Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 64
Reddington




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—É tão estranho não ter a agente Malik. –Aram comentou.
—Com certeza. –Murmurei. Keen, Ressler e Cooper se aproximaram.
—Dois agentes foram mortos semana passada. –Lizzy disse. –De acordo com as investigações, ambos têm ligações com o FBI, eram agentes, mas já se aposentaram. Os dois trabalharam juntos, e criaram, com mais dois colegas, o Projeto Dangerous.
—Estou tentando descodificar o arquivo que falava sobre o projeto. –Aram informou. –Faltam apenas dois nomes, mas o arquivo está dando trabalho.
—Precisamos encontrar os outros agentes. –Cooper disse. –Antes que seja tarde.
—Eu... –Saí da mesa de Aram, e comecei a me afastar. –Preciso fazer uma coisa, senhor. Juro que volto assim que puder.
—Jenna...
—Juro que ligo! Juro!
Saí antes que me impedissem.
Liguei para Red, Dembe me disse que estavam numa loja antiga de perfumes, não muito longe dali. Entrei como um furacão, olhando em volta. Havia apenas nós três ali.
—Traga aquele... Jen, o que foi?
—Precisa dar o fora, agora. –Respondi. –Dois dos quatro agentes que criaram o Projeto Dangerous foram mortos, o próximo é você!
—Os outros sabem disso?
—Não. Faltam dois nomes, não sabem que você fez parte disso, ainda. Red, eles virão atrás de você.
—Se estão caçando os responsáveis, caçarão os Dangerous. Você também está em perigo.
—Eu sei me cuidar. Você é quem tem que sair do país, agora.
—Jenna...
—Red, não come...
Tudo explodiu. Houve um estouro alto, então todos estávamos no chão, com uma fumaça nos sufocando e cegando. Eu não conseguia pensar direito, nem me levantar.
—Red!-Gritei, tentando ver alguma coisa. Vozes altas estavam próximas. –Red!-O encontrei caído ao lado. Agarrei a mão dele, então a escuridão nos levou.
***
Eu já tinha acordado. Red, não. Ele tinha um corte na lateral da cabeça, onde vidro deve ter o acertado quando a vitrine explodiu. Estávamos presos num cômodo grande, sem móveis, feito de pedra áspera e marrom. Uma porta levava a um banheiro sujo.
Não sabia quem tinha nos sequestrado, mas podia apostar que eram as pessoas caçando os responsáveis pelo Projeto Dangerous.
Red finalmente acordou. Piscou algumas vezes, confuso, então se sentou.
—Você está bem?-Perguntei.
—Quem nos pegou agora?
—Provavelmente as pessoas que mataram aqueles dois agentes. Eu disse que você corria perigo.
—E você também. Se a trouxeram para cá, então sabem quem é você.
—Se você tivesse me escutado...
—Agora é tarde demais.
—Acha que eles sabem o último nome? Por que não nos mataram ainda?
—Tenho quase certeza de que sei as respostas, mas não se você vai querer saber.
A porta abriu. Red e eu nos levantamos, enquanto quatro homens entraram. Raymond ficou entre mim e eles, mesmo que devesse ser o contrário. Eu era a Dangerous ali. Duvidava que ele pudesse lutar com aqueles quatro. Bom, no momento eu não conseguia lutar nem com um.
—Então você é que está por trás dessa caçada sem sentido. –Red disse.
—Não é sem sentido. Quero vingança. E vocês estavam por trás dos Dangerous. Eles foram treinados e obrigados a fazerem o que fizeram. Quase não tem culpa. Quase. Preciso do último nome, Sr. Reddington. O último agente.
—Você não decidiu nos caçar? Então descubra quem ele é. - O homem balançou a cabeça negativamente.
—Peguem a garota.
Recuei, sabendo que não tinha condições de lutar. Red tentou interferir quando dois homens se aproximaram, mas eles o empurraram e me arrastaram para longe dele, ambos de cada lado meu, me segurando.
—Quero o nome, Sr. Reddington. E não minta, eu saberei se mentir, e as consequencias serão piores.
—Red, não. –Pedi. –Não diga nada.
—Muito bem. Hank.
O terceiro homem se aproximou, puxando um punhal do cinto, e acertou minha perna, na coxa. Me dobrei, segurando um grito. Os homens me deixaram sentar, mas não me soltaram.
—O nome, Reddington.
—Não. Diga. Nada. –Mandei. A dor estava sendo quase insuportável, quase. Eu tinha que aguentar.
—O nome, agora. Ela parece ser bem corajosa, mas até uma Dangerous pode morrer. O nome. –Red não disse nada, mas eu sabia que ele estava considerando falar. –Hank.
O homem se aproximou de novo, enfiando a faca no corte que havia feito antes, então a girou, aumentando-o. Um grito escapou. Abaixei a cabeça, tentando não chorar de dor.
—O nome do terceiro agente. O nome, Reddington! É só dizer e eu mando Hank parar. A garota não tem que passar por isso.
—Deixe-a em paz, agora.
—Se me der o nome... Hank.
Alguma coisa acertou meu rosto e eu caí no chão, os homens me soltaram. O mundo silenciou e girou. Alguém estava falando algo. Uma porta bateu. Red me puxou até a parede, onde me encostou. Ele estava dizendo alguma coisa, mas eu não conseguia ouvir. Não podia estar morrendo, podia?
—Você... Não... Deu o... Nome... Deu?-Sussurrei. Minha audição começou a voltar ao normal, mas o mundo não parou de girar.
—Dei.
—Não... –Quis socá-lo. Agora outra pessoa estava em perigo. –Red...
—Era ele, ou você. E entre você e Lizzy, e qualquer outra pessoa, vocês virão primeiro. –Fechei os olhos.
—Você... É maluco.
—Durma. Durma, Mhoritz.
***
Eu estava derretendo. Queimando de dentro para fora, morrendo lentamente. Mal conseguia abrir os olhos, mas sabia que estava com a cabeça no colo de Red, um pano molhado na testa, e outro enrolado no corte na minha perna. Me perguntei se era um plano daquele homem: manter Red assistindo a minha morte lenta, então matá-lo em seguida. Parecia um bom plano para um psicopata.
Minha cabeça foi movida, e dor explodiu dela. O pano foi retirado, e pouco depois recolocado no lugar, mais molhado.
—Não quero uma morte lenta. –Sussurrei. –Peça... Pra eles...
—Não fale bobagens, você não vai morrer.
—Vamos ser... Realistas. –Respirei fundo, o movimento doeu. –Estou morrendo.
—Não está. Pare com isso, agora. –Encostou a mão no meu rosto, eu mal podia sentir. –Você vai ficar bem. –Minha mente vagou. Tentei me lembrar de coisas que eu nunca perguntei.
—Red... Lembra quando... Miguel era apenas... Meu Informante?
—Lembro.
—E de... Quando eu quase... –Respirei fundo de novo. -... Fui queimada viva?
—Sim. Aonde quer chegar?
—Alguém me... Me salvou. Queria... Descobrir quem... Foi... Que...
—Quando me afastei, por uns dias, depois da morte de Daniel... –Fez uma pausa, sabendo que o assunto não era fácil pra mim. –Contratei algumas pessoas para ficarem de olho em você, e só interferissem em caso de grande risco pra você. Não deveria saber que eles estavam lá. Quando desmaiou, eles se aproximaram.
—Está sempre... Me salvando. Devia ser ao... Ao contrário.
—Não preciso ser salvo.
—Precisa. E... Não só da morte.
Depois disso, eu passei muito tempo inconsciente. Mais apagada do que acordada. Durante dias eu sofri com a febre e a dor na perna. Isso até Red fazer alguma coisa, e convencer nosso sequestrador a arrumar remédios e uma caixa de primeiros socorros.
Quando acordei, sem a dor e sem a febre, achei que estava morta. Me sentei, vendo que Reddington estava adormecido, sentando perto de mim.
Minha coxa estava enfaixada e não doía mais. Como Raymond havia negociado com aqueles homens era um mistério, e eu sabia que ia continuar sendo. Só esperava que ele não tivesse trocado a vida de outro inocente para me salvar de novo.
Pela primeira vez, desde que havia sido torturada, eu notei que Red também estava ferido. Havia marcas roxas no rosto e nos pulsos. Como não havia notado isso? E quando havia acontecido?
—Red. –Chamei, tocando o braço dele. –Raymond. –Abriu os olhos e olhou pra mim. –Você está bem? Eles te machucaram?
—Não importa. Como se sente?
—Um pouco melhor. O que fizeram com você?
—Pense em você, e não em mim.
—Teimoso. –Suspirei. Meu estômago roncou. Red empurrou um prato e um copo na minha direção, ambos feitos de barro.
—Coma alguma coisa. Passou os últimos dias tomando líquidos.
—Quanto tempo eu...
—Cinco dias. –Comecei a comer. Pão, e água. Bem gentis, nossos sequestradores.
—Comeu alguma coisa?
—Sim. –Ergui a cabeça, olhando pra ele.
—Está mentindo! Raymond!-Dividi o pão no meio e estendi um pedaço pra ele. –Pega, ou vou fazê-lo engolir inteiro.
—Mhoritz.
—Coma. –Quase enfiei o pão no rosto dele, que o pegou. –Isso.
—Você seria uma mãe maravilhosa e atenciosa.
—Ah, eu seria sim. Sou um doce de pessoa. Algum plano para sairmos desse inferno, vivos?
—Não. Ainda. Mas vamos sair daqui. Eu prometo.
***
Era o oitavo dia. O corte na minha perna havia voltado a doer, e eu descobri que não conseguia andar sem mancar. Por sorte a febre não voltou. Sempre que eu dormia, acordava apenas para descobrir que Red estava mais machucado. Ele negou, dizendo que eu estava imaginado coisas, mas sabia que ele estava mentindo. Também disse que em breve sairíamos dali. Sabia que era apenas uma forma de me consolar. Não íamos sair dali, não com vida.
No nono dia os quatro homens voltaram. Red se levantou antes que eu, de novo ficando entre mim e eles. Levantei, apoiando-me na parede, e parei na frente de Reddington. Eu era a Dangerous ali. Eu não ia deixar ninguém tocar nele.
—Raymond, sabe o que viemos fazer. –O mais alto era o líder, isso eu sabia, mas não como se chamava. –Nove dias. Uma morte. Sua vez.
—Vai deixá-la ir, como prometeu?-Franzi a testa. Que? Eu ia embora?
—Red, o que está acontecendo?-Perguntei, olhando-o por cima do ombro.
—Você tem que ir, Mhoritz.
—Com você. Só saio daqui com você.
—Eu até deixaria você levar o corpo dele... –O homem começou debochado. –Mas...
—Não vou deixar você matá-lo!-Voltei a olhar pra frente. –Só saio daqui com Reddington! Se quiser pegá-lo, vai ter que passar por mim. –Sorriu.
—Não seria muito difícil.
Alguma coisa acertou meu pescoço, por trás. Desmaiei antes de tocar o chão.
***
—Jenna, por favor. Jen.
—Não há nada aqui, Ressler. Vamos levá-la antes que acorde e...
—Chame os para-médicos, acho que ela está ferida.
As vozes eram familiares. Ressler. Keen. Eu não queria acordar, mesmo que eles estivessem ali. Mas... Por que eu não estava acordada? Ah, algo havia me acertado. Queriam matar Red... Espera. Reddington.
Abri os olhos e empurrei quem estava perto de mim, Ressler, e me sentei, olhando em volta. Era a cela onde passei nove dias, presa com Red. Tudo parecia exatamente igual, menos... Menos o sangue no chão.
—Red... –Murmurei, então comecei a entrar em pânico. –Onde ele está? Reddington!
—Jen, eu sinto muito... –Ressler começou. –Mas Reddington...
—Não. Não. Não. Ele não está... Ele não está... –Cobri a boca com a mão. Keen, perto da porta, manteve os olhos baixos, estava imóvel, mas eu sabia que estava abalada. Os lábios tremeram. –Ele não morreu. Não. Ele estava aqui... Comigo e... Ele disse que... Ele... –As lágrimas enfim vieram. Minhas e de Lizzy. Ela correu pra fora da cela, e Ressler me abraçou.
Raymond Reddington não podia morrer assim. Ele não podia... Simplesmente partir. Era impossível.
—Eu quero vê-lo. –Avisei, sem me soltar de Donald. –Eu quero... Por favor.
—Não encontramos o corpo, Jen. –Me afastei, um estalo na minha cabeça me deixou alerta.
—O que?
—Quando chegamos, havia apenas você e o sangue. Não havia corpo. Achamos que... Eles levaram Reddington. Após... Matá-lo. –Fechei os olhos com força, respirando fundo. –Jen...
—Estou bem. –Me levantei, minha perna reclamou. –Eu estou bem.
***
Manquei até a porta e bati diversas vezes, o coração batendo rápido. Tinha conseguido escapar de Ressler e sua preocupação exagerada. Não tinha muito tempo. Bati de novo, mais forte. Ia arrombar se fosse preciso. Finalmente a porta abriu, revelando Dembe. Passei por ele, quase caindo.
—Cadê?-Perguntei. –Onde ele está?
—Eu não sei. –Sentei no braço do sofá.
—Dembe, eu sei que ele não está morto. Não havia corpo. Ele não está morto. Preciso que me diga onde ele está.
—Não sei, agente Mhoritz. Eu não sei. Ele... Desapareceu. –Assenti.
—Se ele entrar em contato... Você jura que me avisa?
—Sim.
—Obrigada. Muito obrigada.


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