A Sombra do Pistoleiro escrita por Danilo Alex


Capítulo 2
O Princípio das Aflições


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, galera!

Sei que é a minoria que gosta de faroeste, mas a esses poucos que tem visitado A Sombra do Pistoleiro, quero deixar meu abraço carinhoso, sobretudo ao meu grande amigo Matheus, meu maior incentivador aqui no Nyah, em quem muito me inspiro.
Esse texto foi redigido há muito tempo, numa época em que eu andava bastante afastado da escrita. Por representar a volta desse filho pródigo às letras, tenho por ela muito carinho, apesar de toda a simplicidade que notarão em suas linhas.
Foi algo como reaprender a escrever.
Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura!!!



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Três meses após ter ido embora para El Paso, Javier mal suportava os obstáculos de se viver em uma terra estrangeira. Tinha dificuldade para se comunicar, pois tropeçava muito no inglês que aprendia forçosamente; o trabalho era quase desumano de tão árduo, mesmo para um homem como ele, acostumado a lidar com todo tipo de serviço pesado.

Para se comunicar com a família, pedia para um amigo escrever as cartas que ele ditava, já que era praticamente analfabeto.

Quando suas cartas chegavam a Monterrey, Maria Dolores, que tampouco sabia ler, mas era amiga de um padre, pedia para que o sacerdote lesse as notícias para ela e o filho. E o religioso sempre o fazia de boa vontade.

Ao escrever, Javier sempre falava da saudade que sentia da família e, nesse ponto, o padre interrompia a leitura, pois Mara Dolores não conseguia dominar a emoção e acabava chorando.

O pai de Enrico contava também sobre o preconceito que sofria por ser mexicano. Aprendeu que os gringos eram racistas. E sempre narrava muitas outras coisas, geralmente mais ruins do que boas.

Em abril de mil oitocentos e sessenta e seis, dentro de uma mina da Companhia, o senhor Aguilar Diaz e mais outros quatro colegas de trabalho foram vítimas fatais de um deslizamento de terra.

Javier foi enterrado vivo juntamente com seu sonho de uma vida melhor. No entanto, o sofrimento de Maria e Enrico De La Cruz estava apenas começando.

Após receber a notícia de sua viuvez, Maria Dolores De La Cruz não pode dar-se ao luxo de ficar deprimida e desistir da vida. Havia Enrico, uma criança que dependia dela mais do que nunca. Era uma mulher forte aquela mexicana e, com o auxílio de Enrico, que trabalhava, e muito, a despeito de sua pouca idade, Maria Dolores continuou tomando conta do rancho “La Madre de Díos”.

Após a morte de Javier, Maria e Enrico só não atravessaram uma grande crise financeira porque o Sr. Hector Gonzales, que os estimava muito por sua humildade, resolveu interferir.

O Sr. Gonzales cobriu todas as despesas causadas com coisas como trazer o corpo do pobre Javier, o velório, o enterro. Enfim, todo o serviço funerário.

Além disso, aumentou o salário de Maria Dolores e fez mais ainda: contratou o melhor advogado que conhecia para mover uma ação judicial contra a Companhia de Mineração de Durango.

— A senhora, no mínimo, deve ser indenizada. – dizia Hector Gonzales de modo fraternal, apoiando a mão direita amigavelmente no ombro bem torneado da sofrida Maria Dolores.

Diziam as más línguas da época que o que movia o senhor Hector em favor da senhora De La Cruz era algo maior do que meros sentimentos de amizade ou fraternidade. Dizia-se que o poderoso proprietário a amava e, agora que ela estava viúva, tinha decidido ir à luta.

Verdade ou não, Hector Gonzales, sempre foi um homem discreto e imbuído de grande respeito à senhora De La Cruz. Limitou-se a ajudá-la financeiramente e depois voltou para suas terras, sua esposa e seu casal de filhos.

Mesmo tendo o advogado contratado por Hector tomado todas as providências cabíveis para agilizar o processo, a coisa se desenrolava com lentidão.

Enquanto isso, Maria Dolores De La Cruz seguia sua vida da maneira como podia.

Enrico tinha agora onze anos e não freqüentava a escola como as outras crianças, porque precisava trabalhar para ajudar sua mãe. Não sabia ainda ler nem escrever. Raramente se reunia com os meninos de sua idade para brincar.

Sua mãe, cada vez estava mais bonita e na cidade corriam rumores de que ela logo seria uma mulher de posses quando fosse indenizada pela Companhia de Mineração.

Embora fosse poucas vezes à cidade, a senhora De La Cruz, sempre que aparecia, era examinada pelos homens com olhares de cobiça. Julgavam-na um bom partido. E na verdade, intimamente, Maria Dolores sentia a falta de um companheiro. Amava seu falecido marido, é claro; porém, precisava ter alguém em quem se apoiar e, além disso, Enrico precisava de um pai. Ela sabia que, se casasse de novo, Javier não desaprovaria, estivesse ele onde fosse. O pai de Enrico sempre demonstrou ter a vontade de ver feliz a mulher que amava.

Foi nessa época que Francisco Herrera cruzou o caminho de Maria e Enrico.

Apareceu como um anjo bom na vida sofrida daqueles dois. Pelo menos, a princípio. Era um homem alto e forte, jovem como Maria, simpático. Sabia se comportar e tinha carisma ao falar. As mulheres sem dúvida o consideravam bonito.

Maria Dolores De La Cruz, depois de tanto tempo sozinha e, sendo também mortal, de sangue, carne e osso, não conseguiu resistir muito tempo aos encantos do jovem Francisco Herrera.

Logo se casaram e o homem veio morar com eles no rancho “La Madre de Díos”. Francisco era um jovem que herdaria os bens de seu pai, um proprietário razoavelmente bem sucedido.

Era filho único e vivia financeiramente estabilizado.

Nos primeiros meses de casamento, ele se portou como um verdadeiro príncipe encantado, cuidando muito bem de Maria Dolores e Enrico. Era um marido amoroso e padrasto dedicado.

Entretanto, com o tempo as coisas mudaram e ele mostrou sua verdadeira face.

E sua verdadeira face era a de um monstro.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Ansiosos para saber o que vem em seguida?
Logo mais postarei o capítulo 3.
Conto com vocês nessa viagem.
Forte abraço!!!