Pov's Tomás

Eu tinha tido uma boa ideia, posso dizer. Acho que Manu estava entendendo meu raciocínio, já que a cara dela não estava muito boa.

— Sim _ falei.

— Não, Tomás! Não estamos em um filme para isso dar certo _ aumentou o tom de voz.

— Mas isso também não significa que vai dar errado _ falei. _ Não seja negativa, pra que o pessimismo?

Ela respirou fundo.

— É nojento _ confessou, relaxando os ombros.

— Precisamos ajudar o mundo.

— Eu sei, mas pra fazer isso tem que ter sangue frio. Tirando a 'zumbificação', é uma pessoa. Vamos estar nos sujando com sangue e outras coisas de alguém.

— Mas isso é pra salvar outras pessoas _ me levantei.

Manuela ficou quieta, sinal de que estava pensando. Ótimo!

— Linda... _ comecei.

— Não vou ser tão linda quando ficar cheia de sangue _ murmurou irritada, cruzando os braços.

— Linda _ insisti, continuando _ , você disse que só voltaríamos para casa com a Homoclorina tivesse com a gente. Mudou de ideia?

Ficamos alguns segundos em silêncio. Segundos esses que pareceram uma eternidade.

— Acho que vi um facão na cozinha _ disse baixo.

Não falei nada, pois sei como é a Manuela mesmo tendo ficado pouco tempo perto dela. Se eu dissesse alguma coisa elogiando seu ato, ela se irritaria.

Eu também acho meio estranho nos sujarmos com sangue de outra pessoa sem reclamar. Olhei rapidamente para nossas roupas e percebi que estávamos cobertos. Usando calças, botas e jaquetas.

— Estamos cobertos. O sangue daquele cara não vai diretamente na gente _ falei no caminho para a cozinha.

— Vamos sair agora?

— Sim, não sabemos com que seres estamos lidando. Eles podem ter um pouco de noção visual e nos enxergar na luz do dia. Mesmo... cheirando podre como eles.

— Tá, tá, vamos logo com isso _ disse impaciente e desanimada.

Suspirei e comecei o processo.