Àquele beijo fora doce. Doce como gotas de mel. A sentir próxima fazia com que eu me inebriasse com o momento. Sua respiração se juntava com a minha, e eu não sabia mais distinguir, qual era qual. Ehlena de primeiro momento hesitou a aproximação, mas logo cedeu, seu corpo frágil e singelo cabia perfeitamente em minhas mãos, sua boca macia fazia com que eu aprofundasse ainda mais aquele beijo. Um beijo terno e instintivo. O que eu apenas queria era que ela se sentisse segura. Seu corpo tremia em meus braços, e então senti-a se afastar.

— Merda! Por que você fez isso Erick?

—Porque você também quis.

— Mas você não tinha esse direito.

—Então por que você também cedeu?

—Ah para, como se eu fosse a culpada.

—Então quer dizer que não gostou?

—Não, eu nunca disse isso.

—Mas parece que é isso que está insinuando.

— Isso não pode acontecer novamente.

— Eu concordo!

— Assim? Rapidamente?

— E porque a exasperação? Merda, faz somente dois anos que Sarah Faleceu e já estou beijando outra mulher?

— Então você não queria me beijar, porque me beijou? - Pude ver seus olhos marejados.

—E-eu...

—Não diga mais nada. Eu realmente tinha razão, isso nunca deveria ter acontecido. - Disse ela saindo correndo pela praia, a vi entrando pela porta dos fundos da casa e sumir. Sentei-me novamente na areia e olhei fixamente para o mar. Que merda eu estava fazendo? Eu não podia brincar comigo assim, nem mesmo com ela. Eu não me importo tanto com essa garota. Não mesmo. Fiquei sentado ali por horas, e esqueci completamente do meu compromisso com meu irmão e os amigos. Entrei procurando Ehlena por todos os lados, e percebi então que ela havia saído. Fui para o meu quarto e adormeci.

Ehlena pegara o carro que alugou quando chegou a Califórnia e dirigiu-se até a cidade, sua irmã havia lhe mandado milhares de mensagens, e ela não havia respondido nenhuma. Para ela tudo acabaria apenas em um dia, um dia depois do casamento de sua irmã, pegaria suas malas e voltaria para o Brasil o quanto antes.

Ouvi alguém batendo firmemente a porta. Supus que fosse meu irmão, perguntei quem era, e confirmei minhas suspeitas, levantei-me da cama, e me dirigi ao portal em madeira que estava assentada a porta, o quarto estava com uma leve luz que vinha do banheiro, o suficiente para que me guiasse.

—Você não apareceu, por que?

—Eu estava cansado.

—Sempre essa conversa, Erick?

—Sempre será.

—Todos fizeram a mesma pergunta, onde está o irmão de Felipe? Onde está? Fiquei com cara de idiota.

—Mas você não é.

—Ainda bem que você sabe. O que aconteceu entre você e Ehlena?

—Como assim?!

—Lility me ligou, Ehlena vai embora depois do casamento. O voou dela está marcado para depois das 5h.

—Como é que é?!

—Ela não quer ficar para a festa...

—Mas, ela queria, ela disse que ficaria...

—Eu não sei, só sei que ela vai embora. - Disse Felipe e saiu andando. Eu estava confuso com tudo aquilo, por que ela iria embora? Porque ela quer ir embora? Eu estava preocupado demais com isso. Sai do quarto e a procurei. Fui a praia e ela não estava lá, fui ao seu quarto e ela não estava. Passei como um jato pela sala, e ouvi murmurinhos sobre isso. Eu precisava encontrar Ehlena. Precisava saber o porquê queria ir embora, não a encontrei e voltei ao meu quarto, o dia seguinte seria muito agitado para a minha cabeça. Deitei-me na cama, e pensei em Sarah, depois em Ehlena. Que merda está acontecendo comigo?

O dia amanhecia ensurdecedor, a casa estava repleta de pessoas, e havia vozes por todos os lados, fiz minha higiene matinal e fui até a cozinha, o alvoroço com todos os preparativos finais do casamento estava sendo feito. A cerimônia ficara marcada para as 15h da tarde, quando a maré estivesse mais baixa. Todos os convidados já haviam chegado, várias mulheres passeavam pela casa, e pessoas as quais não conhecia também. Minha mãe estava a cozinha junto com os cozinheiros me aproximei e cumprimentei:

—Bom dia!

—Bom dia, filho! Tudo bem? Esta casa amanheceu uma loucura.

—Percebi mesmo, mamãe, a senhora por acaso viu Ehlena?

—Meu filho, não a vejo desde ontem à noite, ela não apareceu a festa de Lility.

—Mas, conseguiram falar com ela?

—Lility foi para o salão, e ela havia dito que se encontraria lá com ela. Meu filho, seja o que aconteceu entre vocês, deixem para se resolverem depois da cerimônia.

—Fique tranquila mamãe, não estragarei o casamento de Felipe. - Com isso, peguei um bolinho que estava na mesa e sai porta a fora.