Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 8
Anjos da Morte


Notas iniciais do capítulo

Oi, povo! É, as coisas tão meio paradas, mas logo a história entra no ritmo!



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Atirei apenas uma vez, e acertei a cabeça do criminoso, de primeira. Ele tombou para trás, morto. Ressler soltou um palavrão, me empurrou para o lado e se aproximou das vítimas, que estavam chorando. Eram duas garotas, de dezesseis e dezessete anos. Suspirei, impaciente, enquanto uma equipe entrava correndo.

Keen havia saído do hospital três dias atrás, e então voltou ao trabalho, o que significava que Reddington estava falando nomes outra vez. O de agora era um cara que fazia sei lá o que (eu peguei o caso pela metade, pois fiquei fora uns dois dias após invadir a sala de Cooper para roubar uns arquivos) e que nós devíamos prender, mas eu acabei matando.

Reddington, pelo fone (ele havia exigido o uso de micro câmeras na missão e fones), disse que sabia que eu era doida e não podia portar armas. Recomendou-me um psicólogo, e então parou de falar.

Cooper falou comigo quando chegamos à base, ele parecia um pouco decepcionado, e não bravo. Como estava por dentro do Projeto Dangerous, ele me conhecia.

—Era para prendê-lo, Jenna. –Disse, parando do outro lado da mesa e suspirando.

—Não pensei, apenas atirei.

—Comece a pensar então. –Saí da sala dele, Ressler fez um sinal, me chamando.

—Que?

—Entre. –Pediu. Se sentou na sala dele, fiz o mesmo.

—Que é?

—Você matou outra vez, sendo desnecessário. Quando vai aprender?

—Se nem Harold brigou comigo, você é que não vai fazê-lo, Ressler. Você não é meu superior.

—Você acha que está na Dangerous, mas não está. Com Keen fora das missões, eu é quem devia...

—Estou te ofuscando? Estou atrapalhando você na sua tentativa de crescer na carreira? Desculpe, tirei seus créditos de novo, não é?

—Você é um desastre. Quer matar quem aparece na sua frente e não pode fazer isso. Sabe disso, mas mesmo assim faz. Deviam demiti-la e confiscar sua arma. –Sorri desafiadoramente.

—Posso matar com as mãos limpas.

—Sabe a diferença entre os criminosos que matou e você? Eles estão mortos, e você viva. –Me levantei.

—Não matei nenhum inocente, Ressler. Se estiver zangado, aprenda magia negra e os traga de volta. –Saí da sala, as botas estalando contra o chão.

Eu queria socar alguma coisa até despedaçá-la. Reddington apareceu no meu caminho, andando ao meu lado. Tratei de ignorá-lo.

—Você tem muitos problemas com a raiva, Jenna. Isso não é bom.

—Vai me dar lição de moral, Raymond?-Perguntei, sem olhar pra ele. –Acho que você não é a pessoa mais indicada pra isso.

—Com certeza não mesmo. Não se zangue com o agente Ressler. Prender diretamente os criminosos da minha lista daria alguns pontos pra ele. Mas você é mais rápida no gatilho do que ele no pensamento. Aliás, o dia em que Donald reagir antes que você, o mundo acabará. –Acabei sorrindo, mesmo sem querer.

—Você é mal com ele.

—Ele se acostuma. Agora, eu sugiro que esqueça seus dias como Dangerous. É o fim, Mhoritz, não pode continuar com isso ou vão chutá-la daqui, ou prendê-la. E não precisamos disso.

—O que me sugere?

—Esqueça, e tente mudar. Entendo por que faz o que faz, e sei que não será fácil ter outra atitude, mas vai ter que mudar.

—Por que está me aconselhando?-Ele deu de ombros e sorriu.

—Por que eu não tenho nada pra fazer. E gosto de opinar. –Então tomou outro caminho.

***

Fui dispensada naquele dia. Todo mundo estava muito no veneno comigo, simplesmente porque eu matei aquele cara da lista de Reddington. Apenas ignorei cada olhar feio, e cada sermão que tentavam me passar. Eu sabia que não havia feito nada de errado. Simplesmente fiz o que fui criada para fazer. Limpei o mundo, como me mandaram fazer.

Ainda podia me lembrar das palavras do homem responsável por nosso treinamento.

“Dangerous são anjos da morte, e a encaram sem problemas. Vocês vão limpar o mundo, destruir cada alma corrompida. Trazer a paz para o nosso mundo perdido e vazio, antes que ele se acabe em guerra. Todos vocês tem essa missão, nasceram para isso. Vão até lá, e vão destruir qualquer um que fique no caminho. Encontrem os alvos e os matem, sem hesitar. A salvação do mundo depende de vocês. Não se esqueçam disso.”

Talvez eu fosse louca, mas estava apenas seguindo minha natureza. Se eu estava fazendo algo certo, para o bem do mundo, por que todos me julgavam como uma assassina fria sem coração? Frios não eram aqueles que caçávamos? Aqueles que cometeram monstruosidades por aí? Se o mundo não precisasse disso, eu e meus companheiros não teríamos sido chamados para isso, não seríamos a Dangerous. Todo aquele julgamento era idiota.

Minha equipe estava à frente do FBI e de qualquer outra agência e organização. Fazíamos nossas próprias regras. Não dependíamos de opiniões de fora. Se criminosos estavam incomodando, para que deixá-los vivos para fazerem mais maldades?

Infelizmente, Reddington tinha razão. Meus dias como Dangerous haviam acabado. Eu não era mais uma caçadora de monstros, e sim uma agente do FBI que seguia ordens. Ia ser difícil obedecer, considerando minha natureza do contra.

Eu era, como Ivan dizia, da “pá virada”. Mesmo aos vinte e oito anos eu não conseguia me comportar como adulta e ter responsabilidades de uma. Talvez não estivesse pronta para enfrentar o mundo, com suas regras e deveres, mas teria que mudar. Era tudo diferente agora. Tudo tinha mudado.

No meu apartamento, eu peguei um caderno preto que escondia no fundo do guarda-roupa, num fundo falso. Desci até o estacionamento, com uma caixa de fósforos em mãos. Abri o caderno, olhando para a primeira página.

“Missões como Dangerous”, estava escrito. “Nomes dos alvos, datas das missões, observações. Jenna Mhoritz”.

Arranquei a primeira página, ateando fogo nela e vendo-a queimar. Então olhei para o resto do caderno e decidi queima-lo por completo. Era hora de dizer adeus à minha vida como Dangerous, e ia ser difícil. Os dias com Daniel, Paul, Ivan e Luke, dando fim nos nossos alvos... Sempre estariam comigo.

Cruzei os braços, assistindo o fogo consumir o caderno. Mas não eram apenas páginas, era um passado sendo queimado. Um dia, eu não me lembraria dos nomes que havia escrito ali, nem as datas das missões. Esquecer tudo por completo não era possível. Talvez pudesse apenas... Ignorar.

Quando o fogo se apagou, peguei os restos e joguei no lixo. Parte de mim estava indo embora, uma outra parte havia ido com a morte dos meus irmãos de consideração. Outra, uma parte bem grande, ainda estava em mim.

Eu precisava me livrar dela.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo... Apenas treta!!!
"-Sabe o que vou fazer, Red? Estourar seus miolos, sem dó nem piedade.
—Se atirar, - Keen disse parada atrás de mim. –eu atiro também. Tenho sua cabeça na mira.
—Não teria coragem.
—Experimenta. –Nem me movi. Keen não tinha me intimidado. –Abaixe a arma, Jenna."
...
"-Você vai ficar?
—Estou ajudando. –Coloquei as mãos na cintura.
—Tem alguma coisa errada, Ressler? Você parece... Sei lá.
—Preciso te contar uma coisa."
Comentem!!! Digam o que estão achando, eu não mordo!!! ♥



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