Escarlate escrita por LSN
Notas iniciais do capítulo
Hey!
Cap novo na área. o
Boa leitura. :3
Na noite seguinte, Agatha acordou cedo. Tinha sentido dificuldades para dormir depois de todos aqueles eventos. O cheiro, o gosto, a textura da pele de Susan não saíam de sua cabeça, estava pior do que ela imaginara. Arrumou sua cama e, antes de sair, parou para observar a novata. Ela dormia um sono pesado e tranquilo. Seu rosto repousava confortavelmente no travesseiro azul bebê, cor que se encaixava perfeitamente com a sua pele de porcelana.
Agatha retirou uma mecha do cabelo castanho de Susan que estava escondendo parcialmente seu rosto e deslizou a mão suavemente por sua bochecha, tocando os lábios da garota com os dedos. Eram macios e quentes. Tudo que ela queria naquele momento era poder tocá-los com os seus próprios. Aproximou seu rosto o suficiente para quase tocá-los, mas fechou os olhos e se impediu de fazer aquilo. Ela amava um humano e não a ela. Já havia confessado em uma de suas muitas conversas antes de dormir. Beijá-la sem sua permissão seria passar dos limites e ela não suportaria vê-la se afastar. Levantou-se e, olhando uma última vez para seu rosto adormecido, saiu do quarto.
A primeira pessoa que encontrou na sala, para seu total descontentamento, foi Amber. A ruiva estava sentada na janela, despreocupada. Quando a viu, deu um salto e se aproximou, com um sorriso descaradamente irônico.
— Então... – Falou, passando por trás de Agatha com os movimentos leves como os de um gato – Como foi com a novata? Ela é mesmo tudo que parece ou não?
Agatha trincou os dentes, mas decidiu não incentivá-la ainda mais através de sua própria ira. Encontrara um caminho mais eficaz.
— Onde está Danny? Ainda não o encontrei essa noite. – A expressão de Amber mudou de irônica para irritada em dois segundos, provocando um leve sorriso de revanche nos lábios de Agatha.
***
Susan acordou algum tempo depois. Havia tido sonhos confusos envolvendo vinho e baleias. Sonolenta, arrumou sua cama e seguiu para a sala, bocejando. Logo que a viu entrar, Amber a saudou.
— Olá, bela adormecida – Disse, fazendo a garota revirar os olhos – Escute. Eu estava pensando, acho que já está na hora de você começar a mexer esses músculos. Você sabe, aprender a usar seu novo corpo. E eu sei a melhor pessoa para te ajudar nisso – Sorriu, orgulhosa – Eu mesma.
Susan se surpreendeu quando viu que realmente gostou da idéia da ruiva. Quando ia responder que sim, Agatha interveio.
— É claro que não! – A voz impaciente e autoritária da vampira deixou Susan atordoada... e irritada.
— Por que não? Acho que ela é perfeitamente capaz de aprender a lutar e caçar – rebateu Amber, olhando para a novata da cabeça aos pés com uma expressão de aprovação.
— Não é necessário, nós não somos assassinos. Luke e Danny nunca precisaram aprender nada disso, por que ela precisaria? Isso é ridículo.
Amber trincou os dentes, visivelmente incomodada com o nome de Daniel. Balançou uma mão num gesto esnobe e respondeu – Aqueles dois são completos incompetentes, não dão valor ao presente que ganharam possuindo um corpo praticamente imortal. Mas não vou deixar que a novata faça o mesmo que aqueles dois – Sorriu olhando para Susan, presunçosa. Pelo olhar da garota, sabia que já tinha vencido a guerra. Agatha olhou suplicante para a moça, sem resultado.
— Bom, não custa nada tentar – Disse, sorrindo timidamente. – Eu preciso mesmo aprender mais sobre essa história de força e tudo mais.
— Sábia decisão, minha querida. Começaremos amanhã bem cedo – Disse, com um sorriso de ponta a ponta, saindo noite a fora.
Quando Susan afastou-se da sala, Agatha fechou seu livro e a acompanhou, resignada.
— Susan? Susan, não faça isso. Não é tão fácil quanto parece, isso pode te machucar... Susan!
Susan parou e olhou para a vampira, visivelmente incomodada.
— Qual o problema? Você acha que eu não sou capaz? Que não posso aprender a me virar sozinha? – Respondeu, com um ar arrogante – Você não me conhece. E se você tá assim pelo que aconteceu ontem, saiba que aquilo não passou de... uma obrigação. Não ouse achar que pode mandar em mim – Saiu, pisando com força.
— Não, eu... Susan... – Falou, a observando seguir pela porta, desolada. Os resultados daquela noite estavam realmente piores do que imaginara.
***
Na noite seguinte, as duas praticamente não trocaram uma palavra. Susan a evitava tacitamente e Agatha não queria fazer nada que a deixasse ainda mais aborrecida, então simplesmente aceitava o silêncio. Logo cedo a novata estava de pé, pronta para começar seu treinamento com Amber. A vampira apenas a viu sair do quarto sem dizer uma palavra.
Susan saiu da casa, sentindo com prazer o vento frio da noite tocar seu corpo. Era uma sensação que ela havia começado a gostar muito, assim como costumava gostar de sentir os primeiros raios de sol numa manhã de primavera. Sua nostalgia parou com a voz da ruiva atrás dela.
— Muito bem, está pronta? – A novata lembrou-se de Agatha por um momento, mas bloqueou o pensamento e fez que sim com a cabeça - Então vamos começar. Venha aqui.
Susan ficou de frente para ela, sentindo a ansiedade e pequenos traços de nervosismo subirem em seu estômago. Era legal e necessário aprender a usar aquele novo corpo, mas Amber era de longe a vampira mais assustadora e... irritante que já conhecera.
— Escute, garota. A primeira coisa que você deve aprender é a controlar a sua raiva – A novata a olhou, incrédula. Parecia uma grande ironia ouvir aquilo justamente dela. Impaciente, a ruiva completou – Não estou dizendo que você deve ser dócil na hora de lutar, inferno. Estou dizendo que você deve escolher o momento certo para liberar toda sua raiva. Para nós, ela é o motor da nossa força, o nosso instinto mais básico. Se você souber usar a seu favor, será praticamente indestrutível. Se não, logo você se cansará e virará um lanchinho para o seu oponente. Aqui, me acerte. – Disse, apontando para o próprio rosto.
Susan olhou hesitante para a vampira. Uma parte dela tinha medo de machucá-la, outra tinha medo de que ela quisesse revidar e, bom, que ela realmente acabasse virando lanchinho ali mesmo. Antes que pudesse se decidir, viu o pulso de Amber cortando a noite e acertando em cheio seu nariz, a levando ao chão em dois segundos. A novata levou as mãos ao rosto e a encarou, incrédula.
— Rápido, imbecil. Controlar a ira significa ser capaz de orientar seus instintos a agirem a seu favor ao invés de permitir que eles controlem você. Se você parar para pensar no meio de uma luta desse jeito, não vai dar nem para o começo. Agora me acerte.
A garota levantou-se e, dessa vez sem hesitação, partiu em direção da ruiva que a aguardava, de punhos fechados. Sentiu suas pupilas dilatarem e todos os seus músculos pareciam se sentir a vontade com o esforço. Fechou o pulso e mirou diretamente em seu queixo. A ruiva espalmou o punho da garota e, em um movimento preciso, acertou em cheio seu estômago, levando-a mais uma vez ao chão.
A novata se levantou trincando os dentes, tomada pela fúria - Ora sua... – Partiu mais uma vez em direção a caçadora. Dessa vez, foi um chute em sua perna direita que a fez parar. A expressão de Amber permanecia impassível.
Com muito esforço, Susan levantou-se mais uma vez e deu tudo de si para avançar mais uma vez até a ruiva. Sua visão estava turva e sua perna doía, mas ela não se importava. Amber preparava-se para acertar mais um golpe quando Agatha se colocou entre as duas em um rompante.
— Chega! – Sua expressão fez com que Amber parasse imediatamente. Ela já tinha visto aquele olhar antes. Susan, que não a tinha visto chegar, esbarrou e caiu cambaleando. Agatha ajoelhou-se diante dela, num misto de pânico e preocupação.
— O que... Agatha? O que você tá fazendo aqui? – Disse Susan, recobrando a consciência. Não obteve resposta, encontrou apenas os olhos preocupados da vampira.
— Hã, acho que por hoje isso é suficiente, Susan – Emendou Amber, olhando para o outro lado – Precisa de ajuda para se levantar?
— Não – Retrucou a novata, sentindo uma pontada de orgulho ferido – Eu tô bem.
As três retornaram para a casa em um silêncio absoluto. A única coisa que se podia ouvir era um galho ou folha se partindo debaixo dos pés das vampiras. Já dentro da mansão, Susan não tornou a olhar Agatha. Seu orgulho a dizia que até o fim daquela noite ela teria sido capaz de acertar ao menos um golpe na ruiva se ela não tivesse se metido. Desanimada, Agatha voltou para o quarto enquanto a novata foi tomar um banho.
Na volta do banho, Susan foi chamada por Amber enquanto passava pelo corredor. A ruiva estava afiando um de seus brinquedos, uma katana reluzente.
— Como você está? – A voz da ruiva não assumia o tom preocupado de Agatha, mas também não era inflexível.
— Bem – Respondeu apenas, olhando para baixo – Escuta, sinto muito por Agatha ter interrompido. Eu não sei o que deu nela. – Completou, irritada.
— Eu sei – Respondeu a caçadora, num tom despreocupado – Ela gosta de você e não queria te ver se machucar.
— Mas eu quero aprender! Ela não pode querer mandar nas minhas escolhas desse jeito!
Amber deu um longo suspiro e pareceu decidir algo mentalmente. Puxou uma poltrona vinho e a pediu que se sentasse. Susan não queria ter que encarar Agatha naquele momento no quarto, então aceitou com gratidão que a conversa continuasse. Limpando a katana com uma flanela branca - a qual Susan julgou ter exclusividade para aquele fim –, a ruiva começou a falar.
— Agatha já contou para você como foi a transformação dela?
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Até a próxima, lindxs ♥