Pov's Manuela

Como o Tomás pretende cuidar do meu machucado? Estamos no meio de um caos, longe de casa e cercado de um monte de canibais.

— Você fala como se fosse fácil! Vamos focalizar e coisas mais importantes _ digo.

— Ah, claro, e uma garota baleada não é nem um pouco importante. Manuela, quando isso infeccionar você não vai mais conseguir me ajudar. No mínimo a gente tem que achar uma farmácia. Vamos! _ se exalta um pouco.

Tomás se levanta e me ajuda a fazer o mesmo. Começamos a andar pelo mesmo caminho de antes: Seguindo para São Paulo.

Novamente, não me preocupo em olhar as placas. Meu ferimento não deixa e dói ao extremo. Maldita hora que Melissa surgiu nas nossas vidas! Agora, como se já não bastasse nossas fugas constantes, temos que nos preocupar com zumbis idênticos a humanos.

— Eu estava pensando... _ diz Tomás de repente, tentando iniciar um assunto. _ Por que será que a Melissa não se desfigurou?

— Não tenho ideia, mas estou preocupada com Rick. Será que ele sabe?

— Depende, se a Melissa não for o único caso... talvez.

O silêncio se instala entre nós novamente.

Pov's Tomás

Minha cabeça está a mil. Manu baleada, zumbis com forma humana, Homoclorina, canibais. Tudo de uma vez só! Ainda tem a preocupação com Richard. São nessas horas que desejo mais do que nunca ter um celular em mãos.

Certo, por partes: Achar algum remédio para o machucado da Manuela e depois a Homoclorina.

Antes de virarmos a esquina, escuto um barulho baixo e estranho. Detenho minha parceira colocando meu braço em sua frente.

— O que? _ pergunta baixo. Ponho o dedo sobre a boca, pedindo silêncio.

Vou em passos lentos fazer a curva e tenho que baixar os olhos para ver a ameaça. Um cachorro enorme e de aparência medonha. Sério mesmo que os animais viram zumbis? Ah, fala sério!

Recuo em passos lentos e não tiro meu braço da frente de Manuela, a incentivando a fazer o mesmo que eu. Começamos a correr.

Por incrível que pareça, o cachorro corre mais rápido que humanos transformados em canibais. Entro junto com Manu na primeira porta que vejo e a fecho.

— Tá tudo ficando cada vez pior! _ resmunga Manuela se sentando em uma cadeira. Estamos em um bar.

Passo os olhos por detrás do balcão, uma espécie de estante cheia de bebidas, com algumas quebradas no chão. De repente, me lembro do que minha avó dizia.

— Vódka!

— É, isso é um bar, Newton! _ ironiza. Até machucada? Sério?! _ Não me diga que vai beber?!

— Claro que não! Nunca ouviu falar que vódka desinfeta ferimentos?

— Sim _ responde contorcendo um pouco os lábios.

Vou para a estante e pego a vódka.

— Já sabe o que faremos com ela, certo? _ pergunto, já sabendo sua resposta.