Escarlate escrita por LSN


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo toda semana.
Boa leitura!



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Susan

            Nós corríamos como loucos em meio à mata fechada – Bom, ao menos eu tentava correr com aquele maldito pé torcido. Elliot me ajudava como podia, mas estávamos com problemas maiores. Já estava anoitecendo e nós havíamos nos perdido do grupo enquanto procurávamos comida, e sabíamos bem que tipos de criaturas saíam de seus buracos depois do anoitecer. Sem olhar para o chão, tropecei em uma pedra – para variar – com o pé torcido. Caí com um baque surdo, abafando o grito com as mãos o máximo que pude. Elliot voltou e tentou me levantar.

— Su, levanta. Nós não podemos ficar aqui – ele andava de um lado para o outro, com as mechas loiras grudadas em sua testa pelo suor – Eu não consigo te levar nos braços, você sabe disso.

            Tentei levantar, mas não conseguia mais por o pé no chão. A dor era exorbitante. Olhei para ele, desamparada.

— Eu... Eu não consigo – Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, ouvimos um barulho a nossa esquerda. Fiquei estática enquanto ele tirava uma estaca da bainha. De onde estávamos, podíamos ver ao longe as luzes do acampamento, mas era suicídio tentar gritar por ajuda. Elliot olhava de um lado para o outro erguendo a estaca, aterrorizado. Fechei os olhos e suspirei profundamente, tentando controlar o meu próprio medo. Fui surpreendida com a sua mão em meu ombro.

— Escuta Su, senta aqui. – sussurrou, me ajudando a sentar perto de uma arvore que não consegui identificar – Eu vou seguir para o acampamento.

            Mal consegui acreditar no que estava ouvindo. Olhei para ele achando que era algum tipo de brincadeira doentia, mas seu rosto estava petrificado.

— Você vai me deixar aqui? – Sustentei o seu olhar, incrédula. Ele agora andava de um lado para o outro de novo.

— Eu... eu vou voltar com ajuda, tá? Ficar aqui significa suicídio para ambos.

— E me deixar aqui significa assassinato— respondi, com o medo e a ira subindo pela minha garganta.

—... Me perdoe. – Levantou-se, beijando a minha testa e seguindo para o acampamento.

            Vendo-o se distanciar, lágrimas começaram a surgir tanto pelo medo quanto pela incredulidade. Eu havia sido abandonada pelo cara que amava no meio de uma floresta escura cheia de malditos vampiros. Mas eu precisava acreditar que ele voltaria. Limpei as lágrimas e tentei ser positiva. É lógico que ele voltaria para me buscar com os outros. Abri a mochila, tirei uma estaca da bolsa e fiquei segurando, só por precaução.

            Ouvi um galho quebrar em algum lugar acima de mim e meu coração disparou. Segurei a estaca com força, procurando qualquer idéia que pudesse me tirar dali, em vão. De repente, ouvi um outro barulho, vindo da direita. Minhas mãos tremiam e eu não conseguia ver nada naquela escuridão. De repente um vulto partiu em minha direção e, como se não fosse nada, tirou a estaca das minhas mãos. Antes que eu pudesse ter qualquer reação senti a pontada em meu pescoço. Por mais que não quisesse acreditar, eu sabia perfeitamente do que se tratava. Meu pescoço queimava enquanto eu me debatia contra aquele vampiro, ao prantos.

— Não! – implorava, soluçando - Por favor! Me deixa ir! Me deixa... ir... – Aos poucos, minha força foi se esvaindo e a dor, passando. Meus olhos ficaram pesados e a ultima coisa que lembro foi de ter ouvido passos, depois vozes distantes... Depois o vazio.

***

            Abri os olhos lentamente. Estava confusa e meu corpo parecia extremamente cansado. Era como se tivesse acabado de acordar de uma longa noite sem sonhos. Esfreguei os olhos e pisquei, dando de cara com um rapaz de pele pálida, cabelos castanhos perfeitamente penteados e um par de olhos vermelhos a me observar.

— Ela acordou! – Falou o rapaz para o restante das pessoas do outro lado da sala cor pastel. – Seja bem vinda! Diga-me, como se sente? – O vampiro sorriu alegremente, mas eu estava chocada demais com seus olhos para notar isso naquele momento. De um rompante, empurrei meu corpo para trás no que acabava de descobrir que era um sofá e me encolhi ali, como se pudesse sumir caso me esforçasse o bastante.

— Se afasta de mim! O que você quer? – Procurei minha mochila nos arredores, olhando rápido para todos os lados da sala, sem encontrá-la. O sorriso do rapaz se desfez e ele ficou em silêncio enquanto uma vampira alta se aproximou.

— Acalme-se, querida. Eu sei que é muito para se entender tão rápido, mas nós não representamos nenhum perigo. Eu me chamo Melinda – completou, com um sorriso terno. A vampira possuía cabelos loiros até o ombro e uma aparência um pouco mais madura que a do outro vampiro. – Este é Luke – disse, apontando para o vampiro que a havia dado boas vindas. – e aqueles são Jhonny, Amber, Daniel e Agatha. – apontou para os outros quatro que estavam observando tudo, em silêncio. – E você é...? – A vampira aguardou pacientemente enquanto eu a olhava com a mesma expressão de alguém que vê vacas voando. Aquilo ia além da loucura.

— Eu... Me chamo Susan. – Engoli em seco e procurei me controlar - Olha... Melinda. É muita... Gentileza sua me deixar ficar na casa de vocês, mas eu preciso voltar – falei, evitando aqueles olhos a todo custo – Eu não pertenço a esse lugar... Preciso voltar para a minha casa. Eu não sou... Como vocês.

            Melinda me observou com interesse. Foi até uma mesa e pegou um pequeno objeto retangular, me entregando em seguida.

— Olhe você mesma.

Pegando o objeto, o virou para mim. Era um espelho. A primeira coisa que vi foram as minhas pupilas. Estavam escarlates como sangue vivo.


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