Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 71
O Retorno de Emeraude Reddington




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—Espera, então vocês estão com Reddington agora?-Matt perguntou à Ressler. Apenas cruzei os braços, assistindo a cena.
—Sim.
—Mas ele é um criminoso. Por que ainda não deram um tiro nele?
—Temos um acordo. Reddington está dando nomes de criminosos importantes, que, sem a ajuda dele, não pegaríamos nunca. –Aleluia, Ressler admitiu que Red nos ajuda. Aleluia, irmãos.
—Devíamos matá-lo e pegar a lista.
—A lista não existe de verdade, não como algo físico. Está tudo na cabeça dele.
—Ninguém tem uma memória tão boa. Qual é, mais de vinte nomes foram dados até agora. Ele precisa colocar tudo em algum lugar. Nós podíamos...
—É muita idiotice para uma só pessoa. –Murmurei, revirando os olhos e me afastando. –Aram, Lizzy ainda não chegou?
—Não. –Respondeu. –Nem sinal dela.
—Estranho. Já devia ter chegado. Ela quase nunca se atrasada. –Parei, refletindo. –Talvez devesse ver se ela está bem...
—Cooper disse pra ninguém sair daqui.
—O que ele não vê...
—Nem pense nisso. –Meu celular vibrou, o tirei o bolso, aceitando a ligação.
—Jenna Mhoritz.
—A agente Keen foi sequestrada. –Era Dembe. Comecei a me mover para longe do olhar curioso de Aram.
—O que? O que aconteceu?
—Ainda não sabemos. Não passe o caso a ninguém.
—Onde está Red? Coloque-o na linha.
—Ele não quer falar.
—Como assim, “não quer falar”? Passe o telefone, Dembe.
—Desculpe, Jenna, mas ele não queria nem que eu ligasse pra você. –Suspirei. Red e seus dramas.
—Tudo bem. Olha... Eu... –Olhei em volta. –Estou indo praí agora. Não diga nada pro Red.
—Certo. –Desliguei.
—Aram?-Se virou pra mim. –Se alguém perguntar... Tive uma emergência feminina. –Então me virei e corri para o elevador.
***
—Estou aqui. –Avisei, passando por Dembe e entrando na casa. –Cadê o Red?
—Trancado no quarto. –Segui pelo corredor, parando em frente ao quarto de Reddington.
—Abre a porta. –Mandei, socando a madeira. –Vamos, Raymond, pare de gracinha e abra essa merda.
—Acho que isso não vai ajudar muito.
—O que deu nele? Red tá preparado para uma guerra até contra a Conrad e o Estado Islâmico, mas não contra sequestradores imbecis?
—Ele precisa pensar. É a agente Keen em jogo. Um passo em falso e eles a matarão.
—Por que a pegaram?
—Por que acham que ela é filha de Raymond.
—E não é?-Silêncio. –Você sabe a resposta, não é, Dembe? Podia me dizer.
—Elizabeth foi pega essa manhã. –Disse, como se eu não tivesse falado nada. –Achamos que Tom Keen estivesse envolvido, mas ele não está na cidade.
—Qual é o plano?
—Não temos um plano.
—Agora temos. –Fui pra sala, Dembe me seguiu. –Somos eu e você agora. Avise os sequestradores que a filha de Reddington chegou. –Franziu a testa. Abri os braços. –Euzinha aqui. Emeraude Reddington está de volta.
***
—Espero que esteja pronto para seguir nossas ordens, Raymond. Ou a garota morre.
—Não é Raymond. –Avisei, entrando no modo atriz.
—Quem é você?
—Emeraude. Emeraude Reddington. A garota que pegaram não é a filha de Raymond. Pegaram a garota errada.
—Isso não é possível!-Ouvi o homem se afastar do telefone e gritar alguma coisa. Dembe cruzou os braços, ouvindo apenas parte da minha conversa com um dos sequestradores. –Você está mentindo.
—Não estou. Quero me entregar e a coisa certa. Não é justo uma inocente se ferir por minha causa. Quero fazer uma troca.
—E você se entregaria de boa vontade?
—Sim. Apenas se prometerem que não vão me matar.
—Se seu pai fizer o que queremos...
—Ah, isso será difícil.
—Tudo bem. Vou passar o endereço. Mas você vem sozinha, ou acabo com as duas.
—Certo. Apenas me diga onde, e estarei lá o mais rápido possível.
***
—Quando Raymond souber que troquei vocês duas... –Dembe murmurou, enquanto eu dirigia.
—Fique tranquilo. Vai dar tudo certo. Sabe o que fazer, não sabe?
—Sei.
—Ótimo.
—Raymond não vai gostar...
—Ele quer Lizzy de volta, ele terá. Então não faça drama. Vai ficar tudo bem. –Eu não tinha muita certeza, mas era melhor que nada.
No meio do caminho, Dembe saiu do carro, seguindo pela floresta. Estacionei numa curva e fui andando, com o segurança de Red indo na mesma direção que eu.
Poucos minutos de caminhada depois, e eu cheguei ao ponto de encontro. Onde havia dois carros, e vários homens.
—Cadê a garota?-Perguntei, tentando parecer mais inofensiva possível.
—Você é a filha do Reddington?-Um dos homens perguntou, se aproximando.
—Eu mesma. Emeraude.
—Onde estava esse tempo todo, Emeraude?
—Escondida. Raymond acha perigoso eu ficar por aí. Agora sei por quê.
—Ok. Então tá. Por aqui, senhorita Reddington, vamos soltar a garota. –Passei por ele, indo até um dos carros. Alguma coisa encostou no meu pescoço e eu levei um choque, caindo no chão. –Rápido, vamos dar o fora!
***
—Jen?
Abri os olhos e me sentei, esfregando a nuca. Lizzy estava sentada perto de mim, surpresa. Droga. Parece que meu plano deu errado. Mas qual é a novidade nisso?
—Como chegou aqui?-Lizzy perguntou.
—É bom te ver também, Keen.
—Jenna.
—Fingi que era filha do Red e tentei trocar de lugar com você, mas não deu certo.
—Eles podiam ter te matado.
—Conta uma novidade agora. –Olhei em volta. Era uma sala pequena, suja e sem móveis. –Quem é o responsável por isso tudo?
—Eu não sei. Mas precisamos sair daqui, logo.
—Vou pensar em alguma coisa.
—Não. Chega de planos perigosos. Vai se colocar em perigo outra vez e pode ser morta.
—Lizzy, se eu estou aqui, é por que vim por conta própria. Red não sabia do meu plano e nem sei se sabe. Ele está... Sei lá, trancado no quarto e não sai por nada. Você foi pega e... Ele está em choque, não sei. Alguma coisa muito errada está acontecendo.
—O que acha que é?
—Eu não sei. Mas você está bem?-Assentiu rapidamente. Não parecia ser verdade, mas era melhor não insistir.
—Não deveria ter vindo para cá. Podiam tê-la matado.
—Sabe que meus planos sempre envolvem minha quase morte. Não dá pra evitar.
—Já percebi. –A porta abriu e dois homens entraram. Lizzy e eu ficamos de pé. Os dois me ignoraram e puxaram Keen porta a fora.
—Ei, espera aí!-Gritei. Um deles parou e puxou uma arma, apontando-a pra minha cabeça. –Ok, tá. Não vou fazer nada. –Saíram, a porta foi trancada. –Merda.
Comecei a andar de um lado para o outro, tentando armar um plano de fuga. O problema é que eu não sabia onde estávamos, nem para onde poderíamos ir ao fugir. Quantos homens haviam fora daquela porta, armados? Se não fosse um bom plano, Keen e eu seríamos mortas.
Vários minutos se passaram, e finalmente trouxeram Lizzy de volta. A empurraram para dentro e nos trancaram de novo. Corri para ajudá-la a levantar. Sangue escorria de cortes no rosto e do lábio.
—O que diabos fizeram com você?-Perguntei, encostando-a na parede.
—Querem... Pressionar Red. Para vir mais rápido.
—Pressionar? Como assim?
—Me bateram e gravaram. Vão... –Respirou fundo, apertando de leve as costelas. – mandar o vídeo pra ele.
—Filhos da mãe... –Rasguei parte da minha camiseta, tentando limpar os ferimentos dela. –Você vai ficar bem. Eu prometo que vamos sair dessa.
—Eles não sabem quem é você. Mas... –Encostou a cabeça na parede, parecendo exausta. –Mas não acreditam que é filha de Red.
—Droga.
Lizzy acabou adormecendo pouco depois. Me obriguei a ficar acordada e alerta. Tinha que armar um plano de fuga perfeito. Red devia estar fazendo um também, se é que queria recuperar nós duas. A atitude dele ao Elizabeth ser sequestrada foi bem estranha.
No dia seguinte, voltaram a buscar Lizzy, para mais uma “sessão tortura”. Tentei impedir os dois homens, mas um me deu uma coronhada no rosto, fazendo um corte se abrir.
Quando Keen voltou, estava muito pior que antes, e não conseguia andar sozinha. A situação estava cada vez pior.
—Tenho certeza que Red virá. –Comentei, tentando limpar os novos cortes de Lizzy. –E vai acabar com esses desgraçados. Eles não... –A porta abriu. Quatro homens dessa vez. Dois me seguraram, enquanto os outros dois erguiam Keen. –O que é agora?-Sem resposta, nos levaram por uma série de corredores, e enfim, para uma grande sala, onde vários outros homens estavam.
—Mais um vídeo, para seu querido pai. –Um deles disse, parando na frente de Lizzy. Solta, ela caiu de joelhos no chão. Tentei me soltar, não consegui.
—A filha dele sou eu!-Gritei. –Deixe-a em paz!
—Cale a boca.
—Se quer Reddington aqui, vai ter que me torturar! Ele não virá por ela! Ela não é a filha dele, eu sou!
—Alguém faça essa garota calar a boca.
—Ninguém toca nela, Kellowen. –Me virei na direção da voz, chocada.
—Miguel.
—Olá, Jenna.
—A conhece?-Kellowen perguntou, olhando de mim para Miguel.
—Essa não é a filha de Reddington. É a minha filha. E se me quiser como sócio, não vão tocar num fio de cabelo dela. Quer machucar a outra? Vá em frente, mas em Jenna ninguém mexe.
—Ah, vá para o inferno!-Gritei. –Você nem se importa comigo!
—Não vamos discutir minhas responsabilidades paternas agora.
—Você não é meu pai, Raymond Reddington é.
—Comovente.
—Tudo bem. –Kellowen se meteu, antes que eu mandasse Martin ir tomar num lugar nada educado. –Vamos focar na garota que podemos machucar.
—Não toque nela!-Gritei, tentando me soltar. –Vou matar você! Fazê-lo em picadinhos! Tire as mãos dela!
—Sua filha é uma caixinha de surpresas, Cortez. Agora a controle. Antes que ela faça uma participação especial no vídeo para Reddington. –Miguel fez um gesto, e outro homem se aproximou, por trás de mim, e cobriu minha boca com a mão. –Vamos começar. –Pegou uma faca de uma mesa perto dele.
—Não!-O grito saiu abafado. –Lizzy!
Houve um disparo, então Kellowen estava no chão. Um tiroteio começou. Solta, eu corri na direção de Lizzy, puxando-a para longe do fogo cruzado, ela estava inconsciente.
Miguel não estava mais lá, deve ter fugido. O cara era muito escorregadio mesmo.
Os tiros pararam e tudo silenciou.
—Lizzy? Jenna?-Levantei.
—Red! Keen precisa de ajuda. –Se apressou na nossa direção, Dembe o seguiu. –Ela tem que ir para um hospital, não está nada bem.
—Dembe. –O homem a pegou no colo com cuidado. Lizzy nem se mexeu. –Você está bem?
—Estou. Agora vamos.
***
Depois de deixar Lizzy no hospital, Dembe me deu uma carona para a base. Mal saí do elevador, e Aram me chamou.
—Cooper quer falar com você.
—O que eu fiz agora?-Perguntei, confusa.
—Pergunte ao Martin. –Suspirei.
—Mas que merda. –Subi para o escritório de Harold, batendo na porta antes de entrar. Martin estava de pé, perto da mesa. Me sentei, olhando para o diretor, então para o mala que queria o cargo dele. –Aconteceu alguma coisa, senhor?
—Agente Mhoritz, pode nos explicar onde esteve?-Martin perguntou. A única coisa que me impedia de socá-lo, era Cooper.
—A agente Keen foi sequestrada. Tentei resgatá-la, mas falhei e fui pega.
—Então sua colega de equipe foi pega, e em vez de pedir reforço ou avisar o diretor Cooper, você simplesmente saiu sozinha?
—Dembe Zuma estava comigo.
—Ah, claro, o cachorrinho de Reddington.
—Não fala assim dele. Dá dez de você.
—Cuidado com o tom de voz, agente Mhoritz. Sua conduta foi muito errada. Está demitida.
—O QUE?-Levantei. Ia socar Martin, sem sombra de dúvidas. –Não pode me demitir.
—Escolheu seguir na ilegalidade, está fora.
—Não pode fazer isso! Você não manda aqui!
—E não mesmo. –Uma voz disse da porta. Nos viramos. Red tirou o chapéu e se aproximou. –Jenna, poderia nos deixar a sós?
—Sim. –Passei por ele e saí, seguindo para minha sala. Ressler apareceu assim que me sentei.
—O que você fez agora, Jen?-Perguntou. –Martin disse que não sairia daqui até falar com você.
—Aquele... Filho da... Me demitiu.
—O que?
—Me demitiu. Mas Red está lá e acho que vai dar um jeito nisso.
—Onde esteve?
—Sequestrada, com Lizzy. –Se sentou.
—Explique isso direito.
—Tudo bem. Foi assim...


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