Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 18
Hospital Drama


Notas iniciais do capítulo

#morte #monstax



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— Ei. – Sehun sentou ao lado de Baekhyun. – Por que isolado?

— Estou tentando não pensar nessa missão. Yixing me contou algumas coisas, mas não é seguro.

— Kai também sabe de algumas coisas.

Baekhyun o olhou surpreso por alguns instantes, mas logo assentiu. Claro que Sehun saberia de mais detalhes do que eles, mas era reconfortante de alguma forma. Ele não queria puxar Minseok pelo braço e começar a enche-lo de preocupação.

— Eu não quero ir. – Confessou apertando a louça. – Eu não quero mais me arriscar por pessoas estranhas. – Ele pensou no primeiro grupo, nas pessoas debilitadas que Chanyeol decidiu salvar, de como só eles saiam para pegar suprimentos, indo cada vez mais longe.

Sehun segurou a mão dele.

— É só mais uma prova estúpida, depois nós estamos por nossa conta, nós poderemos ir para a praia, esse era o plano, certo?

Baekhyun balançou a cabeça negativamente.

— Eu sonhei com uma baleia. - Baekhyun falou como uma confissão, baixo e talvez para si mesmo, ele mexia na comida de um lado para o outro. Sehun entendia o sentimento, ele estava com fome, mas não conseguia comer. Ele riu incrédulo de suas próprias palavras, como se fosse algo absurdo.

Como se o maior absurdo não fosse toda a situação em que eles se encontravam.

— Sabe qual foi a última vez que isso aconteceu? - Continuou olhando na direção de Sehun. - Com Chanyeol, no terraço do colégio. E Chanyeol morreu.

Sehun ainda não sabia o que dizer, ele procurou em algum lugar em sua mente, o que ele entendia sobre sonhos, mas a verdade é que nunca parou para pensar a respeito ou nunca se interessou pelo tema, ele desejou que sim, para que tivesse algo verdadeiro para reconfortar Baekhyun.

De alguma forma ele sentia que devia isso a ele. Que devia qualquer coisa que ele pedisse. E ele pagaria de bom grado, se isso fosse lhe trazer algum conforto.

— Você não pode pensar dessa forma. - Luhan teria dito isso, Luhan teria dito algo positivo. Sehun sentia apenas um grande vazio em seu peito, mas ele precisava esticar a mão para Baekhyun.

Afinal era sua culpa.

— Você tem o Lay, não tem?

Baekhyun olhou na direção do chinês como se estivesse com dor. E Sehun sentiu uma pontada em seu peito. Ele entendia, ele queria dizer que entendia, de verdade.

— Mas eu sonhei com a baleia, e se ele morrer? E se depois de tudo que passamos, ele morrer? 

Sehun se lembrou de como ele enfrentou parte dos errantes, de como seus pés se moviam. A chance era pequena, mas qual era a chance de Chanyeol ser transformado? Esse mundo não trabalhava com probabilidades, trabalhava com sorte.

Sorte de não encontrar com um maníaco com um posto de defesa, sorte de não encontrar psicopatas, sorte de não encontrar um grupo egoísta.

Sehun não podia dizer "isso não vai acontecer". Ele olhou para Minseok, que era a única pessoa que ele conhecia antes disso tudo. Pensou em Kyungsoo que havia encontrado uma garota de seu colégio, que conhecia Taemin e Kai. No final, as pessoas antes mais próximas pareciam as mais distantes.

Era algum mecanismo de defesa. Ele nunca teria se afastado de Luhan, assim como Baek nunca se afastou de Chanyeol. 

 

—/-

 

Changkyun estava parado olhando para a longa mesa de reunião que estava coberta de armas. Armas de longa distância seriam inúteis num corredor de hospital, mas uma arma de fogo iria atrair os que já estavam lá dentro e fazer com que os de fora também se aglomerassem. Era uma última opção, mas era necessário.

— Nós temos um piloto. - Kihyun comentou encostado na porta. É claro que Changkyun já sabia disso, todos eles sabiam, o garoto chinês. Ele não confiava em nada disso, num estranho ou no próprio helicóptero, mas não havia outra opção. 

Eles já haviam tentado por terra e era impossível, e agora não havia mais tempo.

— O garoto é o piloto, eu, Hoseok, Minseok, Kai e Baekhyun? 

— Changkyun, Hoseok, Lay, Minseok, Kai, Baekhyun, Kyungsoo e eu.

Changkyun parou o que estava fazendo e olhou na direção de Kihyun, mas ele não estava brincando. Ele nunca brincava.

— Você não sai para missões desde Jooheon.

— É tudo ou nada, não é? Além disso, eu não vou deixar vocês dois como minoria.

— Nós continuamos em minoria. Não pode mandar Shownu?

— Desde quando Hyungwon iria deixar que isso acontecesse?

Quando porcos voassem, era quando. Shownu sempre foi o guarda-costas de Minhyuk a pedido de Hyungwon e também era um atirador, se houvesse qualquer problema quando o grupo estivesse fora, ele daria conta.

Mas ainda mais que a ideia de que todos seguiriam para essa missão, quanto mais pessoas andando por um corredor estreito de hospital.

— Eu achei que ele tinha um esquilo lá em cima. - Changkyun assumiu uma pose mais relaxada, mas seus punhos estavam cerrados.

— Pff. Tem um Sikorsky de 12 passageiros.

Kihyun pegou algumas armas, testando o peso, ele odiava armas de fogo, faziam barulho, era desconfortável de carregar e elas podiam travar, era isso que havia acontecido com Jooheon.

— Eu não quero que você vá. - Changkyun segurou o braço de Kihyun, aproveitando que o mais velho estava de costas, eles haviam deixado pra trás toda a formalidade que esse novo mundo não cobrava.

— E eu não quero te deixar ir sozinho.

Jooheon estava morto, depois disso as coisas ficaram bagunçadas por um tempo, até que eles começaram a caçar outras pessoas para as missões, até que Hyungwon decidiu que não valia a pena sacrificar seus próprios amigos, que qualquer um estaria disposto a se arriscar para ter um teto seguro e comida.

Ele vendia segurança e as pessoas compram em seu desespero. Não era diferente do mundo de negócios.

 

—/-

 

A primeira vez que o grupo encontrou com Hyungwon, ele estava os aguardando numa sala de reunião, ele vestia um conjunto de roupa social completo, mas considerando que era um prédio comercial, provavelmente não havia nada diferente para eles.

A falta de maquiagem o deixou mais sério e um pouco diferente das revistas, ele sustentava um olhar firme, o tipo que tem coragem de puxar o gatilho.

Um mapa estava aberto numa apresentação.  Shownu estava do lado de fora da sala, Kihyun, Hoseok e Changkyun estavam sentados.

Minseok sinalizou para o grupo se sentar. Kai parecia o mais confortável e cumprimentou Hoseok e Changkyun.

— Eu queria agradecer por estarem aqui, mas isso não é um favor, então não vamos fingir. - Ele olhou na direção de seu próprio grupo, a única pessoa com um poker face perfeito foi Kihyun.

— A distância é de 100km, dá 20min voando e 20min voltando. O Sikorsky cobre até 558km, então isso não é um problema. O combustível, no entanto, não cobre os 558km, então não pense que pode mudar a rota. 

Yixing não pareceu preocupado.

— Não temos um mapa do hospital, então será instintivo, vocês vão agora cedo para voltarem ainda com sol, eu não acho que você confie nas suas habilidades para pousar à noite, sem instrumentos.

Yixing balançou a cabeça negativamente.

— Ótimo.

O restante do grupo se perguntou se eles deveriam falar algo, Hyungwon não deixava abertura e não parecia interessado em nada.

— Como eu disse, não vamos nos enganar. Eu preciso das seringas, depois disso vocês podem ficar mais um dia se quiserem, então podem ir embora.

— Com as nossas armas. - Sehun afirmou.

Hyungwon girou os olhos.

— Claro, com as suas armas.

Ele parou atrás de Sehun e colocou uma mão em seu ombro, a mão apertando seu ombro, Sehun não reagiu instintivamente, mas olhou na direção de Kai e Minseok. Minseok estava apertando a mesa, quase selvagem. Kai estava tomando chá despreocupadamente.

Acabou respirando fundo e tentou relaxar. Hyungwon deu um tapinha amigável em seu ombro e continuou parado atrás de si.

— Sehun vai ficar conosco.

O comentário o fez virar o corpo na direção dele.

— Ele quis dizer durante a missão. – Kihyun explicou girando os olhos quando o grupo ficou rapidamente agitado.

Hoseok teve que puxar a faca de pão de perto de Minseok.

— Eu sou o melhor atirador. – Sehun justificou, estreitando os olhos. Hyungwon apenas ergueu a sobrancelha. – Oh.

Não era uma missão que precisasse de baixas, eles precisavam apenas achar as seringas rapidamente e ir embora. Sehun poderia facilmente se livrar do grupo deles.

— Sehun vai ficar. – Kai comentou ainda relaxado. – Minhyuk vai ficar bem.

Ele escolheu as palavras com cuidado e pareceu ser o bastante, Hyungwon estava satisfeito e rapidamente entrou em mais detalhes técnicos que aparentemente só Kihyun e Lay estavam acompanhando.

Minseok olhou na direção de Sehun que assentiu com um sorriso discreto. Mas assim que o mais velho voltou a atenção para outro lugar, Sehun permitiu que a preocupação tomasse conta de seu rosto, Kyungsoo ainda estava machucado, Baekhyun estava uma bagunça, era uma péssima ideia.

Kai era o único que parecia confiante, até Changkyun e Hoseok estavam trocando olhares.

—/-

O helicóptero era espaçoso, Lay não precisou pedir que todos ficassem em silêncio, Kihyun era seu co-piloto, o tempo não era favorável, o céu cinza, um pouco de névoa, todos estavam apreensivos.

Antes de partirem, Sehun abraçou Minseok, o líder teria estranhado a súbita demonstração de afeto, mas ele sabia que ele queria dizer algo.

— Traga todos de volta, você também hyung.

Minseok sorriu olhando para o garoto que lembrava um pouco o Sehun antigo.

— Se comporte.

Kai não se aproximou de Sehun, apenas ficou olhando em sua direção, eles conversaram silenciosamente. Kai se aproximou de Baekhyun enquanto Yixing conversava com Kihyun.

Lá do alto era possível ver como a parte controlada por Hyungwon era vazia de errantes, como o plano de contenção funcionava, passando a linha circular, as ruas estavam cheias.

Era o caos que eles conheciam e vinham fugindo.

Kai segurou a respiração, era como Exodus de novo, correr para um lado e esbarrar com errantes ou com pessoas desesperadas que iriam jogá-lo na direção dos mortos para poderem se salvar.

— Parece que você vai passar mal a qualquer instante. - Baekhyun comentou abrindo os olhos e olhando na direção de Kai.

O dançarino fechou o olho com força, o outro ainda escondido por um tapa-olho.

— Talvez eu tenha medo de alturas.

— Eu duvido. – Baekhyun sorriu.

Kai sorriu de volta, ele olhou para o lado, mas se lembrou que Sehun não estava ali, ele estava a salvo. Se tudo desse errado, ele estaria bem, e talvez essa fosse a única certeza que ele precisava para seguir na missão suicída.

— Isso é mesmo necessário? – Lay perguntou baixo, seus olhos não desviavam do horizonte.

— Digamos que é uma medida preventiva, eu me sinto mais confortável assim. – Kihyun esclareceu.

A arma ainda apontada na direção de Lay, fora do alcance da visão dos outros.

— Eu posso imaginar como os outros grupos coperaram com vocês.

— Todos chegamos num acordo que beneficiava a todos. Não somos uma instituição de caridade.

— Mas aquele prédio poderia salvar vidas, vocês poderiam estar salvando parte da população.

— Nós não somos os caras ruins, ok? – Kihyun resmungou deixando a arma em seu colo. – Quando isso tudo começou, nós tentamos, não foi fácil organizar as barreiras pela cidade, você acha que é só um trem circular que faz com que os errantes fiquem ocupados? Nós fechamos as outras saídas, se vocês querem ir embora, vão ter que voltar pelo caminho por onde entraram. Nós tinhamos pessoas, engenheiros, todo mundo se dedicou àquele projeto.

— Não estou julgando, de verdade. – Ele olhou rapidamente para Kihyun, talvez para fazê-lo entender. – O plano de vocês é bom e funcional, eu entendo que não é tão simples como colocar grupos estranhos dentro de casa. – Pensou no tempo que ficou preso, sem poder se mexer, comendo qualquer coisa que fosse oferecido;

Ele nunca teria confiado num grupo novamente, se Baekhyun não tivesse aparecido. Se ele tivesse saído de lá sozinho, nunca mais.

O hospital ficava fora da zona de controle, pela janela dava para ver alguams ruas cheias. O helicoptero pousou sem maiores problemas.

— Uma hora deve ser tempo o bastante. – Kihyun anunciou para o grupo.

— O barulho certamente vai atrair mais deles. – Changkyun completou se colocando ao lado do mais velho.

Hoseok cruzou os braços e ficou por último.

Changkyun foi na frente com Kai. Ele puxou a trava, não foi preciso abrir a porta, pois várias mãos escaparam, eles pularam para trás se chocando com Baekhyun e Kihyun, Minseok e Kyungsoo caíram no chão com o grupo se jogando com força para trás.

O barulho realmente atriu os errantes até o topo, eles bloqueavam a escada, com a porta destravada, eles saíram.

Changkyun não perdeu tempo em puxar a arma e começar a atirar.

— Nós vamos ficar cercados aqui em cima! – Kihyun gritou recuando e atirando também.

— Plano B, plano B! – Hoseok gritou chutando as pernas de um errante idoso.

Baekhyun e  Kai correram para a beirada da cobertura e prenderam os ganchos. Baekhyun já havia feito isso antes, mas dessa vez não seria um slack-line. Era um rapel sem tempo de vestir a corda de segurança com o mosquetão.

— Descer e quebrar os vidros. – Kyungsoo gritou dando um puxão na corda e testando o cabo.

Os errantes continuavam entrando. Changkyun e Kihyun estavam gastando toda a munição e os carregadores extras. Lay estava fazendo seu kung fu com uma barra de ferro, mas não seria o bastanta para segurá-los.

Não parecia ter fim os errantes entrando, eles estavam começando a recuar para além do helicoptero, e só tinha um jeito de voltar. Eles teriam que descer para o próximo andar, pegar o que precisavam e retornar pela escada.

Eles teriam que limpar o andar.

Baekhyun soltou o ar pesado, ele lembrava do colégio, de como ele conseguiu sair, mas Chanyeol ficou para trás, Suho foi ajudá-lo.

Não havia mais Chanyeol ou Suho.

Lay jogou o bastão contra três enfermeiras que vinham batendo os dentes e parou na frente de Baekhyun, o sacudindo pelos ombros.

— Baek. – O tirou do transe. – Desça primerio a corda.

— Yixing... – Baekhyun segurou a mão dele com força. – E se isso não der certo? O que nós vamos fazer? Eu não quero isso de novo.

Lay olhou nervosamente por cima do próprio ombro, e então para a crise de pânico que Baekhyun estava enfrentado.

— Desça, por favor. – Pediu no tom mais gentil e controlado e conseguiu. – Eu vou logo atrás.

— Não. Você é o piloto, você é o mais importante. – Lay abriu a boca para retrucar. – Yixing, por favor.

Ele não discutiu, o tempo deles estava acabando e não havia cordas para cada um deles, havia apenas duas e elas não foram colocadas uma exatamente ou lado da outra.

Na outra corda, Kai desceu primeiro e Kyungsoo logo atrás, ele seria mais lento por causa de seu ombro. Lay não discutiu, desde que Baekhyun fosse logo depois.

— Nós estamos sobrando aqui. – Changkyun resmungou recuando mais uns cinco passos. – Kihyun, vai logo.

Hoseok sinalizou com a mão para que o amigo recuasse até as cordas.

Kihyun olhou para baixo. O hospital era alto, talvez uns seis andares. Ele respirou fundo, nunca havia feito isso, não havia segurança, não havia...

O outro grupo era cheio de loucos, essa era a diferença de pessoas que sobreviviam ao mundo e deles que tentavam controlar tudo.

Eles estavam errados. O plano estava todo errado. Kihyun apertou a corda com força, os pés cruzados para poder deslizar pela corda. Era como no colégio, mas não havia um colchão embaixo.

Essa era a vida nesse mundo, queda livre, e quem não estava ponto para pular não tinha lugar.

 

—/-

 

Kai não precisou quebrar o vidro, pois a janela estava aberta. Ele entrou no quarto e ajudou Kyungsoo.

— Como está o seu ombro? – Perguntou esticando a mão, mas não chegou a tocar.

— Dói. – Admitiu o encolhendo um pouco. – As vezes acho que é psicológico.

Kai assentiu, ele não tinha mais um olho, não dóia, mas as vezes ele acordava gritando como se alguém estivesse o arrancando. As vezes ele via Taemin se aproximando, as vezes Sehun.

Changkyun entrou se jogando com mais força que o necessário. Hoseok apoiou os pés no parapeito e entrou sem muita dificuldade.

— Só vocês aqui? – Changkyun perguntou olhando para os lados.

— Os outros devem ter ficado com a outra corda. – Hoseok comentou entrando por último.

— Vocês já olharam o quarto? – Changkyun perguntou abrindo o armário e mexendo nas coisas.

Era um quarto de enfermaria, com armáio, mesinha, sofá, cama e aparelhos, felizmente não havia ninguém nele.

— E a munição? – Kai perguntou para Hoseok.

— Já era, nós gastamos tudo. – Disse puxando o gatilho que fazia apenas barulho.

Changkyun assentiu. Eles não precisavam dizer que estavam ferrados. Num lugar desconhecido, sem munição e apenas com armas de pouco alcance, quando eles haviam acabado de passar por um mar de errantes.

 

—/-

 

Lay teve que quebrar o vidro para cair dentro da sala, ele rolou pelos cacos, Baekhyun veio felizmente sem dificuldade.

— Yixing... – Ele não teve tempo de continuar, pois o vidro quebrando, fez com que os errantes do corredor se aproximassem, eles bateram nas paredes de vidro sujando ainda mais de sangue.

Com o tempo cinzento, o ambiente estava escuro, os corredores do hospital estava um verdadeiro black-out, eles gastariam muito mais de uma hora para fazer o circuito de volta.

— Vocês estão bem? – Minseok perguntou colocando a mão sobre o ombro deles.

Kihyun foi o último a entrar, suas pernas tremiam. Ele olhou nervosamente para os lados, Changkyun e Hoseok não estavam ali.

Ele engoliu em seco, sentindo o peso de ser a minoria.

— Nós temos que liberar a escada para voltar para o helicoptero, precisamos achar o depósito e pegar as seringas. – Minseok começou no seu modo de líder.

Baekhyun tirou uma lanterna do bolso.

— Abra a porta, eu consigo derrubar os que vão entrar. – Lay se posicionou num canto.

Kihyun olhou para os lados tentando se fazer útil, mas ele não sabia o que fazer, suas mãos tremiam tanto que ele não sabia se conseguiria segurar a lanterna.

Ele não estava preparado para isso.

 

—/-

 

— Pessoal... – Soo chamou atenção do grupo quando eles saíram do quarto. – Como nós vamos nos encontrar com os outros?

O quarto ficava no canto, havia uma parede, não era um corredor de dois lados como dava a impressão, as cordas foram posicionadas em pontos diferentes e ninguém entendia o mapa do hospital.

Kai girou a lanterna para os lados, havia mais quartos, havia barulho de errantes se arrastando, havia papéis espalhados por todo o chão junto de prontuários derrubados, líquidos grudentos, era fácil de escorregar.

— Provavelmente vamos ter que ir para o final do corredor. – Hoseok apontou para o único caminho que eles poderiam fazer.

— Estamos numa ala privada. – Changkyun comentou encostado no balcão de recepção do andar. – É por isso que não tem saída, nós temos que atravessar as portas do corredor, vamos cair no corredor central do hospital que deve estar com errantes.

Kai e Soo franziram o cenha.

— O que? Vocês nunca ficaram internados?

Kai e Kyungsoo trocaram um olhar, a única coisa que eles conheciam era a enfermaria do colégio.

— Aqui deve ter o que precisamos! – Hoseok foi atrás do depósito, ele abriu uma porta de madeira, o lugar estava extremamente escuro, mas ele sabia que era ali, ele deixou a lanterna apontada para o chão, havia várias estantes de metal com caixas e mais caixas de máscaras, luvas, vários tipos de seringa e outros equipamentos.

—Hoseok, espera! – Changkyun se virou para ir atrás dele.

Hoseok gritou, e então barulho de metal se chocando e coisas caindo. Kai e Soo imediatametne se posicionaram. Changkyun tentou abrir a porta, mas ela estava barrada, havia mais de uma estante caída, bloqueando a passagem.

— Hoseok!

Grunhidos, mais de um. Kai forçou a porta com seu corpo, mas ela nem se mexia, Changkyun ainda estava gritando e Kyungsoo achou melhor olhar para trás e se certificar de que o barulho não iria atrair mais errantes.

A mão ensanguentada de Hoseok ficou visível, ele empurrou alguns pacotes de seringa.

— Hoseok! – Changkyun segurou a mão do amigo.

— T-tem errantes aqui, presos. – Sua voz saiu trêmula. – Eu também estou preso.

— Vamos arrombar a porta, vamos tirar você daí. – Não havia confiança em sua voz.

— Eu consegui as agulhas, foi fácil, ne? Rápido. – Ele riu. – Eu queria que o resto fosse mais rápido também.

— Hoseok...

— Se eu sair, eu vou atrás de vocês, eu não quero isso, pode fechar a porta, está tudo bem.

— Não. – Changkyun apertou a mão dele. – Como isso foi acontecer? Estava tudo bem, deveria ficar tudo bem...

— Kihyun deve estar assustado... vá atrás dele e caiam fora daqui.

Kai balançou a cabeça negativamente, Kyunsoo olhava ansiosamente para trás. Nada disso deveria ter acontecido.

Ele lembrou de Jongdae, de Suho.

Kai tirou uma arma que estava escondida, ele empurrou na direção de Hoseok.

— O que está fazendo? – Changkyun o agarrou pela camisa.

— Ajudando.

Soo colocou as mãos sobre os ouvidos.

— Obrigado.

A mão de Hoseok escapou da de Changkyun e antes que o amigo pudesse dizer algo ele fechou a porta e puxou o gatilho.

— O que você fez!? – Changkyun empurrou Kai contra o chão.

Kyungsoo se encolheu onde estava. Changkyun e Kai ainda gritavam um com o outro, o sangue começou a escorrer pela fresta da porta.

— Nós salvamos você! Hoseok salvou a sua vida!

Kai olhou para a porta fechada, ele não iria virar um deles, como Taemin, como Chanyeol. Sehun que estava seguro, era o bastante.

Ele não estava errado.


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