Pov's Manuela

Estamos caminhando há horas, e a horda de já diminuiu consideravelmente. Só tem dois ou três zumbis na mesma rua que nós.

Tomás parece muito bem, para quem passou uma noite inteira se arrastando, sujo e com a sensação de que poderia virar refeição a qualquer minuto.

Eu estou exausta! Me sinto completamente nojenta e acho que o cheiro podre já está saindo do nosso corpo, porque os zumbis começaram a reparar mais na gente. Não gosto disso!

— Eu não queria reclamar, mas estou cansada, com fome... _ falei.

Meu parceiro me olhou um pouco surpreso, já que o plano era: Não falar nada; e eu fiz qualquer coisa, menos obedecer o plano.

O zumbi mais próximo percebeu que tinha algo de "estranho" em mim e se aproximou. Estava prestes à me morder. Em um movimento rápido, tirei o revólver do meu cinto e atirei em sua cabeça.

— ... e sem paciência _ completei.

Ele soltou uma risadinha.

— Achei que você quisesse os manter vivos _ comentou se referindo ao zumbi caído no chão.

— Quero! Mas também quero curar a maioria deles, e seria meio difícil se eu tivesse no estômago de algum dos zumbis _ respondi curta e grossa.

Tomás ergueu as mão em rendição e respirou fundo, ficando com sua expressão séria novamente.

— É, eu também estou cansado _ confessou. _ Vamos fazer o seguinte: Procuramos uma casa qualquer por essa rua mesmo, comemos e depois voltamos a andar. Mas teremos que nos sujar de novo.

— Depois! _ falei rapidamente. _ Quero comer sem o cheiro de cadáver zumbificado no meu corpo.

Certo, para quem não queria reclamar, eu estou reclamando demais, mas não me culpem, passei uma noite inteira sem dormir em situações horríveis. Andar no meio de canibais é um pouco tenso! Tomás está me olhando.

— Mas continua linda! _ elogiou.

— E você continua mentiroso!

Ele franziu as sobrancelhas.

— Como assim 'continuo'? Quando eu menti?

— Quando disse que a carne XNP0 não faria mal à ninguém.

Ele revirou os olhos.

— Já disse que não sab...

— Tanto faz _ o cortei. _ Vamos procurar alguma casa antes que os outros dois zumbis ali percebam a gente.

Eles não iam perceber. Estavam ocupados demais comendo um... pombo?

Pov's Tomás

— Droga! _ reclamei. _ Mais uma porta trancada.

Estamos há mais ou menos dez minutos tentando abrir a porta das poucas casas desse bairro. Todas estão trancadas e não podemos arrombar, se não, como vamos nos proteger dos zumbis quando estivermos dentro das casas?

— Vamos andar mais um pouco. No próximo bairro provavelmente tem casas _ Manu propôs.

— Certo _ falei me sentando ao seu lado no pequeno degrau em frente àquela casa.

Ficamos alguns minutos em silêncio.

— Tá ouvindo? _ ela perguntou.

— O que?

— Grunhidos _ murmurou. _ Não podemos arriscar. O cheiro está saindo!

Olhamos pra a direção do barulho e vimos pelo menos uns vinte zumbis. Muitos para uma só dupla.

— Corre! _ dessa vez, ela foi mais rápida.

Me puxou pela mão, mas logo passo sua frente e sou eu quem a puxo.

Conseguimos viram a esquina e tinham mais cinco zumbis na nossa frente, mas um pouco mais distantes. Entramos em uma casa e ficamos encostados na porta.

— Acho que o tiro que eu dei naquele zumbi chamou a atenção dos outros _ Manuela disse, ofegando um pouco.

— Acho que precisamos de faca também _ comentei. _ Munição não dura pra sempre e bom, acho que não vamos aprender a fazer _ brinquei.

Fechamos os olhos tentando normalizar a respiração.

— Quem são vocês? _ ouvimos uma moça perguntar.