O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Para quem gostou de Henutmire com ciúmes, prepare-se...



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Por Hur

 

Desde que conheci Henutmire jamais a havia visto com ciúmes de quem quer que seja. É um sentimento que não faz parte dela. Por isso ainda me parece inacreditável que ela tenha sentido ciúmes de mim com Anat. Apenas fui gentil em dar as boas vindas a moça, como faria com qualquer outra pessoa. Tenho absoluta certeza de que minha esposa não duvida de meu amor e fidelidade para com ela, o que me leva a crer que Henutmire ainda está muito sensível por causa da gravidez e nascimento de nossas filhas. Preciso tomar cuidado com o que falo e faço para não acabar magoando-a, mesmo sem querer.

 

—Do que tanto está rindo, Uri? — Pergunto ao notar que meu filho ri baixinho, enquanto trabalha nos adornos de uma peruca.

 

—Me lembrei do que me contou há alguns dias. — Ele responde. — Ainda não consigo imaginar a princesa com ciúmes do senhor.

 

—Ela parecia outra, nunca havia visto Henutmire daquele jeito. — Falo. — E espero não tornar a ver.

 

—Eu no seu lugar não me aproximaria daquela moça. — Uri fala em tom de brincadeira.

 

—Dê atenção ao seu trabalho, Uri. — Falo, encerrando o assunto e volto minhas atenções para a jóia na qual trabalho.

 

—Com licença. — Uma voz feminina quebra o silêncio e, ao dirigir meu olhar para a porta da oficina, vejo Anat entrar devagar. — Atrapalho?

 

Não nego que a beleza de Anat chame a atenção. Ela parece ser o tipo de mulher que faria qualquer homem se perder em seus encantos. Seus olhos transmitem doçura, inocência, bondade. Mas, ao mesmo tempo se pode ver neles a dor, que suponho ser causada pela perda de sua mãe. Por mais que ela demonstre estar feliz com a vida que tem agora, a tristeza é inegável.

 

—Não, de maneira alguma. — Respondo e vejo um sorriso em seu rosto. — Que bom que finalmente resolveu aceitar o meu convite.

 

—Estive muito atarefada nos últimos dias. — Ela fala. — Além disso, ainda me perco nos corredores do palácio.

 

—Aos poucos irá se acostumar. — Uri se pronuncia.

 

—Como é mesmo o seu nome? — Anat pergunta.

 

—Uri.

 

—Uri. — Ela repete. — Perdoe a minha pergunta, mas ainda não guardei os nomes de todos.

 

—Não se preocupe. — Uri sorri gentilmente para a moça. — Preciso verificar uma nova remessa de pedras que chegou. Com licença.

 

Observo meu filho dirigir seus passos para fora da oficina e me deixar sozinho com Anat. Tal situação me incomoda, não pela presença da moça, mas sim pelo que Henutmire pode pensar se vier a saber. Sei que minha esposa disse que foi apenas exagero de sua parte e que não voltaria a acontecer, mas não quero dar motivo algum para que ela venha a se indispor comigo.

 

—Seu filho é marido da dama de companhia da princesa, não é? — Anat pergunta.

 

—Sim. — Respondo.

 

—São quase uma mesma família. — Ela fala sorrindo. Seu olhar recai sobre a jóia em minhas mãos. — No que está trabalhando?

 

—Em um pedido da grande esposa real. — Respondo. — Quando estiver pronto, será um belo colar.

 

—Certamente. — Anat observa atentamente eu manusear a jóia. — Será que eu posso tentar?

 

—Não sei se uma sacerdotisa tem habilidade para isso. — Falo rindo.

 

—Ainda não sou uma sacerdotisa. — Anat argumenta. — E você pode se surpreender comigo.

 

—Então, por favor. — Faço um gesto oferecendo o meu lugar a ela.

 

Ao pegar o objeto que eu usava para trabalhar a jóia, Anat faz exatamente os mesmos movimentos que eu, demonstrando assim o quanto estava prestando atenção. Porém, toda a sua dedicação em provar que também é capaz de fazer uma jóia acaba falhando por sua falta de prática.

 

Por Henutmire

 

—Acho que não deu certo. — Ouço uma voz de mulher ao me aproximar da oficina.

 

—Você até se saiu bem. — Ouço a voz de Hur. Ao chegar na porta, vejo meu marido e Anat juntos. Me escondo para que não me vejam. — Me dê sua mão. — Hur pede e Anat assim o faz. — Você precisa ter mais firmeza quando pegar a pedra, ou ela escapa de sua mão, e mais delicadeza ao colocá-la na jóia. Assim... — Ele guia a mão da moça com a sua, fazendo extamente o que acabara de dizer. — Entendeu?

 

—É mais difícil do que parece. — Anat sorri para Hur, sem soltar sua mão.

 

Sinto novamente algo incontrolável tomar conta de mim, fazendo com que eu sinta fogo percorrer a minha pele. Não tenho nada contra Anat, poderia dizer que até me simpatizo com ela, é uma boa moça pelo que tenho visto. Mas, definitivamente, não suporto vê-la perto de Hur. Não gosto da forma que ela sorri únicamente para ele, da forma como o olha. Mais uma vez, dou lugar ao ciúme. Sei que prometi a meu marido que não voltaria a me comportar desta forma, mas é inevitável e mais forte do que eu mesma.

 

—Incomodo vocês? — Pergunto, fingindo que acabo de chegar ali. Os dois se assustam com minha presença e Hur rapidamente solta a mão de Anat.

 

—Você nunca incomoda, meu amor. — Ele sorri para mim, mas eu permaneço séria.

 

—Seu marido estava me ensinando como fazer um colar, alteza. — Anat fala.

 

—E aprendeu? — Sorrio falsamente.

 

—Não, senhora. — Ela ri. — Acho que não tenho jeito para isso.

 

—Já que não tem futuro como artesã, é melhor que siga o sacerdócio. — Falo.

 

—Este é o meu maior desejo, senhora. — Anat sorri para mim e eu me sinto dominada por uma imensa vontade de lhe ferir a boca com tanta força que arranque seus dentes do lugar.

 

—Ainda bem que eu te encontrei, Anat. — Simut entra de repente na oficina. — Perdão, princesa... — Ele fala ao notar minha presença e faz uma reverência.

 

—Por que estava me procurando? — Anat pergunta. — Aconteceu alguma coisa?

 

—O mestre está esperando por você na sala dele. — Simut responde.

 

—Se me permitem, vou saber o que meu tio deseja. — Anat fala ao fazer uma reverência para mim. — Com licença.

 

—Tem toda. — Falo e sigo os passos de Anat com o olhar até não vê-la mais. Volto minha atenção para Hur, que está concentrado na jóia que faz, ou ao menos finge estar para não me olhar nos olhos. — Então, você tem uma nova aluna? — Pergunto. Ele fica nervoso o suficiente para deixar cair de sua mão um de seus instrumentos de trabalho.

 

—Anat veio apenas conhecer a oficina. — Hur fala, sem me olhar.

 

—Entendo. — Falo com ironia.

 

—Henutmire, por favor. — Ele se aproxima de mim, mas eu me afasto. — Não comece com isso outra vez.

 

—Eu não gosto da forma como essa moça se comporta com você. — Falo, olhando em seus olhos. — Pode parecer que não tem nada demais, mas para mim tem.

 

—Você está vendo coisas onde não existem. — Hur argumenta.

 

—Princesa Henutmire. — Karoma aparece chamando por mim antes que eu diga algo a Hur. — Perdão se os interrompi, mas a rainha está chamando a senhora.

 

—Conversamos depois. — Falo para Hur e em seguida lhe dou as costas, saindo da oficina com Karoma.

 

Por Paser

 

"Recebi seu pedido e me alegro muito em saber do desejo de Anat, sua sobrinha. Porém, receio que ainda seja cedo para mandá-la para cá. Como perdeu a mãe há pouco tempo, creio que seria doloroso para ela separar-se do senhor e de sua filha, que agora são a única família que ela possui. Aconselho que continue lhe ensinando o sacerdócio no palácio, até que tenha certeza de que esta é a sua verdadeira vocação. Porque assim que Anat iniciar o aprendizado como sacerdotisa, não poderá voltar atrás. Não estou recusando a moça, poderá mandá-la para Om quando quiser e for de sua vontade. Eu a receberei muito bem.
Meus cordiais cumprimentos ao sumo sacerdote."

 

Tenho em minhas mãos o papiro que recebi por correspondência da grande sacerdotisa de Om, Atalia, respondendo ao meu pedido de receber Anat como sua aluna. Não discordo do que Atalia disse, ainda é cedo para enviar minha sobrinha para tão longe. Anat precisa se recuperar do luto antes de assumir uma responsabilidade tão grande como o sacerdócio Mas, ela tem se dedicado tanto aos meus ensinamentos que creio que não demorarei muito para vê-la partir.

 

—Mandou me chamar, meu tio? — Anat fala ao entrar em minha sala.

 

—Sim, preciso conversar com você. — Respondo. — Sente-se aqui.

 

—Aconteceu alguma coisa? — Ela pergunta, preocupada, ao se sentar. — Fiz algo que não agradou ao soberano?

 

—Não, você tem se comportado muito bem e o soberano até me fez elogios sobre você. — Falo. — O que tenho para falar é outro assunto.

 

—Então, diga.

 

—Recebi este papiro da grande sacerdotisa de Om. — Falo ao lhe mostrar o papiro. — Ela aceitou você como aluna e irá lhe ensinar tudo o que sabe para que você se torne uma adoradora de Seth.

 

—Isto é maravilhoso, tio. — Anat demonstra felicidade com a notícia, mas logo sua expressão muda.

 

—Há algo errado? — Pergunto.

 

—Não, claro que não. Eu só não esperava me separar do senhor e de minha prima tão rápido. — Ela fala com o olhar triste.

 

—E não vai. — Falo e ela me olha sem entender. — Atalia me aconselhou a deixar que você fique no palácio por mais um tempo e a continuar lhe ensinando o sacerdócio aqui. Você só irá para Om quando estiver pronta e certa de que essa é a sua vocação.

 

—Então, a grande sacerdotisa irá esperar por mim?

 

—O tempo que for necessário. — Sorrio para minha sobrinha.

 

—Muito obrigada, meu tio. — Anat me abraça. — Eu serei uma adoradora do deus Seth e o senhor irá se orgulhar de mim.

 

Por Nefertari

 

—Aqui estou. — Henutmire fala ao entrar em meus aposentos.

 

—Preciso falar com você, sobre Anat. — Falo.

 

—Não entendo porque me chamou aqui se o assunto é sua prima. — Henutmire fala de uma forma estranha. — Não tenho nada a ver com ela.

 

—Eu preciso de sua ajuda para ajudar Anat. — Peço. — Tenho notado o quanto ela sente a perda da mãe e mudança repentina de sua vida. Quero pedir que me ajude a fazê-la se sentir melhor.

 

—Não entendo como eu poderia fazer isso. — Ela fala. — Não posso substituir a mãe dela, Nefertari.

 

—Mas, pode conversar com ela, levá-la para algum passeio ou até mesmo pedir que ela lhe faça companhia no jardim ou ensiná-la a dançar. — Falo. — Não é sempre que tenho tempo de me ocupar com ela.

 

—E por acaso acha que eu tenho? Se ainda não percebeu, tenho duas filhas que precisam de mim e ocupo o meu tempo em cuidar delas. — Henutmire argumenta. — Além disso, Anat passa a maior parte de seu dia com Paser, aprendendo sobre o sacerdócio.

 

—Mas, quando não está com meu pai, ela fica sozinha em seu quarto. — Falo.

 

—Se ela gosta de ficar sozinha já não é problema meu.

 

—Não estou te entendendo, Henutmire. Nunca te vi agir dessa maneira. — Falo. — Você sempre teve um bom coração, sempre disposta a ajudar as pessoas.

 

—Nesse caso, eu não vejo como ajudar Anat. Eu mal a conheço, Nefertari. — Henutmire fala. — Se não quer deixá-la sozinha, dê a ela uma dama de companhia ou alguma função no harém que ela possa desempenhar em seus momentos vagos. — Ela sugere e uma ideia vem a minha cabeça. — E se o que te preocupa é a dor que Anat sente pela morte da mãe, saiba que somente o tempo será capaz de curar.

 

—Ela poderia ser sua dama. — Falo e minha cunhada me olha incrédula. — Quer dizer, enquanto não for para Om viver com a grande sacerdotisa.

 

—De jeito nenhum! — Henutmire recusa. — Leila é minha dama de companhia e não preciso de outra.

 

—Mas...

 

—Sinto muito, Nefertari, mas não posso te ajudar com essa moça. — Ela me interrompe. — Com licença.

 

Minha cunhada sai de meus aposentos, sem se importar que eu não tenha permitido. Nunca vi Henutmire assim, tão nervosa. Ela sempre foi a paz e a calma em pessoa. Algo deve ter acontecido para perturbar sua serenidade. Mas, o que poderia ser?

 

Por Henutmire

 

Nefertari escolheu um péssimo momento para me pedir ajuda com Anat. Eu realmente não me negaria a ajudar a moça, se não fosse essa irritação que sinto após ter presenciado uma cena dela com meu marido na oficina real. Será possível que agora todo o assunto do palácio é essa menina? Estou começando a sentir náuseas só de ouvir seu nome. Que os deuses permitam que em breve Anat vá para embora, para se dedicar ao sacerdócio, e que eu não tenha mais que cruzar com ela pelos corredores.

 

Quando a vi segurando a mão de Hur, senti que Anat é uma ameaça para mim. Não sei o que me levou a ter essa sensação. Não é mais ciúme, como eu estava pensando, é um tipo de presságio. Algo em meu coração me diz que devo tomar cuidado com ela. Talvez por trás da sofrida jovem orfã, boa e inocente, se esconda algo terrível.

 

—Princesa Henutmire! — Ouço alguém me chamar e ao olhar em volta, me deparo com Anat vindo pelo corredor em minha direção. — Estava procurando pela senhora.

 

—Pois não? — Falo com frieza.

 

—Quero pedir perdão a princesa se de alguma forma minha aproximação com seu marido a ofende. — Anat fala. — Saiba que não sou esse tipo de mulher, senhora. Não nego que tenho simpatia por Hur, mas únicamente porque ele me lembra o meu pai.

 

—O seu pai? — Me surpreendo.

 

—Sim, alteza. Meu pai era um homem bom, alegre, seus olhos pareciam sempre estar sorrindo. — Posso ver tristeza nos olhos dela. — Ele morreu quando eu ainda era criança, mas nunca me esqueci de seu rosto e de sua voz serena falando comigo. — Ela olha para mim. — Eu ainda sinto muito a falta dele.

 

—Eu entendo como se sente. — Falo. — Os deuses também levaram meu pai e depois me tiraram a minha mãe.

 

—Eu lhe contei isto para deixar claro que não tenho más intenções com seu marido. — Anat fala. — E, se for da vontade da princesa, não me aproximarei mais dele.

 

—Não se preocupe, Anat, não fiz mal juízo de você. — Falo, mas não acredito em minhas próprias palavras. — Tenho plena confiança em meu marido e se a companhia dele faz bem a você, não me importo que sejam... amigos.

 

—Agradeço sua compreensão, senhora. — Ela sorri, como se estivese aliviada pelo que eu disse.

 

—Não precisa agradecer. — Falo. — Agora, se me dá licença, vou para meus aposentos.

 

Anat faz uma reverência simples e eu lhe dou as costas, me distanciando dela. Pude ver sinceridade nas palavras da sobrinha de Paser, mas ainda assim não consigo acreditar plenamente. A verdade é que Anat é uma desconhecida para mim. O que eu sei sobre ela? Nada! Nada além do que todos sabem no palácio. Quem ela é de verdade? Talvez eu só saiba com o passar do tempo.

 

(...)

 

—Aqui está, senhora. — Leila me entrega um pequeno frasco. — O sacerdote disse que esta fórmula irá resolver.

 

—Assim espero, Leila. Não aguento mais essa dor de cabeça que não passa. — Falo e bebo a fórmula que Paser mandou.

 

—Tem alguma coisa que queria me contar? — Minha dama pergunta. Certamente ela notou o quanto estou nervosa. — Sabe que pode confiar em mim.

 

—É Anat, a sobrinha de Paser. — Falo.

 

—O que ela fez?

 

—Nada, ainda. — Respondo. — Eu não gosto de vê-la perto de Hur. Ela é uma moça bonita, tem seus encantos.

 

—A senhora não está pensando que...

 

—É claro que não, Leila! Hur seria incapaz de fazer algo desse tipo. — Falo, interrompendo minha dama. — O que me incomoda é essa sensação ruim que tenho quando ela está por perto.

 

—Eu não deveria dizer isso, mas não confio nem um pouco nessa moça. — Leila revela. — Sei que sequer a conheço, mas tenho a impressão de que ela aparenta ser algo que não é.

 

—Eu penso o mesmo, Leila. — Falo. — Anat tem conseguido despertar em mim algo que nunca imaginei sentir.

 

—O quê? — Ela demonstra curiosidade.

 

Antes que eu pudesse responder Leila, as portas de meus aposentos se abriram, interrompendo nossa conversa. Hur entrou, dando passos cautelosos até a cama, onde nossas filhas dormem, e dirigiu toda a sua atenção para elas. Me emociono com o carinho que meu marido demonstra por nossas meninas, sempre preocupado em saber se estão bem ou procurando qualquer pretexto para não sair de perto delas. Ao menor choro, Hur coloca-as em seus braços e não sossega até ver que elas se acalmaram. Isto me faz ter ainda mais certeza de que não poderia ter escolhido melhor pai para minhas filhas e melhor homem para estar a meu lado.

 

—Pode ir, Leila. — Falo para minha dama. — Não vou mais precisar de você hoje.

 

—Tem certeza, senhora? — Ela pergunta.

 

—Tenho sim, o único que ainda vou fazer esta noite é dormir. — Sorrio para ela. — Vá descansar, minha querida.

 

—Descanse a senhora também. — Leila sorri. — Até amanhã.

 

—Até amanhã. — Repito.

 

Leila se despede de Hur e em seguida se retira de meus aposentos. Me levanto do divã e vou até a cama. Vejo que meu marido não tem seu olhar em mim, como sempre faz. Ele continua hipnotizado pela imagem do doce sono de nossas filhas. Me deito em minha cama e fecho os olhos, esperando que a fórmula que tomei faça efeito logo.

 

—Se sente mal? — Hur pergunta com voz tímida, fazendo com que eu abra meus olhos.

 

—É apenas uma dor de cabeça, logo vai passar. — Sento-me e olho para ele. — Temos uma conversa pendente.

 

—Eu sinceramente não quero tocar neste assunto, Henutmire.

 

—Não vou mencionar uma palavra sobre o que vi, Hur, mas quero que preste muita atenção no que vou dizer. — Ele finalmente olha para mim. — Uma vez, eu fui ingênua o bastante para ser enganada por um homem que dizia me amar e por uma mulher que considerava minha melhor amiga. Mas, eu não sou mais aquela Henutmire.

 

—Onde você quer chegar? — Ele pergunta.

 

—Se um dia eu descobrir que você mentiu para mim ou que foi capaz de me trair, eu pedirei a Ramsés que te expulse do palácio e encontrarei uma maneira de fazer com que você nunca mais veja nossas filhas.

 

—Você teria coragem de me afastar de minhas filhas? — Hur altera um pouco a voz.

 

—Não só disso, mas também de fazer com que elas se esqueçam de você. — Falo com firmeza. — Não estou duvidando do seu amor por mim e nem fazendo uma ameaça. Estou apenas te advertindo.

 

—Pelos deuses, Henutmire! Eu nunca seria capaz de te trair ou mentir para você. — Hur, que também estava sentado na cama, se levanta de súbito, demonstrando o quanto minhas palavras o perturbaram. — Eu te amo, e o amor é incapaz de mentir ou trair.

 

—Eu também te amo, Hur. E é por esse amor que eu disse tudo isso. — Falo. — Eu te amo demais para suportar que você faça comigo o mesmo que Disebek fez. — Me levanto da cama e vou até ele. — Foi o seu amor que curou as feridas que ele me causou. Se o seu amor também me ferir, não haverá remédio algum que me salve.

 

—Meu amor... — Hur me abraça e eu começo a chorar involuntariamente, demonstrando toda a minha fragilidade diante da remota possibilidade de perder o grande amor da minha vida. — Eu nunca te machucaria, seria o mesmo que machucar a mim mesmo. — Ele toca o meu queixo, levando o meu olhar de encontro ao dele. — Você e nossas filhas são minha vida, eu jamais faria algo que me afastasse de vocês. Eu não viveria em um mundo onde vocês não existissem.

 

—Eu também não saberia viver sem você, por isso tenho tanto medo de te perder. — Falo, enquanto sinto os dedos de Hur limparem as lágrimas de meu rosto. — Posso te pedir uma coisa?

 

—O que você quiser.

 

—Se afaste de Anat, pelo menos até eu ter certeza de quem ela é de verdade. — Peço.


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Notas finais do capítulo

Henutmire ameaça Hur e depois diz que o ama. Vai entender, né?



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