Pov's Manuela

Abrimos os olhos e vimos uma moça mais ou menos da nossa idade, de olhos azuis, com cabelos louros e levemente ondulados.

— Oi! _ cumprimentei. _ Ér... Eu sou a Manuela e ele é o Tomás. E você? Essa casa é sua?

— Melissa _ se apresentou. _ Não, minha casa é bem maior. Mas com esse negócio todo, meus pais viraram zumbis e os tranquei lá. Essa casinha é meio ruinzinha mas dá pro gasto _ torceu o nariz.

Sério mesmo que temos uma patricinha nessa altura do campeonato? Revirei os olhos discretamente.

— Peraí, eu te conheço _ disse para Tomás. _ Você que criou aquela carne né? Você e aquele seu amigo!

— Sim _ confessou envergonhado. _ Então Melissa, têm uns zumbis lá fora e não dá para seguirmos viagem agora. Podemos ficar aqui por um tempo?

— É, podem _ cruzou os braços. _ Mas tomem banho, porque aguentar cheiro de cadáver ninguém merece. Vão; tem água caindo do chuveiro ainda. Sejam rápidos! _ disse autoritária.

Tomás foi antes e eu tentei puxar conversa com a Melissa várias vezes, mas ela cortava logo, respondendo monossilabicamente e sem olhar para mim. Suas unhas com esmalte já descascado pareciam estar mais interessante do que eu. Antipática!

Ele saiu com uma roupa limpa, já que havíamos trazido para caso a gente encontrasse alguma casa como agora. Fui tomar banho. A água estava gelada como eu esperava. Não que me incomodasse.

Até por que, o que estava me incomodando um pouco era a conversa cheia de risinhos do Tomás e da Melissa. Estou curiosa e quero saber qual o assunto, mas preferi prestar atenção no banho. Provavelmente o único dessa aventura e talvez o último da minha vida.

Saí rápido e me vesti com as vestes limpas. Fui para a cozinha, onde eles conversavam sentados em uma mesinha que só tinha duas cadeiras. Como não tinha lugar para mim, fiquei de pé ao lado de Tomás.

— Então, o que vieram fazer aqui logo quando o mundo tá acabando?

— Procurar uma substância no laboratório de São Paulo _ ele respondeu. _ O Rick continua no nosso laboratório e a gente vai procurar a Homoclorina. É essencial para fazermos a cura.

— Homo... o que?

— Homoclorina _ repeti o nome e ela finalmente pareceu perceber minha presença aqui.

Ficamos um tempinho em silêncio e me direcionei até o sofá, afim de pegar algum biscoito na minha mochila, pois minha fome só tinha aumentado.

— Sabe, você é bem mais bonito sem aquele sangue todo de zumbi em cima de você _ ela disse para Tomás e revirei os olhos.

Ela tá mesmo dando em cima dele?! O mundo mal acabou de ser destruído e ela já sente falta de ter um namorado?

— Obrigado! _ agradeceu sem graça. _ Você também é linda!

Linda?!

— Pensei que ele só me chamasse assim _ murmurei à mim mesma, caçando algum biscoito que me agradasse.

Melissa.