O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Hoje, dia 01 de outubro de 2016, completa-se um ano da morte da princesa Henutmire na novela "Os Dez Mandamentos". Só mesmo alguém que não superou esse fato para guardar uma data como essa, não é? Mas, sem mais lamentos e lágrimas, vamos ao capítulo 17.
Boa leitura...



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Por Hur

Não consigo fazer com que saia uma palavra sequer de minha boca diante do olhar sério e interrogativo de minha filha. Sempre tomei todo o cuidado para que o que houve entre mim e Miriã permanecesse em segredo. Mas agora sou obrigado a reconhecer que todo o meu esforço está a um passo de ter sido em vão. Hadany ouviu o que não deveria ter ouvido e somente pelo modo como me olha sei que não escaparei de ter de lhe contar a verdade.

—Me responda, pai. — Ela pede, mas eu continuo em silêncio.

—Você ouviu mal, Hadany. — Uri tenta ajudar.

—Eu sei muito bem o que ouvi. — Hadany fala com firmeza. — O que o senhor fez de tão grave a Miriã para não ter paz em sua consciência?

—Isso não é assunto para você, minha filha. — Respondo.

—Da mesma forma que a verdade sobre Anat não era assunto meu e de minha irmã? — Ela questiona. — Pelo que vejo, segredos são comuns em minha família.

—Pode nos deixar a sós, meu filho? — Peço a Uri. Ele me olha incrédulo, mas em seguida atende ao meu pedido. — Eu vou contar o que você quer saber, mas precisa me prometer que nada do que eu disser chegará aos ouvidos de sua mãe.

—Por que? — Minha filha me olha com desconfiança.

—Porque o nosso casamento depende disso. — Falo. — Você sabe o quanto eu amo sua mãe, não suportaria perdê-la por causa de algo que aconteceu há tanto tempo.

—Então, é mais sério do que estou pensando.

—Me prometa, filha. — Peço novamente.

—Não posso. — Ela se recusa. — Não sem antes saber o que de fato aconteceu.

—Eu me envolvi com Miriã no passado, muito antes de sua mãe e eu nos casarmos. — Falo, sem rodeios. — Nos víamos sempre que eu ia a vila e eu a considerava uma boa amiga, até me dar conta de que ela tinha sentimentos por mim.

—Eu não entendo. — Hadany se mostra confusa diante do que acabo de dizer. — O senhor disse que sempre foi apaixonado por minha mãe.

—E não menti. Me apaixonei por Henutmire na primeira vez que a vi. — Falo, sorrindo. — Mas, ela era uma mulher casada e eu achava que jamais teria a chance de lhe demonstrar o meu amor. Por isso, fiz de tudo para esquecê-la, mas nunca consegui.

—Não precisa dizer mais nada, já entendi tudo. — Minha filha fala com voz levemente alterada. — O senhor usou Miriã!

—Não me acuse dessa maneira! — Me defendo da acusação de minha filha. — Eu jamais faria isso com Miriã ou com quem quer que seja.

—Mas, foi exatamente o que fez! — Ela esbraveja. — Você a usou para esquecer-se de seu amor impossível, mesmo sabendo que não seria capaz. Como pôde?

—Eu achava que poderia amar Miriã com o tempo, mesmo que houvesse outra em meu coração. — Argumento. — Hadany, entenda que eu sequer imaginava que teria a chance de ter o amor de sua mãe.

—E quando teve, descartou Miriã como se ela fosse um objeto, sem se importar com seus sentimentos. — Hadany tira suas próprias conclusões, que não posso negar estarem certas. — Agora entendo porque disse que não tem paz consigo mesmo. O senhor deu falsas esperanças a Miriã e certamente lhe deixou sem dar uma explicação sequer.

—Sei que errei, e não sabe o quanto me sinto culpado. Miriã sempre foi uma boa pessoa, não merecia o que fiz a ela. — Baixo meu olhar, envergonhado por ser alvo do julgamento de minha própria filha. — Por isso nunca tive coragem de procurá-la e pedir perdão.

—Então, se não fosse o casamento com minha mãe, Miriã jamais saberia que foi abandonada por outra? — Ela pergunta. Então, me lembro do dia de meu casamento com Henutmire, do quanto o rei fez questão do cortejo após a cerimônia para mostrar a todos que sua irmã, a princesa do Egito, havia se casado novamente.

—Ela soube antes, antes mesmo de sua mãe e eu ficarmos noivos. — Respondo. — Não porque eu contei, mas sim porque ela nos viu juntos.

Hadany fica em silêncio e vira as costas para mim. Nunca pensei que um dia uma de minhas filhas viesse a saber sobre o que houve entre mim e Miriã, ainda mais agora que Moisés acaba de retornar. Eu deveria saber que nenhuma mentira se sustenta eternamente e que a verdade sempre aparece, de uma forma ou de outra. Foi assim quando eu escondi de Henutmire as más intenções de Anat para comigo. E minha esposa descobriu da pior forma possível e isso quase custou o nosso casamento. Mas, e agora? Como vou continuar escondendo isso de Henutmire se Hadany sabe da verdade?

—Eu sempre o admirei, pai... Por seu caráter, por seu bom coração e sobretudo pelo amor que sempre dedicou a mim e a minha irmã. Acreditei que não havia melhor homem no mundo para que eu pudesse chamar de pai. — Ela fala, ao se virar lentamente para mim. — Mas, agora eu já não sei o que pensar.

—Nada do aconteceu no passado ou que ainda possa acontecer vai mudar o amor que eu tenho por minhas filhas. — Me aproximo de Hadany e seguro suas mãos, olhando em seus olhos. — Sei que estou em falta com Miriã, mas isso não significa que eu esteja em falta com vocês. Sempre fiz o melhor que pude para ser o pai que você e sua irmã merecem.

—E quanto a minha mãe? — Minha filha indaga. — Acha correto esconder dela algo tão sério?

—Eu nunca disse nada a Henutmire porque a amo e não quero perdê-la. — Falo. — Ela jamais me perdoaria se soubesse a verdade.

—Tem razão, ela não o perdoaria. — Hadany tira suas mãos de junto das minhas.

—Filha, agora que sabe a verdade, o destino de nossa família está em suas mãos. — Me esforço para que as palavras saiam, pois um imenso nó se formou em minha garganta. — Não vou proibir que diga a sua mãe tudo o que lhe contei, você vai fazer o que o seu coração mandar.

—Não direi nada a minha mãe, mas somente porque cabe ao senhor contar a ela, não a mim. — Minha filha fala, me deixando aliviado. — Mas, saiba que nenhuma mentira é forte o sufuciente para vencer a verdade.

Antes que eu possa dizer algo, minha filha se vira bruscamente e deixa a oficina sem olhar para trás. Não é preciso ser muito inteligente para saber que ela está decepcionada comigo. Todo ser humano é falho, comete erros... Mas, assim como Henutmire, Hadany repudia a mentira mais que qualquer outra coisa e, principalmente, odeia a injustiça. Sim, porque o que eu fiz com Miriã foi uma injustiça. Não se deve brincar com os sentimentos de ninguém, seja quem for. Pena eu ter reconhecido isso tarde demais e que já não tenha a oportunidade de redimir o meu erro.

Por Hadany

Ando desnorteada pelos corredores, tentando engolir cada palavra que ouvi na oficina, mas elas parecem não passar por minha garganta. Como é possível que meu pai tenha sido capaz de dar esperanças a Miriã, ciente de que não poderia corresponder da forma como ela esperava? Posso até tentar compreender que tenha feito isso por amor a minha mãe, mas nada justifica brincar com os sentimentos de alguém dessa maneira. Eu me coloco no lugar dela, tento imaginar o que sentiu ao presenciar a felicidade do homem que amava ao lado da princesa do Egito e ao se dar conta de que apenas foi usada como tentativa de fuga de um sentimento que era maior do ele próprio.

—Alteza? — Paser se surpreende ao me encontrar. — O que faz acordadada a essa hora? Perdeu o sono?

—E acho que não vou encontrá-lo tão cedo. — Falo, mais para mim mesma do que para responder a pergunta de Paser.

—Aconteceu alguma coisa, princesa? — Ele pergunta.

—Aconteceram muitas coisas, Paser. — Respondo. — E a volta de Moisés foi a maior delas.

—Eu imagino como a princesa Henutmire está feliz com o retorno do filho. — Paser fala sorrindo.

—Ela está radiante, poucas vezes em minha vida eu a vi tão feliz, tão completa. — Acabo por sorrir, mesmo que as circuntâncias não permitam. — Paser, você teria alguma fórmula calmante que possa me dar?

—Tenho sim. — Ele responde. — Perdoe a pergunta, mas a princesa está nervosa?

—Foi um dia muito agitado. — Falo e suspiro. — Receio que não conseguirei ter uma noite tranquila de sono sem a ajuda de algo mais forte que minhas emoções.

—Claro, é compreensível. — Paser então me entrega um pequeno frasco com um líquido dentro. — Dei um pouco a Nefertari, mas restou o suficiente para garantir a princesa uma boa noite de sono.

—Obrigada, Paser. — Agradeço.

—Disponha, alteza.

(...)

Graças a fórmula que me foi dada pelo sumo sacerdote, tive uma excelente noite de sono e despertei de forças renovadas. Mas, isso não me fez esquecer da realidade que estou vivendo, que vai da alegria pela volta de Moisés a decepção por saber o que meu pai foi capaz de fazer com a irmã de meu irmão. Por isso, decidi fazer algo que todos, até mesmo eu, considerariam uma atitude insana. Mas, como meu próprio pai disse, eu devo fazer o que meu coração mandar.

—Chibale? — Chamo por meu amigo ao entrar na cozinha real.

—Princesa Hadany... — Ele de imediato deixa o que estava fazendo para me dar atenção. — O que está fazendo aqui?

—Preciso de um favor e só você pode me ajudar.

—Farei o que puder pela princesa. — Chibale sorri para mim.

—Preciso que leve um recado a Bezalel. — Falo. — Vocês são muito amigos, só você pode ir até ele sem levantar suspeitas.

—Suspeitas? — Ele indaga, surpreso. — Perdão, mas o que a princesa pretende?

—É melhor que não saiba, pois se algo der errado não quero que seja envolvido. — Respondo. — Preciso que diga a Bezalel para me encontrar hoje a noite, nos portões dos fundos do palácio. Pode fazer isso por mim?

—Claro, levarei seu recado. — Chibale concorda em me ajudar, todavia me olha com preocupação. — Mas, é perigoso sair a noite, sem a luz de Rá.

—Os deuses me protegerão. — Afirmo, mas isso não tira a preocupação dos olhos de meu amigo. — Fique tranquilo, Chibale. Há algo que preciso fazer e eu não me arriscaria a sair do palácio durante a noite, sem a permissão de meus pais ou do próprio soberano, se não fosse importante.

—Seja o que for, tome muito cuidado. — Ele segura minhas mãos e olha em meu olhos. Sinto meu coração bater mais depressa do que de costume, me deixando confusa em relação ao que estou sentindo nesse momento.

—Não se preocupe, não estarei sozinha. — Sorrio.

Por Henutmire

A alegria que sinto em meu coração pela volta de meu filho quase me roubou o sono. No entanto, acredito que nunca dormi tão bem em toda a minha vida, tão tranquila e serena, sem ser atormentada pelos constantes pesadelos que antes eu tinha. Mesmo que Moisés tenha se recusado a viver novamente como príncipe no palácio, já me tranquiliza saber que, de certa forma, ele está perto de mim, que está bem. A incerteza foi o que mais assombrou meu coração em todos esses anos de espera, em todos os dias onde acreditei além das esperanças.

—Em que está pensando? — Hur pergunta ao notar que estou distante.

—Em Moisés. — Respondo. — Ele não voltou para nós, Hur.

—Por que diz isso?

—Não sei, mas tenho a impressão de que o retorno de meu filho envolve muito mais coisas do que possamos imaginar. — Falo, deixando meu marido preocupado.

—Ele disse alguma coisa a você? — Hur se senta ao meu lado.

—Não, mas eu conheço meu filho. Algo muito grave está para acontecer. — Afirmo. — Eu estou com medo, Hur.

—Não fique assim, meu amor. — Ele segura minhas mãos. — Você só está um pouco perturbada com tanta emoção. Talvez seja medo de tamanha felicidade por ter seu filho de volta.

—Pode ser. — Desvio meu olhar de Hur, tentando fazer com que suas palavras acalmem meu coração. Todavia, volto minhas atenções para ele, que parece ter se perdido em seus próprios pensamentos. — E você, em que está pensando?

—Em nada. — Ele responde, mas não me convence.

—Você está agindo de uma forma estranha desde ontem a noite. — Falo e Hur leva seu olhar ao chão.

—É impressão sua, meu amor. — Meu marido fala ao voltar seu olhar para mim.

(...)

—E as meninas, onde estão? — Hur pergunta, enquanto caminhamos pelo jardim.

—Na sala de estudos. — Respondo. — Se não me engano, estão estudando as antigas dinastias de reis e rainhas do Egito.

—Agora Tany saberá que seu nome já pertenceu a uma rainha. — Ele fala, risonho.

—Ela sempre soube, Hur. — Falo rindo. Porém, logo a expressão de meu rosto se torna séria e curiosa ao ver Leila conversando animadamente com um homem, um hebreu. — Quem é aquele homem que está com Leila?

—Não o vejo há muitos anos, mas acho que é Arão, irmão de Moisés.

—O pai de Oseias? — Pergunto, surpreendendo a mim mesma por ter guardado o nome do sobrinho de Moisés.

—Sim. — Hur responde. Então, nos aproximamos do hebreu, que nem percebe nossa presença. — Arão?

—Hur. — O homem se levanta e cumprimenta meu marido. — Como vai?

—Muito bem. — Hur responde. — É bom vê-lo novamente, depois de tanto tempo.

—Eu digo o mesmo. — O olhar curioso de Arão recai sobre mim, o que me deixa um pouco incomodada.

—Gostaria de lhe apresentar, esta é a princesa Henutmire. — Meu marido me apresenta ao irmão de Moisés.

—Sua esposa. — Arão fala rindo, o que acaba nos contagiando também. — É um prazer conhecê-la, princesa.

—O prazer é todo meu. — Sorrio espontâneamente para o hebreu, sem compreender porque ele chama tanto a minha atenção.

—Ouvi falar muito bem da mãe de meu irmão. — Arão fala, sem tirar seus olhos de mim.

—Pois eu ainda não conhecia o irmão de meu filho. — Falo, ainda sorrindo.

—Moisés só não havia me dito o quanto sua mãe egípcia é bonita. — Arão me elogia.

—Agradeço o elogio. — Falo, um pouco envergonhada.

—O que o traz aqui, Arão? —Hur pergunta, mas parece mais sério do que de costume.

—Vim acompanhando Moisés. — Ele responde.

—Meu filho está no palácio? — Indago, surpresa.

—Sim, princesa. — Arão fala. — Ele está em uma audiência privada com o faraó.

(...)

—Arão, eu peço que seja sincero comigo, por favor. — Falo. Agora, estou sozinha com o irmão de meu filho no jardim do palácio. — Moisés disse que voltou ao Egito por um motivo muito forte, mas não me disse que motivo é esse.

—Logo a senhora irá saber, princesa. — Ele fala. — Mas, saiba que meu irmão fará tudo o que puder para protegê-la.

—Me proteger do quê? O que está acontecendo? Eu preciso saber! — Demonstro todo o meu nervosismo. — Que conversa é essa de meu filho com Ramsés?

—Se acalme, senhora. — Arão segura minha mão, tentando me tranquilizar. — Moisés irá lhe explicar tudo.

—Eu tenho medo, Arão. Não quero perder meu filho novamente.

—Isso não vai acontecer, princesa. — Ele afirma com tanta certeza que sinto que acredito em suas palavras.

—Mãe? — Tany chama por mim, acompanhada por Hadany. Minhas filhas chegaram ao jardim e eu sequer me dei conta.

—Não deveriam estar na aula? — Pergunto ao me levantar e Arão faz o mesmo.

—Terminou agora pouco. Fomos procurar a senhora e Leila nos disse que estava no jardim. — Hadany olha com curiosidade para Arão. — Estamos atrapalhando?

—De maneira alguma. Este é Arão, irmão de Moisés. — Eu o apresento. — Arão, estas são minhas filhas, Hadany e Tany.

—É um prazer conhecê-las, altezas. — Arão curva sua cabeça em sinal de reverência. — Moisés me contou que suas irmãs eram belas moças, mas confesso que estou admirado.

—Todos dizem que herdamos a beleza de nossa mãe. — Tany fala sorrindo.

—E estão absolutamente certos. — O irmão de Moisés volta seu olhar para mim e então me dou conta de quão belos olhos ele possui.

—Eu vou a sala do trono. — Falo, tentando fugir do olhar de Arão. — Preciso saber o que Moisés e Ramsés tanto conversam.

—Meu irmão está no palácio? — Hadany pergunta, tão ou mais surpresa do que eu própria fiquei há poucos segundos atrás.

—Sim, e eu preciso saber o que está acontecendo. — Respondo, já fazendo menção de me retirar.

—Eu vou com a senhora. — Tany fala.

—Não! — Falo firmemente. — Vocês ficam aqui até eu voltar.

—Eu a acompanho, princesa. — Arão se prontifica a ir comigo até a sala do trono. — Assim, já fico sabendo o resultado da conversa de meu irmão com o rei.

—Então, vamos. — Dirijo meus passos para o interior do palácio e Arão os segue fielmente, como minha sombra.

(...)

—Meu filho. — Vou diretamente até Moisés ao entrar na sala do trono. Eu o abraço e em seguida lhe dou um beijo na face.

—Que bom vê-la de novo, minha mãe. — Moisés fala, com seu sorriso típico.

—Encontrei seu irmão no jardim com Leila e ele me disse que estava aqui. — Falo. — Fui a última a saber que está no palácio, espero que isso não se torne um hábito.

—Farei o possível. — Moisés ri.

—Ramsés... — Chamo a atenção de meu irmão para mim. Então, noto seu semblante insatisfeito. — Saiba que estou extremamente ofendida com isso.

—Neste momento lhe garanto que não se sente mais ofendida do que eu próprio, minha irmã. — Ramsés fala e a seriedade de sua voz me preocupa.

—Por que diz isso? — Pergunto. — O que está acontecendo?

—Seu filho veio me fazer um pedido absurdo, Henutmire. — Meu irmão responde. — Veio pedir que eu libere os escravos por três dias para prestarem culto ao seu deus invisível no deserto.

—Apenas estou cumprindo a ordem que Deus me deu, Ramsés. — Moisés fala. — Seria sábio de sua parte obedecê-lo.

—Eu sou o rei, não recebo ordens de um deus sem rosto, sem nome. — Ramsés fala, pleno de soberba. — Diga ao seu deus que os meus escravos não irão a lugar algum.

(...)

—Não é prudente enfrentar o rei dessa maneira, Moisés. — Falo, assim que saímos da sala do trono. — Você não faz ideia de como Ramsés pode ser violento.

—Eu já sabia que sua reação não seria das melhores. — Meu filho fala. — Mas, não há outro jeito.

—Ele jamais permitirá que os escravos parem de trabalhar por três dias para que façam oferendas ao deus dos hebreus. — Falo. — Nada do que você diga ou faça mudará a decisão de Ramsés.

—Não se preocupe, minha mãe. — Moisés pede. — Sei o que estou fazendo.

—Como não vou me preocupar? Por muito menos Ramsés condenou pessoas a morte. — Seguro a mão de Moisés entre as minhas. — Eu não quero te perder de novo, meu filho.

—A senhora não vai me perder, eu prometo. — Ele me abraça. — Nada de mal vai me acontecer, pois Deus me protegerá. — Nos separamos e Moisés olha em meus olhos. — Agora, preciso ir.

Moisés deposita um beijo em meu rosto, antes de seu olhar me contemplar com ares de despedida. Arão apenas sorri para mim e em seguida curva sua cabeça em sinal de reverência. Então, eu os observo se distanciarem de mim, até que os perco de minha visão. Eu só espero que o deus de meu filho saiba o que está fazendo, pois Ramsés jamais aceitará ser desafiado por uma divindade de escravos. Conheço meu irmão, ele jamais se irá se submeter as ordens desse deus invisível, mesmo que isso custe a sua própria vida.

(...)

—Mas, isso é um absurdo! — Exclamo.

—É desumano. — Tany acrescenta.

—Todos no palácio já estão sabendo do castigo que o rei ordenou que fosse imposto aos escravos. — Hur fala. — Nessas condições, eles não aguentarão por muito tempo.

—Eu fico pensando em Moisés e Bezalel, trabalhando na fabricação de tijolos, com uma carga impossível de ser cumprida, sob os chicotes impiedosos dos feitores. — Minha filha fala, conseguindo me deixar ainda mais nervosa. — A senhora precisa fazer alguma coisa, mãe. Fale com meu tio, convença-o de que essa punição é um absurdo.

—Ramsés não vai me dar ouvidos, nem a mim e nem a ninguém. — Falo. — Receio que somente Moisés possa reverter essa situação.

—E como ele faria isso? — Meu marido pergunta.

—Desistindo de convencer meu irmão a liberar os escravos por três dias. — Respondo.

—Moisés não faria isso, mãe. — Tany fala com certeza. — Foi uma ordem que recebeu do deus dos hebreus, ele não vai desistir.

—Então, uma guerra está para começar. — Falo, sem querer acreditar no quanto minhas palavras estão certas.

—Agora entendo porque Moisés disse que faria de tudo para nos proteger. — Ela se lembra do que Moisés nos disse no dia de seu retorno. — Talvez isso signifique que algo ainda pior pode acontecer.

—Eu só peço aos deuses que protejam meu filho. — Me sento em minha cama, pois a remota possibilidade de que algo aconteça a Moisés é capaz de minar as forças de meu corpo. — Ramsés não é o mesmo desde que assumiu o trono do Egito. Moisés não sabe com quem está lidando.

—Acha que o rei pode fazer algum mal a Moisés? — Hur pergunta ao se sentar ao meu lado.

—Eu espero que não. Os dois cresceram como irmãos, se amam como irmãos. — Falo e respiro fundo. — Mas, Ramsés fica fora de si quando seu poder é desafiado dessa maneira.

Por Tany

—Isso é loucura, Hadany! — Falo após saber da ideia insana de minha irmã. — Por acaso não soube o que nosso tio fez aos escravos?

—É claro que sei, não se fala em outra coisa no palácio. — Ela responde, enquanto coloca sua capa branca.

—Então, sabe que é ainda mais perigoso essa sua saída. — Falo. — Pelos deuses, minha irmã! Desista dessa ideia.

—Não posso, Tany. — Ela fala ternamente ao segurar minhas mãos. — Preciso que me ajude.

—O que quer que eu faça?

—Se derem por minha falta, diga que me senti indisposta e que me recolhi mais cedo. — Hadany pede. — Pode fazer isso?

—Está bem. — Concordo em ajudá-la.

—Obrigada, minha irmã. — Ela me abraça, eufórica. — Prometo não demorar.

—É bom mesmo, pois se alguém vier ao seu quarto e ver que não está aqui, vai saber que estou mentindo e serei obrigada a dizer onde você foi. — Advirto minha irmã. — Não vai até lá sozinha, vai?

—Não, Bezalel virá se encontrar comigo. — Minha irmã fala e eu me dou conta de que ela arquitetou um belo plano. — Ele me levará até lá e me trará de volta, em segurança.

—Com licença. — Chibale pede ao entrar nos aposentos Hadany.

—O que está fazendo aqui, Chibale? — Minha irmã estranha a presença do cozinheiro real.

—Vou acompanhar a princesa até a saída do palácio, por precaução. — Ele responde. — Conheço uma forma de passarmos despercebidos pelos guardas.

—Então, vamos. Bezalel já deve estar me esperando.

—Você vai ter que me explicar tudo isso depois. — Falo. — Está usando todos os amuletos de proteção?

—Sim. — Hadany coloca o capuz da capa sobre sua cabeça, demonstrando que já está pronta para ir.

—Tome cuidado, Hadany. — Peço. — Que os deuses protejam vocês.

Dou um último abraço em minha irmã, antes que ela deixe os aposentos acompanhada por Chibale. É uma completa loucura o que Hadany está fazendo. Se nossos pais descobrem, ou até mesmo nosso tio, não quero imaginar o que pode acontecer. Ela disse que não iria se não fosse algo muito importante e é bom que seja mesmo. Para ir até aquele lugar só mesmo tendo um excelente motivo.

Por Hadany

Ao chegarmos aos portões, Chibale abre-os para que eu possa passar e logo vejo Bezalel, a uma pequena distância, esperando por mim. Respiro fundo para não perder a coragem que me trouxe até aqui.

—Vou esperá-la aqui. — Chibale fala.

—Não é necessário, não sei quanto tempo isso pode levar.

—Não me importo, irei esperar o tempo que for. — Ele insiste.

—Obrigada, Chibale. — Agradeço e lhe dou um beijo no rosto. — Você é o melhor amigo que eu poderia ter.

—Conte sempre comigo, princesa. — Ele sorri. — Agora vá e, por favor, tome cuidado.

Apenas sorrio para meu amigo e atravesso os portões, indo até Bezalel. Então, sinto o quanto a noite está fria, mesmo que a capa me cubra por inteiro. Ou será o frio do medo que toma meu corpo? Seja o que for, agora é tarde demais para desistir. Já estou fora do palácio e só posso voltar quando resolver o que estou indo fazer.

—Chibale me deu o seu recado. — Bezalel fala assim que me aproximo dele. — O que pretende indo até a vila?

—Me leve até lá e saberá.

—Isso é loucura! — Ele repete as mesmas palavras de minha irmã e eu reviro os olhos. — Se descobrem que eu te levei a vila, eu posso ser morto.

—Então, por que veio me ajudar? — Pergunto.

—Porque sei que se eu não viesse, você iria sozinha e acabaria se perdendo por essas ruas. — Bezalel responde. — Ainda está em tempo de mudar de ideia.

—Eu posso ser mais nova do que você, mas sou sua tia e você deve me obedecer. — Falo. — Me leve até a vila dos hebreus.

—Está bem, minha tia. — Bezalel fala com uma ponta de ironia. — Suponho que queira falar com Moisés.

—Não, o assunto que tenho a tratar é com outra pessoa.

(...)

Observo atentamente o ambiente ao meu redor, as casas tão simples e sem luxo, certamente também sem conforto algum. Esse lugar é tão diferente do palácio, tão diferente da realidade em que vivo. A noite parece cada vez mais fria e o vento cada vez mais impetuoso em balançar os tecidos de minha capa e de minhas vestes, enquanto espero pacientemente que Bezalel retorne com a pessoa que lhe pedi para buscar.

—Ela está aqui. — Ouço a voz de meu sobrinho cada vez mais próxima, até que ele surge em meu campo de visão, trazendo consigo uma mulher. Então, ambos se aproximam de mim e ela faz uma reverência. — E agora, o que eu faço?

—Me deixe a sós com ela. — Peço.

—Eu volto em alguns minutos para levá-la de volta ao palácio. — Bezalel fala, antes de se retirar.

—Você é Miriã, a irmã de Moisés? — Pergunto a mulher.

—Sim. — Ela então olha para mim. — E você é a princesa Hadany, filha da princesa Henutmire.

—Me conhece?

—Quem não conhece as herdeiras da princesa do Egito, mesmo que somente de ouvir falar? — Miriã responde.

—Não estou aqui como princesa e sim como uma filha, que está tentando entender o que aconteceu. — Falo, deixando-a confusa. — Miriã, eu sei que teve um... envolvimento com meu pai no passado.

—Não gosto de falar sobre isso. — Ela baixa o olhar.

—Mas, eu preciso que fale. — Dou um passo a frente, ficando mais próxima dela. — Meu pai me contou o que houve, mas eu quero ouvir de você.

—Hur me interessava desde que eu era muito jovenzinha, eu o via nas vezes em que vinha a vila e acabei me encantando por ele, como uma boba. — Miriã fala e eu posso ver tristeza em seus belos olhos claros, que só agora notei. — Houve uma vez em que ele elogiou minha voz e então eu comecei a achar que ele também se interessava por mim. Mas, seu pai brincou com meus sentimentos, princesa. Ele alimentou em mim falsas esperanças e depois simplesmente desapareceu, sem dar uma explicação.

—Eu imagino como se sentiu. — É o único que digo.

—A princesa ainda é uma menina, não entende nada sobre o amor. — Ela fala. — Hur me iludiu, só queria me usar para esquecer a princesa Henutmire, porque ela era uma mulher proibida para ele. — Miriã tenta conter suas lágrimas. — Mas, sua mãe ficou viúva e ele foi correndo para os braços dela, sem se importar comigo e com o amor que eu sentia por ele. Seu pai foi um verdadeiro covarde, alteza.

—Eu sei, e não tiro sua razão de pensar assim. — Falo. — Mas, meu pai se sente muito culpado pelo que fez a você e até pensa em lhe pedir perdão, mas não tem coragem.

—E de que me adianta a culpa de Hur ou seu desejo de pedir meu perdão? — Miriã se entrega ao choro e eu fico sem reação alguma diante da mulher em lágrimas a minha frente. — Isso não vai mudar o que aconteceu e muito menos vai curar a ferida aberta que tenho em meu coração.

—Miriã, eu sinto muito.

—Eu os vi no Nilo uma vez, muito antes do faraó anunciar o noivado da princesa com o joalheiro real. — Ela fala ao limpar as lágrimas de seu rosto. — Eles estavam juntos, se beijando... Sabe o que eu senti, princesa? Eu senti que me coração havia se partido em mil pedaços, como um objeto frágil atirado contra o chão.

—Peço perdão por fazê-la reviver essa história, mas eu precisava ouvir de sua boca. — Me compadeço da mulher hebreia, cuja dor pelo que meu pai lhe fez ainda está viva.

—Não precisa se desculpar, o próprio destino me fez reviver essa história outras vezes. — Miriã olha em meus olhos. — Como quando encontrei sua mãe por acaso no rio Nilo, ainda grávida de você e sua irmã. Ou quando a vi nos cortejos ao lado de Hur, resplandecendo sua felicidade.

—É melhor eu ir embora, já tomei muito o seu tempo.

—E para que a princesa veio aqui se não para tomar meu tempo? — Miriã muda totalmente seu modo de agir, o que me assusta. — Veio esfregar na minha cara que sua existência é resultado do amor entre a princesa Henutmire e o homem que me abandonou?

—Eu jamais faria isso, ainda mais depois de saber sobre sua história com meu pai. — Respondo. — Eu vim aqui únicamente para entender melhor o que aconteceu, para ter conhecimento dos dois lados.

—Pois agora já sabe o que aconteceu, já sabe que o seu pai destruiu a minha vida. — Miriã fala, plena de ressentimento.

—É melhor se acalmar. — Me afasto um pouco dela.

—Eu estou calma, princesa. — Ela fala, mas seus olhos a contrariam. — É melhor que volte para o palácio, aqui não é lugar para um membro da família real.

—Eu sei. — Concordo. — Eu não teria vindo se não fosse importante, mas não tenho mais nada a fazer aqui.

—Dizem que você e sua irmã são muito parecidas com sua mãe, tanto em beleza quanto em personalidade. — Miriã me olha de uma forma estranha. — Espero que não se tornem como ela, uma mulher sem caráter que foi capaz de tirar de mim o homem que eu amava.

—CALE-SE! — Ordeno ao dar um bofetada no rosto de Miriã. — Você está fora de si! Não vou permitir que ofenda minha mãe dessa maneira e muito menos que a acuse de algo que não fez.

—Como não? — Ela fala com uma das mãos em seu rosto, por sobre a pele vermelha que posso ver por entre seus dedos. — Hur me abandonou por ela, para ficar com ela.

—Você foi tola o bastante para não perceber que ele era apaixonado por outra. — Falo, atingindo Miriã. — Não culpe minha mãe pelo que meu pai fez a você, ela sequer sabe o que houve entre vocês.

—E se soubesse, certamente não ficaria nem um pouco satisfeita. — Miriã me encara.

—O que houve aqui? — Bezalel surge de repente. — Ouvi vozes alteradas.

—Está tudo bem, Bezalel. — Falo. — Por favor, me leve de volta para o palácio.

—Agradeço a visita, alteza. — Miriã usa de ironia. — Espero ter sido útil a princesa.

—Certamente. — Falo friamente. — Adeus, Miriã.

—Adeus, princesa Hadany. — A irmã de Moisés faz uma reverência simples, em seguida dirige seus passos rumo a sua casa. Respiro fundo, tentando encontrar a calma que perdi e um motivo que me convença de que ter vindo até aqui não foi um erro.

—Tem certeza de que está mesmo bem? — Bezalel pergunta, preocupado comigo.

—Sim, não se preocupe. — Respondo. — Você já fez muito me trazendo até aqui. Só peço que me leve de volta e que não diga nada a ninguém.

—Fique tranquila, ninguém vai saber que esteve aqui. — Ele promete. — Vamos, a noite está muito fria para você.

Por Henutmire

—Não consegue dormir? — Hur pergunta.

—Desculpe, eu não queria te acordar. — Falo e Hur se senta na cama.

—O que tirou o sono de minha esposa?

—Estava pensando em Moisés. — Respondo. — Meu filho era um príncipe e agora trabalha como escravo. Só de imaginar que ele pode ser açoitado por algum feitor...

—Não pense nisso, meu amor. — Ele me interrompe. — Só vai deixá-la mais nervosa.

—Mas, não é só isso, Hur. — Olho para meu marido. — Anat pode chegar ao Egito a qualquer momento.

—Você não pode deixar que ela te atinja, Henutmire. — Ele pede.

—Mas, é exatamente o que ela vai tentar fazer no momento em que colocar seus pés no palácio. — Falo. — Eu tenho certeza que Anat vai procurar alguma forma de se vingar de mim.

—Mas, ela é uma sacerdotisa de Seth. — Hur afirma, ingenuamente acreditando que isso impeça Anat de ser má e vingativa.

—Isso só deu poder e influência a ela. — Ressalto. — Mas, eu ainda sou a princesa do Egito, ela não tem mais poder do que eu.

—Nunca a vi falando dessa maneira, Henutmire. — Hur se surpreende com minhas palavras.

—É a verdade, Hur. Eu sou filha de Seti, tenho em minhas veias o sangue de um rei que fez sua fama por ser cruel. — Falo, desconhecendo a mim mesma. — Anat sabe o que eu fui capaz de fazer há anos atrás, mas não imagina o que eu posso fazer agora.

—Não gosto de vê-la falando assim. — Ele protesta. — Essa não é você!

—Dizem que todos temos dois lados, e eu tenho um que poucos conhecem. — Meu olhar se torna sério, quase intimidador. — Não quero que se aproxime de Anat, para nada.

—Por que eu faria isso? — Ele demonstra sua indignação com o que eu disse. — Aquela mulher quase destruiu o nosso casamento, a minha vida.

—Anat pode não ter mais sentimentos por você, mas tentará se aproximar somente para me provocar. — Hur me olha assustado, como se perguntasse como eu posso ter tanta certeza do que digo. — Fique longe dela, ou eu não responderei por meus atos.

—Ela está conseguindo o quer. — Meu marido fala quase em um sussuro. — Está conseguindo despertar o ódio em você, antes mesmo de chegar ao palácio.

—Eu só estou cuidando do que é meu, Hur. — Falo com firmeza. — Eu não vou permitir que essa mulher volte a nos fazer mal, nem a nós e nem a nossas filhas.

—Meu amor, me prometa que não vai fazer nada contra Anat, nada que possa te comprometer ou que possa se arrepender depois.

—O único arrependimento que tenho é o de não ter condenado Anat a morte quando tive a chance. — Falo, levando meu olhar para o nada. — É incrível como elas são tão parecidas, sem sequer terem o mesmo sangue.

—A quem se refere? — Ele pergunta.

—Yunet. — Respondo. — Anat não cometeu tantas atrocidades como sua tia, mas é igual a ela. O mesmo cinismo, a mesma maldade no olhar, o mesmo objetivo de me fazer mal.

—Ainda bem que Yunet jamais poderá voltar ao palácio.

—Mas, Anat pode e está voltando. — Fico em silêncio por alguns instantes, imaginando o que poderia acontecer se Anat e Yunet viessem a se encontrar um dia.

—Você precisa estar preparada para enfrentar Anat, precisa ser forte. — Hur me abraça e eu fecho os olhos, desfrutando da segurança que tenho em seus braços. — Além disso, serão apenas alguns dias. Logo ela retornará para Om e nós voltaremos a ter paz.

—Se eu tiver você ao meu lado, serei forte para enfrentar qualquer coisa. — Falo sem abrir meus olhos, tentando reprimir esse maldito medo que insiste em tomar conta de mim, o medo de perder Hur.

—Vou estar sempre do seu lado, meu amor. — Ele fala e eu o abraço ainda mais forte, talvez para fazer com que meu coração entenda que nada nem ninguém pode nos separar. — Sempre.


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Notas finais do capítulo

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