Meu Pequeno Amor 2 - Segunda Geração escrita por FireboltVioleta


Capítulo 22
Resoluções




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ROSE 

 

Eu não conseguia parar de soluçar. 

— Rose. 

Não ouvi o que Draco disse. Ou fingi não ter ouvido.  

As duas opções eram completamente insensíveis da minha parte. Não era a única que estava sofrendo, afinal de contas. 

— Rose… por favor. 

Finalmente, deixei meu egoísmo de lado, e decidi partilhar aquela dor com Draco. Virei-me para ele, os olhos doloridos de tanto chorar. 

Draco tomou a minha mão nas dele, num gesto que eu nunca teria esperado vir um Malfoy. 

— Ele vai ficar bem. Eu garanto. 

Malfoy parecia tentar convencer mais a si mesmo do que a mim. 

Ainda tinha flashes horríveis do que havia acontecido. 

O som ensurdecedor.  

O corpo de Scorpius ricocheteando contra a parede.  

Os berros.  

Ainda não lembrava se haviam sido meus ou de Draco. 

E os estampidos dos feitiços dos que invadiram a Casa dos Gritos. 

Minhas mãos tremeram, enquanto eu virava o rosto para a porta da enfermaria à frente. 

A poucos metros, ironizando nosso martirizante silêncio, havia um tumulto no início do corredor. Dois aurores imobilizavam Sebastian e Henry, aguardando que os medibruxos cuidassem dos ferimentos do nosso colega de escola. Já Sebastian… esse só esperava que o Ministro chegasse, para oficializar seu retorno á Azkaban. 

Trazendo-me espanto onde - até então - reinara a mágoa, ele havia tentado nos salvar, desviando o tiro que o pai disparara contra nós. Logo após Scorpius cair no chão, Sebastian havia engatilhado a arma sem querer, disparando outra bala - contra o próprio filho. 

Apesar de ainda sentir raiva, não podia odiar Henry pelo que havia feito. Vira o medo e a insegurança em suas atitudes e em sua expressão. O tempo todo. 

Por alguma razão, eu tinha certeza de que nada do que fizera fora por vontade própria. Afinal, pudera. Se eu tivesse um pai como Sebastian… algo me dizia que Henry fora forçado a tudo aquilo. 

Fosse por algo que o pai lhe botara na cabeça, fosse por ameaça…  

Suspirei.  

Não importava. Não podia julgá-lo, sem saber o que ele e a família haviam vivido nos últimos dezesseis anos.  

Um bruxo das Trevas na família… um Comensal como pai… era uma situação complicada. 

Henry nem parecia se importar com a perna que sangrava, lançando ao pai um olhar do mais profundo desprezo. Ele não parecia menos desesperado do que eu com o que havia acontecido com Scorpius. 

— Escute, On – vi, ao longe, Sebastian tentar se desvencilhar dos aurores. Sua expressão mesclava fúria e aflição – eu sinto muito. 

Henry fechou a cara. 

— Não. Não sente muito, pai. Nunca deveria ter concordado com essa insanidade! Um castigo brando. Foi o que prometeu! E nada que envolvesse o garoto! Agora ele pode morrer por nossa culpa! 

— Você sabe por que fiz isso – Stuart continuou, rosnando baixo – você sabe, On. Eles merecem sofrer. Eles roubaram dezesseis anos que eu poderia ter passado ao seu lado, filho! 

— Não, pai. Você roubou esses dezesseis anos de si mesmo – me surpreendi com o tom frio na voz de Henry – você fez suas escolhas. Você escolheu trilhar esse caminho. Isso foi só uma consequência dos seus erros. Não tente culpá-los! - ele capengou na perna ferida, parecendo ignorar a dor – fui idiota de acreditar no que disse. De que essas pessoas destruíram nossa família. Só agora eu vejo! – surpresa, ouvi-o soluçar – você a destruiu... antes mesmo de começá-la. E vamos pagar pelo que fizemos. 

Sebastian arfou. 

— Henry… 

Antes que pudesse prosseguir, porém, um curandeiro surgiu na porta do pronto-socorro, assentindo para os aurores, que escoltaram Henry para dentro.  

Henry nem sequer virou a cabeça para trás, permanecendo cabisbaixo e mancando, até sumir porta adentro.  

Sebastian permaneceu imóvel, com a expressão de quem acabara de ser esfaqueado nas costas. 

Não tive muito tempo para digerir o que acabara de ouvir, já que a enfermaria se abriu, revelando uma jovem curandeira, que veio até nós. 

Ergui-me na mesma hora, atônita. Draco me imitou, ofegando. 

— Então? - minha voz tremia, esganiçada – Scorpius… ele vai ficar bem? 

A curandeira suspirou, parecendo hesitante. 

— Há grande chance dele sobreviver sem sequelas… - ela titubeou, insegura – mas o tiro atingiu parte do esôfago, e ele perdeu muito sangue – aparentou não querer acrescentar o que disse a seguir – ele vai necessitar de uma transfusão. 

Eu e Malfoy nos encaramos. 

— Bem, o que estamos esperando? - Draco arquejou – posso doar agora mesmo! 

Vi a moça olhar de Draco para mim, mordendo o lábio. 

— Receio que não seja possível, Sr. Malfoy. Por incrível que pareça, o tipo de seu sangue não é compatível com o de Scorpius… quer dizer… não para uma transfusão. 

Arregalei os olhos. 

— E quem tem? 

Ela folheou um dos pergaminhos que trazia á mão, nos inclinando uma tabela de tipagem sanguínea. 

— O dele é desse tipo – ela indicou um dos valores na tabela – conhecem alguém com essa tipagem? 

A expressão de Draco era a de quem acabara de levar um balaço no meio da cara. 

Eu não devia estar com expressão melhor. 

— Eu – sussurrei, pasma – eu tenho essa tipagem. 

A curandeira respirou fundo, parecendo antever a explosão. 

— Menor de idade – murmurou, pensativa – iremos apenas aguardar seus pais, para que autorizem sua transfusão. E… Sr. Malfoy… caso concorde com o procedimento... 

Olhei atordoada para Draco. 

Mil lembranças sobre questões de sangue vindos da família Malfoy me vieram á cabeça. 

Só conseguia imaginar que aquilo era a maior prova de fogo ideológica e social que Draco poderia passar em toda a sua vida. 

Afinal, se ele tinha alguma aversão pelo sangue não-bruxo, estaria disposto a prejudicar Scorpius por ter essa opinião? 

No entanto, para meu choque, não havia hesitação em seu olhar. 

Nenhuma mesmo. 

— Tudo bem – ele confirmou, convicto – eles tem minha permissão. 

Suspirei, aliviada. 

— Certo – a curandeira pareceu ligeiramente satisfeita – vou trazer a papelada. 

Assim que ela deu as costas e voltou a enfermaria, alguém abarcou minhas costas. 

Olhei para trás, me surpreendendo com a expressão suave de Oliviene Stark. 

— Oliviene! - pela primeira vez em horas, finalmente dei um sorriso esperançoso. 

Ela me devolveu o sorriso, me puxando para um abraço. 

— Ah, Rosie... - suspirou, me soltando e segurando o ombro de Malfoy – eu sinto muito pelo que aconteceu... mas trago boas notícias. 

— Sério? _ Draco disse, apreensivo. 

Pisquei. Depois do que ocorrera na Casa dos Gritos, agora todos já sabiam tudo que havia acontecido. 

— Sim – Oliviene continuou – seus pais estão chegando. Devem estar no saguão agora mesmo. KIngsley vai transferir Sebastian para Azkaban em breve. Já foi decidido preliminarmente que Henry... - ela muxoxou - será condenado a serviços comunitários. Mas podemos averiguar mais em breve. Como está Scorpius? 

— A curandeira disse que ficara bem... mas precisa de uma transfusão de sangue – falei rápido demais, tentando poupar Draco de mais caretas. 

O que não adiantou de nada, já que foi a vez de Oliviene caretear. 

— Bem... - por alguma razão, ela parecia reprimir o riso – de qualquer forma, tenho certeza de que ele se recuperará em breve... e a tempo. 

— A tempo? - indaguei – a tempo de que? 

Oliviene sorriu de novo. 

— Da reversão - ela pareceu muito feliz – finalmente conseguimos. Estamos prontos para trazer Scorpius de volta. 

Senti meu queixo cair. 

A reversão... estava pronta. 

Iriam trazer Scorpius de volta a forma normal. 

A surpresa foi tão grande que, quando a curandeira voltou a aparecer, dizendo que podíamos entrar para ver Scorpius, eu só conseguia pensar que, em pouco tempo, eu teria que me despedir do meu anjinho louro.  

Em pouco tempo, o Scorpius criança desapareceria para sempre. 

O pior foi encarar a expressão soturna de Oliviene e, por um momento aflitivo, enquanto entrava enfermaria adentro, chegar a pensar que perder meu pequeno Scorpius seria mais doloroso do que eu imaginara.

 

 


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