Meu Pequeno Amor 2 - Segunda Geração escrita por FireboltVioleta


Capítulo 21
Traições e Revelações




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ROSE

 

 

Senti Draco enrijecer ao meu lado, em sincronia com meu próprio corpo paralisado. As úncias coisas que se moviam em mim, alucinadas, eram os olhos que encaravam o garoto encapuzado adiante.

— Henry!? - minha voz não era mais que um sussurro; sentia meus olhos arregalados. - como… como podê!? - acrescentei, em um misto de horror e incredulidade - por que?

— Você o conhece? - Draco girou o pescoço em minha direção na velocidade da luz, espantado, sem tirar um olho apavorado do filho acorrentado.

— É um lufano... amigo de Hugo e Lily! - fiz uma careta, ofegante - por que? Por que, Henry!?

Henry nos encarava, engolindo em seco. Sua face podia ser facilmente confundida com um papel molhado - branco e suado.

Traidor. Era a única palavra que me vinha a mente.

Eu precisava de um plano para salvar Scorpius...

— Querem uma xícara de chá e biscoitos? - o encapuzado ao lado de Henry disse com o tom entediado. Sobressaltei-me com a voz dele.- para continuar a sessão de explicações?

— Quem é você? - Draco se pronunciou, com a voz firme, mas sentia o medo exalando dele. - o que quer conosco? O que quer com meu filho?

Scorpius permanecia encolhido junto a parede, mas com um estranho brilho no olhar, como se estivesse se preparando caso algo acontecesse.

Mas eu sabia que ele ainda estava atado àquelas correntes.

E então, uma ideia surgiu...

— Ah...- suspirou. O homem caminhou até o outro lado do cômodo, deixando Henry sozinho no lado oposto. A varinha de ambos ainda em riste, embora a dele estivesse bem mais firme que a de Henry. - assim você me magoa, Draco. Que modos de receber um velho amigo...

E ele retirou a máscara, expondo seu rosto.

Olhos negros cruéis, cabelos castanhos curtos. Não era familiar.

Pelo menos, não para mim.

—  Stuart?! - Malfoy exclamou; foi a minha vez de encarar Draco. - Sebastian Stuart?

— Fico lisonjeado por lembrar de mim. - Stuart se curvou para frente, em um sarcástico floreio. 

— Quem...?

Mas antes que eu pudesse terminar a frase, Draco me cortou.

— Frequentava as reuniões dos Comensais...- me assustei ao ouvir a voz de Draco Malfoy daquele jeito. Parecia estar inundado pela culpa. 

— E - Stuart ergueu o indicador teatralmente - é claro que você não lembraria...estudava no mesmo ano que você e o – acrescentou, com desprezo - triozinho de Ouro.. um corvino, a propósito.

Espera um pouco.

Stuart…

Agora tudo fazia sentido.

Ele era pai de Henry.

O peso de toda aquela situação pareceu cair sobre meus ombros como uma bigorna.

Tanto Draco como eu parecíamos sem fala, então ele prosseguiu.

— Eu sempre me perguntei o porquê da maioria dos comensais, incluindo eu… ter vinte e quatro anos em Azkaban - comentou, como se fosse algo sem importância, enquanto andava pelo cômodo; as mãos foram para trás das costas, entrelaçadas, apesar de ninguém ousar fazer movimento algum, com a varinha de Henry ainda erguida  - e você e sua mãe prestarem serviços comunitários… enquanto o patriarca Lucius Malfoy passou dez míseros anos preso...- riu. Uma risada doente, cheia de amargura. - mas é claro… a poderosa família Malfoy. - sua expressão se fechou repentinamente. - o braço direito do Lorde das Trevas...eu perdi quinze anos… - olhou para Henry, ensandecido - QUINZE ANOS DA VIDA DO MEU FILHO! - berrou, sobressaltando todos, até mesmo o próprio Henry. - enquanto os Malfoys aproveitavam o seu melhor vinho, na sua melhor suíte. - bateu palmas de modo cínico. E o som de suas palmas era a única coisa que se ouvia.

Arrisquei um olhar para Scorpius, e ele me encarava. O semblante inacreditavelmente sério e preocupado para uma criança de quatro anos.

Sebastian prosseguiu, falando mais para si mesmo do que para os demais, psicando desvairadamente.

— Quando Henry me contou do pequeno acidente de Scorpius… enxerguei ali a minha chance.

Draco ofegou lentamente. Todos estremeceram suas varinhas por um momento.

— Tudo bem, Sebastian - Draco engoliu em seco, dando dois passos para frente, as mãos erguidas em sinal de rendimento, ainda que sustentasse a varinha entre os dedos. - se quer se vingar… deixe Scorpius e Rose irem. Eles não tem culpa de nada. Não tem anda a ver com isso.

Stuart soltou uma risada macabra.

— Rose Weasley.

Senti meu estômago afundar quando se dirigiu a mim.

Draco deu dois passos para o lado, se pondo na minha frente. Ouvi Scorpius tentar se desvencilhar das correntes.

— Filha de dois dos Três. Ora, menina tola. Por que eu a pouparia Draco? - e voltou a encará-lo. - o Lorde das Trevas está morto há muito… por causa deles. Cada segundo passado naquele inferno rodeado por dementadores... FOI CULPA DELES! - dei três passos para trás, instintivamente. Por sorte, estava do lado de Scorpius agora. - não se preocupe, Malfoy. Eu só te trouxe aqui para ser um telespectador… quero você vivo. Vivo para sofrer a morte do filho pelo resto da vida… - ele me encarou, paranoico - e para contar a trágica morte da pequena Weasley para os pais dela!

Era hora.

Joguei-me em cima de Scorpius, ensaiando um choro absurdamente alto. Henry e Stuart não se moveram, apesar de eu perceber Henry titubear.

— Se eu mandar você fechar os olhos, você fecha. - sussurrei para Scorpius, em meio aos meus próprios gritos, enquanto fazia um feitiço mudo para suas correntes abrirem. - se eu mandar você correr e não olhar para trás, você corre. - senti um puxão em meu cabelo, resisti, com o rosto ainda próximo do ouvido do meu anjinho, para terminar o que tinha de ser dito. - sua mãe e os outros estão a postos no Salgueiro Lutador. Pegue o corredor direto, e grite!

Arfei, me deixando ser levada pelo puxão, para logo depois descobrir que se tratava do próprio Stuart. Ele me prendeu em uma gravata, a varinha grudada em meu queixo. 

Draco já estava com a varinha em riste, se pondo na frente de Scorpius. 

Mas eram dois contra um, pois Henry estava logo ao meu lado, a varinha trêmula apontada também para Draco. Senti meus olhos lacrimejarem, com a força com que Sebastian apertava meu pescoço.

— Era mesmo necessário usar o seu filho?! - brandiu Draco, indignado. - eu te garanto que se sentirá melhor se me matar. Fazer mal para duas crianças?! A que nível afundou a sua honra, Stuart?- a varinha agora estava firme, assim como sua voz. - Scorpius está com apenas quatro anos!

— Confesso que me sentiria melhor se houvesse a reversão primeiro...- ele apertou ainda mais meu pescoço, chacoalhando-me. - mas não tenho tempo a perd-AAAAAAAAH!

Girei meus olhos para o lado, enxergando Scorpius agarrado ao pé de Stuart, com os dentinhos cravados em sua perna.

— SEU PIRRALHO NOJENTO! HENRY! 

Henry puxou Scorpius rudemente pelos ombros, o largando onde estava - apesar de manter sua expressão envergonhada. A expressão de Draco beirava ao pânico, exatamente como devia estar a minha.

 

— JÁ CHEGA! - Sebastian berrou, afundando ainda mais a varinha em meu queixo. - vamos acabar logo com isso!

Lancei um olhar para Scorpius, que, esperava eu, aguardava que eu lhe dissesse para correr.

Logo após, ensaiei um sorriso tranquilo.

Meu pequeno anjinho não podia entrar em pânico. Fiquei pensando em como Scorpius sofreria ao voltar ao normal… poderia até mesmo se culpar por tudo… espero que Alvo o ajudasse...

Por que, embora em angustiasse, sabia que provavelmente não sairia viva dali.

Mas, para minha surpresa, a expressão de Scorpius era de uma concentração extrema. Sua testa estava vincada. Lágrimas escorriam pelas bochechinhas dele. Os olhos pareciam pegar fogo.

E então, o inesperado aconteceu.

Todos os vidros da janela explodiram, e as velas se apagaram, deixando o ambiente parcialmente escuro. Havia cortinas cobrindo as janelas, o que já deixava o cômodo mergulhado em escuridão, mas elas voaram simultaneamente com os vidros.

Com o impacto, senti meu corpo desabafar no chão, livre das garras de Stuart. Com as mãos na cabeça, e tentando proteger os olhos, me engatinhei para Scorpius e o abracei, em menção de protegê-lo dos cacos. Tirei a varinha das vestes, e mantive ela em mãos até o barulho cessar. 

Abri os olhos rapidamente, ficando de frente para a cena, no mesmo momento em que percebi que Draco levantava.

Porém, Henry estava desarmado, e Stuart, jogado no chão, a cabeça sangrando.

— Desculpe, Rosie - choramingou Scorpius, sentando do meu lado, se agarrando a mim - eu tinha que fazer alguma coisa… - soluçou - e de repente...

Até aquele momento, não havia caído a ficha.

Meu pequeno príncipe havia feito sua primeira magia ''involuntária''.

Bom, teoricamente a primeira, levando em conta seu estado atual...

— Não fez nada de errado, meu bem - beijei o topo de sua cabecinha, sentindo minha respiração ainda acelerada.

— É melhor me seguir sem tentar lutar, Stuart - Draco se aproximou, com a varinha apontada para ele. Sebastian ainda estava no chão, meio tonto; enquanto eu tinha minha varinha apontada para Henry. 

Stuart se levantou, capengando.

Foi tudo muito rápido.

Se eu tivesse percebido a verdade a alguns milésimos antes…

Me adiantado alguns segundos antes…

Se minha cabeça trabalhasse mais rápido…

Pois, antes que eu pudesse notar o fingimento de Sebastian, ele havia sacado uma arma trouxa.

Apontada para mim. 

O vulto de Henry, desviando a mão do pai de seu alvo, foi uma das últimas coisas que eu vi.

O tiro acertou a parede atrás de mim, e eu virei para o lado, na intenção de puxar Scorpius para se jogar no chão junto comigo.

Só que meu anjinho havia se posto em pé na minha frente, em uma vã tentativa de ser meu escudo.

Foi então que o segundo tiro arrancou um grito infantil,

E o pequeno Scorpius desabou ao meu lado, enquanto meu grito preenchia a Casa dos Gritos.

— NÃOOOOO!

 


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