dela se parece o olhar de alguém. — Falo, pensativo. — Mas, por mais que eu tente, não consigo me lembrar quem.

 

Por Henutmire

 

Para mim é motivo de comemoração andar novamente pelo palácio, depois de passar dias em cima de uma cama. Ocorreu que, mesmo já me sentindo bem, minhas forças tardaram em se reestabelecer para que eu pudesse ficar novamente de pé, após o nascimento de minhas filhas. Isto me faz pensar que ter sobrevivido ao parto foi um verdadeiro milagre. Suportei tamanhas dores, que pareciam me rasgar de dentro para fora, e tirei forças de onde não tinha para trazer ao mundo duas vidas. Não vi minha segunda menina nascer, e da primeira só ouvi seu choro, demostrando que fui valente o bastante para não desistir, mesmo quando já não me restava força alguma. Por horas permaneci desacordada, enquanto todos os que me amam se preocupavam pelo meu bem estar. Senti minha alma leve, voando por uma imensidão azul e pensei não ter a oportunidade de voltar... Mas, meus olhos se abriram e eu tive a certeza de que estava viva. Então, tive a segunda mais bela visão de minha vida... Eu vi minhas filhas.

 

Como descrever tudo o que vivi senão com a palavra milagre? Talvez eu seja grandemente favorecida pela graça e benevolência dos deuses. Mas, em alguns momentos questiono a vontade deles. Se agora me dão tanta felicidade, por que antes me fizeram passar por tanto sofrimento? Acho que esta é uma resposta que nunca irei ter.

 

—Ela parece gostar de você. — Falo para Leila, que brinca com Hadany em seus braços.

 

—Me sinto honrada por servir a princesa e agora cuidar de suas filhas. — Leila sorri. — Nasceram há pouco tempo, mas já são para mim como irmãs.

 

—Irmãs? — Questiono.

 

—Sim, senhora. Na verdade, são irmãs de Uri, portanto, minhas cunhadas. — Leila fala. — Mas, o que eu sinto quando olho para elas é um carinho fraternal. — Ela olha para mim. — A senhora se incomoda com isso?

 

—De forma alguma, Leila. Isso me dá a certeza de que irá cuidar delas por mim, se um dia eu faltar. — Falo. — Além disso, durante todo esse tempo em que tenho você como dama, acho que aprendi a te ver como uma filha. — Vejo lágrimas de emoção brotarem nos olhos de Leila.

 

—Ah, senhora! — Leila fala envergonhada por eu vê-la chorando. — Assim me deixa sem palavras.

 

—Prometo não fazer outra vez. — Falo rindo.

 

Um pequeno e baixo gemido faz com que eu volte minhas atenções para a menina em meus braços. O belo par de olhos azuis de Tany prende meu olhar ao dela. Minhas duas filhas possuem olhos iguais aos meus. Olhos dos quais meu pai tanto se orgulhava e admirava.

 

Flash back on

 

—Henutmire! — Meu pai fala com reprovação ao me ver agarrada em sua perna, sem o mínimo de pudor por ter interrompido sua conversa com o sacerdote. Pensei que fosse receber uma repreensão como jamais havia recebido antes, mas meu pai sorriu para mim e me pegou nos braços. — Eu não resisto a esses olhos me olhando assim.

 

—A princesa tem olhos cativantes, soberano. — O sacerdote fala. — Conseguirá tudo o que quer com eles.

 

—E eu não sei disso? — Meu pai ri. — Henutmire sabe o encanto que tem no olhar.

 

—Qual é a cor de meus olhos, papai? — Pergunto, embora já saiba a resposta.

 

—São azuis, minha princesa. — Meu pai responde, sorrindo para mim.

 

—E por que eles são azuis? — Pergunto novamente, também sabendo a resposta.

 

—Porque os deuses usaram um pedaço do céu para dar cor aos seus olhos, Henutmire. — Meu pai fala. — Os deuses fizeram dos seus os olhos mais lindos de todo o Egito.

 

Flash back off

 

Eu tinha cinco anos quando invadi a sala do trono só para ouvir meu pai me explicar mais uma vez porque meus olhos são azuis. Me agradava imensamente saber que havia um pedaço do céu neles. Agora, vejo esta herança de cor nos olhos de minhas filhas, olhos tão cativantes e marcantes quanto os meus próprios.

 

—Sonhos se realizam. — Falo ao me lembrar do sonho que tive com minhas filhas, quando ainda estava grávida. — Mas, não completamente.

 

—Do que está falando, senhora? — Leila pergunta.

 

—Eu verei minhas filhas brincando neste jardim, como no sonho. — Falo, olhando ao meu redor. — Mas, não verei Moisés com elas.

 

—Talvez veja, senhora. — Leila fala. — Eu não sei o que me leva a ter a certeza de que a princesa ainda verá seus três filhos juntos, mas acredito nisto com todas as forças.

 

—Talvez seja o que o seu povo chama de fé. — Falo, sem acreditar no que eu mesma digo. — Embora eu não entenda bem o que esta palavra significa.

 

—Eu gostaria de saber explicar, princesa, mas assimilei tanto a cultura egípcia que acabei me afastando da crença do meu povo. — Leila fala.

 

—Então, você acredita mais nas divindades egípcias do que no deus invisível dos hebreus? — Pergunto.

 

—Não sei dizer, senhora. — Ela responde. — É como estar eternamente divida.

 

Eu nada respondo a Leila, pois minha atenção se volta para duas pessoas que entram no jardim e caminham em minha direção. Uma delas é Paser, que me olha com um sorriso aberto de satisfação. Mas, quem será a moça que o acompanha?

 

—Alteza. — Paser me reverencia ao se aproximar de mim. — Não imagina como me alegro em vê-la tão bem, minha senhora. Quando parti para Aváris, a senhora estava numa cama e agora que retorno, a encontro no jardim.

 

—Sou muito grata aos deuses por isso e também a você, Paser. — Falo sorrindo. — Mesmo ausente, deixou ordens para que cuidassem de mim.

 

—Não fiz mais que minha obrigação, princesa. — O sacerdote olha para a menina em meus braços e em seguida para a menina nos braços de Leila. — E como estão suas filhas?

 

—Estão bem, já me fazem enfrentar noites sem dormir. — Falo rindo. Meu olhar recai sobre a jovem que permanece calada ao lado de Paser.

 

—Faz parte da arte de ser mãe. — Paser ri.

 

—Quem é a moça? — Pergunto.

 

—Perdoe-me por não tê-la apresentado, senhora. — Paser fala. — Esta é minha sobrinha, se chama Anat.

 

Agora me lembro que um dos motivos da viagem do sumo sacerdote a Aváris foi a sobrinha que ficara órfã. No dia de sua partida, Paser me contou que traria consigo a filha de sua irmã e que ela viveria no palácio conosco. Não me oponho a isso, até porque Ramsés permitiu. Acho nobre da parte de Paser importar-se com sua família e que queira cuidar da jovem.

 

—Anat, esta é a princesa Henutmire, irmã do rei. — Paser me apresenta a moça.

 

—É uma grande honra conhecê-la, alteza. — Anat faz uma reverência. — Sempre ouvi maravilhas a respeito da princesa do Egito.

 

—Seja bem vinda, Anat. — Falo.

 

—Obrigada, senhora. — Anat me olha com atenção. Seu olhar sobre mim causa uma pequena inquietação em meu coração.

 

—Esta é Leila, minha dama de companhia. — Falo.

 

—Bem vinda. — Leila sorri com gentileza para a moça.

 

—Suas filhas são lindas, se me permite dizer. — Anat fala, demonstrando que reparou nas crianças que Leila e eu carregamos nos braços.

 

—Agradeço o elogio. — Sorrio. — Espero que se sinta bem no palácio.

 

—Quem não se sentiria bem vivendo com tanto luxo e conforto, senhora? Tudo isso é mais do que mereço. — Anat fala. — No entanto, o que mais me agrada em ter vindo para cá é ficar perto da família que me restou e poder aprender mais sobre o destino que quero seguir.

 

—Anat pretende ser adoradora de Seth, minha senhora. — Paser fala. — Mas, ainda não está completamente certa de que esta seja a sua vocação.

 

—Será uma bela sacerdotisa. Certamente, Seth ficará satisfeito. — Falo. — Já comunicou isso ao rei, Paser?

 

—Ainda não, senhora. Creio que só deva tocar no assunto com o soberano quando Anat estiver segura de sua decisão. — Paser responde. — Por enquanto, eu mesmo irei ensiná-la um pouco mais sobre o sacerdócio e, se depois de um tempo, esse ainda for o desejo dela, irei enviá-la para o Alto Egito.

 

—E minha tia, onde está? — Anat muda o rumo da conversa, para um assunto muito pior. — Ainda não a vi.

 

A pergunta de Anat foi direcionada a Paser, que ficou em silêncio. No mesmo instante, me lembro do casamento de Ramsés e Nefertari, onde toda a verdade sobre Yunet foi revelada. O sumo sacerdote me olha como se pedisse ajuda para responder a pergunta de sua sobrinha.

 

—Yunet não vive mais no palácio, Anat. — Falo.

 

—Como não? — A moça questiona.

 

—Ela foi expulsa pelo rei. — Falo.

 

—E por que? — Anat pergunta com certa incredulidade.

 

—É uma longa história. — Respondo.

 

—Mas, onde ela está? — Ela pergunta.

 

—Não sabemos, Anat. — Paser responde.

 

—Ela fez algo muito ruim, não é? — Anat conclui, desnorteada pela notícia que recebera.

 

—Yunet fez mal a todos no palácio, senhorita. — Leila se pronuncia. — Só está viva por benevolência da grande esposa real.

 

—Eu não entendo. — Anat fala. — Nos vimos poucas vezes, mas ela sempre pareceu ser uma pessoa tão boa.

 

—As aparências enganam, Anat. — Falo.

 

Nossa conversa é interrompida pela chegada de Hur ao jardim. Confesso que a presença de meu marido me traz alívio, já que assim poderemos mudar de assunto e não tocar mais no nome Yunet ou qualquer coisa relacionada a ele. Anat ainda não sabe das atrocidades cometidas por sua tia, mas logo irá saber.
Ao se aproximar de nós, Hur se coloca ao meu lado e me beija no rosto, me fazendo sorrir. Em seguida, ele cumprimenta Paser.

 

—É bom tê-lo de volta, Paser. — Hur fala sorrindo. — O sumo sacerdote faz muita falta no palácio.

 

—Fico feliz em saber disso. — Paser fala rindo.

 

Anat não desvia os olhos de mim e de Hur. O olhar dela me incomoda ainda mais por não saber o que quer dizer. Ousaria dizer que sinto medo do olhar dessa moça, se tivesse motivos para isto. De súbito, Hadany começa a chorar nos braços de Leila, como se algo tivesse perturbado sua paz de criança.

 

—O que ela tem, Leila? — Pergunto preocupada.

 

—Não é nada, senhora. — Minha dama responde. — Deve ter se assustado com alguma coisa.

 

Leila começa a ninar minha filha em seus braços, na intenção de acalmá-la, todavia Hadany não para de chorar. Minhas filhas são calmas, não choram por nada. Se fosse um susto, o ninar de Leila já a teria acalmado. Algo está errado com minha menina.

 

—Tome, Hur. — Entrego Tany para meu marido e vou até minha dama. — Me dê ela. — Leila obedece e me entrega minha filha.

 

Então, nino Hadany em meus braços. Ao sentir o calor de meu corpo, aos poucos ela se acalma. Respiro aliviada por não ouvir mais o choro de minha filha.

 

—Foi só um susto, minha pequena. — Falo para Hadany. — Já passou.

 

Ao voltar minhas atenções para Hur, com nossa filha nos braços, noto que Anat não tira seus olhos dele. Não gosto nem um pouco da forma como ela o olha, quase posso ver malícia em seu olhar. Ou será que não? Posso estar julgando a moça de forma errada. Talvez ela esteja curiosa em saber quem ele é.

 

—Este é Hur, meu marido. — Falo para Anat.

 

—Prazer em conhecê-lo, senhor. — Ela sorri, de uma forma que ainda não havia sorrido desde que chegou ao jardim.

 

—Você é a sobrinha de Paser, certo? — Hur pergunta, com um sorriso.

 

Me incomoda profundamente ver Hur sorrindo para Anat. Sinto algo estranho fazer com que meu sangue ferva dentro de minhas veias. Ciúmes? Será possível que estou com ciúmes de Hur?

 

—Pelos deuses, Henutmire! Contenha-se! — Repreendo a mim mesma mentalmente. — Seu marido está apenas sendo educado com a moça.

 

—Sim, me chamo Anat.

 

—Anat... Ainda não conhecia esse nome. — Hur fala, ainda sorrindo.

 

—É um nome incomum, quase raro. — Ela fala.

 

—Hur é o joalheiro real, Anat. — Paser fala. — As jóias que fabrica são as mais lindas de todo o reino.

 

—Sempre tive a curiosidade de saber como são feitas a jóias. — Anat diz. — Parece ser um trabalho tão complicado.

 

—Peça a seu tio que depois a leve até a oficina.— Hur fala e eu fico incrédula, quase que irritada. Leila percebe, mas eu tento disfarçar. — Estou ensinando o ofício a meu neto, você poderá ver como fazemos as jóias.

 

—Com certeza irei. — Anat novamente sorri para meu marido. — Agradeço o convite.

 

—Vou levar minha sobrinha para conhecer o restante do palácio. — Paser fala. — Com sua licença, minha senhora.

 

Apenas faço um aceno com a cabeça. Paser e Anat fazem uma reverência e logo em seguida dirigem seus passos de volta para o interior do palácio. Eu quase sorrio ao ver a sobrinha do sumo sacerdote se afastar de nós. Então, noto que Hadany se acalmou completamente em meus braços. Talvez eu esteja errada, mas quase posso afirmar que a presença de Anat incomodou minha filha.

 

—Me deixe a sós com meu marido, Leila. — Peço.

 

—Como quiser, princesa. — Leila fala e logo em seguida atende ao meu pedido.

 

Ao voltar meu olhar para Hur, vejo que ele está hipnotizado por Tany, conversando baixinho com a filha. E ela o olha com atenção, como se entendesse cada palavra dele. Eu ficaria contente por ver meu marido e minha filha tão ligados um com o outro, se não fosse esse sentimento que não me faz ver graciosidade alguma em nada. Não acredito que estou me deixando levar por uma coisa tão leviana. Não tenho motivo algum para ter ciúmes de Hur, ainda mais por ele ter sido gentil com uma garota que acabou de chegar ao palácio e que ele mal conhece. Eu só posso estar ficando louca! Se uma das qualidades de meu marido é a gentileza, por que achar ruim que ele a pratique com os outros?

 

—Gostou da moça, Hur? — Pergunto com tanta ironia que não me reconheço.

 

—Parece ser uma boa pessoa. — Ele responde.

 

—Ela quer ser sacerdotisa. — Falo e Hur se surpreende. — Uma adoradora de Seth.

 

—É uma grande responsabilidade. — Meu marido fala.

 

—Antes sacerdotisa que artesã. — Falo sem pensar.

 

—O quê? — Hur me olha sem entender.

 

—Falo do interesse de Anat por jóias, ou melhor, pelas suas jóias. — Tento disfarçar o que sinto, inutilmente.

 

—Henutmire, você... — Hur ri. — Você está com ciúmes, é isso?

 

—Eu? Mas, é claro que não! — Minto com a maior veracidade possível.

 

—Você mente muito mal, sabia? — Ele fala.

 

—Não estou mentindo. — Falo, séria.

 

—Você não precisa disso, Henutmire. — Hur fala, se referindo ao tal ciúme. Ele acaricia meu rosto. — Eu amo você e só você.

 

—Eu tenho tanto medo de te perder, Hur.

—Você nunca vai me perder, meu amor. — Ele sorri para mim.

 

—Acho que exagerei, você estava apenas sendo gentil com a moça e eu acabei me deixando levar. — Reconheço. — Você me perdoa?

 

—Sempre.


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Notas finais do capítulo

Nossa princesa ficou com ciúmes. E agora?



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