Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 72
Capítulo Setenta e Dois - Poder de Persuasão


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta!!!
Depois das terríveis provas, precisei descansar um pouco para recuperar o fôlego e raciocínio. Mas voltei e vamos ao que importa.
Espero que gostem e realmente estamos chegando ao fim da primeira temporada.



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                Charlotte deu a volta no Grande Carvalho, cercado por um agrupamento irregular de carvalhos menores. Havia algo magnifico e chamativo no Grande Carvalho, os galhos grossos, compridos e pesados se inclinavam perigosamente para o chão, com alguns galhos tocando o solo, outros apoiados nas enormes Sequoias que o rodeavam. O grupo finalmente ultrapassou a proteção viva que as árvores propunham e o caminho de terra batida se abriu, revelando, ao longe, a alta Torre no centro do muro de pedra, que era completamente encoberto pelas heras, a escada de pedra que levava ao portão da torre estava cheia de musgo, folhas caídas das árvores que protegiam o portão de entrada, que parecia decadente e pronto para desabar sobre quem tentasse passar por ele, como se um vento muito forte pudesse fazê-lo vir a baixo. Todavia Char reconhecia a elegância que havia ali.

                Char subiu os degraus de pedra e musgo, vendo Alfred empurrar a pesada grade de ferro negro, que rangeu levemente, tão leve que surpreendeu a maioria pelo silêncio, todos esperavam que o portão, aparentemente enferrujado, rangesse de modo alto e perturbador.

                A primeira coisa que Charlotte viu ao entrar foi Mark, sentado na janela do lado oposto a porta, as madeixas de fogo levemente molhadas caindo sobre seus olhos, que a focaram seriamente por um momento, antes de dar um sorriso de canto.

 -Já estava na hora.

                Havia algo mais jovial em sua aparência que o normal, talvez pelo fato do cabelo estar maior e mais bagunçado que o comum.

 -Sentiu minha falta, Cabeça de Fogo? –Char sorriu abertamente.

                Mark viu algo diferente nos olhos dela, algo mais imponente e poderoso em sua postura. O ruivo sorriu e escancarou a porta de entrada antes de voltar a olha-la.

 -Não tenho motivos pra isso. –Ele deu de ombros, se levantando.

 -Que mentira! –Ela implicou, enquanto o rapaz se espreguiçava.

                Charlotte parou em frente ao amigo, que suspirou e lhe sorriu, a encarando atentamente.

 -Temos muito a conversar. –Ela informou. –Irei explicar tudo, principalmente os detalhes do motivo que me levou ao atraso.

 -Sem dúvida você irá gostar. –Alfred comentou, alguns passos atrás, junto com o pequeno grupo da Princesa, que ainda nem mesmo ouvira sobre o restante de sua Brigada.

 -Algo divertido? –Mark brincou.

 -Bem, pra começar Charlotte desmaiou, pelo menos, metade dos Feiticeiros do Vale Vermelho.

                Mark arqueou a sobrancelha ruiva e a encarou. Devia ter desconfiado que aquela pose imponente se devia a algo grandioso e o poder que ela permitia emanar era devastador, muito mais do que ele recordava desde o último encontro dos dois.

—Primeiro, seja bem vinda, Lottie. –Ele sorriu. –E segundo e provavelmente mais importante, quando iremos para o Império Central? –Ele questionou e ela sorriu de canto.

 -O convite está em aberto.

 -Como se você fosse sobreviver sozinha no meio dos monarcas. –Ele bufou. –E eu não iria abandoná-la, idiota. Principalmente, acha que eu iria deixar toda a diversão pra você?

 -Você não me decepciona nunca. –Ela brincou, embora fosse verdade o que era dito.

 -Uma curiosidade. –Alfred chamou, fazendo Charlotte se virar para encará-lo.

                Lira observava tudo em extremo silêncio. O trio parecia entrar em um espaço extremamente privativo em alguns momentos e ela não se atreveria a invadir tal parceria.

 -O que? –Mark quis saber.

 -E você lá tem conhecimento sobre monarcas desde quando, idiota?! –Alfred provocou.

 -Meu caro, eu sou um lord.

                Charlotte gargalhou quando Mark fez uma reverência pomposa, em seguida bagunçou as madeixas ruivas do rapaz.

 -Eu realmente senti falta da sua idiotice, Demônio Vermelho.

 -E eu da sua, Lottie. –Ele bagunçou o próprio cabelo. –Mas devo ser honesto e dizer que não me importaria se Alfred não estivesse aqui.

 -Sinto decepcioná-lo, idiota.

                Mark riu e de repente a expressão ficou sombria, os olhos castanhos focaram Lira, que o encarava silenciosamente.

 -Dá próxima vez que for deixar uma companhia tão feroz comigo, eu não me importaria em um aviso, minha cara Princesa Herdeira. –Embora debochasse, a voz séria chamou atenção de todos.

 -Deveria ter avisado. –Ela comentou. –Mas pensei que Darla daria um jeito de...

 -Eu não me importo com o que sua Coronel faz, Princesa. E nem em como você costuma fazer as coisas com aqueles que lhe servem, todavia saiba que eu não sou um de seus súditos e nem servos, por tanto é seu dever e de mais ninguém me informar que tipo de pessoa deixará perto dos meus amigos. –O aviso era notório, assim como a pose. –Espero que estejamos conversados, já que teremos um longo convívio a partir daqui.

 -Olha como fala com a princesa, pirralho. –Darla rugiu, surgindo da escada, a mão já pronta para sacar a espada.

 -Eu aconselho a nem tentar fazer isso, Coronel. –Charlotte informou, a voz perigosamente sutil, fazendo Lira sentir o sangue congelar.

 -O erro foi meu, Darla, por tanto não a necessidade disso. –Ela disse, olhando para a mão de sua Coronel, que estava no cabo da espada.

 -Creio que estejamos todos cansados. –Dilan sorriu amigavelmente. –Por tanto não precisamos chegar tão longe.

 -Esse pirralho não tem direito...

 -É melhor baixar o tom, Darla. –Charlotte mandou. –Porque você pode ser protegida da Lira, contudo ninguém toca no Mark ou mesmo ousa achar que pode lhe dar ordens.

                Lira viu o olhar de Charlotte, os olhos verdes pareciam gelos de tão duros, embora a bela cor de esmeralda permanecesse ali, mas a chama no fundo de seus olhos era assustadora e ela conhecia a capacidade de Charlotte e em quão rápido sua paciência para aqueles que iam contra os seus acabava.

 -Darla, é uma ordem, acalme-se e deixe isso pra lá. –Lira ordenou. –Mark está correto, era meu dever lhe contar que deixaria um Lobo entre vocês e que ele e seu amigo deveriam ficar atentos. Contudo não alertei e pela atitude dele, não foi uma descoberta simples e amigável.

                Darla travou a mandíbula, fuzilando Mark com os olhos e depois retirou a mão da espada, em seguida assentiu.

 -Como queira, princesa. –Darla ficara irritada, Lira sabia, mas não era tola de permitir uma desavença em um momento como aqueles, principalmente com um dos protegidos de Charlotte.

 -Chame a todos da Brigada, Darla. –Dilan pediu. –Precisamos conversar.

                Darla não falou absolutamente nada, somente virou nos calcanhares e subiu rapidamente os degraus.

 -Começamos com o pé errado, ao que parece. –Alfred suspirou.

                Todos foram pegos de surpresa quando Charlotte deu um tapa na cabeça do rapaz, que virou de testa franzida pra ela.

 -O que? –Ele bufou. –Eu quase fui mordido, tenho direito de estar puto nessa porra.

                Charlotte suspirou audivelmente.

 -Mark, eu realmente mataria por você. –Ela esclareceu. –Mas eu vou te matar e abandonar seu corpo no meio da Floresta se continuar a arrumar briga com a Brigada da Princesa.

 -Por favor. –Ele bufou e cruzou os braços.

 -Vamos, Demônio Vermelho. –Ela pediu. –Preciso de você agora, mas não posso ficar entrando em conflitos com a Brigada Ventus Ferrum.

                Mark percebeu que havia muito por trás daquela frase e suspirou.

                O silêncio se fez presente enquanto eles saiam da torre para o espaço aberto. Darla veio na frente de todos, os olhos de safira fuzilando Mark, que suspirou baixinho ao lado de Charlotte. Stephan parecia relaxado em meio a Brigada, o que era engraçado de certo modo.

 -Desculpe-me por ter me exaltado, Coronel. –Ele disse em alto e bom som, atraindo atenção de todos os presentes. –De fato tivemos e temos nossos problemas e divergências, todavia a partir de hoje teremos que conviver em paz e mais do que foi necessário durante esse curto período, já que estaremos juntos por um longo tempo, então espero que possamos recomeçar. –Ele parecia honesto, mas Charlotte sabia que ele não viraria amigo da mulher da noite para o dia e nem Darla parecia disposta aquilo. Sem falar que Mark era uma criaturinha realmente curiosa e bem manipuladora, principalmente se houvesse necessidade.

                Darla encarou Lira, que deu de ombros, permitindo que ela tomasse a escolha.

 -Antes de você responder, Coronel, gostaria que escutasse, assim como todos vocês, o que tenho a falar. –Charlotte interrompeu, atraindo atenção pra ela. –Creio que isso irá facilitar qualquer decisão, tanto da parte de meus amigos, quanto da parte da Brigada.

                Charlotte viu todos se voltarem para ela e aguardarem suas palavras, sentia Mark ao seu lado direito, Alfred bem a sua costa e Lira ao lado esquerdo. Cada palavra que Charlotte proferisse naquele momento iria afetar os relacionamentos dos presentes, precisava ser extremamente cuidadosa e o mais honesta possível, mas sentiu a leve e quase imperceptível neblina de influência partindo de ambos seus lados, tanto Mark quando Lira estavam usando seus dons para que todos aceitassem com mais facilidade o novo grupo que se juntaria a Brigada Ventus Ferrum. Charlotte poderia ter sorrido ao senti-los trabalhando juntos, entretanto usou o momento para falar tudo o que era necessário, usando seu próprio poder de persuasão. Nem a pessoa mais forte recusaria sua proposta sendo tão manipulada como aquele grupo estava sendo.


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Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?
Darla e Mark não se dão nada bem, como podemos ver. Espero que o que a Char diga realmente funcione.
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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