A Sombra do Pistoleiro escrita por Danilo Alex


Capítulo 7
Quem atira pelas costas...


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera! Ansiosos para saber qual foi a loucura que a inveja levou Bob Indian a cometer? Bora descobrir!

Esse capítulo quero dedicar aos meus amigos Matheus Braga e Jessica, que tem me acompanhado nessa jornada, com suas dicas e comentários. Espero que gostem!

Boa leitura!!!



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Aconteceu num sábado à tarde.

Montando Muchacho, seu veloz alazão, o jovem Enrico De La Cruz seguira para Piedras Negras.

Fazia tempo que não ia à cidade, mas agora tinha seu próprio cavalo e, além do mais, o aniversário de seu querido pai estava chegando. Estava certo de que em Piedras Negras poderia comprar um presente que agradasse o bom coração do padre.

Enrico deixou o rancho e fez Muchacho galopar com vigor. Percorreram velozmente a distância que os separava de seu destino, e em pouquíssimo tempo estavam circulando pelas vias estreitas e empoeiradas da cidade.

Piedras Negras não merecia necessariamente ser chamada de cidade, já que era pouco mais que um amontoado de ruas confusamente dispostas, umas bem perto das outras. As construções eram modestas, a maioria calhada de branco. Havia poucas casas de comércio. O rapaz admirou-se pela quantidade de pessoas que transitavam pelas ruas do povoado, umas a cavalo e outras a pé. Parecia pouco comum ver os habitantes na rua com o sol alto no céu àquela hora. O calor escaldante castigava Piedras Negras, a cidadezinha mexicana localizada na fronteira com os Estados Unidos. Por esse motivo, Enrico distinguiu muitos forasteiros misturados aos passantes.

Havia inúmeros gringos por ali.

Dando de ombros, Enrico desceu de seu cavalo e o deixou amarrado diante do armazém, onde entrou em seguida. Saiu dez minutos depois, segurando um grande alforje, cheio de mercadorias. Ao pisar o alpendre de madeira, o rapaz olhou para a rua e franziu a sobrancelha, intrigado.

Muitas pessoas estavam aglomeradas diante do armazém e o olharam com ansiedade e expectativa. Até o xerife estava por ali. No centro da multidão Enrico avistou Bob Indian de pé, altivo, os braços cruzados diante do peito.

— Que está havendo? – perguntou ao índio. – Algum problema?

— Sim, De La Cruz. Você é o problema por aqui. O meu problema. Já estou cansado de escutar os outros dizendo que você é o melhor vaqueiro, domador de cavalos, cavaleiro, atirador. Não creio que você seja melhor que eu no gatilho. Por isso, proponho um duelo. Aqui e agora. – sibilou o índio, com os dentes cerrados e os olhos de urso faiscando. A chama da ira brilhava neles.

Enrico percebeu a expressão feroz no rosto do homem, compreendendo de imediato que o outro falava sério.

— Não desejo duelo nenhum, e nem tenho motivos para enfrentá-lo, Bob Indian. Você não tem nenhuma relação com meus projetos de vingança e, por isso, não é o homem que quero matar.

— Deixa eu explicar melhor, garoto: Não tem escolha.

— Sempre há escolha nessa vida. E para quê a multidão? Até o xerife está presente.

— Quero enfrentá-lo numa luta justa, assistida por testemunhas. Será um duelo limpo. Se um de nós morrer, todos saberão que ambos tivemos chance de defender nossas vidas.

— Para tanto, eu teria de sacar minha arma. – disse Enrico sorrindo e, sem deixar de sorrir, prosseguiu — Mas não vou fazer isso. Prefiro ir embora, não quero lutar. Se atirar em mim desarmado, não será um duelo, mas uma execução. Então, ou você será linchado por esse povo pelo fato de matar alguém à traição, ou irá para a cadeia, aguardar julgamento. Em ambos os casos não terá chance de se gabar que me matou.

Bob Indian ficou vermelho e gaguejou:

— Diabos! Tem razão! Ora, saque sua arma, Enrico! Aja como homem! Ou está com medo de mim?

— Nem um pouco. – assegurou o rapaz, divertido – Apenas quero evitar um derramamento de sangue desnecessário, amigo.

 Sem esperar mais, abrindo caminho por entre a multidão, Enrico desamarrou seu cavalo e montou-o.

— De La Cruz, seu grande covarde! Volte aqui e prove que é melhor que eu no gatilho! – rugiu o mestiço.

— Não preciso provar nada a ninguém. Deixo isso para os fracos como você, que tem de se reafirmar como homens a cada segundo perante os demais.

Levando dois dedos à aba do chapéu, Enrico saudou polidamente o xerife. A seguir, girou seu cavalo e se afastou com rapidez. Decepcionadas, as pessoas logo se dispersaram, de modo que Bob Indian se viu sozinho com seus pensamentos, remoendo seu ódio e a humilhação que acabara de experimentar.

— Isto não vai ficar assim! – falou ele exasperadamente para si mesmo – Espere, acabo de ter uma ideia!

Com um sorriso maldoso, Bob Indian virou-se, rumando para o saloon, a fim de procurar três amigos seus. Obviamente eram tipos da pior espécie.

 Depois do inoportuno episódio, Enrico ainda demorou-se algum tempo na cidade, conversando com conhecidos e foi visitar seu velho pai. Fazia alguns dias que não se viam. Um clima desagradável pairava sobre eles às vezes, porque ultimamente estavam se desentendendo muito devido os planos de vingança de Enrico. Por esse motivo o rapaz estava dormindo no rancho, no barracão – dormitório dos vaqueiros.

Algum tempo depois ele se despediu do padre Emanuel e voltou para o rancho. O sol estava perto de se esconder no horizonte quando o rapaz chegou. E outra surpresa desagradável o aguardava. Os vaqueiros se encontravam à sua espera na entrada do rancho, diante da casa do patrão. Enrico viu preocupação nos olhos de seus colegas. Bob Indian estava entre eles, o eterno e cruel sorriso flutuando em seus lábios:

— Vai duelar comigo, mexicano! Quer você queira ou não. E dessa vez eu tenho um trunfo!

Enrico seguiu o olhar do índio e divisou Davis dominado por três homens. Seus cabelos estavam em desalinho, o olho direito estava roxo e um filete de sangue escorria do canto de sua boca. Além disso, tinha uma arma apontada para a sua cabeça. Peter Davis se achava quase irreconhecível, devia ter apanhado bastante. Mesmo assim, erguia o rosto com dignidade e seu olho ileso brilhou quando se dirigiu a Enrico:

— Não faça o que ele diz, amigo. Esse homem está maluco.

— Maldito! – rosnou o De La Cruz, fuzilando o índio com o olhar.

— Ninguém podia fazer nada, Enrico. Pegamos Davis de surpresa e o mantivemos como refém. – sorriu Bob Indian – Além do mais, ninguém se atreveria a nada: meus camaradas aqui são pistoleiros de renome, com pelo menos dez mortes nas costas cada um. E eles irão matar Davis a um sinal meu, garoto. Se você se recusar a duelar, eu darei o sinal e seu amiguinho vai no mesmo instante para o outro mundo. E então, o que me diz? A sua vida, ou a de seu camarada?

Enrico mordeu o lábio inferior. Sua boca estava subitamente seca.

— Está bem – concordou, por fim – Vamos duelar. Se eu vencer, vocês soltam Davis.

— De acordo. – falou Bob Indian e deu uma gargalhada odiosa. – Vamos ver se você é tão bom quanto dizem, rapaz. Mas, lembre-se: eu não sou o seu espantalho.

Os presentes abriram espaço para que a troca de tiros se realizasse.

O silêncio pairou pesado, revelando tensão. Os adversários se encararam. Enrico respirou fundo e procurou se lembrar das instruções de Davis. Olhando o índio nos olhos, deu-se conta de que eles estavam indecifráveis.

Bob Indian trazia dois revólveres dormindo nos coldres pendentes do cinturão. Enrico, diferentemente, levava seu par de “Colts. 38” cruzado à frente do peito, seguindo a moda dos melhores atiradores mexicanos.

— Está pronto? – chiou o índio, sibilante como uma serpente ao dar o bote. – Então, saque!

Apenas a mão direita de Bob Indian se movimentou com a rapidez do raio. Num piscar de olhos ele tinha sacado e erguido o revólver. Entretanto, no momento em que pensou em puxar o gatilho, o disparo de Enrico soou, sem dar-lhe chance. O rapaz sacara apenas um Colt também e abrira fogo. O outro ficou repousando dentro do coldre, no cinturão em seu peito.

Enrico sorriu, vitorioso.

Sua bala arrancara o revólver da mão de seu oponente. Bob Indian, estupefato, olhava para sua mão desarmada, cujos dedos estavam ilesos.

— Está satisfeito, apache? Agora já sabe qual de nós é o mais veloz. Faça o favor de soltar Davis e não me incomode mais. – enquanto falava, Enrico guardou o Colt, dando ingenuamente as costas ao índio.

Esse foi o seu erro.

Um murmúrio de assombro e terror percorreu a plateia quando todos compreenderam o que iria acontecer.

Humilhado, Bob Indian soltou um grito de ódio ao puxar seu outro revólver:

— Morra, De La Cruz!

Tudo se passou depressa demais.

Ninguém poderia evitar a tragédia.

Davis estremeceu.

Respirações suspensas.

Quando Enrico se virou, o tiro de Bob Indian já vinha em sua direção.

Instintivamente o rapaz se deixou cair de joelhos, ao mesmo tempo em que sacava novamente, só que dessa vez empunhou os dois Colts. A bala passou zunindo sua orelha direita.

Antes que o mestiço tivesse tempo de fazer um novo disparo, os Colts de Enrico funcionaram juntos.

Uma bala levou embora a arma restante do inimigo. Já a outra se encravou no joelho direito do índio, destroçando-lhe o osso da rótula.

Com um urro animalesco de dor, o homem caiu de costas, usando ambas as mãos para segurar o joelho machucado, de onde o sangue esguichava vermelho e quente.

— Larguem esse homem, ou vão acabar como este verme aqui no chão. – Enrico bradou selvagemente aos três pistoleiros, apontando-lhes seus Colts.

Assustados com o incrível espetáculo, os três perigosos homens obedeceram à voz cheia de autoridade de Enrico. Peter Davis se viu livre.

Saindo de seu estado de perplexidade, os vaqueiros, furiosos, renderam os pistoleiros e espancaram-nos, revoltados.

Golpeados de todos os lados por dezenas de vaqueiros enfurecidos, os três bandidos caíram, desacordados. Foram amarrados imediatamente, a fim de serem entregues às autoridades.

Guardando as armas fumegantes, Enrico olhou duramente para o adversário caído e praticamente cuspiu as palavras:

— Você deu sorte, patife. Quem atira num homem pelas costas não merece viver.

Em resposta, um esgar misto de ódio e dor apareceu no rosto do índio.

— Você está bem? – indagou Enrico a Davis, aproximando-se.

— Sim, estou. Obrigado, irmão. Devo minha vida a você.

Entre aliviados e emocionados, os dois amigos trocaram um vigoroso aperto de mão.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Como será que vai ficar a vida do Enrico depois desse incidente?

Respondo vocês no próximo capítulo, e espero vocês lá.
Se chegou até aqui, deixa um review, por favor. Não custa nada e este projeto de escritor agradece.

Forte abraço, cowboys e cowgirls!



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