O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Gostaram da notícia da gravidez de Henutmire? Ainda lá no início, uma leitora me sugeriu que nossa princesa ficasse grávida novamente. Inicialmente, achei algo impossível mas aquela ideia amadureceu em minha mente e resolvi colocá-la na história. A você que me deu essa sugestão, e você sabe que é você, meu muito obrigada!

Sem mais enrolações, aqui está o cap. 39. Boa leitura!



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Por Alon

"Eu amo você, Alon. Amei desde o primeiro momento e amarei para sempre, nunca duvide disso."

Ao me lembrar de minha última conversa com Anat é impossível conter as lágrimas. Pior do que presenciar o sepultamento de minha senhora é saber que não enterrei apenas uma sacerdotisa, alguém que sempre foi para mim uma grande e carinhosa amiga. Eu enterrei minha mãe, sem ao menos saber que era ela a mulher que me deu a vida. Isso é para mim mais doloroso do qualquer outra coisa.

A senhora Atalia acaba de sair de meus aposentos, após me contar uma história que qualquer um julgaria incrível demais para ser verdade. Porém, não haviam mentiras e sim inegáveis provas. Agora eu sei minhas origens, sei de onde vim. No entanto, creio que nunca me senti tão perdido e sem lugar no mundo.

—Posso entrar? — Ouço alguém perguntar e ao olhar para a porta vejo a princesa Tany.

—Claro que sim, alteza. — Limpo as lágrimas de meu rosto.

—Não precisa disso, Alon. Se permita chorar, vai lhe fazer bem. — Ela diz ao sentar a meu lado. — Não há muito o que eu possa fazer, mas posso lhe oferecer um abraço se me permitir. — A ternura em seus olhos consegue me cativar e eu acabo permitindo que seus braços me envolvam.

—Eu estou dilacerado. — Acabo chorando, mesmo que os braços da princesa me transmitam algum conforto. — Eu perdi minha mãe antes mesmo de saber que ela esteve ao meu lado durante todo este tempo.

—Pense que ao menos você teve a oportunidade de conviver com ela, seja como for. — Suas palavras tentam me consolar. — Eu não conheci a Anat que você conheceu, mas não há como negar que ela sempre deixou mais do que evidente o quanto gostava de você.

—Nós tínhamos uma ligação intensa e muito especial desde a primeira vez em que nos vimos. — Falo ao lembrar do dia em que Anat chegou ao templo.

—E agora você entende o porquê disso, sabe que o houve entre Anat e você foi uma espécie de chamado de sangue. — Ela fala. — Você sabe que ela realmente te amava.

—Sim, eu sei. — Suspiro. — Como está a princesa Henutmire? Não deve estar sendo fácil para ela saber que o falecido marido tem um filho bastardo.

—Ela ficou bastante alterada e isso acabou ocasionando um desmaio, mas Paser está cuidando dela. — A princesa responde. — E não se preocupe, você não é o único filho bastardo de Disebek que minha mãe conhece.

—Existem outros?

—Outra, mas é melhor não pensar nisso agora. — Ela aconselha.

—Eu sequer sei no que devo ou não pensar. — Falo desnorteado. — Sinceramente, não sei nem o que fazer.

—Sua mãe escreveu isto para você. — A princesa me estende um papiro. — Acredito que ela mesma pretendia lhe entregar, mas não teve tempo.

—Como encontrou? — Pergunto.

—Anat me disse onde estava e pediu que eu entregasse a você. — Ela coloca o papiro em minhas mãos.

—Obrigado, alteza. — Tiro forças de onde não tenho para lhe dirigir um sorriso.

—Não precisa agradecer. — Ela sorri e só então eu noto quão bela a princesa Tany é, e que fica ainda mais bela quando sorri.

A alteza então se retira, me deixando sozinho com o papiro em mãos. Eu abro-o lentamente, enquanto penso que estas serão as últimas palavras de minha mãe que poderei ter. Ela, que foi para mim uma das melhores pessoas que tive em minha vida, que foi minha mãe em todos os sentidos sem ao menos saber disso. Então, respiro fundo como que tomando coragem e começo a ler o papiro.


"Meu querido filho, não sei se algum dia chegará a ler o que escrevo aqui, mas o faço como forma de abrir meu coração. Agora que sabe toda a verdade, quero que saiba também que foi muito amado por mim desde o primeiro momento e que eu jamais abandonaria você. Quando você nasceu eu tinhas apenas dezenove anos, era ainda um pouco imatura e minha própria mãe achava que eu era jovem demais para assumir a responsabilidade de ter um filho. Mas, ainda assim eu lutei por você, para te dar o direito de ser gerado e trazido ao mundo. Eu não me importei com o que as pessoas diriam por eu ser mãe solteira, nem que talvez isso manchasse a boa reputação que a minha família tinha. Eu só me importei com o meu filho e com o grande amor que eu já sentia por ele. Durante nove luas eu imaginei como você seria, imaginei como seria seu rosto, seus olhos, seu sorriso. Quando eu finalmente tive você em meus braços, soube que o amor de mãe é de fato o mais pleno e incondicional de todos os sentimentos. Eu nunca quis me afastar de você, mas fui obrigada a isso. Quando Ausar, ou melhor, Disebek te arrancou de meus braços, ainda recém nascido, tudo o que eu era se foi com você. Passei todos estes anos me culpando por ter sido fraca e chorando por achar que meu filho estava morto. De certa forma, eu própria morri naquele dia e uma outra Anat nasceu.
Alon, quando eu te conheci ainda criança no templo de Om, senti de imediato que uma força maior me ligava a você. Hoje eu entendo que em todos estes anos que convivemos juntos o que nos uniu foi o sangue, o amor de mãe e filho. Agora eu entendo que ao te reencontrar, reencontrei também uma parte do que eu fui. Você conseguiu trazer volta aquela jovem, mesmo que eu só permitisse que ela se mostrasse quando estava com você. Obrigada por isso, meu filho! Sempre serei grata por ter me proporcionado a oportunidade de ser novamente quem eu era. Perdoe-me pelo pai que lhe dei, eu me apaixonei como uma tola e só vi quem ele era de verdade quando já era tarde demais. Mas, por favor, acredite que você é muito mais que o sangue que corre em suas veias. Você não é Disebek e menos ainda é Anat. Você é Alon, aquele que se criou sozinho, com princípios e valores próprios. Lembre-se sempre disso.
Eu fiz coisas horríveis, Alon, e algum dia você saberá de todo o meu passado. Não peço que finja que isso não irá abalar a imagem que você tem de mim, porque eu sei que será assim. Talvez você até seja reprimido por ser meu filho e por isso eu peço perdão. Peço perdão por colocá-lo nesta terrível situação. Mas, seja forte e encare tudo o que vier de frente, de cabeça erguida. E talvez algum dia nós possamos ir para bem longe juntos e começar uma nova vida, viver tudo o que fomos impedidos de viver como mãe e filho. Não me importo em assumir você como meu filho e tampouco de deixar para trás tudo o que conquistei como sacerdotisa de Seth. Eu só quero algum dia poder ser a sua mãe, como desejei desde o momento em que soube que você crescia dentro de mim. Agradeço aos deuses por terem me dado a oportunidade de cuidar de meu filho, de estar perto dele nos momentos em que ele precisou. Agradeço por ter tido o privilégio de ser sua mãe, mesmo sem saber que você é sangue do meu sangue. Agora, o destino se encarregará de decidir o que acontecerá conosco e eu aceitarei sem questionar. Só peço que não esqueça o quanto eu o amo, meu menino... O quanto eu sempre o amarei, aconteça o que acontecer."


  —Eu não esquecerei, mãe. — Falo em meio a lágrimas que tomam meus olhos por completo. — E só eu sei a falta que irei sentir de você.

 

Por Henutmire

Acho que nunca em minha vida estive tão surpresa. Alguns minutos se passaram desde que Paser me deixou sozinha em meus aposentos, mas permaneço imóvel como uma estátua. A criança que está em meu ventre foi concebida em minha última noite com Hur e isso me faz pensar nas coisas horríveis que passei desde então. Este filho foi comigo para a prisão, passou fome como eu passei quando me neguei a me alimentar. Este filho suportou comigo as dores intensas que as úlceras me causavam, enfrentou a morte como eu enfrentei e sobreviveu, bem como eu sobrevivi. Este filho é um milagre, em todos os sentidos que esta palavra possa ter.

Me levanto e deslizo curtos passos por meus aposentos, olhando atentamente para meu ventre. Só agora eu percebo que minha barriga aumentou um pouco de tamanho, mas tão pouco que passaria despercebido por qualquer um, como aconteceu comigo. E então, sinto-me como se finalmente me desse conta de que há uma vida crescendo dentro de mim. Meu coração se inunda de uma alegria única por saber que carrego em meu ventre um filho meu e de Hur. Um filho que, apesar das circunstâncias, é mais um símbolo do nosso amor. Sorrio como uma boba ao acariciar meu ventre delicadamente por cima do tecido azul claro de minhas vestes.

—Senhora? — Leila parece se surpreender ao entrar em meu quarto. — Pensei que a encontraria deitada.

—Não tenho motivos para isso. — Falo, ainda sorrindo. — Não estou doente.

—Mas, a princesa teve um desmaio. — Ela ressalta. — O sumo sacerdote disse o que a senhora tem?

—Leila, se lembra de quando me contou a história de Sara? — Pergunto e ela afirma que sim. — Se lembra que disse que se fosse da vontade de Deus eu daria um quarto filho a meu marido?

—Claro que me lembro, senhora. — Leila fala. — Mas, não entendo porque está falando sobre isso agora.

—Você estava certa quando disse que teremos que encomendar novos vestidos. — Me aproximo dela, que me olha confusa. — Eu estou grávida, Leila.

—Bendito seja Deus! — Minha dama me olha, sorrindo. — A senhora tem certeza?

—Paser disse que não há dúvidas. — Respondo um tanto eufórica.

—Confesso que eu já desconfiava. — Ela fala. — A senhora tinha todos os sintomas, mas eu não sabia se era devido ao que passou na prisão.

—Eu também achei que fosse por isso, mas não. — Falo. — Tenho uma vida crescendo dentro de mim.

—Não imagina como fico feliz pela senhora. — Leila me abraça. — Terá a alegria de ser mãe novamente.

—Não estou cabendo em mim de tanta felicidade, mas ao mesmo tempo tenho medo. — Meu sorriso dá lugar a seriedade. — Eu já não era uma jovenzinha quando tive minhas filhas, imagine agora.

—Paser disse algo que a deixou preocupada?

—Pelo contrário, ele disse que tenho boa saúde e todas as condições necessárias para gerar essa criança sem problema algum, independente de minha idade. — Falo. — Mas, veja tudo o que eu passei desde que concebi este filho. Temo que isso possa tê-lo afetado de alguma maneira.

—Confie em Deus, alteza. Se Ele lhe concedeu este filho é porque tem propósito em sua vida. — Ela fala com doçura. — O melhor que pode fazer por seu filho e pela senhora mesma é se cuidar e procurar não ficar tão nervosa.

—Não será fácil manter a calma diante da atual situação. — Suspiro. — Leila, você é a primeira da família a saber sobre minha gravidez. Eu lhe considero como a uma filha e confio muito em você.

—Não sabe como me alegro em saber disso. — Leila se emociona.

—Quero lhe pedir que não comente nada com ninguém, por enquanto. — Peço. — Eu pedi o mesmo a Paser e pedirei a minhas filhas, quando contar a elas.

—Tem a minha palavra que não direi nada a ninguém. — Leila afirma. — Mas, não compreendo porque a princesa deseja manter isso em segredo.

—Não será por muito tempo, até porque minha barriga começará a crescer e será impossível esconder. — Falo. — Mas, a situação exige cautela.

—Eu entendo. — Minha dama fala com expressão séria, mas logo passa a sorrir ao olhar para meu ventre. — Hur ficará tão contente quando souber que será pai mais uma vez.

—E igualmente triste por estar longe de mim e de nosso filho caçula. — Falo, triste. — Talvez fosse melhor ele não saber.

—Como a senhora mesmo disse, será impossível esconder.

(...)

—Senhora Henutmire? — Ouço alguém chamar por mim.

—Entre, Alon. — Falo ao ver o rapaz me olhar timidamente da porta. Eu, que estava deitada, faço por onde me sentar e me acomodo melhor em minhas almofadas, enquanto Alon se aproxima lentamente de mim. — Sente-se.

—Não quero incomodá-la.

—Acho que de certa forma eu já sabia que você viria até mim. — Falo. — Quer me perguntar sobre o seu pai?

—Até gostaria, já que a princesa foi a pessoa mais próxima a ele. — Alon responde. — Mas, o sumo sacerdote já me contou o que eu precisava saber e eu detestaria ser o culpado por fazê-la reviver a dor do passado.

—Você não é culpado de nada, rapaz. Sequer tem culpa de ser filho de Disebek. — Eu o olho. — Só é culpado de uma coisa.

—Do quê?

—Da briga de minhas filhas. — Respondo. — Elas se desentenderam por sua causa.

—Eu nunca quis isso, alteza, da mesma forma que nunca quis me apaixonar pela princesa Hadany ou despertar o amor da princesa Tany. — Ele baixa seu olhar, envergonhado. — Eu voltarei para Om com a senhora Atalia e espero que isso possa servir para que suas filhas façam as pazes.

—Talvez antes eu desejasse isso, mas agora você não pode deixar o palácio. — Falo e Alon me olha, confuso. — Paser não lhe contou que Nefertari também é filha bastarda de Disebek?

—Sim, contou. — O jovem responde com naturalidade, demonstrando que ainda não se deu conta do que isso significa.

—Você é irmão da rainha do Egito. — Minhas palavras surpreendem Alon. — Será um príncipe, se ela estiver disposta a legitimar o parentesco entre vocês.

—Não espero e menos ainda desejo ser legitimado por minha irmã.

—É um direito seu.

—Ao qual posso renunciar.

—Faria isso? — Pergunto, surpresa. — Estaria disposto a recusar os privilégios de ser um príncipe?

—Não nasci príncipe, alteza. — Ele responde. — Cresci sendo treinado para ser um guardião e é isso o que eu sou.

—Mas, sua senhora não está mais aqui para ser protegida por você. — Falo, mas logo me arrependo do que disse ao ver Alon se entristecer.

—Ela viverá para sempre dentro de meu coração. — Seu tom de voz é pesado. — Sei do que minha mãe fez no passado e de seus planos infundados de vingança contra a princesa.

—Paser também lhe contou sobre isso?

—Sim, e não sabe quão surpreso eu fiquei. — Alon diz. — A Anat que eu conheci jamais seria capaz de tais coisas.

—Mas, a Anat que eu conheci foi capaz disso e seria capaz de muito mais. Ela foi capaz de algo que jamais poderei perdoar. — Falo, ressentida. — No entanto, seu último ato foi salvar a vida de minha filha e talvez eu deva ser grata por isso, mesmo que seja apenas por isso.

—Lamento que eu seja uma lembrança viva das pessoas que lhe fizeram tanto mal.

—Apenas seus olhos se parecem um pouco com os de Disebek, fora isso não há nada em você que me lembre seus pais. Não se parece com eles em personalidade, nem em traços físicos. — Acaricio seu rosto e sorrio. — Não prometo que será fácil, mas farei o possível para enfrentar essa situação da melhor forma possível e ter uma boa convivência com você. Afinal, se pensarmos bem, você é meu enteado.

—Eu não havia pensado nisso. — Ele ri.

—Ainda há muitas coisas nas quais você deve pensar e terá tempo para isso.

—Obrigado, senhora.

—Pelo quê agradece? — Pergunto.

—Por ser boa comigo, mesmo sabendo sobre minhas origens.

—Se eu não me voltei contra Nefertari quando soube quem era seu verdadeiro pai, não poderia fazer diferente com você. — Falo, fazendo Alon sorrir.

—Mãe? — Hadany chama ao entrar no aposento com sua irmã, mas se espanta ao me ver em companhia de Alon. — Desculpe, não sabia que estava ocupada.

—Leila foi nos chamar, disse que a senhora quer falar conosco. — Tany fala. — Mas, podemos voltar depois.

—Não é necessário, altezas, eu já estou de saída. — Alon faz um simples reverência a mim e a minhas filhas. — Com licença.

Alon então se retira e eu sinto uma imensa satisfação comigo mesma pelo que fiz, pela foma como o tratei e pela minha capacidade de enxergar nele mais do que o sangue que carrega em suas veias. Agora, entendo que o que tanto me incomodava em Alon era ver em seus olhos um pouco de Disebek e que por isso eu tinha receio em me aproximar dele. Mas, agora que sei a verdade, isso não me incomoda mais e só eu sei o bem que me faz não dar tanta importância a tal coisa.

—Pelo visto Alon e a senhora se entenderam bem. — Tany diz.

—Ele não tem culpa de ser filho de quem é e eu estaria sendo injusta se o tratasse mal. — Falo. — Nefertari também é uma bastarda de Disebek, mas ela cresceu chamado Paser de pai e foi ele que a criou e que a ama como se fosse sangue de seu sangue. Ela teve alguém para quem correr quando soube a verdade, já Alon não tem ninguém.

—Não sabe como eu a admiro, mãe. — Hadany fala. — Em seu lugar, não sei se eu conseguiria agir da mesma maneira.

—Apenas estou fazendo o que acho ser certo. — Digo. — Sentem-se aqui, eu tenho algo a dizer para vocês.

—Aconteceu algo grave? — Tany pergunta ao se sentar ao meu lado direito, enquanto Hadany se senta ao meu lado esquerdo. — A senhora parece nervosa.

—Acho que nunca há como estar plenamente calma para dar uma notícia como esta.

—O que houve, mãe? — Hadany pergunta, mas eu me calo. — Fale de uma vez, está nos deixando preocupadas.

—Vocês terão um irmão, ou irmã. — Falo e no mesmo instante minhas filhas se olham, como se perguntassem uma a outra se o que acabam de ouvir é verdade.

—A senhora está grávida? — Hadany indaga, incrédula.

—Sim, e ainda estou tão surpresa quanto vocês estão. — Respondo. — Deus restituiu o bebê que perdi por culpa de Anat e me concedeu um novo milagre.

—Eu imagino o quanto a senhora está feliz. — Tany fala com um enorme sorriso nos lábios.

—É mais felicidade do que eu imaginei que teria. — Sorrio. — Nunca pensei que isso aconteceria, ainda mais pela idade que tenho.

—Mas, a senhora estava grávida durante a primeira praga. — Hadany ressalta. — Mesmo que tenha perdido o bebê, realmente achava que não poderia engravidar novamente?

—Honestamente, achei sim. — Respondo rindo. — Mas, os planos de Deus são de fatos maiores que os nossos.

—Maiores e surpreendentes. — Tany acrescenta. — Imagine a reação do papai quando souber.

—Ainda não sei o que fazer em relação a isso. — Falo, pensativa. — Mas, por hora, peço que não falem a ninguém sobre minha gravidez. Vocês entendem que a atual situação pede cautela, não é?

—Não se preocupe, não diremos nada. — Hadany afirma. — Mas, podemos lhe dar um abraço, não é?

—É tudo o que eu mais quero. — Sorrio ao ser envolvida pelos braços carinhosos de minhas filhas, que demonstram através do brilho de seus olhos o quanto estão felizes por mim. Hadany e Tany depositam juntas um beijo em cada lado de meu rosto e isso só aumenta o meu sorriso. Em seguida, suas atenções se voltam para meu ventre.

—Será que já dá para notar? — Tany pergunta.

—Acho que ainda é muito cedo. — Hadany responde.

—Pelo que Paser disse, eu estou por entrar na terceira lua, por isso a gravidez ainda passa despercebida por quem me vê. — Faço com que minhas vestes fiquem mais justas ao corpo, assim mostrando o pouco tamanho que meu ventre já possui. — Mas, acho que assim vocês podem notar.

—Ainda é tão pequenininho. — Tany fala, enquando ela e a irmã acariciam meu ventre suavemente. — Será menino ou menina?

—O que vocês preferem? — Pergunto.

—Menino. — Elas respondem juntas e em seguida riem.

—Não sei se será um irmãozinho ou uma irmãzinha, mas sei que Tany vai deixar de ser a filha mais nova. — Hadany fala rindo.

—E você será a mais velha de três filhos. — Tany acrescenta.

Não deixo que minhas filhas percebam o quanto me alegro em vê-las conversando como antes e até mesmo sorrindo uma para a outra. É como se por um momento elas tivessem esquecido a briga sem fundamento que as desuniu e voltassem a ser as irmãs que sempre foram. Tal coisa chega a me emocionar, mas se eu derramar uma lágrima que seja será de alegria. Esta criança que carrego em meu ventre veio para trazer de volta a minha sanidade. Pois, sem ao menos perceber, eu estava enlouquecendo ao permitir que a mágoa, o ressentimento e até mesmo o ódio me transformassem em uma pessoa que jamais quis ser. Este filho é como um anjo que veio para me arrancar de dentro de meu devaneio silencioso e me devolver a Henutmire que eu sempre fui. Agora eu me sinto vazia de sentimentos ruins, sinto-me leve... E enquanto minhas filhas acariciam meu ventre, como que brincando com a criança que está dentro dele, eu apenas sorrio, pois nenhuma palavra se faz necessária neste momento.


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