Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 61
Capítulo Sessenta e Um – Raposas e Boomslang


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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—Ele disse: “Diga que a Coroa enlouqueceu e que muitas de nossas Raposas foram comprometidas, diga que está na hora de retomar o poder dentro da Coroa. Que está na hora dos Boomslang agirem, que os dotados em magia tem que retomar o que é seu por direito e dever. Diga que está na hora de reaver o que é nosso e parar de fingir que não existimos. E que precisamos expor toda a verdade sobre quem é a Coroa e principalmente, quem nós somos. Fale que a descendente direta dos Joseph está entre nós. Diga que surgiu um novo Coração de Fogo e Mente de Gelo, mas em uma única criatura.”

 

          Charlotte entendeu o contexto geral do que fora dito, mas também notou que precisaria de respostas pra muito mais do que esperava, muitas palavras eram conhecidas, mas estavam em códigos, então era possível o significado ser outro, até mesmo tentou recordar o que era um Boomslang, já ouvira aquela nomenclatura, contudo não conseguia lembrar de onde era. Mas sua compreensão sobre a guerra certa era indiscutível.

—Senhora Ornet, eu realmente...

—Não entendeu? –Amélia lhe sorriu.

          Char sorriu de leve e deu de ombros.

—Não os codinomes, mas compreendi o essencial. –Admitiu.

          Amélia assentiu lentamente. Já esperava que Charlotte compreendesse o essencial, assim como esperava que ela não imaginasse o significado dos codinomes.

—Tudo bem. –Pensou. –Isso será passado para os demais integrantes da Elite, então não acho que aja problema eu falar na presença deles. –Ela refletiu, encarando os jovens da Elite. –Embora você não seja um de nós, não é mesmo? –Ela olhou para Dilan.

—Não senhora. –Admitiu muito tranquilamente. –Esse dom recaiu somente para minha querida garotinha.

          Char já notara que Dilan tratava Lira de maneira amável e de irmandade, era como ela e Harry.

          Amélia fixou o olhar em Charlotte, podia simplesmente decidir o destino do rapaz, mas sabia que essa responsabilidade necessitava recair sobre a menina, afinal Char não era uma garota qualquer e em algum momento as decisões mais importantes recairiam sobre ela, então que seu treinamento começasse naquele instante.

—Charlotte, a decisão é sua.

          Char abriu e fechou a boca.

—Lembra de agir como uma Anciã! –Brigou com si mesma.

         Char respirou fundo e encarou Dilan, tentando ouvir o sussurrar do vento, mas ao que parecia ele também deixara a decisão por ela.

—Dilan é o braço direito da Princesa Lira. –Esclareceu. –Por tanto saberá o que foi falado nessa sala, de um jeito ou de outro. –Amélia concordava. –Não vejo motivos de mandá-lo sair, isso só tomará mais nosso tempo.

          Amélia sorriu abertamente.

—Boa decisão, Chapeuzinho.

—Odeio decisões assim. –Informou e a senhora riu.

—Sei que sim.

          Charlotte rolou os olhos.

—Agora pode me explicar?

—Vamos começar pelo básico. –Ponderou. –Vejamos...

—O que são as Raposas? –Char deu uma direção inicial e Amélia sorriu.

—As Raposas são alguns de nossos infiltrados na Coroa, Feiticeiros realmente inteligentes e sutis. –Esclareceu. –Mantém a Elite informada sobre os passos da Coroa, que tenho certeza que sabe quem são.

—O Imperador e os seus. –Respondeu secamente, fazendo os olhos flamejarem de raiva.

—Exatamente.

—E Boomslang? –Char quis saber. –Sei que já ouvi o nome, mas não consigo associar ao que foi dito.

          Amélia assentiu.

—Bem, em resumo, Boomslang é um tipo de cobra, que é moderadamente tímida e não costuma atacar humanos, contudo quando os atacam, é extremamente perigoso. O veneno dessa cobra em questão é uma hemotoxina que desabilita a coagulação sanguínea. –Ela sorriu de canto. –Esse nome foi dado a alguns de nossos Feiticeiros mais letais, porque as vítimas da Boomslang morrem lentamente, sangrando por todo e cada poro do corpo. Sendo que o primeiro Boomslang que é conhecido, foi um dos Filhos do Império, que era um Ancião e foi quem usou o veneno dessa cobra, o que rendeu o nome ao grupo.

         Char fez careta.

—Então os Boomslang não são somente os Filhos do Império, sim os Anciãos? –Assentiu.

—Normalmente os Anciãos ganham esse nome, mas também é dado para os melhores Feiticeiros da Elite. Contudo não temos mais muitos Anciãos, principalmente jovens e que possam ir para batalhas desse tipo, não hoje em dia.

—Eu compreendi que ele quer que os Feiticeiro ataquem a Coroa e lhe tomem o poder. Isso foi muito mais que óbvio, contudo eu tenho uma questão.

—Que seria?

          Charlotte se questionava se era a única a pensar sobre aquilo, mas tinha certeza que não, já que era notório pela expressão de Lira sua própria ansiedade.

—Como merda isso será feito? –Amélia riu audivelmente.

—Isso nós falaremos em breve, Chapeuzinho, muito em breve. –Disse. –Primeiro teremos que reunir todos os Anciãos e falar com a Elite. Agora o mais importante é descobrirmos quem morreu e que informações foram dadas a Coroa.

—Nossa localização? –Char se preocupou.

—Essa é a questão mais imediata.

—Se nossa localização for descoberta, será uma massacre!

           Amélia também se preocupava com aquilo.

—Esse é meu grande pavor, Charlotte.

          A seriedade da situação fez Char ouvir um grito de raiva em meio ao vento e sentir uma aproximação súbita, foi tão repentino que nem lhe deu tempo de raciocínio.

          Charlotte, normalmente, sentia a aproximação vindo com o vento, era de um modo quase sutil sua chegada, mas não naquele momento, naquele instante só tinha fúria, um ódio tão grande que poderia incinerar o que entrasse em seu caminho. Char sentiu a fúria tomar conta de todo seu ser, mas não alterou nada em seu poder, que continuou tranquilo, tudo ao seu redor estava quieto e calmo, mas os sentimentos eram uma confusão, principalmente por não serem seus.

         Char abriu a boca pra resmungar sobre invasão e intromissão, mas não foram as palavras que deixaram seus lábios, assim como a voz, era rouca e furiosa, diferente de todas as demais vezes, assim como a sensação a sua volta. Das vezes anteriores, Charlotte sentia a força do vento mesclada a um poder enorme e indescritível, mas naquele momento era diferente, a energia que lhe rondava era forte, entretanto possível de compreender, era quente como fogo e feroz como o mar revolto.

—Não podemos perder mais ninguém, já perdemos muito desde que a Coroa sabe de nossa existência! –Charlotte esclareceu e Amélia a encarou atentamente, notando os olhos com de gelo na menina. –Tivemos que esconder nossos dons, perdemos familiares, tiraram nossos amigos e nossa liberdade. Eu não admito perder mais nada pra Coroa! Absolutamente nada!

          Lira estremeceu perceptivelmente, aquela presença forte e poderosa parecia querer massacrar o que estivesse perto, mesmo que ainda fosse Charlotte, de um modo ou outro. A expressão era seca, mas o olhar trazia uma força assustadora e selvagem, fazendo Lira recordar dos Lobos e sua brutalidade.

          Charlotte ouviu as palavras baixas ecoando em sua mente e viu a mulher de olhos cor de gelo em sua frente, o sorriso indomável deixava claro o quão indomesticável ela fora em vida e o quão atroz poderia ser para cuidar e salvar os seus. Era doloroso ver o que lhe foi mostrado e o quão aquilo lhe era estranhamente familiar, mas ela compreendeu.

Chega de brincar de Feiticeira. –O vento sussurrou, sendo uma voz completamente diferente da mulher que ainda a encarava do fundo de sua mente, era a voz que lhe falava normalmente. –Está na hora de agir como uma Anciã de verdade, está na hora de você parar de se esconder. Você não é somente uma Boomslang, você é Minha Espada, Charlotte, e os meus não se acovardam, os meus lutam, principalmente os que podem me ouvir. Você irá ruir a Coroa de dentro para fora.

         Charlotte suspirou e viu a mulher de olhos cor de gelo assentir, concordando com a vento, o que a fez suspirar e abrir os olhos verdes, a expressão calma e serena, como se tivesse acabado de ter a revelação de sua vida e estivesse de acordo com tudo.

—Nós temos muito a fazer, Lira Galván. –Charlotte lhe informou.

         Lira se questionou o que as palavras de Charlotte queriam dizer, mas principalmente o que aquele sorriso tranquilo significava. Charlotte lhe fazia lembrar o mar nos dias que a superfície está calma, mas seu interior revolto, essa era a melhor definição que poderia encontrar olhando a mulher naquele instante.


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Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?

Deixem seus comentários, porque estou muito curiosa pra saber a opinião de vocês depois desse capítulo.

Beijos e até o próximo capítulo.



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