Escarlate escrita por LSN


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Hey o
Dia dos namorados chegando... E acho que tenho um presente pra vocês. ;)
Boa leitura!



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Na primeira semana de recessão alimentar, as coisas andavam numa normalidade quase plástica. Todos buscavam agir com calma e normalidade, mas um olhar ou uma frase já tornavam o clima estranho. Agatha e Susan, no entanto, ainda não tinham necessitado se alimentar. Até aquele dia.

A vampira estava quieta desde o dia anterior, fechada em seus livros e Susan sabia que havia algo errado. Voltou da sala e a encontrou na cama, lendo mais um livro.

— Ei, tá tudo bem? – a novata perguntou, sem graça.

— Sim, tudo – Respondeu, sem tirar os olhos do livro.

— Tem certeza? Você tá meio... Estranha desde ontem. Nem foi assistir com a gente o filme que a Melinda escolheu. E ele era engraçado.

— Esse livro é muito interessante. Tem me prendido de forma sem igual – Respondeu simplesmente, mais uma vez sem sequer direcionar o rosto para a novata.

Incomodada com aquele tratamento, Susan se aproximou e ficou de frente para a cama de Agatha.

— Posso ver que livro é? – Falou apenas.

A vampira a entregou o livro e a garota leu o título.

— “A vida secreta das baleias”, é sério? Isso que tá te prendendo?

— As baleias são seres extremamente interessantes. Você deveria ler depois.

— Sei... – Susan agachou-se no nível onde ficaria frente a frente com a vampira. Perguntou mais uma vez, dessa vez sem esconder o tom preocupado na voz – De verdade, o que tá acontecendo?

Ouvindo o tom na voz da novata, Agatha involuntariamente abaixou sua guarda e olhou para ela, com a expressão de um pedido de desculpas.

— Seus olhos... Você tá com fome. – Compreendeu imediatamente.

— Falta pouco para o dia que a Melinda combinou para usarmos as bolsas, eu vou ficar bem – Sorriu calmamente, com sua expressão terna. Mas Susan não desistiu.

— Eu sou sua dupla, não sou? Você podia ter me pedido. Eu ainda me sinto bem... Cheia, acho que usei muito mais do que deveria naquele dia – A garota abaixou o rosto, visivelmente ainda desconcertada pela lembrança – E eu ainda não agradeci por aquilo. É a minha vez de retribuir.

Agatha ficou em silêncio, olhando para a capa do livro. Sua expressão demonstrava que ela estava em um conflito interno, o que não abalou a decisão de Susan.

— Anda, vamos – Sentou-se na cama e fechou os olhos por um instante, convicta. – Pode começar.

A vampira olhou para ela e suspirou – Você... Sabe como funciona? – A resposta era óbvia, mas ela acreditou que a frase poderia frear sua decisão. Ela não imaginava como a novata lidaria com isso... E muito menos ela mesma. Na verdade, a preocupação maior era sobre os atos dela mesma.

— Não – Ponderou Susan por um segundo – Mas não me importo. Você precisa comer e eu sou responsável por isso. Faça o que tem que ser feito. Mesmo que me machuque, eu vou aguentar.

A vampira arregalou os olhos por um instante. Ela realmente não sabia como funcionava. Ela pensou se deveria explicar exatamente o que acontecia, mas antes que ela pudesse pensar direito, sentiu a mão da garota em seu ombro.

— Tá tudo bem – Disse a novata, procurando acalmá-la – Vai dar tudo certo. Eu odeio te ver assim, quieta atrás de um livro chato sobre baleias. Por favor, chega disso de ficar com fome.

O olhar da garota fixo no de Agatha deixou a negação ainda mais difícil. Olhando para baixo, acenou afirmativamente e se levantou, para o espanto de Susan.

— Ei, aonde você vai? – Disse, acompanhando com os olhos a vampira, que fechava a porta. Confusa, a garota se limitou a olhar a cena.

— É... melhor que seja assim – Respondeu apenas, fazendo a garota acenar, sem entender muito bem.

Agatha organizou os travesseiros e os usou para apoiar suas costas. Pediu então para que Susan sentasse em seu colo.

— Por quê? – Questionou a garota, com o nervosismo começando a surgir.

— Assim é o jeito mais confortável pra ambas. Mas se for ruim pra você, você sabe que nós não precisamos fazer isso. – A última coisa que ela queria era forçar a novata àquela situação.

— Não, não, tudo bem – Nervosamente, a garota levantou-se e sentou, desajeitadamente, no colo da vampira – A-assim? – Perguntou, evitando o olhar de Agatha.

— Sim. – Em silêncio, afastou os cabelos de Susan, vendo o tom pálido de seu pescoço pela primeira vez tão de perto. Naquela hora, permitiu que viesse à tona aquele sentimento muito, muito maior que a simples necessidade de se alimentar.

Então, cada vez mais perdida em seus pensamentos, apenas permitiu que seus instintos a guiassem e colocou as mãos na cintura da garota.

 

***

 

Susan sentia um estranho nervosismo. A ideia de estar de portas fechadas com uma vampira a fez tremer, mesmo sabendo que agora também era uma. Agatha possuía algo que a misturava suas idéias num emaranhado sem começo nem fim. Perdida em seus pensamentos, a garota deu um salto quando sentiu os lábios da vampira tocarem seu pescoço. Mas para sua surpresa, não fora para mordê-lo, mas sim para dar um pequeno beijo. Seus lábios, diferente do que pensou, não eram frios como imaginara – eram, na verdade, cálidos e suaves.

— Com licença, Susan – Ouviu a vampira falar suavemente. Susan revirou os olhos, apesar de ter sentido um leve arrepio por ouvir a voz de Agatha tão perto de sua orelha.

Antes que pudesse pedir uma explicação decente sobre o beijo, a garota sentiu uma pequena pontada em seu pescoço. Após um breve segundo de dor que a fez cerrar as sobrancelhas, ela se foi. Era como se a mordida nunca tivesse acontecido.

Então, começou a sentir.

No começo, uma sensação de calma a invadiu. Todos os seus músculos relaxaram ao mesmo tempo, fazendo com que ela simplesmente não quisesse sair dali. Depois, pequenos arrepios começaram a invadir seu corpo, lenta e gradualmente como a sensação das ondas a tocando na ultima vez que tinha ido à praia com Elliot. Os arrepios avançaram, a fazendo morder o lábio sem perceber. O torpor daquele prazer a fazia esquecer-se aos poucos de tudo, ficando consciente apenas dos lábios tocando seu pescoço e dos dedos em sua cintura, acariciando-a e apertando delicadamente. Começou então a sentir um calor surgindo em seu ventre e seu desejo naquele momento era apenas que aquela sensação não acabasse nunca.

Porém, em um lampejo de consciência lembrou-se de Elliot, e com ele em seus pensamentos, colocou as mãos nos antebraços de Agatha e tentou afastar seus corpos. De olhos fechados, sua voz não passava de um sussurro.

— Agatha, pare. Isso... Isso é ruim... – O prazer da situação fazia com que  sua voz saísse rouca e suas palavras, sem sentido.

Mas aquele pedido estava fora do alcance da vampira. A proximidade das duas, o cheiro da novata, os gemidos baixinhos que ela tentava controlar em vão. Pedir para afastar-se um centímetro que fosse era quase uma crueldade. Tirou as mãos de Susan dos seus antebraços e deslizou suas próprias pelas costas da garota, envolvendo-a em seus braços e puxando seu corpo mais para si sem tirar os lábios de seu pescoço, em um movimento delicado, mas preciso. Com um gemido mais intenso, a garota encaixou seu rosto no ombro dela, agarrando a manga de sua blusa. A vampira estremeceu e suspirou, gemendo baixinho. Naquele momento, de olhos fechados, prometeu a si mesma que lutaria pela felicidade daquela novata até o ultimo dia de sua eternidade.

A vampira, então, notou que Susan havia soltado sua blusa, e sabia que ali era a hora de parar. Tirou os lábios do pescoço da jovem vampira, dando mais um beijo suave ali. A marca dos furos logo sairia, ficando apenas os dois que recebera quando ainda era humana, no momento de sua transformação. Ao invés de deitá-la, recostou-se mais nos travesseiros que havia colocado em suas costas e continuou com ela deitada em seu corpo, envolvendo-a em seus braços até que acordasse e se recuperasse.

Grogue, Susan afastou o rosto do ombro da vampira, levando alguns segundos para recuperar totalmente a memória. Quando levantou os olhos, encontrou os de Agatha – escarlates e preocupados.

— Me perdoe, eu acabei indo além do que eu precisava – A preocupação estava estampada em seus olhos – Sente-se bem? Não se levante ainda, descanse mais um pouco.

Susan, ainda um pouco confusa, tocou seu pescoço no lugar onde havia sido mordida e não encontrou nenhum resquício de sangue ou outras marcas além dos dois pequenos furos habituais. Mas ela sabia que algo havia acontecido. Mais que isso, ela lembrava de todas as sensações.

— O que... foi aquilo? – A garota, nervosa e envergonhada, falava olhando para a área amassada na blusa de Agatha que ela mesma tinha causado.

— É assim que... acontece – respondeu Agatha, depois de um breve silêncio.

Evitando ir além no assunto, Susan se levantou, cambaleante, com a ajuda da vampira. Quando já estava se sentindo melhor, preferiu falar sobre coisas menos... complicadas.

— Tá melhor agora? Ou ainda quer ler seu livro das baleias?

— Chega de baleias nesse milênio para mim – respondeu, sorrindo.

Quando Susan se levantou para abrir a porta e ir embora, Agatha apressou-se, segurando a mão da garota.

— Susan – Disse, fazendo-a virar.

Antes que pudesse completar, os olhos de Susan encontraram os dela mais uma vez. Nenhuma palavra precisava ser dita. Com uma mão, tocou o rosto da garota e se aproximou lentamente. De repente, ouviram uma batida na porta que fez as duas saltarem.

— Não precisa matar a novata, Aggy. – A risada de Amber ecoou pelo corredor.

Susan afastou-se e tirou a mão da dela. Olhando para baixo, murmurou um “até logo” e saiu em direção a sala principal. Agatha encostou-se na porta, odiando Amber. Deu um longo suspiro e imaginou como as coisas ficariam depois daquela noite.


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Notas finais do capítulo

Quem quer casar com a Agatha levanta a mão o/ hahah
Até a próxima! ♥



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