Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 4
Alice e eu vagamos na imensidão do universo em 52-Hertz


Notas iniciais do capítulo

#baekyeol #suchen #D.O #Xiumin



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# ALICE

O céu era de um azul tão profundo que poderia ser confundido com o preto da escuridão ou talvez fosse o fundo do mar, tão distante e sem vida que não havia nada e nem som. Baekhyun olhou para as próprias mãos, elas não estavam enrugadas, seu corpo flutuava no vazio, ele olhou para o céu e viu estrelas, olhou para o chão e não viu nada.

— Onde estou?

Ou seria o chão cheio de estrelas e o céu vazio? Baekhyun fechou os olhos e deixou o corpo flutuar pelo nada.

Algo de leve atingiu a lateral seu corpo, como um toque, como ondas já fracas batendo os pés.

Baekhyun não viu mais estrelas, ele viu uma grande baleia. Ele e o mamífero se olharam, ele se viu refletido naqueles olhos imensos. Uma canção ecoava, parecia vir de dentro. Dele? Dela?

Ele queria perguntar, mas ela seguia para o horizonte, nadando no vasto universo até desaparecer.

— Espera!

Era um sonho.

Baleias não flutuam pelo universo, tão pouco ele estava numa praia.  Baekhyun acorda sobressaltado, o céu era um misto de rosa e violeta, estava amanhecendo. Chanyeol dormia confortável ao seu lado.

Aparentemente eles haviam chegado no fim da linha. Estavam presos na cobertura de um colégio com um mar de errantes no pátio e pelo prédio, a porta estava com uma tranca improvisada que era apenas uma barra de ferro velha e gasta presa entre as hastes.

Eles não tinham armas e nem nada que pudesse ser usado como, também não tinham comida, todos os equipamentos estavam na sala de música.

Agora eles se encontravam deitados no chão, a cama era o casaco de Chanyeol, Baekhyun fecha os olhos com força, não havia nenhum plano que pudesse salvá-los.

Eles estavam sem saída.

 Mas antes disso...

***

# BEAUTIFUL

 

― Você já quis acampar no colégio?  

― Acho que sim.

Os dois vagavam pelo pátio principal e deserto de um colégio. Baekhyun sempre pensou que iria sentir saudade dessa época, mas a verdade é que não teve muito tempo para aproveitar, com o “apocalipse” e tudo mais...

Mas agora era meio saudoso andar por um colégio, qualquer um, como esse, nem precisava ser um território familiar.

Já fazia algum tempo. Dias. Semanas que eles caminhavam. Era mais fácil agora que eram só eles dois, a comida durava mais e achar abrigo não era difícil, eles invadiam as casas abandonadas, as vezes ficavam por três ou quatro dias.

E depois seguiam.

Um colégio próximo parecia em bom estado, os portões da frente estavam fechados por corrente, mas era baixo, eles só tiveram que pular.

Era um bom lugar para mantimentos. Logo de cara havia várias bicicletas no bicicletario, eles ficaram pelo menos 15 minutos brincando enquanto escolhiam qual iriam levar.

No pátio nenhuma criatura errante veio ao encontro deles, nem nos corredores vazios.

― Isso não está parecendo muito fácil? – Chanyeol perguntou enquanto eles vistoriavam a primeira sala que entraram.

― Por que não encontramos com nenhum deles? Às vezes é assim.

― Eu sei, mas... sempre tem alguns deles, acho que entramos no território de alguém.

― A culpa não é nossa se eles não têm um vigia.

Baekhyun não poderia se importar menos, eles andavam evitando prédios grandes justamente pela quantidade de errantes que se aglomeravam próximo ou dentro, era muito arriscado.

Não era como se ele estivesse errado, mas Chanyeol havia jogado muito videogame para saber que quando as coisas ficam fáceis assim é porque tem algo errado.

― Acho melhor procurarmos comida, pegar as bicicletas e irmos embora.

― Ahãn.

Baekhyun não estava prestando atenção, ele parecia concentrado numa missão. Jogava todo o conteúdo de debaixo das carteiras no chão, abria as mochilas e despejava tudo sobre a mesa.

Mas era apenas livros e material escolar.

Com o resultado fraco na primeira sala eles foram olhando menos minunciosamente pelo conteúdo das carteiras e também não era em todas as salas que ainda havia mochilas, mas o conteúdo era o mesmo, cadernos e livros.

Chanyeol pega um livro caído no chão e foleia rapidamente.

― Esse é bom? – Baekhyun pergunta ao ver o mais alto perdendo tempo lendo algo, seus lábios se mexiam enquanto lia algumas linhas.

― Hm?

― O livro.

― Eu só fiquei curioso. – Ele fecha o livro. – Não é importante.

― Por que não leva?

― Nós precisamos de coisas úteis.

― Vai que precisamos das páginas para uma fogueira?

Chanyeol gira os olhos, mas coloca o livro dentro da mochila. Baekhyun sorri vitorioso.

Eles já estavam vistoriando o segundo andar, mas com exceção das bicicletas não tinha nada de útil pelas salas, apenas livros e material escolar.

― Você acha que devemos dormir aqui?

― Acho arriscado, é muito grande. – Chanyeol olha pela janela, o pátio continuava vazio e do outro lado um outro prédio do colégio com mais salas, talvez eles estivessem apenas perdendo tempo lá.

― Mas não tem nada ou ninguém.

Chanyeol não entende a insistência do outro, ele gostaria de simplesmente concordar, mas seu instinto dizia para saírem de lá, ele não costumava estar errado.

Olhou na direção de Baekhyun, pronto para dar por encerrado o assunto.

Uma decisão irrefutável.

Ele também sabia que poderia persuadi-lo facilmente, mas não era algo que ele gostava de fazer, se possível ele sempre evitou tentar influencia-lo de alguma forma.

― Wah! – Baekhyun dá um pulo empolgado.

― O que? O que?

― Uma sala de música! - Baekhyun sai correndo até o final do corredor.

Chanyeol suspira, ainda iria insistir para irem embora. Ele olha pela janela, mas dessa vez buscando o céu, ainda estava azul, talvez quatro da tarde, depois de saírem do colégio ainda precisariam de um lugar para ficar.

Mais uma hora. Pensa.

Talvez ele devesse ser mais insistente, mas era difícil, com Baekhyun tudo era mais complicado. Ele queria mimá-lo mesmo no fim do mundo.

Ele para na porta da sala, na verdade, ele trava na porta.

Baekhyun estava vestindo um blazer que provavelmente estava largado por lá, um pouco maior do que ele. Ocupava a banqueta e seus dedos tamborilavam pelas teclas e em seguida começava uma melodia familiar.

Baby Don’t Cry.

Ele toca por um minuto, de olhos fechados.

Então para de tocar e olha na direção de Chanyeol que ainda estava encostado na porta.

―  Oi, você quer usar? - Ele sorri como da primeira vez. Ele sorri como se nada estivesse errado com o mundo.

Era quase como uma viagem no tempo. Foi a primeira coisa que Baekhyun disse quando eles se conheceram, numa sala de música, tocando aquela mesma canção.

O coração de Chanyeol dispara, também como da primeira vez, mas dessa vez é menos confuso. E decide fazer o que nunca fez ou o que nunca teve coragem.

Chanyeol não continua aquele pequeno teatro.

Ele segue com uma determinação no rosto, se aproxima de Baekhyun e o beija.

Era a primeira vez.

E ele também queria ter feito isso na primeira vez em que o viu.

Baekhyun queria falar, talvez gritar e pular ou tudo ao mesmo tempo, mas não quando ele tinha tudo.  Ele tinha tudo que sempre quis. Talvez devesse até agradecer o fim do mundo.

Os lábios contra os seus eram macios. Não era diferente do que ele havia imaginado, mas era real, ele podia ouvir o próprio coração indo a mil.  E ele pensa que deveria ter esperado mais um pouco pelo primeiro beijo.

Porque sempre foi Chanyeol. Ele sempre foi a única coisa imutável no coração de Baekhyun.

Eles se levantam de onde estão, sem interromper totalmente o que estão fazendo. Com uma mão cega, Baekhyun fecha a proteção das teclas e se senta ali. Chanyeol se encaixa entre suas pernas.

― Baek.

O ar escapa dos lábios de Baekhyun como se alguém estivesse lhe roubando a capacidade de respirar. Chanyeol estava com o rosto e as orelhas extremamente vermelhas.

Baekhyun sorri. Ele encosta a testa contra a dele.

― Baekhyun. – Seu tom era uma mistura de culpa e de quem precisava falar sério. Não era sobre isso, sobre eles, Baekhyun sabia. Sabia que eles tinham que ir para outro lugar, que não deveriam continuar lá.

― Eu não quero ouvir. – Murmura o distraindo, lhe enchendo o rosto de beijos.

Eles costumavam fazer isso em algumas festas, quando os dois já haviam bebido demais, quando usavam o álcool como desculpa para ficarem mais próximos, mesmo quando nenhum deles estava de fato bêbado.

Era uma linha não cruzada.

Chanyeol abre a boca para continuar, insistir inutilmente. Baekhyun cola os lábios contra os dele e toda e qualquer força de vontade se esvai. Se o mundo estava acabando ou não, pelo menos eles estavam juntos.

Também não era para ser desse jeito, o primeiro beijo deles ou eles. Mas agora não haveria mais chance de primeiros encontros...

As mãos de Chanyeol empurram o blazer dos ombros de Baekhyun.

E o sol se põe.

***

― Você conseguiu, nós vamos acampar aqui.

Baekhyun abre o melhor e maior sorriso que possuía. É claro que eles iriam acampar no colégio.

Eles invadem mais uma sala de aula, depois de dois andares vasculhados, eles conseguem apenas um pacote de amendoim e alguns sucos de caixa que não estavam vencidos.

Parecia ser o máximo que iriam aproveitar do lugar.

― Um walkman! – Baekhyun tira um aparelho do fundo de uma mesa.

Era um clássico dos anos 90, um modelo cinza da SONY, ele aperta um botão no painel de cima e a pequena caixa se abre, estava com uma fita dentro.

― Entramos numa máquina do tempo? – Chanyeol ri. – Que incrível.

Baekhyun aperta o play, mas nada acontece.

― Ah eu não acredito, está sem pilha. Onde vamos conseguir pilhas?

Chanyeol ri ainda mais, é claro que no fim do mundo a maior frustração do ser humano é conseguir pilhas.

― Nós passamos por vários lugares e não vimos nada. – Ele continua confortável de onde estava, sentado sobre a mesa do professor, com um giz na mão enquanto rabiscava o quadro.

― Talvez na sala dos professores. – E sai correndo para o andar debaixo.

Chanyeol gira os olhos e termina de desenhar um coração.

 ***

Baekhyun desce correndo os degraus como se estivesse familiarizado com o lugar, uma lanterna em mãos e o walkman na outra, ele empurra a porta da sala dos professores, deveria ter alguma coisa lá, talvez um relógio ou uma calculadora.

Um mecanismo estava preso na porta. Imperceptível, pois era na parte de dentro.

E um alarme dispara.

― O que diabos!?

Ele entra na sala e só consegue parar o som quando joga uma cadeira contra o dispositivo, mas era tarde demais.

Dava para ouvir a respiração e os grunhidos dos errantes. De onde haviam surgido?  A janela que dá para pátio é possível vê-los caminhando em direção ao prédio.

― Chanyeol!

Eles se esbarram no segundo andar, com Baekhyun subindo e Chanyeol descendo as escadas.

― O que aconteceu?

― Nós temos que ir! Nós temos que ir agora!

Baekhyun o agarra pelo braço, para continuarem o lance de escadas, para seguirem para o pátio e pular o portão de entrada, mas eles param.

O primeiro andar está com tantas criaturas que elas se chocam contra elas mesmas. E as primeiras que notam a presença deles começam a subir as escadas.

Era a personificação de pesadelos. Garotos e garotas, como eles, uniformizados marchando com fome.

― Corre!

Eles sobem e continuam a subir.

― Alguma saída de emergência?

― Só se for a janela!

Eles continuam a subir, no último andar um último lance de escadas até que eles chegam na cobertura. A porta bate, mas não se fecha.

Os dois se olham em pânico.

Dois errantes entram.

Chanyeol corre para segurar a porta, olhando desesperadamente para alguma trava que eles pudessem não ter percebido. Nada em cima. Nada em baixo.

Os errantes caminham na direção de Baekhyun. Dentes batendo.

Ele não tinha uma arma, sequer tinha aquela pistola ou uma faca. Ele recua até bater contra a mureta.

― Baek!

Em sua mente apenas as notas de Baby Don’t Cry se repetiam. Sim, a primeira vez, ele não participava de nenhum clube de música, mas naquele dia a sala estava vazia e o piano era tão bonito, ele sempre quis entrar e tocar.

Ele costumava tocar em casa, era apenas um hobbie, algo para passar o tempo. Sequer percebeu que ficou ali por mais de um minuto, quando abriu os olhos, um garoto alto, de óculos e cabelo bagunçado o olhava surpreso.

 

Ele costumava estar ali. Naquele piano ou tocando violão.

 

Baekhyun já tinha o visto algumas vezes.

 

― Oi, você quer usar?

 

― Não, pode ficar à vontade. – O rosto dele fica vermelho, a ponta das orelhas também. Baekhyun sorri imediatamente.

 

― Me desculpe, acho que eu nem deveria estar aqui, eu sou do--

 

― Do clube de hapikdo.

 

― Oh. Você assiste minhas partidas?

 

Ele assente.

 

Baekhyun abre os olhos. A criatura encosta a mão em seu ombro. Ele a agarra pela camisa e o arremessa no chão. Outra se aproxima, ele a chuta bem na altura do peito, ela teria perdido o fôlego se estivesse viva, mas aqueles eram serem incansáveis, ela volta batendo os dentes com mais fome.

Um chute alto, seguido de um chute baixo. A criatura cai de costas no chão, o barulho de osso contra o concreto faz um estalo alto, seu ombro parece ter se deslocado com a queda, mais possivelmente já estava fraturado.

Baekhyun recua alguns passos, seu pé escorrega em algo no chão e ele tropeça.

A criatura agarra seu calcanhar, ele tenta chutar, mas seu corpo está tremendo. E o medo toma conta de um melhor julgamento ou capacidade de agir.

Sua mão tateia o objeto no chão, era longo, fino, uma barra de ferro, talvez uns 40cm.

Era o bastante.

A boca se fecha em seu sapato, ele não conseguiria morder, o bico era emborrachado, o solado era grosso.

Ele gira o bastão e o afunda na cabeça do errante.

— Baek!

Chanyeol está tentando segurar uma porta e é possível ver mãos e dedos escapando, se todos conseguirem passar então eles não terão mais para onde fugir.

— Droga.

Ele arranca o bastão e corre até a porta e o deixa como uma tranca, entre os dois puxadores. Talvez seja o bastante, talvez não, mas por enquanto teria que servir.

As pernas de Chanyeol fraquejam, ele cai pro lado assim que a porta é de alguma forma selada.

Baekhyun decide se livrar do último. Ele caminha em sua direção, seu pé esquerdo rasteja, visivelmente quebrado, o sapato se perdeu há muito tempo. Quando ele se aproxima o bastante, Baekhyun o arremessa da cobertura.

É possível ouvir o grunhido de vários errantes lá em baixo e os que ainda lutam contra a porta de acesso.

Baekhyun cai sentado no chão.

Chanyeol faz um sinal de ‘ok’ com a mão.

***

—Alguém ativou o alarme. 

Kyungsoo sorri.

— Já não era sem tempo. – Suho pressiona um botão no rádio. – Xiumin, reporte.

De onde eles estavam não dava para ver a situação, mas eles podiam ouvir e estrategicamente haviam olhos no colégio, numa parte segura.

— Xiumin na escuta, o alarme foi disparado, mas...

— Nós estamos com uma pequena situação aqui... – Outra voz.

— Chen, Xiumin, o que aconteceu? – Suho troca um olhar preocupado com Kyungsoo.

A armadilha na sala dos professores não era um plano infalível, mas serviria para diminuir o efetivo deles, ainda que conseguissem fugir eles teriam baixas.

Era um plano de casualidades.

— Não são eles. — Jongdae anuncia.

— O que? - Kyungsoo se levanta. – Sabe como deu trabalhar montar aquilo? Não dá pra prender todas aquelas coisas de novo.

Suho suspira.

— Quantas pessoas?

— Duas. – A voz é de Minseok.

Eles poderiam viver com isso. Era um plano de casualidades afinal, imprevistos acontecem.

— Eles não devem ser mais velhos do que a gente. — Jongdae estava sério, ele viu os dois correndo e passando perto das janelas.

— Nós estamos indo para o ponto de encontro, não façam nada.

— Copiado.

Kyungsoo estava de braços cruzados. Suho gira a chave do carro nos dedos.

— Nós temos que ir. – Se levanta pegando uma mochila.

— Não é que eu não queira salvá-los, mas...

— Vamos avaliar a situação primeiro, se eles não conseguiram sair do prédio então não tem para onde fugir, as portas não trancam, lembra?

Suho liga o carro, o mostrador indicava que em breve eles precisariam abastecer, o que para eles significava que precisariam ir atrás de um veículo novo, por sorte eles não estavam longe de um lugar com muitas opções.

***

— Ele atirou um deles lá do alto! – Jongdae observa completamente incrédulo enquanto a cena acontecia, parecia ser em câmera lenta.

— O que ele usou para fechar a porta? – Minseok aperta os olhos no binóculo, mas não dava para ver.

Já estava escuro e a qualidade da visão noturna do objeto era questionável.

A porta da cobertura se abre e Suho e Kyungsoo aparecem, Minseok e Jongdae se afastam do campo de visão do outro prédio. Os dois sobreviventes estavam deitados no meio do chão.

— A que conclusão chegamos? – Suho pergunta de braços cruzados.

— Eles conseguiram se livrar dessa, acho que merecem uma ajuda. – Jongdae estava impressionado.

— Não eram eles que nós estamos atrás, eles não deveriam pagar por isso. E também não é nada impossível tirá-los de lá.

— Se todos concordam. – Kyungsoo dá de ombros.

— Ok, então. Kyungsoo prepare a nossa rota de fuga, Minseok pegue o equipamento.

— Nosso ponto de encontro é a sala E do terceiro andar. – Disse antes de deixar a cobertura junto com Minseok.

— Testando, D.O na escuta? – Suho o chama pelo rádio.

— Positivo. – Ele responde pelo canal de transmissão. – Segue para Xiumin.

— Operante.

— Ok e agora? – Suho prende o rádio no cinto e olha para o outro prédio.

— Esperamos Minseok voltar. – Jongdae se debruça no parapeito.

A noite é gelada, o vento traz uma corrente fria que bate no rosto e faz com que as bochechas fiquem vermelhas. Jongdae solta o ar gelado pela boca.

— Devo agradecer a você por querer salvá-los? – O mais velho pergunta o abraçando. Ele apoia o queixo em seu ombro.

— Minseok tem razão, nós não podemos desistir das pessoas.

— Zitao...

— Ele é diferente, nós só arrumamos isso tudo por causa dele, pena que não deu certo. – Jongdae olha para baixo e para a movimentação no outro prédio.

— O que você acha que aqueles dois estão conversando? – Mas o olhar de Suho era nos dois sobreviventes que estavam deitados no chão e encarando as estrelas.

— Talvez sobre a vida, como a gente.

Jongdae se vira, costas batendo na mureta, ele envolve o pescoço de Suho.

— Tem um mar de errantes lá em baixo e você quer me beijar? – Ele tenta não soar como se fosse contra a ideia.

Era apenas um tanto...

— Por que não?

— De fato, por que não... – Ele não tinha uma resposta, não para isso. Algumas coisas na vida não precisam de um motivo.

Como eles.

— Então me beije como se eu fosse o último homem na terra.

Não era um pedido e não soava como. Suho apenas sorri antes de ceder a mais uma das vontades do mais novo.

***

—Nós devemos discutir nossas possibilidades? – Baekhyun ainda tentava recuperar o fôlego. Seu peito subia e descia como se tivesse corrido uma maratona, como se ele não estivesse acostumado a correr pela vida.

— Elas não me parecem muito promissoras. – Chanyeol ri sem vontade.

Na porta, criaturas ainda se empurram e algumas mãos ainda escapam pela pequena abertura.

— Eu sempre quis acampar no colégio. – Baekhyun quer rir da situação, mas ele estava cansado.

— Como está sendo a experiência?

— Parece uma prova de coragem.

Eles estão sozinhos no colégio, é noite e tem criaturas atrás deles, mas não é uma brincadeira. Os demônios são reais e eles não tem para onde correr.

— Você é o mais corajoso Baek. – Chanyeol quer animá-lo, porque é a única coisa que ele pode fazer dada a situação. Céus, ele lutou desarmado contra criaturas que comem seres humanos.

Eles dão as mãos.

— Eu quero proteger você.

Chanyeol aperta a mão dele.

Baekhyun se ajeita contra o corpo do mais alto, os dois ocupando um casaco que forrava o chão como se fosse confortável.

***

Kyungsoo entra no carro e ocupa o assento do motorista enquanto Minseok mexe numa mala no banco de trás.

— Se alguém aparecer, se eles aparecerem, você vai ligar o motor e ir embora, ok? – Ele pousa a mão no ombro do mais novo e sua mão pesa tanto quanto suas palavras.

— Eu sei. – Kyungsoo aperta o volante.

Minseok tem que tomar cuidado ao retornar para o colégio por conta da quantidade de criaturas que vagam pelo pátio, a maioria está concentrada no prédio principal por conta do barulho e pelas duas pessoas presas na cobertura.

O prédio da frente ou o prédio anexo era onde Suho e Jongdae estavam aguardando. Havia uma escada de emergência externa na parte de trás, por precaução, containers fechavam o espaço entre o prédio e muro do colégio para evitar que errantes chegassem naquela parte.

A escada pára no último andar, ele tem que seguir pela parte interna do prédio para chegar na cobertura.

Jongdae e Suho parecem ocupados contra uma parede. Minseok não se surpreende com a cena, apenas gira os olhos.

— Hãn. – Ele limpa a garganta. – Vocês são péssimos vigias.

O mais novo não tem a decência de se afastar completamente. Ele continua praticamente colado em Suho.

— Não tem nada que a gente possa fazer se aquela horda invadir, do que que adianta ficar de vigia?

Minseok desiste e encara Suho que deveria ser responsável.

— Fez sentido quando ele falou assim...? – Sua desculpa é péssima.

Ele joga a mala com os equipamentos no chão: Corda, mosquetão, assegurador entre outras coisas.

— Eles vão atravessar quinze metros numa corda? – Jongdae olha incrédulo do equipamento para Minseok.

— Me desculpe, eu não sabia que deveria ter ido até o shopping comprar um kit de slackline.

Suho suspira.

— Eles vão ter que se virar. – E começa a esticar a corda. – Onde vamos amarrar?

— Tem antenas nos dois prédios, vai ter que ser na base. – Minseok aponta para o objeto que fica no alto da cobertura.

— Isso é seguro? – Jongdae faz uma careta.

— Não.

Suho junta as mãos que Jongdae usa de apoio para subir até a antena. Ele tenta fazer o melhor que consegue, pelo menos não parece que a antena iria se romper com o peso de alguém e com sorte nem o nó.

— Agora só precisamos lançar o restante até o outro prédio e eles só tem que amarrar e atravessar.

Os três olham para a distância do outro prédio. Ninguém disse que seria uma tarefa fácil.

***

Agora...

— Eles precisam ser acordados, não vou correr o risco e arremessar e acertar um deles, eles estão bem no meio...

Minseok joga o arpão de uma mão para outra. Ele ainda teve que voltar no carro para achar algo que servisse.

Jongdae puxa um megafone do bolso lateral da mala.

— Isso é o bastante?

— Isso vai trazer aquelas criaturas para esse prédio e nós também precisamos sair. – Suho cruza os braços. – Eu não vou fazer rapel.

— Temos bloqueio de cadeiras pelas escadas em todos os andares, isso deve segurá-los. – Minseok tenta se confortar com a própria ideia. – Na pior das hipóteses nós nos trancamos aqui e vamos ter que fazer rapel.

Jongdae liga o aparelho.

— Atenção, casal de idiotas.  


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