Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 19
Acima do céu cinzento


Notas iniciais do capítulo

Trigger: #MonstaX



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─ Eu espero que todos os seus amigos morram.

Hyungwon virou o rosto na direção de Sehun que encarava o chão fixamente. O líder no entanto, não parecia afetado com a birra de uma criança em desvantagem.

─ E você já viu a definição de psicopata no dicionário?

─ Que tal do cara com um plano egoísta? – Ele ergueu o rosto, os olhos brilhando de raiva.

Hyungwon sustentou o olhar.

─ Vocês chamaram de Exodus, não é? Eu não acredito em salvação, eu acredito em inteligência e salvar os meus amigos.

─ Não, você só está sacrificando qualquer um para manter o seu namorado vivo. Adivinha? Ele está quase morto.

Hyungwon se colocou de pé como se fosse avançar, mas foi a vez de Sehun sustentar o olhar.

Shownu aproximou um passo, com a mão no coldre, mas Hyungwon fez sinal para que ele recuasse.

─ Não importa, Minhyuk vai viver, e tudo isso vai acabar, mas você? Você não aguenta o mundo de volta, ter que trabalhar, ter uma vida de dedicação para os próximos.

─ O mundo não vai voltar, não existe mais um mundo depois disso.

Hyungwon riu.

─ Lembra dos Aeroportos se fechando? Das pessoas ficando doentes e tudo começando a estourar ao mesmo tempo? Isso era o vírus se espalhando, ninguém mais fica doente, ninguém mais se transforma se não for mordido. O vírus não existe, está preso nos errantes. O que foi criado não era definitivo, estamos chegando ao fim.

─ Não importa, são muitos.

─ São? Por que eu acho que o meu plano funcionou bem.

─ A custa de quantos?

O líder balançou a cabeça negativamente, parecendo sempre despreocupado.

─ Você não entende, tudo isso tem um fim e esse está próximo, eu já disse, não sou a única pessoa a criar uma resistência. É só uma questão de tempo, as coisas continuam existindo, aos poucos o mundo vai voltar. E o que você vai fazer além de se sentir culpado?

Sehun apertou as mãos e voltou a encarar o chão, pensar num futuro brilhante era tolice, eles apenas precisavam sobreviver.

Kai, Minseok, Baekhyun, Kyungsoo e Lay precisavam voltar. Já não havia mais ninguém, Suho e Jongdae que ele nunca havia sido próximo, Chanyeol que era sua culpa. Taemin. Baekhyun seria eternamente sua culpa.

Luhan.

Se seus amigos não voltassem, eles iriam pagar por sua insanidade.

 

—/-

 

─ Vocês escutaram isso? – Kihyun perguntou olhando para os lados.

Era definitivamente o som de um disparo e se eles eram o único grupo no hospital...

─ Eles também escutaram! – Minseok apontou para os errantes que vinham na direção deles, atraídos pelo som que ecoou no hospital escuro.

Lay puxou Baekhyun para dentro da primeira porta que avistou. Era pequeno, escuro e apertado. Deveriam ser algo como um armário de vassouras, havia definitivamente um balde em algum lugar e as cordas de um esfregão estavam fazendo cócegas em seu ombro.

Baekhyun não conseguia ver, ele queria ligar a lanterna, mas seria uma péssima ideia.

Lay respirava pesadamente, parecia que eles haviam corrido quilometros, mas eles mal haviam saído da sala e se livrado de alguns errantes, parecia que eram muitos na hora, mas era apenas o eco do hospital.

Que seria um problema mais tarde.

─ Yixing...?

─ P-péssima ideia... aqui é apertado...

Ele arregalou os olhos. Claro, a prisão no porão daquela casa, Yixing havia ficado lá por dias, agora eles estavam dentro de um armário apertado.

─ Aguenta mais um pouco, ok? Nós vamos sair daqui.

A respiração de Yixing saiu tão falhada que Baekhyun queria abrir um pouco a porta para que entrasse mais ar, mas eles conseguiam ouvir os grunhidos de errantes pelo andar.

─ Eu não consigo, isso foi uma má ideia... – Sua voz era baixa, mas seus pés estavam batendo e suas mãos indo na direção da porta.

─ Yixing. – Ele agarrou a camisa dele.

─ Eu sinto muito, eu sinto muito.

Baekhyun esticou a mão até achar o rosto de Yixing, o bastante para distraí-lo, se colocou na ponta dos pés e o beijou.

Qualquer curto circuito que estivesse acontecendo na mente Yixing, foi nublado pela sensação dos lábios de Baekhyun contra os seus.

─ Não faça nada estúpido, eu preciso de você vivo. – Baekhyun murmurou soltando o ar.

Talvez fosse a adrenalina, ou a possibilidade que tudo fosse dar errado naquele dia, ou talvez fosse simplesmente porque era Baekhyun. O mesmo que havia prometido salvá-lo e seguiu com um plano absurdo sem apoio.

Yixing não pensou duas vezes em beijá-lo novamente.

 

[...]

 

Minseok puxou Kihyun pelo braço, eles escorregaram numa poça de sangue e caíram atrás de uma maca que estava caída no chão.

Kihyun abriu a boca, mas Minseok colocou a mão sobre a boca dele. Minseok estava com algo comprido e afiado que ele usou para acertar a criatura que apareceu atrás da maca, nas costas de Kihyun.

Sangue pingou contra ele, Kihyun apenas fechou os olhos, como se esperasse o impacto de uma mordida e o fim eminente.

Minseok o puxou pelo braço o jogando atrás de si, seu pé chutou a maca que derrubou três errantes.

─ Eu não tenho tempo para proteger as suas costas. – Resmungou usando a lança improvisada. Baekhyun e Lay apareceram dando cabo dos outros errantes.

Kihyun assentiu com os olhos arregalados, havia pouca luz, não havia armas, e com qualquer coisa que eles encontrassem, eles usavam de arma, mesmo numa distância curta, mesmo com tanta coisa espalhada pelo chão, mesmo com o pé de Baekhyun afundando em poças de sangue e o fazendo se desequilibrar.

─ Eles são loucos...

 

—/-

 

─ Nós precisamos voltar. – Changkyun resmungou voltando a falar com os outros dois, mas apenas olhava na direção de Kyungsoo.

─ Não precisamos achar os outros? – Soo perguntou o seguindo, mas seus olhos treinados iam acompanhando o ambiente e os cantos mais escuros.

As lanternas estavam apontadas para o alto, como deveria ser.

─ Não vai ser fácil voltar, aqueles errantes na cobertura, eles devem estar na escada de acesso. – Kai comentou parando para mexer num armário.

Eles encontravam o que precisavam rapidamente, estavam levando algumas roupas e petiscos. Médicos e enfermeiros tinham lanches espalhados por vários lugares. Kai gostaria de entrar no vestiário, mas eles estavam apenas em três e tinham pouco tempo.

Além disso, ele estava preocupado com Sehun.

─ Você pode me odiar o quanto quiser. – Disse sem olhar para Changkyun, embora fosse óbvio. – Mas eu te fiz um favor.

Changkyun soltou algo parecido com um rosnado, mas continuou andando na frente.

Kyungsoo lembrou de Suho e Jongdae, de  Baekhyun perdendo o controle e atirando em Sehun. De como Kai parecia toda vez que falava de Taemin, todos eles teriam se poupado de muita dor, se nenhum deles tivesse se transformado.

Mas alguém que claramente não entendia isso, não poderia apreciar o gesto que era a morte de um amigo.

Sem que ele se levantasse.

─ Hey. – Kai colocou a mão sobre o ombro de Kyungsoo que estava tremendo. – Você acha que podemos dar um jeito no seu ombro?

─ Está melhor, acredite. – Respondeu com um sorriso mínimo. – Acho que é psicológico.

Kai não acreditou, mas assentiu. Kyungsoo se desvencilhou de sua mão e voltou a caminhar. E ele se perguntou se tinha algo a ver com Jongin ou se era por causa de Sehun.

De uma forma ou de outra, ele não tinha o direito de perguntar. Kai andava para trás, observando Kyungsoo.

 

[...]

 

Baekhyun, Lay, Minseok e Kihyun estavam correndo, alguns errantes vinham logo atrás, o ambiente escuro não ajudava, uma das lanternas começou a piscar, e talvez fosse justamente por estarem correndo e volta e meia olhar para trás que não perceberam como a estrutura do hospital saiu de abandonado para caótico.

— Esperem, tem algo errado! – Minseok gritou parando bruscamente.

Yixing empurrou uma maca contra um errante. Baekhyun e Kihyun pisaram ao mesmo tempo numa tábua no chão que cedeu com a forma brusca como os dois se posicionaram.

— Baek! – Minseok gritou assim que viu os dois sendo engolidos pelo chão.

A lanterna que estava com Kihyun se apagou.

— O que diabos acabou de acontecer? – Lay gritou de onde estava, ainda segurando um errante, embora houvessem mais cinco próximos e um deles era uma criancinha.

Minseok olhou para o buraco no chão, a lanterna iluminou melhor o ambiente, havia rasgos nas paredes e muita coisa quebrada, parte da parede era inexistente, como se parte do hospital tivesse desabado, a tábua no chão era parte do forro do teto, obviamente não era algo que teria aguentado nenhum deles.

— Merda, merda...

— Minseok! – Lay gritou novamente.

Baekhyun e Kihyun desapareceram num buraco que deveria os jogar um andar abaixo, eles não tinham passagem para o andar de cima de onde estavam e haviam errantes espalhados e eles não tinham nada que fosse útil como arma.

Desde o começo o plano era suicida. Eles deveriam ter ficado na floresta, na Igreja, em qualquer lugar longe do centro.

Hyungwon e Zitao não eram diferentes.

— MINSEOK.

Ele fechou os olhos, havia um zumbido em seu ouvido. Sehun estava sozinho com estranhos, ele poderia estar morto, todos eles poderiam morrer, e se eles retornassem sem as pessoas do grupo de Hyungwon e ele matasse Sehun? O que Luhan teria feito?

— MINSEOK!

 

—/-

 

Baekhyun tossiu, ele moveu as mãos para se apoiar no chão, mas algo cedeu e seu corpo tombou para cima do que deveria ser o de Kihyun, exceto que Kihyun não se mexia.

— Hey. Hey.

Ele não conseguia ver. Suas mãos vaguearam em busca de algo que pudesse indicar sangue ou algum pedaço do corpo para que entendesse a posição em que estavam.

Yixing estava gritando o nome de Minseok e qualquer que fosser a situação lá em cima, também não parecia boa, ele conseguia ver um pouco olhando para o alto, graças a lanterna deles, mas era impossível enxergar sua própria situação.

— Chanyeol isso é completamente absurdo... – Resmungou tentando se colocar de pé. – Nós deveríamos ter ficado no colégio, antes nós dois tivessemos morrido lá...

Um grunhido baixo, uma respiração incerta. Ele conseguiu se sentar no chão, havia pedras ou pedaços de coisas no chão, ele não se importou e se encolheu.

— Arg... Acho que quebrei a minha perna... – A voz de Kihyun soou fraca e não parecia vir da direção em que Baekhyun estava, isso imediatamente o fez erguer o rosto, mas tudo era escuridão.

Sua mão tatetou para o corpo que estava no chão.

— Kihyun, você está aqui?

— Aqui.

Baekhyun apertou o que deveria ser uma perna.

— Você sente isso?

— O que?

— Eu estou apertando você.

— Não, não está.

— Você sente a sua perna?

— Dói, mas sim.

Baekhyun rapidamente tirou a mão do corpo. Ele olhou desesperadamente para cima e começou a tocar o chão a sua volta.

— Acho que tem um cadáver aqui, mas eu não sei se é um deles.

— Ótimo. – Kihyun parecia resignado a aceitar qualquer que fosse o destino deles. – Nós estamos um andar abaixo, sem nada, com um possível morto-vivo entre a gente. Eu vou morrer pateticamente nesse fim de mundo.

Baek pensou na casa, na primeira que havia ficado por vários dias, com Chanyeol, com famílias que ele não conhecia, mas Chanyeol tolamente havia prometido ajudá-los. De quando viu as pessoas se transformarem pela primeira vez.

Rapidamente pensou em Chanyeol vagando em sua direção.

Se Sehun não tivesse interferido.

 

—/-

 

— Tem algo errado. – Changkyun comentou parando e fazendo Kyungsoo se chocar com seu ombro.

— É claro que tem algo errado. – Kai resmungou olhando para trás.

— Não, acho que algo aconteceu com o outro grupo.

— Nós precisamos ir para o ponto de encontro. – Kyungsoo suspirou, tentando ser sensato, eles não poderiam começar a fazer coisas aleatórias que poderiam prejudicá-los. – Nós entendemos que tem uma barreira. – Começou a gesticular com as mãos como se pudesse desenhar. – São duas alas, certo?

— Certo. Nós estamos na emergência, eles devem estar numa ala privativa, onde tem mais quartos. – Changkyun que parecia entender melhor o mapa de um hospital continuou. – Aquelas portas que separam os atendimentos da família? Nós estamos depois dessas portas, provavelmente nós vamos os encontrar quando cruzarmos essa porta.

— Significa que tem mais deles por lá, não? – Kai olhou na direção do final do corredor. – Aqui tem pouca coisa, muito menos do que pensei para um hospital.

— Algo pode ter acontecido, alguma espécie de barreira.

— Houve um terremoto, algum tipo de acidente... – Changkyun continuou franzindo o cenho, tentando buscar alguma informação. – Na época que o exército estava ajudando os hospitais, lembro disso, aconteceu algo na região.

— E você diz isso agora?! – Kyungsoo basicamente gritou.

— Passou tanta coisa na televisão, como eu ia lembrar!?

Kai respirou fundo. Eles estavam num hospital que deveria ter sido esvaziado pelo exército, mas aconteceu um terremoto ou alguma coisa que impediu que isso fosse concluído.

— Parte do hospital desabou. – Kai comentou chamando atenção dos dois. – O hospital desabou, as pessoas fugiram da cidade, por isso, aqui é basicamente uma cidade fantasma. Vocês não fizerma um bom trabalho em esvaziar a cidade, ela já estava limpa quando vocês chegaram.

— Eu nunca disse que nós “limpamos a cidade”. – Changkyun retrucou.

— Você só esqueceu de avisar que isso é uma cidade vermelha! – Kai gritou de volta.

Kyungsoo estava com dor de cabeça. Cidades vermelhas eram pontos a serem evitados por alto índice de infecção, o que normalmente significava que o exército havia perdido o controle.

— Nós temos que dar o fora daqui.

O hospital estavam além da barreira criada, o helicóptero estava lá em cima, eles estavam presos no andar de baixo, o outro grupo desaparecido e Sehun sozinho.

 

—/-

 

— Eu preciso ir ao banheiro. – Sehun anunciou se colocando de pé.

Hyungwon girou os olhos e indicou com a cabeça que Shownu o acompanhasse. O segurança, ou o que quer que ele fosse, andava alguns passos atrás. Sehun sabia que ele tinha uma arma.

Sehun parou em frente a pia e molhou o rosto. Ele encarou o reflexo de sério do rapaz, ele tinha algo em torno de 1,81, sendo mais baixo do que ele, mas certamente mais largo.

— Se você já acabou nós vamos voltar.

Sehun fechou os punhos com força e acertou no espelho. Shownu arregalou os olhos e foi no susto que Sehun pegou um caco de vidro e foi para cima do segurança.

Shownu precisou das duas mãos para conter Sehun. Eles lutaram com o caco de vidro que cortava a mão do garoto. Ele era insano.

Ele nunca confiou em nenhuma das pessoas que entraram no prédio procurando abrigo. Kai falou positivamente do garoto, mas Shownu não achava que alguém com um olho a menos e transtorno de personalidade fosse uma fonte segura e confiável.

Shownu fechou as mãos no pescoço de Sehun, ele engasgou, seu corpo procurando ar de qualquer maneira, suas mãos batiam nos braços do segurança, mas ele era mais forte.

E foi no desespero que conseguiu chutá-lo o derrubando no chão gelado. Sehun conseguiu pegar a arma do segurança e nocautea-lo depois de um chute forte na cabeça.

Um prédio comercial não era difícil, um corredor comprido, muitas salas, um elevador e porta de emergência. Sehun não teria vantagem se fosse para as escadas e muito menos se esperasse o elevador.

Hyungwon havia o feito esperar em sua sala o que deveria significar que Minhyuk ficava no mesmo andar, ele não seria tolo de guardar as armas num lugar diferente.

Mas foi uma surpresa quando Sehun encontrou com Mihyuk na sala de armas. Pálido, alto e magro. Ele parecia o tipo que uma rajada forte de vento iria derrubá-lo.

O cabelo castanho estava grande e ele certamente precisava de um corte, seus olhos se arregalaram quando viram o estranho e ele apontou a arma que parecia pesar muito para seu braço magro.

Sehun sorriu.

— Você nunca atirou em alguém, não é?

— Nunca precisei. – A voz dele era confiante, embora seus olhos demonstrassem tudo.

— Você já usou uma arma antes? Vocês tem o segurança para tudo, não é? Deve ser bom.

Minhyuk recuou um passo.

— Você viu as nossas entrevistas? Sabem que eu sou?

— Sehun, você é o melhor atirador do grupo. – Minhyuk ajeitou a postura, ele destravou a arma.

Sehun ergueu a sobrancelha, ele esperava que Minhyuk não soubesse usar a arma, mas ele parecia o tipo de tolo que faria qualquer coisa para proteger Hyungwon.

Ele conhecia esse tipo de tolo.

— Eu quero as minhas armas de volta, eu não tenho intenção de ficar nesse cativeiro, meus amigos vão chegar e nós vamos embora, todos nós.

— E se Kai quiser ficar?

— Ele pode ficar, mas nós dois sabemos que isso não é uma possibilidade.

Ele avançou até que o cano da arma estivesse contra seu peito. Minhyuk parecia incerto, seus dedos tremiam no gatilho.

— Eu não quero que você morra.

 

—/-

 

— Vamos sair daqui. – Baekhyun se colocou de pé de repente.

— Como? – Kihyun ainda estava parado no mesmo lugar.

— Você sobe nos meus ombros, deve ser o bastante, não? Yixing pode te puxar. De jeito nenhum que vamos conseguir mudar de andar usando as escadas, eu não me arrisco.

— Eu odeio improviso, mas é melhor você ir primeiro, você é mais baixo.

Baekhyun teria começado uma discussão em outra ocasião, mas aquele lugar escuro estava o dando nos nervos, além do corpo entre eles.

— Yixing!

O som de um disparo. Então outro. Então outro.

— Yah Yixing! – Baekhyun gritou mais desesperado, ele socou algo que deveria ser um destroço do teto.

— Nós estamos bem. – Yixing se fez visível junto de uma lanterna. – Minseok achou uma arma. Vocês conseguem subir?

Baekhyun subiu nas costas de Kihyun, ainda havia sangue no local quando o errante que Minseok matou, ele tentou não fazer uma careta, era algo que nunca iria se acostumar.

Yixing mirou a lanterna para iluminar o ambiente,  havia parte do teto caída fazendo uma espécie de parede, Baekhyun conseguiria usar de apoio para se colocar de pé.

— Eu preciso que vocês sejam rápidos. – Minseok comentou mais ao fundo, mas sua voz ainda podia ser ouvida.

Baekhyun quase perdeu o equilibrio quando Kihyun pareceu que tinha pisado em falso, ele resmungou algo. Baek não teve tempo de olhar para baixo, pois Lay fechou a mão em seu braço e ajudou a subir.

— Você vai ter que pular, consegue fazer isso?

Lay estava ocupado com Kihyun, Minseok estava ocupado. Baekhyun tocou no tornozelo quando viu uma mancha de sangue, mas ele não estava machucado.

 

[...]

 

— Esse deve ser o plano mais estúpido que já tivemos. – Kyungsoo comentou hesitante.

Changkyun deu de ombros com um rifle em mãos. Kai respirou fundo antes de empurrá-lo sobre uma maca pelo corredor. O barulho atraindo os errantes que ocupavam o acesso da escada.

Kai tinha duas armas carregadas em mãos. Felizmente a presença do exército trouxe armas que estavam espalhadas.

O dançarino começou a atirar, atraindo os errantes que iam em massa na direção de Changkyun, o dando tempo para recarregar o rifle. Kyungsoo controlava uma maca como barreira, impedindo que errantes se aproximassem além do seguro.

Lembrava um pouco a insanidade do colégio, quando Suho foi salvar Chanyeol. Eles precisavam de insanidade para sobreviver. E eles não precisavam poupar munição, pois o único objetivo era voltar ao helicóptero.

 

[...]

 

Quando Baekhyun sugeriu que eles fizessem o caminho de volta e retornassem pela corda, Kihyun queria empurrá-lo contra uma janela, mas a verdade é que não havia passagem, a que deveria existir havia sido derrubada, literalmente, com parte do hospital.

Yixing era o piloto, eles precisavam voltar e o melhor caminho era a corda por onde vieram. Minseok havia encontrado uma arma, eles tinham uma chance contra os errantes do caminho.

Kihyun não resmungou logo de cara, mas estava mancando, Baekhyun olhava para sua perna, mas não dizia nada. Yixing e Minseok estavam indo na frente e abrindo o caminho.

Sons de tiros foram ouvidos novamente.

— Nós precisamos parar de perder tempo. – Minseok olhou na direção dos dois. – Eu sei que deve estar doendo, talvez vocês tenham alguma concussão por terem caído e provavelmente bateram a cabeça, mas nós vamos precisar subir uma corda, que é mais difícil do que descer, ok?

Baekhyun havia cruzado dois prédios numa slack-line, subir uma corda não seria um problema, exceto que...

— Ok? – Yixing o olhava ansioso.

— Ok. – Concordou de imediato, mas havia algo errado. Ele olhou para trás antes de começar a correr. Jongdae estava de braços cruzados. Suho estava sinalizando que eles continuassem.

Baek!— A voz era de Chanyeol.

— Baek! – Lay o chamou.

Ele piscou seguidamente e começou a correr.

 

—/-

 

Quando o vento da cobertura os atingiu, Kai abriu um largo sorriso, ele correu na direção do helicoptero. Ele olhou para o painel, havia algumas luzes acessas, mas ele não sabia o que fazer, não havia uma chave para girar.

— Hey, eles estão subindo! – Kyungsoo gritou quando se aproximou do parapeito da cobertura.

Kai desistiu de fingir que entendia aquilo, felizmente Lay era o primeiro a subir. A pior parte ela sair do andar onde estavam da janela para a corda, pois não havia nenhum tipo de apoio.

Era perigoso usar os pés na parede e subir, pois eles puxavam muito a corda, com o risco  que ela se rompesse. Mas com a presença de Kai e Changkyun era mais fácil.

Ou talvez fosse apenas ver pessoas conhecidas vivas.

Yixing correu para o helicóptero. Ele ligou as duas bombas de combustível, por hábito acionou a luz de colisão que fica na cauda da aeronave, não que fizesse diferença nesse mundo, mas isso o fazia se sentir seguro.

Ele precisava de tempo, pelo menos trinta segundos para acionamento da ignição, depois conferir o painel. Não diantou quando novos errantes apareceram na cobertura. Kihyun desabou ao seu lado.

— Acho melhor você começar a pilotar isso.

— Se eu tentar decolar desse jeito, o helicóptero vai girar no próprio eixo e nós podemos cair.

— Nós vamos morrer então.

Lay encarava o painel enquanto a indicação de temperatura subia.

Kihyun tentou puxar a alavanca, mas ela não se mexeu. Ele tentou com as duas mãos.

— Enquanto o painel não estiver liberado, essa alavanca pesa 50kg. – E bateu na mão do outro. – Você queria uma pessoa experiente, pare de me desconcentrar.

Kyungsoo entrou logo depois, Baekhyun parecia sem fôlego, Kai levou uma chuva de sangue quando um errante se chocou contra a hélice traseira, que já estava em funcionamento. Changkyun escorregou no sangue antes de subir.

— Vamos!  - Kyungsoo se pendurou no banco.

— Está faltando uma pessoa. – Yixing olhou para trás lembrando da posição de todos.

— Hoseok está morto, vamos logo. – Changkyun comentou de cabeça baixa.

Kihyun olhou na direção do amigo, mas Changkyun não olhava de volta. Ele passou a encarar a janela enquanto o helicoptero finalmente decolava.

— Hyungwon vai acabar com vocês.

Yixing girou os olhos. Eles perderam uma pessoa, mas conseguiram o que foram buscar. A questão era... valia uma vida?

 

—/-

 

A luz de colisão piscava em vermelho no céu cinzento. Sehun sorriu de onde estava, de volta com as armas aos seus pés. Hyungwon e Minhyuk sentados no sofá, braços erguidos em rendição.

Assim que o helicoptero pousou, Changkyun foi o primeiro a sair, ele estranhou não ver Hyungwon os esperando. Sehun estava parado na sala, com uma arma apontada na direção dos dois amigos.

Ele travou no corredor.

— Hey! – Kihyun gritou e apontou uma arma na direção de Sehun, mas Minseok apontou o rifle na direção dele.

— Nós dois sabemos que não tem mais munição na sua arma, então eu aconselho abaixá-la.

Minhyuk olhou na direção deles.

— Onde está Hoseok?

— Onde está Shownu?

O clima foi ficando cada vez pior. Baekhyun segurou no braço de Yixing, o impedindo de se aproximar muito. Kai caminhou lentamente, até que deixou uma espécie de frasqueira ao lado de Minhyuk.

— Nós cumprimos nossa parte, Minhyuk vai ficar bem, mas Hoseok...

Minhyuk arregalou os olhos, lágrimas imediatamente começaram a escorrer num choro silencioso. Hyungwon pareceu não se importar com a arma apontada em sua direção e foi confortá-lo.

— Eu odeio. É culpa minha. Já chega....

A voz abafadas e os soluços de Minhyuk enchiam o ambiente. Minseok olhou cansado para aquela bagunça desnecessária. Eles deveriam lutar sozinhos, mas lutar sozinho significa sacrifício.

E algumas pessoas simplesmente não são feitas para esse mundo.

Kihyun escorou pela porta até se sentar ao chão, havia um rastro de sangue desde o helicoptero.

— Hyung. – Changkyun se ajoelhou ao lado do amigo. – Hyung, o que aconteceu com você?

Kai colocou a mão sobre o ombro de Sehun e o puxou para um abraço.

— Vamos embora. – Murmurou contra seu ouvido.

Sehun se agarrou ao namorado.

— Você está coberto de sangue.

— Não é meu. Não é meu. – Repetiu até sentir que Sehun não tremia mais.

Eles viraram as costas, de volta ao helicóptero. Que não era parte do acordo, mas o acordo não envolvia tantas baixas. Hyungwon ignorou todos que não fosse Minhyuk, que se sentia culpado pela morte de Hoseok.

No chão, Kihyun tinha um sorriso trêmulo nos lábios, enquanto Changkyun desabava.

O céu permaneceu cinzento enquanto eles tiravam o helicoptero de lá, sem rumo. Yixing e Baekhyun na frente. Minseok e Kyungsoo olhando a janela e Kai e Sehun no próprio mundo.

— Para onde nós vamos? – Soo quebrou o silêncio.

— Praia? – Baek perguntou olhando para trás, buscando a aprovação deles.

Eles assentiram.


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