O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 49
Capítulo 49




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Por Henutmire

 

Duas semanas se passaram desde o incidente no qual quase perdi o meu filho. Minha gestação completou seis luas, minha barriga está cada vez maior e meu filho cada vez mais se faz notar. Sempre que o sinto se mexer dentro de mim meus olhos são tomados por lágrimas de emoção. Sei que não é a primeira vez que passo por isso, mas é como se fosse tudo novo outra vez. Cada sensação com esta criança é única e especial. Todos no palácio agora procuram não me contrariar com o mínimo que seja, para evitar meu nervosismo. Confesso que me divirto com tanta gente tentando me agradar de todas as formas. Somente depois do ocorrido, Paser me disse que o aborto não se deu por muito pouco, fato que naquele momento me preocupou mas depois não dei importância. Eu entreguei a minha vida nas mãos do Senhor, Ele está cuidado de mim. E, consequentemente, está cuidando também desta vida que trago dentro de mim.

 

—Espada para cima, Pepy. — Alon fala para o filho de Karoma, que treina de forma divertida com Tany.

 

—Eu não posso render a princesa. — O menino diz.

 

—Claro que pode, você é o melhor guerreiro de todo o Egito. — Tany incentiva a criança. — Vamos, me ataque.

 

—Tem certeza? — O menino se mostra receoso.

 

—Deixe-me mostrar como você deve fazer. — Alon pega uma espada.

 

—Cuidado, Alon. — Tany adverte. — Eu não quero machucar você.

 

—Vossa alteza nunca seria capaz de tal coisa. — Ele ri, confiante.

 

—Veremos. — Minha filha dá um sorriso furtivo antes de iniciar um combate divertido com Alon, enquanto Pepy os observa admirado.

 

—Pensei que a princesa não aprovasse que suas filhas usem armas. — Leila fala ao colocar uma bandeja com uvas sobre a pequena mesa ao meu lado.

 

—Conhece outra coisa que irá divertí-los? — Indago com um sorriso. — Ao menos isso os distrai do que está acontecendo. — Coloco uma uva em minha boca, desfrutando de seu doce sabor. Então, volto meu olhar para os jovens no instante em que Alon, com um movimento preciso, prende Tany entre seus braços. Mas, minha filha rouba a concentração do rapaz ao lhe dirigir seu mais belo sorriso e com isso se livra de perder o combate para ele.

 

—Vossa alteza também notou a aproximação da princesa Tany e de Alon, não é? — Leila pergunta.

 

—Sim, e sou capaz de apostar com você que tem o dedo de Hadany nisto. — Afirmo. — Não sei como, mas ela de alguma forma aproximou os dois.

 

—E a senhora aprova tal aproximação?

 

—Tany ama este rapaz e tudo o que quero é a felicidade de meus filhos, os quatro. — Respondo. — Além disso, Alon é especial. Um tipo de ser humano que independe de outros para ser quem é, até mesmo daqueles que lhe deram a vida. É isso o que eu vejo nele e é esta a forma que eu escolhi para olhá-lo.

 

—Mesmo após anos de convivência, a princesa ainda consegue me impressionar. — Ela sorri. — Seu coração é o mais nobre que já conheci.

 

—É ser maior do que o que quer que aconteça, Leila. — Sorrio. — E jamais julgar alguém pelo sangue que carrega.

 

—Com licença, alteza. — Um oficial fala ao se aproximar de mim e fazer uma reverência. — O soberano chama pela princesa na sala do trono.

 

—Fique com eles, Leila. — Peço e logo em seguida deixo o campo de treinamento acompanhada pelo oficial.

 

(...)

 

—Este lugar não é meu, Ramsés. — Reclamo sobre estar ao lado do trono de meu irmão.

 

—Sempre foi seu, você apenas nunca o ocupou como deveria. — Ele fala e então passa a me olhar com atenção, o que me incomoda. — Você seria uma linda rainha, Henutmire. A mais bela de toda a história do Egito.

 

—Nefertari é a rainha, a senhora do Alto e Baixo Egito. — Falo. — A propósito, ela não gostará nada de saber que estou ocupando o lugar que lhe pertence.

 

—Minha esposa acordou indisposta esta manhã. — Ramsés diz, para minha surpresa. — Por isso chamei você, minha irmã. Eu preciso de uma presença feminina ao meu lado, para me aconselhar nas decisões que devo tomar.

 

—Como se você fosse escutar algo do que digo. — Argumento. Sinto um leve incômodo em meu ventre, o que faz com que as atenções de meu irmão se voltem para mim de imediato.

 

—Você está bem, Henutmire? — Ele de pronto se levanta do trono para me amparar.

 

—Estou, não foi nada demais. — Respondo e logo sorrio. — Acho que meu filho está exigindo mais espaço dentro mim.

 

—Sente-se aqui. — Ramsés me ajuda a sentar em seu trono e eu não escondo o quão desconfortável é assentar-me sobre um símbolo de tamanho poder. — Está melhor?

 

—Em tese, sim. — Ironizo minha resposta. — Não devo me sentar no trono do faraó.

 

—Foi o próprio faraó quem colocou você nele. — Meu irmão me olha, mas sou incapaz de decifrar o que seus olhos querem dizer ao me verem sentada no trono do Egito.

 

—Soberano! — Bakenmut chama ao entrar na sala do trono, acompanhado por Ikeni. Ambos se surpreendem ao me ver no trono, mas não dizem nada a respeito. — Trago notícias sobre Moisés.

 

—O que o faz pensar que quero saber algo sobre ele? — Ramsés fala, ríspido.

 

—É importante, majestade. — O general insiste. — Soube que Moisés retornou de sua viagem há três dias e trouxe consigo um grande número de cordeiros.

 

—Cordeiros? — O rei se mostra confuso. — O que Moisés poderia querer com cordeiros?

 

—Não sabemos, senhor. — Ikeni responde.

 

—Os miseráveis devem estar se preparando para partir. — Ramsés conclui. — Tolos! Nenhum deles irá colocar os pés para fora do Egito.

 

—O que devemos fazer, soberano? — Bakenmut pergunta.

 

—Confiscar os cordeiros, todos eles! — O rei ordena e eu estremeço. O sangue do cordeiro nas portas das casas é o que protegerá os filhos de Israel da praga. Se tirarem os cordeiros dos hebreus, nenhum primogênito será salvo.

 

—Não, Ramsés! — Me manifesto, chamando a atenção de todos para mim.

 

—Por que não, Henutmire? — Ele me olha, intrigado.

 

—Porque não faz sentido! — Tento disfarçar meu nervosismo, mas parece impossível escondê-lo. — Seja lá para o que for, os cordeiros pertencem aos hebreus. Não é justo tomá-los para si.

 

—Eu concordo com a soberana. — Ikeni diz, mas logo percebe seu equívoco ao se dirigir a mim como soberana. — Digo, com a princesa.

 

—Você não tem que concordar com nada, tem apenas que obedecer minhas ordens. — Ramsés repreende o comandante. — Leve outros oficiais com você, vão até a vila e tragam todos os cordeiros.

 

—Como ordenar, majestade. — Ikeni diz e, cabisbaixo, deixa o local.

 

—Se o soberano permite, preciso supervisionar os treinos dos novos soldados. — Bakenmut diz.

 

—Vá, Bakenmut. — Meu irmão fala e no mesmo instante o general se retira, nos deixando sozinhos. Olho incrédula para Ramsés quando sou olhar recai sobre mim. — Não entendi sua atitude quando disse que tomarei os cordeiros. Acaso sabe de algo que eu não sei?

 

—Como eu poderia saber de alguma coisa se não saio de dentro deste palácio? — Respondo com outra pergunta. — Apenas acho injusto o que está fazendo.

 

—Se você governasse o reino, entenderia o que faço.

—Ainda bem que esta função é sua. — Falo ao me levantar do trono e pouso uma de minhas mãos sobre meu ventre. — Se eu fosse a rainha, muitas coisas iriam mudar.

 

(...)

 

—Mas, sem os cordeiros nenhum primogênito será salvo. — Hadany fala, reafirmando algo que já sei.

 

—Deus não vai permitir que tal coisa aconteça, princesa. — Leila fala. — Moisés disse claramente que nenhum dos primogênitos de Israel teria sua vida ceifada pelo anjo destruidor.

 

—Mas, Deus também disse claramente a meu irmão o que deve ser feito para proteger os primogênitos hebreus. — Tany ressalta. — Meu tio mandou confiscar os cordeiros e agora ninguém será salvo.

 

—Eu tentei intervir, mas não podia revelar o que sei ou a situação poderia piorar. — Falo, infeliz pela minha incapacidade de fazer algo diante do que vejo.

 

—Não fiquei assim, senhora. — Leila pede ao me ver tristonha e se aproxima de mim, segurando minhas mãos. — Deus é poderoso e está no controle de tudo.

 

—Eu sei, minha querida. — Olho para ela. — Mas, é impossível não ficar apreensiva.

 

—Tia Henutmire. — Mayra chama por mim ao entrar em meus aposentos e logo fica a minha frente. — É verdade que Moisés voltou de viagem?

 

—Sim, minha menina. — Respondo.

 

—Então, o dia da praga deve estar bem próximo. — Ela conclui e seus olhos inocentes de criança são tomados por uma profunda tristeza. — O dia em que meu irmão irá morrer.

 

—Você não deveria pensar nisso, criança. — Acaricio seu rosto.

 

—Como não pensar se é exatamente o que vai acontecer? — Minha sobrinha indaga, mas não tenho resposta. — Amenhotep e eu nunca passamos muito tempo juntos, mas sempre que estava por perto era gentil e carinhoso comigo. No dia da praga dos gafanhotos, ele me protegeu com seu próprio corpo. — A menina suspira e vejo que ela se esforça para conter o choro. — Apesar de ser como é, eu amo meu irmão e não queria perdê-lo.

 

—Você precisa ser forte, como eu sei que você é. — Hadany se ajoelha afim de ficar a altura de Mayra. — O que tiver que ser, será. Tudo segundo a vontade de Deus.

 

—Então, Deus quer que o meu irmão morra? — A menina pergunta.

 

—Ele jamais desejaria isso, Mayra. Mas, o Senhor sabe o que precisa fazer para libertar o seu povo. — Respondo, trazendo o olhar de minha sobrinha para mim. — Deus não é responsável pelas atitudes do homem, atitudes estas que podem colocar a vida de muitos em perigo como está acontecendo agora.

 

—Com licença, minha senhora. — Alon pede ao entrar, um tanto quanto afoito, em meu quarto. — O comandante Ikeni acaba de retornar da vila dos hebreus.

 

—Isso não é uma notícia tão boa, Alon. — Hadany fala.

 

—As ordens do rei... — O rapaz faz uma pequena pausa antes de prosseguir. — Não foram cumpridas.

 

—Como não? — Pergunto, incrédula.

 

—Moisés contou o que irá acontecer e Ikeni concordou em ajudar. — Alon responde. — A vida dos primogênitos hebreus está em segurança.

 

—Louvado seja Deus! — Leila fala, aliviada.

 

—Meu tio ficará furioso quando souber. — Tany fala, preocupada com a reação de Ramsés.

 

—Ele não saberá, alteza. Nem ele, nem ninguém. — Alon diz, me deixando confusa. — Ikeni deve estar na sala do trono nesse exato momento e dirá ao soberano que suas ordens foram cumpridas.

 

—Esta mentira só vai servir por algum tempo. — Hadany acrescenta.

 

—Não será necessário mais tempo, alteza. — Leila diz. — A praga virá no décimo quarto dia do mês de Abibe.

 

—E quando é o décimo quarto dia do mês de Abibe? — Mayra quebra o silêncio que havia se formado no local.

 

—Amanhã. — Minha dama responde.

 

Por Hur

 

Foi uma longa espera, mas agora todos hebreus se preparam para o dia tão aguardado. Cordeiros já estão sendo assados ao fogo pelas mulheres, para que se celebre o que estamos chamando de Páscoa. Homens já marcam as portas de suas casas com o sangue imaculado do animal, o sinal que protegerá os primogênitos de Israel. No entanto, em uma derradeira esperança de convencer meu primogênito a salvar sua própria vida, retornei ao palácio a procura de Uri.

 

—O soberano não quer que ninguém saia de dentro do palácio. — Meu filho fala. — Se ele souber que estou aqui, ficará furioso.

 

—O senhor se importa demais com o que o faraó pensa. — Bezalel repreende o pai.

 

—E como não me importar se ele é o rei? — Uri indaga. — Minha permanência no palácio depende de minhas atitudes para com o soberano e o reino.

 

—Deveria pensar mais em você mesmo, em quem você é! — Tento não parecer tão severo, mas é impossível. — Meu maior erro foi ter criado você nesse palácio e ter permitido que se envolvesse tanto com a cultura egípcia. — Olho em seus olhos. — Por mais que se vista como eles, fale como eles ou até acredite em seus deuses, você jamais será um egípcio! Você é um hebreu e é assim que sempre irão te ver, como alguém inferior a eles.

 

—Eu... — Ele suspira e então fica em silêncio.

 

—Será hoje, Uri. — Falo me referindo a praga e ele parece se assustar. — Se não fizer por você, faça por mim e por seu filho.

 

—O senhor não é apenas o joalheiro do rei, é também um filho, um marido, um pai e um irmão. — Bezalel fala e olha nos olhos de seu pai. — Venha conosco para a vila, proteja a sua vida.

 

—Está bem, eu irei. — Uri finalmente concorda e um sorriso de felicidade toma meus lábios.

 

—Você tomou a decisão certa, meu filho. — Eu o abraço e meu neto faz o mesmo.

 

—Eu só preciso de um tempo para pegar alguns pertences e encontrar uma maneira de sair sem que a guarda real me veja. — Ele diz ao olhar em volta. — A vigilância do palácio foi redobrada desde que Moisés veio anunciar a praga.

 

—Nós esperamos o senhor aqui. — Bezalel fala, sugestivo.

 

—É melhor não, pode chamar atenção e levantar suspeitas. — Uri nos olha. — Voltem para a vila, eu os encontro lá.

 

—Estaremos a sua espera, meu filho. — Novamente abraço Uri, desta vez com mais força que antes. Mesmo que ele tenha concordado em ir para vila, meu coração parece sentir que este é um abraço de despedida.

 

Por Henutmire

 

Da varanda de meu quarto, observo a cidade e toda a extensão do reino até onde meus olhos podem alcançar. O vento suave balança o tecido fino e macio de minhas vestes, cujo o tom de azul claro é o mesmo dos vestidos que eu usava quando jovem. No entanto, a delicada brisa também faz com que graciosos fios claros dancem pelo ar, e o sol sobre eles torna-os de um tom encantador e brilhante de dourado. São meus cabelos ondulados, que já se estendem a bem pouco mais da altura de meus ombros.

 

—Bom dia, princesa. — Ouço Leila falar ao entrar em meu quarto. — Trouxe seu desjejum.

 

—Pode colocar na mesa. — Falo ao me dirigir para o interior do aposento.

 

—A senhora já se vestiu para o dia? — Ela pergunta, de costas para mim, enquanto ajeita a bandeja sobre a mesa.

 

—Sim.

 

—Então, eu farei sua maquiagem quando terminar a refeição. — Ela diz. — A senhora não vem comer?

 

Leila então se vira para mim, mas seus olhos arregalados ao me olhar me fazem rir. Ela permanece imóvel e sem fala, apenas me olhando com admiração e surpresa notáveis. Me aproveito da divertida situação para fazer-me de desentendida, sendo que sei o motivo da reação de minha dama de companhia.

 

—O que foi, Leila? — Pergunto. — Por favor, não me diga que quando estou sem maquiagem causo esta reação nas pessoas.

 

—De maneira alguma, princesa. — Ela fala, um tanto quanto perdida com as palavras. — Eu estou surpresa, apenas isso.

 

—Deve estar se perguntando como consegui esconder de você, não é?

 

—Confesso que sim. — Leila então se aproxima e toca meus cabelos. — Desde quando está deixando que cresçam?

 

—Desde que fui presa. — Respondo. — Começaram a crescer com mais força e rapidez que antes e eu não quis mais cortá-los. — Deslizo meus dedos por entre meus fios macios. — São loiros. Diferente, não acha?

 

—Sim, em todos os sentidos que a palavra diferente possa ter. — Ela ri. — Jamais vi uma mulher egípcia que tivesse seus cabelos naturais.

 

—Então, está vendo agora. — Falo rindo ao me sentar diante de meu desjejum e me servir.

 

—Me permite pentear seus cabelos, senhora?

 

—Claro que sim. — Lhe entrego um pente e no mesmo instante o objeto desliza sobre meus cabelos. — Leila, eu preciso de um favor seu.

 

—Tudo o que quiser.

 

—Preciso que leve Alon para a vila dos hebreus. — Peço. — E, por favor, cuide bem dele no deserto e quando chegarem em Canaã.

 

—Tem a minha palavra. — Ela me olha.

 

—Será muito difícil me despedir de você. — Falo tristonha, mas com um sorriso por saber que os hebreus serão livres. — Você sempre foi mais que uma dama de companhia, Leila. Foi minha fiel amiga, me ajudou a criar minhas filhas e sempre esteve ao meu lado quando precisei. — Minhas palavras a fazem sorrir. Seguro suas mãos entre as minhas e lhe dou um sorriso. — Obrigada por todos estes anos juntas, por ser uma das melhores pessoas que tive em minha vida. Leve consigo o sincero afeto de alguém que considera você como uma filha.

 

—Eu não sei o que dizer, senhora. — Leila se emociona e lágrimas escapam de seus olhos.

 

—Não diga nada, minha querida. — Limpo as lágrimas de seu rosto com uma de minhas mãos. — E não chore. Quero guardar comigo a lembrança de cada sorriso que vi em seu rosto, mesmo aquele que tenha sido dado em nossa despedida.

 

—Eu posso lhe dar um abraço?

 

—Não precisa nem pedir. — Me coloco de pé e logo sou envolvida pelos braços carinhosos de Leila. Ela é mais uma a quem terei que dizer adeus.


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Notas finais do capítulo

Download da décima praga em 99%
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