Pov's Manuela

Apesar de me beneficiar, não gosto da ideia do Tomás. Já estou imaginando a minha dor duplicar. Tantos lugares para pararmos, e chegamos justamente em um bar. Jogo minha cabeça para trás e a encosto na parede.

— Sei, mas não gosto _ o respondo.

— Prefere que isso infeccione? _ ele puxa um outro banco e fica ao meu lado.

Não digo nada.

— Tente se distrair.

— Hunft, falar é fácil _ digo com azedume.

A verdade é que já estou sofrendo por antecipação. Logo sinto o líquido correr pelo machucado, fecho os olhos e reprimo o grito em um gemido longo de dor. Para tentar reprimir a dor que sentia ali, começo a fincar as unhas do braço bom na minha perna, quase arrancando um pouco da pele.

De repente, a mão de Tomás tira a minha de onde está, impedindo que eu continuasse a me arranhar.

— Desse jeito, teremos outro ferimento pra cuidar _ diz calmo.

De novo, não respondo. Fecho o punho para não voltar a me arranhar.

— Pronto, tá limpo _ anuncia, antes de levantar.

— Onde você vai? _ pergunto com dificuldade.

Céus, como isso arde!

— Procurar algum pano pra enrolar isso _ disse. _ De repente estamos numa situação pior ainda.

— Por causa da Melissa _ resmungo, lutando para não pôr a mão no meu machucado. _ Nessas séries de zumbis da vida, sempre odiei personagens novos.

— Já sei, desculpa por não ter te ouvido! Sempre pensei que você não gostava dela por outro motivo _ me olha rapidamente e franzo as sobrancelhas.

— Que motivo? _ faço a pergunta, tentando não me arrepender de fazê-la.

Ele solta um risinho enquanto se aproxima de mim com um pano qualquer.

— Responde, Tomás!

— Ciúmes _ fala com um sorriso malicioso enquanto enrola meu ferimento.

Sinto meu rosto ferver e abaixo levemente a cabeça.