Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 58
Harold Cooper parte 2




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—Ressler, você me perdoou por tudo o que eu fiz?-Sussurrei. Isso não estava me deixando dormir. Donald passou o braço pela minha cintura, a respiração fazendo cócegas no meu ombro.
—Se eu amo você, tenho que conviver com seus erros.
—São muitos.
—Eu sei. Mas todo mundo comete erros. O tempo todo.
—Não sou perfeita.
—Eu também não. Mas isso não muda nada. –Segundos de silêncio.
—Me perdoou por ter matado nosso filho?
—Jen. Pensar nisso não vai ajudá-la a dormir.
—Minha cabeça anda uma confusão recentemente.
—Talvez devesse falar com a Friedman de novo.
—Não. Vou ficar bem. Tenho que ficar.
***
—O nome de hoje não é nenhuma novidade. –Keen disse. Me ajeitei melhor na mesa de Aram, espiando algumas informações que ele estava reunindo para o caso. –Miguel Cortez. –Ergui a cabeça. Droga.
—Mas nós já procuramos Miguel Cortez. –Martin argumentou impaciente. –Estamos o caçando faz anos.
—Sim, mas Reddington está o acusando de sequestrar Cooper. E não só isso. No último mês, a antiga equipe responsável por encontrar Cortez foi morta. Cooper estava na equipe.
—Andei verificando os dados da antiga equipe. –Aram comentou. –Os registros dizem que um dos agentes morreu de causas naturais, dois em tiroteios, três em acidentes, um se matou e outro foi morto pela ex-mulher. Atualmente, tirando Cooper, há apenas um agente vivo responsável por encontrar Miguel Cortez.
—Quem?-Perguntei.
—Eu. –Ressler respondeu, se desencostando da mesa de Meera. –Eu estava na equipe. –Olhou para a foto do meu pai em um dos telões. –Ele virá atrás de mim.
—Ele sabe quem estava o caçando?
—Houve uma invasão meses atrás em arquivos da base maior do FBI. –Aram disse. –Os arquivos se referiam ao grupo em que os agentes Ressler e Cooper faziam parte. Ele sabe quais seus alvos.
—E virá atrás do único componente que sobrou.
—Isso pode significar que Harold Cooper está morto. –Meera declarou. E, além disso, que Martin ia ficar no cargo. Horrível, não?-Temos o nome do hacker que roubou as informações da equipe. Talvez ele possa nos dizer algo que ajude no caso.
—Certo. –Martin disse. –Keen, Ressler, quero os dois indo atrás desse hacker.
—E eu?-Perguntei.
—Você fica. É de seu pai que estamos atrás, quero você aqui.
—Miguel Cortez não é meu pai.
—Não é o que andei ouvindo. –Me segurei pra não socar a cara dele. –Você vai permanecer aqui. Os dois, - Se virou para Lizzy e Ress. –Vão. –Os dois agentes saíram, após pegar o endereço, e Martin voltou para sua sala.
—Não é justo. Esse... Tirano, desgraçado, filho da...
—Mhoritz. –Meera repreendeu.
—Precisamos fazer uma corrente de oração para achar Cooper. Não aguento mais esse Martin.
—E alguém aguenta?-Aram perguntou. Peguei uma das pastas da mesa dele, falava da operação que fizeram para pegar Miguel.
—Achei que Ressler havia só caçado Reddington.
—E ele fez isso, mas Cortez também era importante. O cara está só abaixo do senhor Reddington na nossa lista. –Ri. –Que foi?
—Senhor Reddington?
—O que? Eu sou respeitoso.
—Red te socaria se o chamasse de senhor. –Deu de ombros. –Ai, Aram, você é uma graça.
—O que isso significa?
—Deixa pra lá. –No lado oposto, Meera riu.
***
—Keen e Ressler já deram notícias?-Perguntei, cruzando os braços. Havia passado a última meia hora na minha sala, lendo sobre a equipe da qual sobraram apenas Donald e Harold.
—Não. –Meera respondeu. –Acabei de ligar, nenhum dos dois atendeu.
—Vou atrás deles.
—Martin disse...
—Dane-se Martin. Alguma coisa pode ter acontecido. Me dá o endereço. –Hesitou. –Meera Malik, me dá o endereço. –Suspirou e o anotou num pedaço de papel. –Obrigada.
Eu não fazia ideia de onde aquilo ficava. Agradeci pelo GPS e digitei o endereço. Aquilo me levou para uma área afastada, com muitas árvores. Por que um hacker ia viver tão recluso? Não fazia sentido pra mim.
No meio do caminho, eu soube que alguma coisa tinha mesmo acontecido. O carro usado por Lizzy e Donald estava batido em uma árvore, e com marcas de tiro. Estacionei atrás dele e corri para o lado do carona. Elizabeth estava no carro, sozinha, as pernas pareciam presas. Sangue escorria de diversos cortes no rosto dela.
—Lizzy, acorda. Elizabeth. –Abriu os olhos e fez uma careta de dor. –Cadê o Ressler?
—Eles o levaram. –Com certa dificuldade, consegui abrir a porta.
—Consegue sair?
—Minhas pernas... Doem muito. –Bom. Pelo menos ela as sentia. Seria pior se não sentisse. Passei o braço dela por cima dos meus ombros.
—Vai ter que me ajudar a ajudar você, Lizzy. Faz um esforço, ok?-Assentiu, sem fôlego. Droga, ela precisava de um hospital, urgente. –No três. Um. Dois. Três. –Tentei puxa-la pra fora, ela deu um grito ensurdecedor. Parei. –Desculpa, desculpa.
—Não consigo sair...
—Tá, tá. –A soltei e peguei o celular no bolso, discando o número de Meera. –Atende logo, atende.
—Mhoritz?-Perguntou. –Você os achou?
—Achei Keen. Ela está ferida. Preciso que mande alguém pra cá, Ressler foi pego. Precisam vir rápido, Elizabeth não está nada bem.
—Vou fazer isso. –Desligou. Apertei a mão de Lizzy.
—Eles vão vir logo, eu sei disso. O que aconteceu?
—Homens armados... –Começou. –Eles... Eles surgiram do nada, atirando, e então Ressler perdeu... O controle do carro. O pegaram... Eu acho que desmaiei.
—Tudo bem. Olha, vou tentar mover suas pernas primeiro, ok? Veja se consegue mexe-las. –Segurei as pernas dela o mais delicadamente possível. Mais um grito de Lizzy. –Ok, ok, péssima ideia.
—Você tem... Que ir atrás de Ressler. –Soluçou. Eu nem conseguia imaginar quanta dor ela devia estar sentindo. –Ele precisa... De ajuda.
—Eu vou, mas primeiro você. Não vou deixá-la sozinha.
—Se... Acontecer alguma coisa... Precisa dizer ao Tom...
—Lizzy, não. Para com isso. Você vai ficar bem.
—É muito sangue. –Olhei pra baixo. Era verdade. O jeans claro estava quase todo manchado de sangue.
—Eles estão chegando, eu tenho certeza de que...
—Jen! Atrás de você!
Tentei me virar, era tarde demais.
***
Fez o som de água pingando que me fez acordar. Rolei de lado, tentando ver algo naquela escuridão toda. Quando minha visão se acostumou ao escuro, eu pude ver Ressler perto de mim, e um homem ao lado dele, que eu demorei a reconhecer. Então finalmente descobri quem era.
—Harold. –Murmurei, me obrigando a sentar. Algemas prendiam meus pulsos, assim como os dos outros dois. –Você está vivo.
—Ela só está feliz assim porque Martin está no seu lugar. –Ressler disse.
—Em parte é verdade. Bom saber que está bem, senhor.
—Como veio parar aqui, Mhoritz?-Perguntou.
—Fui atrás de Ressler e Keen. Então me pegaram.
—Você achou Elizabeth?-Ressler questionou. –Ela está bem?
—Muito machucada. As pernas estão muito feridas. Consegui pedir ajuda antes de me levarem. Espero que a tenham encontrado. –Olhei em volta. –Então é meu pai que pegou vocês?
—Seu pai?-Cooper parecia confuso. –Martin Mhoritz não está morto?
—Martin Mhoritz não é meu pai. Miguel Cortez sim. É uma longa história, prometo contar assim que sairmos desse... –Franzi a testa. –Porão? Que seja.
—Parece que muita coisa aconteceu na minha ausência.
—Você não faz nem ideia. –Uma porta abriu e luz explodiu no lugar. Agora paredes de pedra (suja) eram visíveis. No claro, era possível ver que Harold e Donald estavam machucados. –Olha quem apareceu, o Pai do Ano. Espera aí que eu vou buscar seu troféu.
—Me pergunto de quem puxou esse humor, Jenna. –Miguel disse. –Ah, antes que me esqueça: a agente Keen, me informaram, não resistiu aos ferimentos do acidente, e... Morreu.
—Não!-Não podia ser verdade. Lizzy... –Acidente? Acidente? Aquilo foi culpa sua! Você foi o responsável! E se acha que vou descansar antes de acabar com você...
—Devia ter respeito com seu pai. Pelo jeito Martin Mhoritz e Reddington não a educaram corretamente.
—Educaram, sim. Mas me ensinaram que devo respeitar quem merece respeito. E você, lamento dizer, não merece nenhum.
—Dramática como sua mãe. É uma cópia quase perfeita de Maria. –Tirou uma arma de dentro do casaco negro. –Creio que vá dizer que não posso matar nenhum dos dois. Mas seus amigos... Não podem continuar vivos.
—Não se atreva. Não se atreva, Miguel Cortez. Se atirar contra eles...
—Fará o que? Irá gritar e chorar? Isso não me afeta. Sinto muito. –Ergueu a arma. –Atiro em quem primeiro?
—Para com isso! Miguel!
—Ah. O seu namorado. Donald Ressler. –Mirou em Ress.
—Não!
Atirou.
Nunca fui rápida em toda minha vida quanto naquele momento. Em um instante eu estava sentada ao lado de Ressler, e no outro entre ele e meu pai. Alguma coisa atingiu meu peito, e eu caí pra trás, em cima de Ressler. Havia muita dor, e alguma coisa escorrendo e manchando minha blusa.
—Jen, acorda! Jen!
Miguel havia me acertado. O fato parecia distante, assim como os gritos, e tiros. Eu estava flutuando. Então tudo escureceu.


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