O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 47
Capítulo 47


Notas iniciais do capítulo

Feliz natal para todos vocês, mas principalmente para quem shippa Hadany e Chibale. hahahaha
Boa leitura, meus amores!



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Por Henutmire

 

—Ir para a vila, minha senhora? — Alon me olha confuso.

 

—Sim, você estará seguro lá. — Falo. — Você é um primogênito e eu não irei permitir que nada de mal lhe aconteça.

 

—A princesa tem razão, Alon. — Paser diz. — Além disso, você não será o único a deixar o palácio para proteger sua vida.

 

—Mas, eu sou um egípcio e ainda por cima oficial do rei. — Ele se mostra receoso. — Por que os hebreus me aceitariam entre eles?

 

—Porque no fundo você já acredita em Deus, já o reconhece como o Deus único. — Eu o surpreendo com minhas palavras, o que demonstra que estou certa. — Você pode não ser um hebreu, mas tem a mesma fé que eles têm. Isso é suficiente para que o aceitem.

 

—Vossa alteza tem certeza disso? — O rapaz me olha.

 

—Moisés uma vez me disse que Deus não vê pessoas e sim corações. — Sorrio para ele. — O seu coração já está voltado para o Senhor, isso é tudo o que Ele quer.

 

—A princesa fala com tanta confiança que é impossível não acreditar. — Alon sorri.

 

—A fé no Deus de Israel fez da senhora Henutmire uma mulher ainda mais admirável. — Paser elogia, me deixando um pouco envergonhada.

 

—Com toda certeza, sumo sacerdote. — O rapaz concorda e seus olhos brilham para mim. — Eu irei para a vila, se não houver inconveniente para ninguém. E agradeço imensamente a princesa por se preocupar comigo, que sequer sou parente de sangue de vossa alteza.

 

—O sangue é apenas um detalhe, Alon. Um líquido vermelho que corre igualmente dentro das veias de todos e que jamais será o único elo que aproxima pessoas. — Falo. — Maior que ele é o coração, pois o coração move o sangue.

 

—Mestre, eu já estou pronto para partir. — Simut adentra a sala de Paser com seu jeito típico, mas fica sem jeito ao ver que estou presente e me dirige uma reverência um tanto quanto atrapalhada. — Perdão, alteza. Não vi a princesa quando entrei.

 

—Está tudo bem, Simut. — Falo, rindo. — Estou mais do que acostumada com o seu jeito... único de ser.

 

—Ao menos a senhora já se acostumou, porque a maioria das pessoas do palácio ainda reclamam do meu jeito atrapalhado. — Simut fala e acaba derrubando no chão alguns papiros, o que me faz rir.

 

—Simut, se você já está pronto, é melhor ir de uma vez ou vai destruir minha sala. — Paser fala. — E por favor, tenha consciência do que está indo fazer.

 

—Não se preocupe, mestre. Eu irei cumprir a missão que me deu e retornarei com o que me pediu.

 

—Vá, Simut. — O sumo sacerdote sorri para seu assistente. — Faça boa viagem e que o Deus dos hebreus o proteja.

 

—Até a volta. — Simut se despede de seu mestre, em seguida me faz uma reverência e logo se retira.

 

—Onde ele vai? — Alon pergunta.

 

—Aváris. — Paser responde e chama minha atenção. — Ele está indo buscar os ossos de José para que Moisés leve consigo para Canaã.

 

—Fala do mesmo José que há muito tempo atrás foi governador do Egito? — Indago.

 

—Sim, minha senhora. — Ele diz. — Vossa alteza conhece a história?

 

—Sim, conheço.

 

Flash back on

 

—Meu amor, você não está atrasado para o trabalho? — Pergunto, mas não recebo resposta. Volto meu olhar para meu marido e vejo que ele parece perdido em pensamentos. — Hur? — Chamo, mas ele não me atende. — Hur!

 

—Falou comigo? — Ele se assusta com meu tom de voz elevado.

 

—Ao menos eu acho que sim. — Respondo. — O que há com você? Está tão distante.

 

—Eu estava pensando.

 

—Em quê? — Sento-me ao seu lado.

 

—Em tudo o que vem acontecendo, as demonstrações tão fortes do poder de Deus atráves destas três pragas que atingiram o Egito. — Ele me olha. — Eu tenho me recordado das histórias que ouvia de meu pai quando era criança. É como se eu as tivesse esquecido, mas continuavam aqui, adormecidas, em algum lugar de minha memória.

 

—Que histórias são essas? — Pergunto, interessada. — Me conte.

 

—A história de José, por exemplo. Um hebreu que veio para o Egito como escravo e salvou o reino da fome.

 

—Como um escravo poderia ter poder de salvar o Egito da fome? — Questiono, sem acreditar plenamente no que ouço.

 

—Deus o abençoava em tudo o que fazia. José tinha o dom de interpretar sonhos e assim ele revelou o significado do sonho do faraó e previu sete anos de seca. — Hur fala. — Graças a isso, o Egito teve tempo de se preparar, enquanto todos os demais povos passavam fome.

 

—Que rei era esse? — Pergunto.

 

—Isso foi a mais de quatrocentos anos, era outra dinastia de reis e rainhas. — Ele responde. — José se tornou o governador de todo o Egito, abaixo apenas do próprio soberano.

 

—É estranho. — Falo, pensativa. — Eu nunca ouvi falar disso em meus estudos.

 

—Acha que o povo egípcio gostaria de saber que deve sua sobrevivência a um escravo? — Meu marido fala, me fazendo refletir. — Esse foi um fato omitido, apagado da história assim como o decreto de seu pai que condenava a morte os bebês hebreus. — Um sorriso desfaz a seriedade dos olhos de Hur. — Mas, o povo hebreu não esquece e conta de pai para filho, de geração em geração.

 

—E existem provas de que a história de José é de fato verdadeira?

 

—Ele casou-se com uma egípcia de nome Azenate, que era filha do sumo sacerdote daquela época. — Meu marido responde. — Quando faleceu, José foi embalsamado aqui mesmo no Egito. Mas, antes de morrer, ele previu que Deus um dia levaria os filhos de Israel de volta para a sua terra e que junto levariam os seus ossos para serem sepultados em Canaã.

 

—Então, Deus já havia feito essa promessa? — Pergunto com um sorriso.

 

—Desde sempre, meu amor. Deus fez esta promessa a Abraão, o avô de Jacó, que é o pai de José. — Hur explica pacientemente para que eu possa entender. — Quando Deus falou com Abraão, Ele prometeu uma terra santa à nação de Israel e que a sua descendência seria tão numerosa quando as estrelas no céu.

 

Flash back off

 

—Uma descendência tão numerosa quanto as estrelas do céu. — Repito as palavras que um dia Hur me disse. Levo uma de minhas mãos a meu ventre ao lembrar que Moisés disse que esta criança é mais uma estrela no céu de Abraão e sorrio.

 

—O que disse, minha senhora? — Paser pergunta.

 

—Nada, apenas pensei em voz alta. — Respondo.

 

—Alteza, quando a praga anunciada por seu filho virá sobre o Egito? — Alon pergunta. — Eu preciso saber para estar preparado.

 

—Comece a se preparar hoje mesmo. — Falo. — Quando o dia chegar, eu avisarei a você.

 

—Há algo que não pensamos, princesa. — Paser diz. — Alon, assim como os que pretendem deixar o palácio, podem nunca mais retornar. Certamente o soberano os considerará traidores e não permitirá que voltem.

 

—Os outros eu não sei, mas espero que Alon não tenha planos de voltar ao palácio. — Falo e o rapaz me olha, assustado. — Você deve partir com os hebreus.

 

—Senhora, não sei se isso seria de todo sensato. — Ele argumenta.

 

—Insano seria ficar aqui após o que vai acontecer. Ramsés logo saberia que você deixou o palácio para salvar sua vida e ser irmão da rainha não te salvaria da fúria do rei. — Afirmo. — Você deve ir com os hebreus, eles cuidarão de você.

 

—E vossa alteza? — Alon indaga. — Pretende ficar no Egito, condenada a viver longe do homem que ama?

 

—Eu estou presa a este reino até que Ramsés resolva me libertar ou que a morte venha me levar.

 

Por Hadany

 

—Ocupando seu tempo? — Pergunto ao ver minha irmã sozinha no campo de treinamento.

 

—Apenas querendo que ele passe mais depressa. — Fala ao disparar uma flecha que com força atravessa o alvo. — Quanto tempo se passou desde que Moisés veio anunciar a praga?

 

—Acho que três semanas. — Respondo. — Nosso irmão ainda está em viagem pelo Egito.

 

—Desta vez os hebreus realmente vão partir. — Tany desliza a flecha pelo arco e faz mira para o alvo. — Moisés não se daria a tamanho trabalho se não tivesse a certeza de que nosso tio finalmente deixará seu povo ir.

 

—A liberdade dos hebreus irá custar a vida de inúmeros primogênitos. — Falo, triste. — Tany, você já parou para pensar que nosso pai irá embora?

 

—Penso nisso todos os dias e só consigo imaginar a tristeza que isso irá causar a nossa mãe. — Ela responde e então abandona o arco e a flecha no chão. — Nós duas crescemos vendo o quanto o amor de nossos pais é forte, o quanto um parece depender do outro para viver. Agora, eles se mantêm firmes porque, mesmo separados, ainda estão próximos, vivem na mesma cidade. Mas, o que vai acontecer quando houver um deserto entre os dois?

 

—Não gosto do que vou dizer, mas se isso acontecer nós teremos que ser a força que ela precisará para seguir vivendo. — Afirmo. — Se não estivermos ao lado dela, ninguém mais estará.

 

—Não sabia que estavam aqui. — Amenhotep nos interrompe com sua chegada. Ele olha para o arco que Tany deixou no chão e em seguida para nós. — Estavam treinando?

 

—Eu estava. — Minha irmã responde. Logo notamos que nosso primo está diferente. Seu tom de voz é mais suave, mais humilde. Seus olhos parecem não ter o brilho de soberba de sempre e seu rosto expressa tristeza. — Se sente bem, Amenhotep?

 

—Claro. — Ele responde com rapidez. — Eu pareço estar mal?

 

—Sim, e muito. — Respondo. — Está doente ou algo assim?

 

—Estou com medo. — Amenhotep diz. — Medo de conhecer o mundo dos mortos.

 

—Sua vida só está em risco por causa da teimosia de seu pai. — Tany diz, sincera. — Fale com ele, talvez você seja a única pessoa que pode convencê-lo.

 

—Eu já falei, Tany. Disse que é melhor deixar os hebreus partirem, mas meu pai disse para eu confiar em nossos deuses e ficar tranquilo, pois nada irá acontecer comigo. — Ele fala. — Como eu posso ficar tranquilo se o deus dos hebreus fez questão de dizer que o herdeiro do trono irá morrer?

 

—Eu sinto muito, Amenhotep. — É tudo o que digo, afinal, não há muito o que se possa dizer.

 

—Você deveria estar feliz, Hadany. — Meu primo me olha. — Se eu morrer, estará livre do noivado. Não será mais a minha prometida.

 

—Por mais que eu odeie a ideia de ser sua esposa, jamais desejaria a sua morte para me ver livre desse noivado. — Deixo Amenhotep desconcertado com minhas palavras. — Nós somos da mesma família, temos o mesmo sangue.

 

—A minha morte fará de você livre, assim como tornará os hebreus livres. — Ele me olha com ainda mais atenção. — Mas, se por uma grande surpresa do destino eu sobreviver, prometo a você que este noivado terá fim. — Amenhotep segura minhas mãos e eu me surpreendo com sua atitude. — Seja de uma forma ou seja de outra, você não será obrigada a se casar comigo e se tornar rainha do Egito.

 

(...)

 

—Acha que Amenhotep foi sincero com o que disse? — Tany pergunta, enquanto caminhamos pelo corredor em direção ao harém.

 

—Ele não parecia estar mentindo. — Falo. — Amenhotep está com medo da morte e isso está o deixando mais... suportável.

 

—É uma pena que ele esteja se tornando mais humano tarde demais. — Ela afirma e eu a olho. — Nós duas sabemos que ele irá morrer, já é um fato consumado.

 

—Não só ele, mas todos os primogênitos do Egito. — Suspiro. — Sou incapaz de compreender como nosso tio pode permitir que isso aconteça tendo em suas mãos o poder de salvar todos os primogênitos.

 

—A propósito, sabe se Uri irá para a vila?

 

—Até onde sei, não. Nosso pai veio ao palácio com Bezalel para falar com ele, mas nada conseguiram. Leila também tem tentado convencê-lo, mas não tem tido êxito. — Respondo. — Acho que logo será a nossa vez de tentar convencer nosso irmão a proteger sua própria vida.

 

—E se ele também não nos escutar? — Tany questiona.

 

—Então, só nos restará uma esperança. — Falo e Tany me olha. — E ela se chama Henutmire.

 

—Altezas. — Somos interrompidas pela chegada repentina de Chibale, que logo nos faz uma reverência.

 

—Eu espero você no harém. — Minha irmã diz e logo se retira, me deixando sozinha com Chibale.

 

—Está tudo bem com a princesa Tany? — Ele pergunta, estranhando a atitude de minha irmã.

 

—Está sim. — Respondo, rindo. — Acho que ela apenas quis nos deixar sozinhos.

 

—Isso não seria de todo adequado. — Ele ri e logo seus olhos brilham ao me olhar. — Eu não a vejo desde que voltei da vila.

 

—Tenho estado ocupada com tudo o que vem acontecendo. — Falo e acabo rindo. — Além disso, você disse que aquela seria a última vez que nos veríamos.

 

—Naquele momento tive a certeza de que não voltaria a vê-la, mas estava enganado. — Chibale sorri, mas logo fica sério novamente. — No entanto, talvez isso realmente aconteça.

 

—O que está dizendo, Chibale?

 

—Sou um primogênito, princesa. — Ele diz. — Meu pai pretende deixar o palácio para me proteger e quando isso acontecer não poderemos mais voltar. Nós iremos embora com os hebreus. — Meu silêncio deixa Chibale confuso. — Não vai dizer nada?

 

—E o que eu poderia dizer? — Indago. — Seria egoísmo de minha parte pedir para você não ir embora.

 

—Então, não se importa? — Chibale demonstra certa indignação.

 

—É claro que me importo, mas não posso fazer nada. — Altero meu tom de voz. — Se você ficar no palácio, irá morrer. Mas, se voltar depois que a praga acontecer, pode ser morto por meu tio por traição.

 

—Então, venha comigo. — Ele pede, me deixando incrédula. — Eu não quero ir embora e deixá-la para trás.

 

—Você enlouqueceu? — É a minha vez de mostrar indgnação. — Eu jamais faria isso.

 

—E por que não? — Ele pergunta, mas não deixa que eu responda. — Não me diga que já se acostumou a ideia de ser a futura soberana do Egito e agora deseja se casar com o príncipe?

 

—Meça suas palavras! Quem pensa que é para falar comigo desse jeito? — Pergunto, furiosa.

 

—O homem que vossa alteza ama. — Ele responde. — Ou mentiu quando disse que ama?

 

—Não, não menti. Mas, não use o meu amor como argumento para me convencer a fugir do palácio e ir embora com você.

 

—Não me ama o suficiente para isso?

 

—Não! — Falo com segurança e ele se assusta. — Você não é a única pessoa em minha vida e tampouco a mais importante. — Falo sem pensar, mas não me arrependo de uma só palavra. — Você não é o único que ficará longe de alguém que ama quando os hebreus partirem. Meu pai deixará para trás a mulher que ama, pela qual tanto lutou. Ele deixará para trás as filhas que viu crescer, que cuidou e amou desde o primeiro momento, e um filho que jamais irá conhecer. — Olho firmemente em seus olhos e ele se intimida com isso. — Se não é capaz de compreender que existem pessoas que precisam de mim, pessoas que eu jamais abandonaria para poder ficar com você, é melhor que vá mesmo embora. Vá e leve este amor obsessivo e egoísta para bem longe de mim, pois eu não quero um amor assim.

 

—Vossa alteza não quis dizer isso.

 

—Sim, eu quis. E, quando se der conta da grande besteira que acaba de fazer, peço por favor que não venha atrás de mim para pedir perdão. Fique com seu arrependimento e entre com ele em Canaã. — Minhas palavras surpreendem até a mim mesma. — Eu tenho meu orgulho e estou cansada de perdoar um erro que, pelo visto, você sempre voltará a cometer.

 

—Então, isso é o fim? — Ele me olha, parecendo temer minha resposta.

 

—Não se coloca fim em algo que jamais começou.

 

Por Tany

 

Acho que nunca vi o harém tão silencioso. Não há o som de crianças brincando, tampouco suas risadas e passos apressados ao correrem por todos os lados. Algumas mães permanecem em silêncio, com seus olhares perdidos no vazio. Olhares que desde já demonstram a dor de se perder um filho. Um leve sorriso se forma em meus lábios ao observar Karoma e Pepy, a uma certa distância. A mulher, abraçada ao filho, lhe conta uma história para desviar sua atenção do momento tenso que vivemos e o menino até lhe sorri. Então, sou surpreendida quando uma bela e delicada flor de pétalas rosas surge a minha frente.

 

—Para dar um pouco de cor ao seu dia. — Alon diz e logo me deparo com seu sorriso típico de sempre.

 

—Obrigada. — Agradeço e faço menção de pegar a flor, mas Alon me impede.

 

—Permita-me. — Ele então coloca a flor entre os adornos dourados de minha peruca. — Está ainda mais linda, princesa.

 

—Assim você me deixa sem jeito. — Sorrio, timidamente.

 

—A beleza deve ser elogiada. — Ele diz. — Posso?

 

—Certamente. — Permito que ele se sente ao meu lado.

 

—Estive com a princesa Henutmire esta manhã. — Alon fala. — Ela disse que eu devo ir para a vila dos hebreus no dia da praga.

 

—E você irá?

 

—Sim, não quero ser um problema a mais para vossa mãe, que ainda tem a difícil tarefa de convencer Uri a fazer o mesmo. — Ele responde. — Mas, eu não voltarei ao palácio, alteza. Irei partir com os hebreus.

 

—Sentirei sua falta. — Sorrio para ele. — Posso lhe pedir uma coisa?

 

—Claro que sim.

 

—Cuide bem de meu pai no deserto e quando chegarem em Canaã. — Peço. — Ele não poderá ficar e, ao que parece, nós não poderemos partir.

 

—A fé acredita até mesmo contra as esperanças. — Alon fala, confiante, e sorri. Sei que suas palavras querem me dizer para não desistir de acreditar que Deus pode unir meu pai novamente a minha mãe, minha irmã e a mim. — Eu prometo que cuidarei de seu pai, desde que me prometa que irá cuidar de sua mãe, sua irmã e seu irmãozinho, princesa Tany.

 

—Tem a minha palavra, príncipe Alon. — Falo e acabamos rindo pelo fato de eu tê-lo chamado pelo título que rejeitou.

 

Por Henutmire

 

Flash back on

 

Consigo sentir as batidas leves e felizes de meu coração, enquanto olho com um sorriso para minhas filhas imersas em seu sono calmo e despreocupado de bebês. Às vezes, eu fico como que parada no tempo, apenas olhando para elas em silêncio. Palavras não se fazem necessárias cada vez que me dou conta do grande milagre que Hadany e Tany são.

 

—Elas serão belas moças quando crescerem. — Hur me surpreende com sua presença ao envolver seus braços em minha cintura e eu sorrio. — Sua culpa.

 

—Acho que vou levar isso como um elogio. — Falo, rindo, ao colocar minhas mãos sobre as dele.

 

—Para você eu sempre terei apenas elogios e o meu amor. — Ele fala e viro meu rosto para olhá-lo. Logo sinto o delicado afago de seus lábios ao se encontrarem com os meus.

 

—Tendo você e nossas duas preciosidades, eu não preciso de mais nada. — Minhas palavras o fazem sorrir.

 

—Não me olhe assim, Henutmire. — Ele pede quando nossos olhares se prendem um ao outro.

 

—Assim como? — Me divirto ao perceber que meu olhar sobre ele o deixa um tanto quanto sem jeito.

 

—Com ares de quem sonhou a vida inteira em me encontrar. — Hur responde. — Em algum momento, vou acabar acreditando.

 

—E por que não acreditaria, se é a verdade? Acho que eu já sentia a sua falta antes mesmo de te conhecer. — Falo e meu marido ri. Me viro de frente para ele e pouso minha mão esquerda em seu rosto. — Hoje, eu sei que é você o homem que sempre sonhei ter ao meu lado, o pai que sempre imaginei dar a meus filhos.

 

—Posso dizer o mesmo, pois você é de fato a mulher que eu sempre sonhei. — Ele sorri. — Às vezes eu me pergunto quando foi que você soube que me amava.

 

—Quando eu estive sozinha e você estava lá. Quando seu olhar com o meu se encontrou de uma maneira tão forte e especial. — Falo e sorrio. — Quando eu soube que havia esperado muito tempo por mim, e principalmente, quando sonhei com você.

 

—Você sonhou comigo?

 

—Na noite em que me beijou pela primeira vez, eu demorei a pegar no sono. — Respondo. — Mas, quando finalmente adormeci, você entrou em meus sonhos me trazendo paz e flores azuis. Então, eu soube que te amar seria a coisa certa a se fazer. — Olho em seus olhos. — Não precisei de muito tempo para me apaixonar por você, sabe disso. Aconteceu como se já fosse um amor predestinado a ser real. E eu não me arrependo, em nenhum momento, de amar você, Hur.

 

—Eu não sei o que dizer. — Ele diz, tentando disfarçar sua emoção.

 

—O seu amor chegou quando eu mais precisava e agora realizou o meu maior desejo: o de gerar uma vida. — Falo com um sorriso.

 

Flash back off

 

Minha mão acaricia meu ventre, enquanto lágrimas caem sobre ela. As lembranças do que vivi ao lado de Hur me fazem sorrir, ao mesmo tempo em que me fazem chorar. Não tê-lo ao meu lado é o pior dos castigos que eu poderia ter. Todavia, pior do que isso é saber que ele irá embora com os hebreus e que, talvez, nunca mais estaremos juntos. Como eu poderei viver sem Hur? Viver sem seu amor, sem a paz que sua presença me traz, sem a alegria de seu sorriso. Viver sem metade de mim mesma, ou melhor, sobreviver.

 

—Seu pai não estará ao seu lado, não irá te carregar nos braços assim que vier ao mundo ou te verá crescer. — Respiro fundo, antes de continuar. — Mas, eu te prometo, meu filho, que você sempre terá a mais absoluta certeza do quanto ele te ama.

 

Limpo as lágrimas de meu rosto, seco meus olhos. Deixo que meu coração se desfaça de tudo o que me aflige e seja tomado por uma única e firme certeza: independente de distância, o amor de Hur sempre me dará forças para seguir em frente. E, enquanto meus olhos contemplam o céu através da janela, o tempo... O tempo passa depressa.


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