Pov's Tomás

Eu estou bem feliz por ter encontrado mais uma pessoa nesse mundo. Isso significa mais ajuda, e mais ajuda significa encontrar a Homoclorina mais rápido!

Sinceramente, não perguntei à Manuela o que ela acha disso tudo, mas acredito que ela esteja como eu... Não tive tempo de conversar com ela desde que chegamos.

A tarde caiu sem eu nem perceber, porque estou conversando com Melissa. Já fazia algum tempo que eu não conversava com alguém assim.

— Eu sinto atrapalhar... _ ouvi a voz de Manuela pela primeira vez em horas. Estava carregada de ironia, talvez.

— Mas já atrapalhando... _ disse Melissa.

Olhei para Manu, que respirou fundo.

— Exatamente! _ disse irônica. _ Acredito que devemos voltar a andar amanhã cedo. E também acredito que você vai com a gente, né Melissa?

— Sim, sim, mas... para isso e terei que ficar tão nojenta quanto vocês estavam quando chegaram aqui?

— Bom, foi essa nojeira que nos privou de virar comida de zumbi, então sim _ rebateu Manuela. _ Ah, e só pra avisar; se alguém for mordido por um zumbi, vira um deles.

— Imaginei _ disse nossa nova parceira. _ Isso acontece em tantas séries por aí...

Eu estava apenas observando aquele pequeno debate entre a morena e a loira, torcendo para não se transformar em uma briga. Estava bem óbvio que a Manuela não havia ido com a cara de Melissa.

— Pois é! Então, se não quisermos virar almoço, jantar e sobremesa _ disse Manu apontando para cada um de nós e soltei uma pequena risada _ , precisamos nos sujar com sangue de zumbi.

— Não! Isso é nojento! _ disse Melissa decidida. _ Preciso de tempo para pensar! Mais alguns dias.

Pov's Manuela

Tempo. A mimadinha quer tempo! Eu daria, com todo prazer, tempo à ela, se a gente TIVESSE tempo!

Ainda não sabemos com que estamos lidando. Os zumbis podem morrer, ou não. E também não temos a menor ideia de até quando estaremos vivos.

Respirei fundo.

— Olha... _ começo, mas Tomás me interrompe dizendo que precisa falar comigo. Fomos para um dos dois quartos que tem nessa casa e ele fechou a porta.

— Manu, acho que podemos esperar um pouco.

— O que?! _ pergunto incrédula. Não era ele o apressado?

— É... Sabe, ela ainda não tá acostumada com isso. Nunca viu um zumbi fora TV e...

— E você fala como se eu tivesse acostumada a ver um zumbi em cada esquina antes do apocalipse _ me alterei. _ Eu a entendo. Também vi minha mãe se transformar em zumbi e tentar me devorar, mas no mesmo dia tive que começar a fugir de zumbis, a armar planos. A Melissa já teve um período para se adaptar, já que os pais dela não se transformaram agora. Não temos tempo para as mimadices dela!

— Só estou pedindo alguns dias. Um período de transição.

— Período de transição?! _ perguntei, e ele afirmou. Fui concordando com a cabeça para assimilar, mas não estava gostando da ideia. _ Eu não tive um período de transição, você não teve, Rick não teve... Por que ela tem que ter? Por acaso ela é diferente? Melissa é diferente pra você Tomás?!

Eu sentia meu rosto vermelho. Quase não escutava os grunhidos dos zumbis que estavam mais baixos que de costume.

— Qual foi, Manuela?! Quando você começou à ficar insensível? _ dessa vez, ele se estressou e saiu dali.

Agora eu sou a insensível?! Quer dizer que todas as pessoas novas que surgirem terão privilégios que as antiga não tiveram? Maravilha! Qual a parte de que estamos vivendo um caos apocalíptico cheio de canibais esses... idiotas inda não entenderam?!

Fui até a cozinha e olhei de relance para sala, onde o casal vinte conversava soltando alguns risinhos vez ou outra. Peguei o facão que estava ali e guardei na mochila. Eu pretendia ir até o mercadinho ao lado de casa; comprar mais comida e mais água, afinal, somos três agora.

Eu coloco a mão na maçaneta, mas logo a voz de Tomás m interrompe.

— Linda... _ me chamou.

Soltei uma risadinha sem humor. Antes eu era a insensível, agora sou a linda de novo.

— Meu nome é Manuela. Achei que já tivesse decorado _ reclamei, mas ele me ignorou.

— Onde você vai? Sabe que tá tarde, né?

Olhei para a janela e contatei que, quando quer, Tomás é um pouquinho exagerado. Ele não estava errado, porém, não estava certo. Ainda está claro, mas logo escureceria.

— Nem tanto _ me referi à hora. - Vou ao mercado aqui do lado. Precisamos de alimento se formos mesmo passar mais alguns dias aqui, como a princesinha pediu.

Ele suspira.

— Sobre a Melissa _ começa e reviro os olhos _ , você poderia trata-la melhor, né?

Dei uma risada irônica.

— Melhor? Ela me ignora! Olha, o mundo pode estar acabando, mas eu não vou me rastejar aos pés de ninguém. Não vou tratar como rei quem me trata com indiferença. Se você gosta dela, ótimo! Parabéns! Mas eu não sou obrigada a gostar também.

Okay, exagerei? Talvez, mas não quero pensar sobre isso agora. Eu só precisava falar o que eu pensava.

Ele ia falar alguma coisa mas logo interrompi. Não vou prolongar esse assunto que não vai levar à lugar nenhum. Se eles ainda não perceberam que estão envoltos de zumbi, eu já percebi!

— Olha, eu vou àquele mercado e volto antes de escurecer _ falei.

— Mas...

— Mas nada. Vai ficar com a Melissa. Aposto que não vai sentir minha falta _ dei um pequeno e breve sorrisinho sarcástico e me virei de costas para ele novamente, afim de abrir a porta, mas ele me interrompeu novamente. Dessa vez, com uma risadinha.

— Acho que já entendi _ disse divertido. _ Tá com ciúmes... linda? _ percebi que o linda saiu pra me provocar irritação. Conseguiu.

Virei minha cabeça para ele lentamente.

— Me poupe _ disse com uma expressão séria e de tédio.

Finalmente saí dali. Claro que logo dei de cara com um zumbi, mas enfiei a faca em seu olho. Uma das piores coisas que eu já fiz em toda minha vida.

— Ciúmes _ murmurei, caminhando e achando essa a pior das hipóteses d Tomás até agora.