Escarlate escrita por LSN


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Até a próxima. :)



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De olhos arregalados, Susan não conseguiu controlar o choque que toda aquela situação a causara.

— Que brincadeira ridícula é essa? Como diabos isso pode estar acontecendo? Eu ainda estou respirando! E se isso fosse verdade mesmo, como eu poderia estar me vendo no espelho? Vampiros não podem se ver em espelhos!

            Do outro lado da sala, uma vampira de corpo esbelto e atlético, com cabelos ruivos e cheios, falou, com uma sobrancelha arqueada.

— Vampiros não podem se ver em espelhos? Essa novata tem algum problema na cabeça?

— Isso vai contra as leis da física – Completou baixinho um vampiro de aparência nerd.

— Por quê não poderíamos? – Continuou o vampiro corpulento, com a voz grave. A ultima vampira não disse nada, apenas sorriu com delicadeza.

— Isso é mitologia humana, meu bem – emendou Melinda, como uma professora que corrige com doçura um erro óbvio – Existem muitas teorias errôneas sobre nós. E quanto à respiração, isso é um costume humano. Logo você vai perceber que não necessita mais disso e com o tempo vai parar.

            Susan olhou para baixo, completamente perdida. Aquilo tinha que ser um sonho. Olhou para suas mãos e, fora a palidez, pareciam perfeitamente normais. Lembrou-se do seu pé machucado e, quando olhou para ele, o viu enfaixado. Acompanhando o olhar da garota, Melinda interveio – Seu pé estava machucado e nós fizemos um curativo. Vampiros não levam muito tempo para se curar, mas como você se machucou enquanto ainda era humana, é melhor mantê-lo assim por algum tempo.

— E qual de vocês... Me transformou? – olhar da garota passou por todos eles. Sentia algo entre a mágoa e o desejo de vingança – Digam.

— Foram vampiros de outro bando. Nós os afugentamos e a trouxemos para cá. – Melinda prosseguiu – Bom, nós não temos um quarto extra, então espero que não se importe de dividir um com alguém.  

Dividir um quarto com um vampiro? Susan pensou, Mas é claro que não vou me importar. Durante sua conversa mental, Melinda seguiu para o grupo de vampiros e conversou com eles por um momento. – Você dividirá o quarto com Agatha. – falou, gesticulando em sua direção. A vampira parecia muito diferente das outras duas. Não tinha uma postura imponente como a de Melinda, nem assustadora como a da vampira ruiva. Tinha traços delicados e cabelos castanho-escuros, lisos e longos. Olhava para Susan com uma expressão indecifrável e, quando seus olhos se encontraram lançou um sorriso à garota, a fazendo piscar.

— Já está amanhecendo e acho que você precisa descansar – disse Melinda, bocejando – Na verdade, acho que todos nós precisamos. Consegue ficar de pé?

            Susan colocou os pés no chão com cuidado. A dor em seu pé já estava muito menor que antes, não passando de um leve incômodo. Pôs-se de pé e não controlou sua curiosidade.

— Quanto tempo eu passei... dormindo? – perguntou, olhando para o seu pé.

— Acredito que uma hora. Duas, no máximo. – Acompanhando o olhar da novata, Melinda sorriu – Eu disse que a nossa capacidade de cura é muito superior. Agatha, leve-a para o quarto. Ela precisa descansar mais um pouco – A vampira acenou e esperou Susan acompanhá-la.

            No caminho, pelos corredores, Susan pode observar com mais atenção a casa. Era enorme e muito bem decorada com móveis que ela julgava ser de uma época remota, apesar de serem muito bem conservados. Tudo ali era muito diferente do que ela imaginava. Parecia muito mais o palacete de uma família rica do que bom, um buraco para vampiros se esconderem. De repente, a vampira parou em uma porta.

— Chegamos. Seja bem vinda, Susan – O sorriso terno e o olhar da vampira eram inebriantes. Susan olhou para baixo, nervosa. Algo em Agatha a deixava confusa. Era como se seu olhar pudesse ver sua alma... Se é que ainda tinha uma, pensou.

            Agatha abriu a porta e as duas entraram. Para a Surpresa de Susan, não havia nada ali envolvendo teias de aranha ou coisa do tipo. O quarto era amplo e meticulosamente organizado. Uma das paredes era na verdade uma mini biblioteca, coberta de cima a baixo com livros de diferentes cores e tamanhos. Susan aproximou-se, encantada.

— Fique a vontade para lê-los – disse a vampira educadamente, aproximando-se.

— Qual... a sua idade, Agatha? – perguntou, julgando a quantidade e a variedade de livros em sua estante.

— 537 – respondeu com sua voz suave. Susan piscou, levando um tempo para processar a informação.

            Susan pegou um livro de Jane Austen, sem perceber sua aproximação.

— Esse livro é... – Virou-se de repente e se surpreendeu com a proximidade da vampira. Com o pé ainda um pouco fraco, o movimento a fez desequilibrar e quase cair, sendo amparada pelos braços de Agatha. Seus olhos se encontraram e, por um segundo, as duas não conseguiram encontrar nenhuma palavra para dizer. Era como se Susan pudesse ver o aquele sentimento repentino através dos olhos da vampira. Agatha foi a primeira a quebrar o silêncio.

— Cuidado, Susan. Machucou seu pé? – o olhar preocupado da vampira e a proximidade de seus rostos fez a novata engolir em seco e atrapalhar-se nas palavras – Eu, hã, sim. Quer dizer, não! Meu pé tá bem.

            Agatha levou a garota para a segunda cama que Melinda havia providenciado e checou o pé da novata.

— Está tudo bem. Ele estará completamente curado logo logo – completou, sorrindo para ela. Olhou para o relógio, que marcava quatro e meia da manhã – É melhor você descansar, isso vai ajudar na recuperação.

            Susan deitou-se e observou Agatha trocar seus curativos e, em seguida, pegar um dos livros de seu acervo particular. Olhou para o relógio e suspirou. Não iria dormir sabendo que o sol nasceria em menos de duas horas. Ela não conseguia dormir enquanto estava de dia. Olhando para Agatha, percebeu que a idéia de dormir ao lado de uma vampira não a incomodava tanto agora. A moça estava absorta em um livro de capa dourada cujo nome não conseguiu decifrar. Perdida em seus pensamentos e tendo como único barulho o folhear das páginas do livro de Agatha, Susan nem percebeu quando o sono chegou.


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