Meu Pequeno Amor 2 - Segunda Geração escrita por FireboltVioleta


Capítulo 8
Diferenciar, Pegar e Brincar




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ROSE

 

Na terceira vez em que eu colocava os olhos no mesmo parágrafo do livro de Poções, desisti de lê-lo. Scorpius me perguntava algo do castelo a cada cinco minutos enquanto brincava com alguns bonequinhos ao meu lado, nos jardins. 

— E a lula gigante é grande? - Ele perguntou, arregalando os olhinhos, encarando o Lago Negro, como se o animal fosse saltar de lá a qualquer momento  e levá-lo consigo para as profundezas do lago.

— Bem, o nome é sugestivo - comecei, fazendo sinal para que ele se sentasse mais próximo a mim e largando o livro de Poções ao meu lado. - mas não se preocupe, Py, ela é semi domesticada. Inclusive, minha mãe me contou que um de seus colegas de escola caiu no lago uma vez e a lula o empurrou de volta. Como vê, ela é muito útil para os estudantes. 

— Posso chamar ela, Rosie? - Os olhinhos dele brilhavam, se assemelhando a um céu nublado recebendo os primeiros raios da tempestade. - Quero brincar!

— Acho que para chamar uma Lula Gigante é preciso muito mais do que gritar ''lula gigante'' - ri -  mas vou mandar uma carta para meu pai, e semana que vem, talvez, possa vê-la.

—  Yeeeeeeey! - Scorpius enlaçou meu pescoço, se jogando em cima de mim. Comecei a gargalhar com seu real entusiasmo e depois de conseguir me pôr sentada novamente, com ele em meu colo. Ele prosseguiu de repente. - Sinto saudade da mamãe, sabe? E do papai também. Mas você, a Lily, o Al, a ''Chloi'', o Jimmy, e o Gogo...

— Gogo? - Franzi o cenho. 

— O Hugô! - Ele revirou os olhinhos e dei risada - vocês são bem legais - Scorpius sorriu largamente, o cabelo loiro caindo em sua testa. 

— Saiba que nós estamos adorando cuidar de você, pequeno. - Sorri, mexendo em seus cabelinhos.

— Mas acho que o Gogo não gosta muito que eu chame ele assim. - constatou ele sabiamente.

— É que... é um apelido diferente. - segurei o riso. - o diferente sempre assusta.

— É por isso que a Anna saiu correndo na escolinha?

— Como?

— Na minha escolinha sem magia, onde mamãe me botou um tempinho, antes disso tuuudo - ele gesticulou para o nosso redor. – acontecer - senti um forte aperto no peito enquanto notava sua expressão murchar. - Eu tava lanchando né... com ela e o Betinho na salinha. Depois da hora da história dos trouxas... daí, o suco dela caiu no chão e molhou tuuuudinho... ela ia chorar, Rosie. Eu só olhei pra lá, desejando que tudo voltasse pro copinho dela de novo.

— E aí voltou. - suspirei, sentindo o aperto se intensificar a medida que os olhinhos dele encheram de água. Scorpius, o meu Scorpius, o namorado, nunca havia me dito isso. Capaz dele nem sequer lembrar. Com apenas quatro anos ele já havia demonstrado seu primeiro sinal de magia? Incrível. - Isso te incomoda muito, meu amor?

— É que eram meus amiguinhos...- quando Scorpius esfregou seus olhos, o abracei atordoada. - e depois que a Anna saiu correndo e gritando que eu era um mutante, ou sei lá o que, Betinho ficou me chamando de esquisito. - sua voz saia abafada por estar encolhido em mim, mas senti que começava a chorar. - papai me mudou de escola, mas gostava daquela...

— Você confia em mim, meu anjo? - Saí do abraço para fazer com que ele me olhasse. Li em algum lugar que o contato visual com a criança é muito importante. Algumas lágrimas manchavam sua bochecha e eu as enxuguei. - Infelizmente, o nosso mundo funciona a favor da maioria. E no mundo dos trouxas, logicamente, eles são a maioria... não são todos, mas alguns não aceitam as diferenças. Julgam tudo que veem pela frente, por pura maldade ou falta de conhecimento.

“Anna e Betinho eram pequenininhos como você, não sabiam o que diziam. Tenho certeza que não fizeram por mal. Ninguém faria isso de propósito com um príncipe como você. Porque você é um príncipe...” ele me lançou um sorriso inocentemente maravilhoso. Sorri ainda mais. “...um príncipe que mora num castelo e que em alguns anos virá estudar em outro castelo e conhecerá pessoas que te amam por quem você é. Entendeu?”

Senti uma súbita saudade de sua forma adolescente, e um orgulho tremendo de todos os nossos amigos que eram amigos sem distinções de Casas, pureza de sangue ou qualquer outra coisa.

Scorpius fungou, assentindo. E sorrindo.

— Você é super incrível, Rosie. - E me abraçou mais uma vez. 

****

Saí da biblioteca apressada, para aproveitar meus vinte minutos restantes com Scorpius antes da próxima aula. Havia o deixado com Hugo e Lily no pátio, para fazer um trabalho de Runas Antigas. Chegando lá, me deparei com uma cena gostosa de se ver.

James e Fred estavam fazendo flexões sob os olhares atentos de algumas meninas - mas isso é normal, pois Merlim sabe o quanto eles adoram se exibir no meio de todos.

Só que Scorpius aproveitou o embalo e estava brincando de cavalinho em cima de James, que  devia estar adorando se gabar de aguentar um peso extra no exercício.

Hugo e Lily observavam a cena com alguns amigos, rindo.

— Parece que o pequeno ali está bem assistido sem mim. – comentei, me sentando ao lado dos meus primos, para observar a cena melhor. 

— Seu primo é um encanto, Rosie! - Vick, uma corvina amiga de Lily, parecia se segurar para não sair correndo, tomar Scorpius nos braços e fugir. - e seus primos são tão...

— Eca! Um deles é meu irmão, garota! - Lily fez uma careta. - poupe-me dos detalhes. 

— Garotas... - Hugo revirou os olhos.

— Sei de alguém que não vai gostar nadinha da atenção que o Fred está recebendo. - Howard, um grifinório amigo de Hugo, comentou enquanto fitava as meninas que cochichavam e davam risinhos. 

— Onde está Clary, afinal? - Perguntei, olhando ao redor.

— Não a vimos o dia todo. - Comentou Lily. - mas se pensa que esses dois estão namorando... está muito enganada, Rosie.

—Mas depois daquele beijão no jogo, era de se esperar que sim! - Foi Hugo quem disse. 

— Foi o que eu disse para ela o dia inteiro. - Chloe brotou sabe-se lá de onde, fazendo-me pular de susto. - desculpe, Rosie. - ela riu. - Minha irmã e o tapado do seu primo não oficializaram nadinha. Parece que estão na fase de achar que conseguem viver apenas na diversão um com o outro... senta aí, Henry. - só agora percebi a presença do lufano amigo de Chloe e Hugo. Sempre muito tímido, havia ficado em pé, parado. Parecia estar sempre com medo de atrapalhar alguma coisa.

— Oi, Henry. - todos falaram.

— Assim que Clary ver Fred beijando outra menina, vai estourar. - Vick continuou com o assunto.

— Não duvido. - Howard opinou. - E o barraco pode acontecer agora. - acenou com a cabeça na direção de uma Clary que vinha na direção dele a passos apressados.

— “Fitness” Fred, tem um tempinho para mim? - Ela cruzou os braços, parando em frente ao ruivo.

— Claro, por que não? - meu primo se levantou sorrindo, alheio ao óbvio. 

Ambos seguiram pátio afora, e James se aproximou, com Scorpius feliz em seu colo.

— Fred é muito imbecil! - James ria.

— Por que a mocinha estava brava com ele? - Scorpius perguntou, confuso. - ela poderia subir no Fred e brincar de cavalinho também... é divertido. - Sorriu, enquanto Lily, Hugo, Vick e eu ficávamos vermelhos com o duplo sentido da situação, e James começava a gargalhar de vez, sentando ao nosso lado.

— Hã... - pigarreei. - e quanto a você, Henry? - perguntei, enquanto ele se sobressaltava por ouvir seu nome subitamente. - o que conta?

— É, Henry. - James prosseguiu. - Todos sabem que Vick e Howard tem um caso secreto. O que me surpreendeu, pois eu pensava que você é quem pegava a Vick e...

— Sirius Potter! - Vick e eu ralhamos juntas.

Howard não era mais humano, estava mais para um fruto - o tomate, para ser mais exata.

— Pegar? - Scorpius piscou. 

— Significa brincar, Py. - Lily agiu rápido e eu suspirei aliavada. Fiz sinal para que ele sentasse ao meu lado e assim o fez.

— Que foi? - James nos encarou, confuso. - Ahhh, o caso era secreto, né?

Revirei os olhos.

— Esquece ele, Henry, se abra conosco. - Sorri.

— Bem, não conto nada... nenhuma novidade... e em questão de garotas, estou a procura.

— A procura de um novo amor, com Henry Stuart - Hugo gesticulou um letreiro com as mãos - vai fazer sucesso.

Por sorte, mesmo vermelho, Henry riu, o que aliviou o clima de tensão.

— Chloe! - Fred surgiu tão rápido que poderia muito bem ter aparatado, se fosse permitido nos terrenos de Hogwarts - o que deu na sua irmã? Ela começou a me xingar e ficar vermelha! Depois disse que tinha que ir para a aula e sumiu! - meu primo parecia realmente desesperado... foi lindo de se ver.

— Você estava atraindo atenção de mais junto com o James. - Chloe respondeu, como se fosse óbvio. - acho que ela não gostou da atenção demasiada das garotas para você.

— Mas estamos em um lance aberto, não faz sentido! - Fred coçou a cabeça, desolado, sentando ao nosso lado.

— Talvez não era para ser aberto. - comentei e ele arregalou os olhos. - Sei que assusta, mas talvez seja melhor...

— Nem pensar, Rosie. - Fred me olhou como se eu tivesse uma doença contagiosa. - os gritos dela ainda rodam minha cabeça, é horripilante! 

— Talvez vocês devessem se pegar... melhora um pouquinho. 

Todos nós olhamos um para o outro depois desse comentário, vindo de nada mais nada menos que o pequeno loirinho de olhos cinzas, que tentava fazer algum penteado em meu cabelo.

Segundos depois quando lembramos do significado de pegar na mente de Scorpius, desatamos a rir sem parar, enquanto Fred mantinha os olhos esbugalhados para Scorpius. 

— Aquele momento em que até uma criança de quatro anos sabe a realidade! - James disse entre risos, enquanto curvava-se para frente de tanto rir.

Scorpius, mesmo alheio ao tanto de risada conjuntas e o olhar espantado de Fred, juntou-se a nós na risada o que tornou tudo muito melhor. 

Sua risada era extraordinária.

E esses pequenos momentos com minha mais nova versão de Scorpius, eu guardaria para sempre

 

 


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