Pov's Manuela

O que eu estou fazendo agora? Bom, estou sentada no chão do mercadinho na companhia incrível de um zumbi.

Eu poderia estar em casa agora, mas ocorreu um pequeno emprevisto: Assim que abri a porta, dei de cara com um morto-vivo esfomeado. Minha primeira reação foi procurar o facão em minha mochila.

Devido ao nervosismo, não percebi que a faca estava rasgando o tecido da mochila e havia se agarrado por causa disso. Enquanto eu tentava puxar o objeto cortante de qualquer forma, o zumbi se aproximava mais de mim, então comecei a jogar algumas latas nele. Acho que ele se irritou um pouco.

Quando finalmente a minha inteligência falou mais alto, consegui tirar a faca da bolsa, finquei em seu olho que é o local mais fácil. Foi a pior coisa que fiz, já que uma das primeiras coisas que disse quando conheci Tomás e Rick foi que eu não mataria zumbis. Mas eu precisava sobrevier para ajudar os outros.

Depois disso, comecei a pegar comidas enlatadas e água. Coisas que cabiam na minha mochila. Quando terminei, olhei pela janelinha daqui e vi que estava escuro, e enfim ouvi os grunhidos de zumbis altos demais pro meu gosto.

De repente tenho uma ideia e nem paro para pensar duas vezes. Tem que dar certo! Pego a faca que ainda estava do meu lado e limpo o sangue dos zumbis em minha mochila mesmo e faço um corte raso, porém comprido, em minha mão direita.

Em pouco tempo começou a sangrar mais do que eu esperava, o que em outras ocasiões me preocuparia. Não tenho certeza se devido a euforia pesei na mão. De qualquer forma, não parei para pensar em nada. Me levanto e vou até à porta de entrada e a chuto. Coloco o braço para fora e esfrego a minha mão machucada na porta e a tiro antes deles chegarem, afinal, não estou muito afim de perder o braço.

Em pouco tempo, escuto os grunhidos dos canibais concentrados em apenas um lado do mercado. Sem esperar por mais nada, saio pela porta dos fundos ignorando totalmente os dois ou três zumbis atrasados que ainda estavam ali.

Pov's Tomás

Eu já estou ficando preocupado. Tenho certeza que escutei Manuela falar que voltaria rápido, mas já faz um pouco menos de duas horas que ela saiu. Tô tentando não pensar que alguma coisa ruim pode ter acontecido e esperando ela entrar sã e salva por aquela porta e para eu poder contar uma novidade à ela. Melissa já foi dormir, já que tem que ficar descansada para amanhã de manhã.

Mesmo com esse caos apocalíptico todo, eu não conseguir não me interessar pela Manu. Tudo bem, eu deveria me concentrar totalmente na Homoclorina, mas também estou concentrado em mantê-la viva e segura.

Escuto a porta da cozinha se fechar e vou direto para lá quando vejo a minha parceira entrar.

— Garota, você tá doida?! Você tá bem? Algum zumbi te mordeu? _ a encho de perguntas, examinando seu corpo procurando mordidas ou algo do tipo.

— Não. Eu tô bem! Você não vai se livra de mim tão cedo! _ brincou e consegui relaxar um pouco.

Quando ela vai pra pia e abre a torneira, percebo sua mão ensanguentada e vou para seu lado.

— Como... como você se machucou? _ pergunto preocupado. Sua mão estava coberta de sangue.

— Cortei minha mão com a faca pra conseguir sair do mercado _ disse como se fosse a coisa mais normal do mundo, mas percebi pela sua expressão facial que estava doendo.

— Sair? Como assim?

— Tinham zumbis cercando tudo. Podemos falar sobre isso depois? _ falou baixo.

— Claro, claro.

Ficamos alguns minutos ali tentando estancar o sangue. Enquanto amarrava o feriamento com um pano que eu achei por ali, resolvi contar a novidade à ela.

— A Melissa concordou em seguirmos viagem amanhã.

— Hum. Devo agradecer à princesa? _ disse sarcástica.

— Manu... É meio difícil agradar você, né?

Ela fechou a cara.

— Tudo bem, o importante é que vamos continuar atrás da Homoclorina _ disse e ficamos em silêncio enquanto enrolava seu corte.