Invisível aos olhos escrita por Flávia Monte


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691065/chapter/7

Estamos parados na frente da porta de Billy faz alguns minutos. Eu estou tentando reunir palavras para explicar os dois ao meu lado. Apesar de Billy ser humano e não vai vê-los... Então, terei que pedir permissão a Pamela. Toco a campainha e depois de alguns segundos, Tom abre a porta. Assim que me vê, sorri e se joga no meu pescoço. Tom é tão amável.

— Sempre acho que você não vai voltar. Já são nove e meia... – Ele para de falar quando olha para meus “amigos” – Quem são?

— Pode chamar a sua mãe? – Tom me solta e vai andando para dentro da casa devagar. – Mãe... a tia trouxe duas pessoas suspeitas...

Escuto alguns passos e vejo Pam. Ela examina cada um dele e depois olha para mim.

— Você está bem? – Coloca a mão na minha testa. E dá um passo para dentro da casa, como se procurasse algo. – Nossa, está tão fria. Matt tem que fazer você melhorar e...

— Senhora. – Ela para de falar e volta a me olhar. – Eu sei que você quer me ajudar, mas eu não posso ficar aqui sem eles dois.

— Eles dois? – Pam olha para quem está perto de mim. – Você não pode está querendo dizer...

— Said, Chand, essa é Pamela, a mulher do meu irmão. – Aponto para cada um, fazendo a devida apresentação. – Pam esses são meus guardiões. E sim, eu sei que não são humanos.

— Um fantasma e um Shinigami? – Ela olha para os dois. – Você pode vê-los? Como isso é possível? Esse garoto faz um pouco de sentido, mas o menino?

— É... Bem. Eu posso vê-los, ouvi-los e tocá-los. Teria como eles serem bem-vindos aqui, enquanto estou nessa casa? – Seguro na alça da minha mochila esperando uma resposta. Pela cara de Pam isso não parece boa idéia.

— Hum... Eles serão nossos convidados no jantar de hoje e poderão dormir aqui hoje. Mas... Er... Vou ter que arranjar um quarto para eles. Não cabem todos com Tomas.

— Senhora, não precisa. – Said levanta a mão a interrompendo. – Estamos aqui por Cassandra. Enquanto ela dorme, nós cuidamos dela. Digamos que não dormimos a noite, quando estamos juntos.

Pamela parece pensar um pouco e concorda com a cabeça.

— Faria Tomas dormir com Matthew, no entanto se o seu irmão estivesse aqui... Ele não deixaria. – Olhando para Said, ela completa: - Meu marido não pode vê-lo quando está assim. Por favor, fique vísivel no jantar e Chander, não é? – Ela olha para o loirinho ao meu lado. – Ele não poderá te ver. Não fique ofendido.

— Não ficarei. – Ele parece sério, e eu já entendi o motivo.

— Só espero que Tom não se sinta muito incomodado. – Coço a cabeça enquanto Pam nos deixa entrar.

Tom está sentado no sofá, mas a televisão está desligada. Ele olha por cima do ombro e fica parado, parecendo não saber se pode vir aqui. Chan pega a minha mochila e entra na parede, de baixo da escada. Deve estar levando para o quarto de Tom.

— Vamos jantar? – Pergunto me aproximando do sofá. Matthew levanta a cabeça e surge do lado do irmão, me fazendo dar um passo para trás. – Oi...

— Esse que é o garoto?— A voz de Said está igual a antes, e isso me dá dor de cabeça. Parece que ele não chegou a falar alto, mas eu faço um sinal possítivo com a cabeça. – Não chegue perto dela nunca mais, entendeu?

Said fica entre o sofá e eu, fazendo com que os dois irmãos não consigam me ver direito. Seguro na mão dele e puxo para a mesa.

— Amigo. – Digo me sentando. – Seja amigo deles, entendeu?

— Não quero. – Ele se senta ao meu lado e Chan aparece do outro. – Ela quer que viremos amigos desses caras.

— Nunca! – O menino reclama. – Nem pensar!

Escuto alguns passos vindo para cá e de rápidos passam a ser lentos. Olho para trás e vejo os cinco garotos em pé olhando fixamente para os dois do meu lado.

— Ela consegue ver... – Dylan cochicha para os irmãos

— Pelo visto sim... – Diz Matthew dando a volta na mesa e se sentando na outra ponta, bem longe de mim.

— Oi, minha irmanzinha. – Billy puxa minha cabeça para trás, dando um beijo na minha testa. Chan está segurando cada vez mais forte a minha mão. — Eu já estava saindo para te buscar.

Ele puxa a cadeira em que o pequeno está sentado, o fazendo soltar da minha mão.

— Espera! – Digo o empurando, antes que sente no meu irmão. Eita... Estou cada vez mais confusa. – Tem gente aí.

Ele olha para baixo e depois para os garotos que estão andando para seus lugares.

— Mas seu convidado está sentado do outro lado. – Billy indica Said tentando ser discreto. – Ele por acaso é seu namorado?

O ceifador me olha e depois se vira para meu irmão mais velho. Calma, tecnicamente os dois são mais velhos. Ele olhou para Billy e seus olhos azuis congelaram meu irmão.

— É... Ele é o que?

— Parou de ser indireto, amor? – Pam senta na minha frente e aponta para seu lado. – Senta aqui. – Ele vai e senta na frenta da cadeira “vazia”. Sentado a sua frente está um amigo fantasma de sua irmã. E do outro lado está um amigo Shinigami dela.

— Calma, o que? – Ele olha para mim e então para as cadeiras do meu lado. – Mas eu pensei que ela não soubesse nada sobre sobrenaturais.

— Eu também. – Alguém do outro lado da mesa cochichou.

Olho para o resto da mesa e todos estão prestando atenção.

— Eles vão morar com a gente. Mais ou menos. – Eu digo e os irmãos começam a conversar baixo. – Esse é o Said... Ele é como se fosse o meu...?

— Sou o guardião dela. – Seus olhos continuam deixando meu irmão sem palavras. É acho que Said gostou do que eu falei para Pam.

— Na verdade eu não sou amigo dela. – Chand diz, e todos, menos Billy, olham para ele. – Danda é minha irmã mais nova.

Os olhos de Pam crescem e ela olha para mim. Faço um sinal de positivo e então sua boca abre surpresa.

— O que foi, meu bem? – Billy toca no ombro dela e então olha para mim.

— É... O amigo fantasma da sua irmã... É o irmão dela.

Billy olha para frente e não vê nada.

— Você está querendo dizer que Chander existe de verdade? – Meu irmão não para de encarar o meu novo irmão. – Mas a tia Nyx sempre disse que era o amigo imaginário da Cass!

— Você sabia sobre ele? – Minha voz soa mais alto do que o esperado. – Você sabia que eu tinha outro irmão e nunca falou nada?

— Achei que você falava isso para me irritar e todos esses anos você não falou esse nome de novo... Eu pensei que tinha parado de inventar.

— Ele está falando que sou um amigo inventado. – Chan começa a ficar irritado e sua mão segura ainda mais firme a minha. – Seu falso irmão está dizendo que eu não existo?

— Ninguém disse que você não existe, meu anjo! – Pam intervem do outro lado da mesa. – Amor, você está sendo insensivel! Ele morreu novinho, então não amadureceu e nunca vai! Assim você está magoando o menino.

A mesa fica em silêncio por um momento e sinto como se eu estivesse sento o centro das atenções no momento. Olho para a outra parte da mesa e essa longa mesa que abrange dez assentos está completa.

— Mãe, o que Cass quis dizer com eles vão ficar aqui? – Não sei de Dylan está tentando quebrar o gelo ou congelar ainda mais, mas o assunto muda um pouco. – Nós não temos quartos suficientes para isso.

— Ah! É verdade. Bem, pensei em Tom dormir com o Matthew e os meninos dormem com a Cassandra no quarto de Tomas... – Pamela vai falando mais devagar, de acordo com os olhos de Billy.

— Você está dizendo que esse Shini-não-sei-o-quê vai dormir no quarto da minha irmã com um fantasma que nem mesmo conhecemos?

— Estou sentindo como se estivésemos sendo insultados aqui. – Chander sussurra para Said, por trás de mim.

Coloco o copo d`água na boca e percebo que quase ninguém começou a comer, apesar de vez em quando beberem.

— Desculpe-me a interrupção, senhor. – O ceifador chama a atenção do meu irmão, que tenta não olhá-lo nos olhos. – Mas não há nada que eu veja em Cass que eu já não tenha visto.

Engasgo com a água e olho para Said. Mesmo se isso for verdade, por que está dizendo para o meu irmão? Seu idiota! Ele retribui o meu olhar e percebo que todos ficam vermelhos, menos Tom. Que bom que temos ao menos uma pessoa inocente por aqui. Desvio meu olhar para Chander, que também está tranquilo sobre isso.

— Você o que? – Caleb é o primeiro a falar, bem ao lado de Said. – Isso é verdade, Cass?

Billy não olha para mim, na realidade está fuzilando o Ceifador com os olhos. Pam começa a comer, parecendo ainda mais desconfortável e Chan está bebendo a minha água. Fantasmas bebem?

— Como o assunto foi parar nisso? – Minha voz está bem sem confiança e eu olho para Billy quando completo. – Ele é meu guardião. Você não sabe do que houve na minha vida, já que não esteve presente. Você não tem como reclamar de nada.

— Você fala como se eu não tivesse tentado ficar com você! Em um lugar onde sangue significa tanto, um irmão de coração é descartado! – Billy parece bem bravo.

— Ai... Que confução. – Pam toca no ombro do marido. – Meu amor, o que você propõe então? Pois ela só vai ficar nessa casa, se eles também estiverem.

— A moça está dizendo que vamos morar aqui? – Chander pergunta ao amigo por de trás de mim e eu vejo Said dar de ombros. – Eu prefiro fazer o que tinhamos combinado lá fora.

— Concordo. – Digo baixo para Chander. – Pam? Podemos ficar no quarto de Tom, com o Tom? Assim Willian não vai se preocupar, certo?

Todos olham para meu irmão que estava vermelho de raiva até agora, e depois para Tom que está sentado ao lado da mãe.

— Não ligo de terem mais pessoas no quarto... Mas não dá todo mundo na cama que divido com Cass.

— Ele dividiu a cama com ela? – Caleb pergunta a Dylan que dá de ombros.

— Isso é tão injusto. – Dylan responde cruzando os braços.

— Não se preocupe, senhor Peterson. Eu e Chan, tentaremos não atrapalhar. Costumamos ficar com Cassandra o tempo inteiro, então não deve nos ver em outro lugar.

— Acho que você não está ajudando, Cê. – Falo baixo, sentindo como se o mundo estivesse de pernas para o ar. – Billy, já está muito tarde e amanhã eu tenho aula extra na faculdade. Já vou para o quarto está bem?

Tom se levanta e dá a volta na mesa, ficando atrás de mim. Acho que ao menos alguém concorda.

— Sou Tom. Bem vindo a minha casa. – Ele estica a mão para Chander que olha para mim sem saber o que fazer. – Quantos anos você tem?

Concordo com a cabeça e ele lhe segura a mão.

— Eu morri aos oito anos, mas se eu estivesse vivo teria vinte e sete anos. – Chander se levanta e Said também. – Pode me chamar de Chan.

— Então, já vamos. – Também me levanto, vendo que os três já estão subindo as escadas.

— Espera, Cassandra. – Pam me faz parar e eu olho por cima do ombro. – Você precisa passar no quarto de Matthew antes, você não está bem.

Olho para onde o garoto moreno está sentado e ele retribui o olha. Olhando-me de cima a baixo, se levanta e anda em minha direção.

— Não tem mesmo como eu só estar cansada e não precisar de nada disso? – Olho para Pam com espectativa e ela apenas nega com a cabeça.

— Tenho certeza que meu filho não irá te machucar, Cassandra. Pode ir com ele, afinal, você está aqui para não estar morta, não é mesmo?

Concordo com a cabeça e olho para o garoto ao meu lado. Eu nunca desejei que minha vida não fosse monótona. Eu estava satisfeita com meu estilo de vida! Por que está fazendo isso comigo, Deus?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários são bem vindos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Invisível aos olhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.