Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 10
Yelena Belikov


Notas iniciais do capítulo

O capítulo de hoje tá pegando fogo... Literalmente



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Estava completamente apagada. Havia saído da base depois que Ressler me deixou sozinha na sala de treinamento. Quis ir até ele e esganá-lo, enchê-lo de socos e chutes, mas não o fiz. Ele não ia falar nada, não pra mim.

Meu celular tocou, atrapalhando o belíssimo, e cheio de ação, sonho que eu estava tendo. Tateei em busca do aparelho e apertei a tela, colocando o celular perto do ouvido.

—Quem é?

—Temos mais um nome. Reddington vai falar. –Pisquei para a escuridão do quarto.

—Ressler? Que horas são?

—Cinco e meia.

—Que? Vai se ferrar! Cinco e meia! Nem na Dangerous eu acordava cinco e meia.

—Agora você trabalha para o FBI. Tem vinte minutos pra chegar aqui, ou eu vou atrás de você. –Reprimi um bocejo.

—E vai me vestir também, bonitão?-Ele desligou. Comecei a rir e me levantar. Irritar Ressler era meu novo hobby.

Tomei um banho frio para despertar e me vesti. Saí ainda amarrando o cabelo, entrei no carro e acelerei o máximo que minha linda caminhonete permitia. Cheguei pouco depois na base.

As coisas por lá ainda estavam meio agitadas, já de Cooper não havia sido encontrado. Meera continuava sendo a substituta dele, e parecia estar se saindo bem. Me aproximei do pequeno grupo formando pelo criminoso predileto do FBI, sua favorita, meu colega irritantemente loiro e Meera.

—Cheguei, podem começar.

—Yelena Belikov. –Reddington disse.

—Quem é essa?

—Uma assassina de aluguel, que gosta de matar as vítimas carbonizadas. Muitos dos incêndios que tem visto por aí são obra dela. Yelena nunca falha. –Meera fez uma foto da tal incendiaria aparecer numa tela.

—Ela parece com Gina Zanetakos. –Ressler disse.

—Aquela que te deu uma surra? Com certeza. As duas são muito amigas. Ou eram.

—Me chamem quando formos pra rua. –Pedi. –Não levo jeito pra investigação de escritório.

—Você tem um relatório pra fazer, Jenna. –Meera avisou.

—Eu tenho?-Ela cruzou os braços. Bufei. –Ta legal. Ressler, vou usar sua sala.

Eu realmente odiava fazer relatórios. Era chato, e gastava muito tempo fazendo esse tipo de coisa. Tirando o fato de que Cooper queria que eu fizesse tudo à mão. Era um castigo cruel.

Passei muito tempo pensando no que escrever, então quando finalmente terminei, Ressler já havia saído para uma das missões de rua.

—Como assim, ele foi sem mim? Ele sabe que eu adoro ação. Não é justo.

—Pode ir, se quiser. –Meera disse. –Mas Ressler pediu para ir sozinho, e não avisar você.

—Filho da p...

—Agente Mhoritz!

—Desculpa. Estou indo atrás dele. –Comecei a andar, então parei. –Alguém sabe onde ele foi?

***

—Ressler, seu filho da mãe, onde você está?-Gritei, apertando o telefone com força. –Que droga, você sabe que eu queria ir.

—Estou ocupado, Jenna, pode deixar seu escândalo para mais tarde?

—Não, não posso. Passe o endereço, estou indo até você.

—Não vai atrapalhar minha missão.

Nossa missão. Então, onde você está?

—Eu... –O celular caiu no chão. Parei de andar, tentando ouvir alguma coisa, só escutei o silêncio, então som de luta. –Ressler? Ressler, está me ouvindo? O que está acontecendo?

Escutei uma risada feminina, então a ligação foi cortada.

Corri pra base, esbarrando com tudo em Aram, derrubando-o. Ele deixou cair o tablet que segurava. A tela quebrou.

—Desculpa. –Pedi. –Foi mal.

—Foi! Foi sim!-Olhou para o aparelho quebrado com pena. Sorri e voltei a correr. Encontrei Meera conversando com dois homens, me meti na frente dela, interrompendo a conversa.

—Ressler. Sumiu. –Respirei fundo, estranhamente a corrida havia me cansado. Meera dispensou os dois homens com um gesto e olhou pra mim.

—O que aconteceu, Mhoritz?-Perguntou.

—Ressler. Estava... Com ele ao telefone, e... Aconteceu alguma coisa, o celular caiu, e aí... Ele estava lutando, eu acho. Então uma mulher riu e desligou. –Meera olhou em volta como se procurasse alguma coisa. –Nós temos que ir atrás dele. Se for Yelena, ela vai matá-lo!

—Vamos encontrá-lo, Jenna, fique calma.

—Calma? Desculpa, mas tudo o que eu sinto agora não é calma.

—Vamos rastrear o telefone dele e...

A deixei pra trás, pegando meu celular e discando o número de Reddington. Ele estava com Keen do outro lado da cidade. Fui para o estacionamento, esperando o “capanga” de Raymond avisar que eu estava na linha.

—Vamos logo, caramba!-Gritei, entrando no carro.

—Jenna, você precisa tomar alguns chás calmantes.

—Não preciso de chás, preciso saber pra onde mandou Ressler.

—O que aconteceu com ele?

—Acho que Yelena o pegou.

Acha?

—Reddington! Me. Dá. A. Droga. Do. Endereço! Nem Elizabeth vai me impedir de atirar em você se não me disser pra onde mandou Ressler!

—Você está muito estressada. Gosta de Donald?

—Raymond Reddington!-Berrei, ligando o carro.

—Tudo bem, tudo bem. Pegue o endereço.

Digitei as coordenadas no GPS e acelerei na direção indicada. Ok, tudo bem, talvez eu estivesse preocupada com Ressler. Mas fazer o que? Ele era meu colega de trabalho, era da minha equipe, e eu sabia reconhecer isso. Nunca deixava ninguém pra trás, nenhum dos meus. Ressler era um pouco chato, tudo bem, mas eu não era uma maravilha com ele.

Só cheguei quando já estava escurecendo, e quase entrei em pânico, então engoli o sentimento e saltei do carro, com a arma em mãos. Mandei uma mensagem para Meera, pedindo reforços, então me virei para encarar o que estava acontecendo.

A casa para onde Reddington havia me mandado era afastada, solitária. Um sobrado grande e antigo. O problema... Era que ele estava em chamas.

Corri na direção da casa o mais rápido que pude e me aproximei da porta de entrada, chutando-a para fazê-la abrir. Entrei, tentando não engasgar com a fumaça.

—Ressler!-Gritei. –Ressler!

Sem resposta. Procurei pelo agente por todo o primeiro andar, evitando os móveis que estavam queimando. A cozinha era a parte onde o fogo mais se concentrava, impossibilitando minha entrada. Gritei por Ressler de novo, ele não me respondeu.

Subi a escada, sentindo-a quase ceder embaixo dos meus pés. Meu cérebro me mandava correr, sair dali e esperar os bombeiros chegarem, mas alguma outra coisa me mandava continuar. Não podia deixar Ressler lá dentro para morrer, podia?

Entrei em cada quarto que não estava completamente em chamas, chamando por Ressler. Ao chegar no fim do corredor, estava quase desistindo, quando ouvi alguém tossir. Entrei no cômodo onde ouvi o som, encontrando Ressler caído ao lado de uma banheira, sangue escorria da parte de trás da cabeça dele.

—Meu Deus, Ressler, quase morri te procurando. –Me abaixei o lado dele. –Você está bem? Consegue andar?

—Sim. –Me levantei, puxando-o comigo, ele quase tombou para o lado. O segurei com força.

—Não, não consegue. Apóie-se em mim, temos que sair daqui agora antes que viremos churrasco.

—O que está fazendo aqui?

—Resgatando você, seu idiota. O que acha que estou fazendo?-Passei um dos braços dele por cima dos meus ombros e guardei a arma no coldre. –Vamos.

Começamos a descer as escadas, mas ela estava quase tomada completamente pelo fogo. Parei de andar, o coração martelando no peito. Ressler parecia que ia desmaiar.

—Merda. –Murmurei.

—E agora?

—Não sei. –Quase deixei Ressler cair. Nos afastei do fogo e sentei o agente no chão. –Você não está bem, não é?

—Minha cabeça...

—Droga, droga. –Peguei o celular e disquei o número de Meera. –Por favor, me diz que estão chegando?

—Jenna, nós... –A ligação começou a falhar, apertei o celular com força como se isso pudesse ajudar.

—Meera, nós vamos morrer! Meera! Merda, caiu. –Desliguei o celular, enfiando-o de volta no bolso. Ressler havia fechado os olhos. –Ressler, olha pra mim. Não durma. Nós temos que sair daqui, lembra? Então você pode dormir por uma semana. –Abriu os olhos.

—Você vai nos tirar daqui, tenho certeza. –Murmurou.

—Não faço milagres. –O fogo começou a se aproximar de nós, de ambos os lados, nos encurralando. Puxei Ressler pra longe das chamas, me sentando e quase abraçando o agente. –Eles vão chegar. –Tossiu.

—Tem certeza?

—Tenho. Eles vão vir e nos tirar daqui. Então vamos atrás de Yelena, e meter uma bala na cabeça dela.

—Isso parece... Bom. –Fechei os olhos, estava mentindo descaradamente para um cara que estava quase inconsciente por causa de uma pancada na cabeça. O fogo se aproximou mais. Mantive um braço em volta de Ressler, tentando impedi-lo de olhar.

—Estou ouvindo as sirenes. Eles estão chegando.

—Jenna.

—Hum?-Olhei pra ele.

—Por que está mentindo pra mim?

—Eu... –Então ouvi as sirenes de verdade. Podia ver as luzes pela janela perto de nós. –Vamos ficar bem, Ressler. Vamos ficar bem.

***

—Foi um grande susto. –Keen comentou, sentada do outro lado da mesa. Eu estava ocupando a sala de Ressler, enquanto ele ia para o hospital, e depois passar uns dias em casa.

—Ah, foi sim. –Parei de escrever o relatório. –Não vou descansar até matar a vadia da Yelena.

—Estão atrás dela nesse momento. Sabe, não acredito que entrou naquela casa em chamas apenas para salvar Ressler. –Dei de ombros.

—Faria aquilo por qualquer pessoa.

—Red disse que eram seus instintos de Dangerous entrando em ação. Mas também que suspeita que você... Esteja gostando de Ressler. –Olhei pra ela, chocada.

—E você ainda escuta aquele maluco? Qual é, Keen? Eu fui treinada para fazer todo tipo de coisa. Salvar nosso chato colega de trabalho foi o de menos. Não podia não fazer nada, entende?

—Entendo. Quando o levaram para a ambulância, ele ficou perguntando onde você estava. Eu disse que você estava bem, e ele me pediu pra chamá-la. Quando fui, eles o levaram. –Recebi a informação com um pouco de surpresa, mas disfarcei bem.

—Talvez eu passe no hospital pra vê-lo mais tarde. –Mordi a ponta da caneta. –Não entendo Ressler, nem um pouco, sabia? Ele parece ter raiva de tudo o que eu falo, e grita comigo quando eu “atrapalho” as missões, mas... Sei lá. –Keen ergueu as sobrancelhas, mas não disse nada. –Quando o fogo estava quase chegando na gente, ele... Meio que me abraçou e... Me escutou enquanto eu contava algumas mentiras para acalma-lo.

—Jenna, você gosta de Ressler?

—Credo, Elizabeth. Não seja louca. –Me arrumei na cadeira. –É só que... Eu não sei o que pensar sobre ele, e nem ele sobre mim.

—Vocês vão descobrir. –Olhei feio pra ela.

—Não sei por que te contei isso.

—É por que você sabe que pode confiar em mim. –Sorriu, se levantando. –Se quiser conversar mais...

—Se acontecer, eu aviso. Mas provavelmente não vai. –Ela deu de ombros e saiu.

Olhei fixamente para frente enquanto lembrava do que aconteceu uma hora atrás. Talvez nunca descobrisse o que pensar sobre Donald Ressler.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo de Dangerous...
"-Trágico vai ser quando eu estourar sua cabeça, sua vadia.
—Oh, o que é isso? Hum, claro. É porque quase fiz churrasco do seu namorado?-Agarrei o cabelo dela, o sorriso da incendiária diminuiu um pouco.
—Reza pra alguém aparecer, ou você vai fazer incêndios lá no inferno."
***
"-Para de provocá-lo, Jenna. –Reddington disse, parando ao meu lado.
—Você também faz isso. É legal ver Ressler irritado.
—Você o salva para depois incomodá-lo?
—O meu mundo não teria graça sem ele para ser incomodado por mim e pisoteado por você.
—Isso é verdade."
***
"-Não são apenas ameaças, você sabe que eu atiraria em você sem pensar duas vezes.
—Atiraria? Tem certeza? Não foi o que aconteceu quando achou que eu havia sequestrado Harold.
—A agente Keen estava com uma arma apontada pra minha cabeça. O que queria que eu fizesse?"
Comentem, pessoas, me deixe saber o que estão achando. Até o próximo! ♥



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