Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 38
Capítulo Trinta e Oito - Monstro Aprazível


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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          Kyle tentava segurar sua irritação ao máximo, enquanto Suzana andava de um lado para o outro em sua sala, com o ar de desaprovação e olhar furioso. Ele tinha que admitir que Charlotte tinha o mesmo ar de imponência que a mãe, mas de formas diferentes.

          Charlotte era mais sutil e sabia, mesmo irritada, colocar todos as seus pés. Suzana por outro lado fazia questão de afastar a todos, como se repudiasse o mundo.

          Kyle sentiu o cheiro de Charlotte no exato momento em que a porta se abriu.

          Suzana girou para a porta e se moveu tão rápida que passou por Kyle como um borrão, os braços abertos para aninhar a filha, mas Char somente a encarou, os olhos verdes claros e apáticos.

 -Acho melhor não, mãe.

          Kyle ouviu a frieza na voz da mulher. Era isso que, em pouquíssimo tempo, Charlotte se tornara, uma mulher de ar imponente e aristocrático notável e ao mesmo tempo assustadora.

          Charlotte entrou na sala, desviando de Suzana e passou os olhos por Osíris e logo encontrou Kyle, que recuou instintivamente, não por vontade, mas pela última ordem que recebera da menina.

 -Olá, Kyle. –Ela cumprimentou docemente.

 -Charlotte. –Ele devolveu a gentileza, mas parecia perdido.

 -Você pode relaxar. –Ela sorriu um pouco, ignorando a mãe.

          Kyle sentiu o corpo, extremamente rígido e pesado, relaxar com a frase.

 -Obrigado. –Ele falou, respirando com facilidade agora.

 -Charlotte. –Suzana chamou.

 -Como tem passado, Osíris? –Ela parou em frente ao homem, ignorando por completo sua mãe.

 -Muito bem e você? –Ele lhe sorriu.

 -Espetacular. –A ironia em sua voz foi evidente.

 -Fico contente. –Ele sorriu, os olhos azuis eram tão frios quanto o gelo. –E como está tudo... ?

 -Charlotte, estou falando com você. –Suzana tentou novamente.

          Charlotte deu de ombros e puxou um envelope de dentro de suas pesadas capas, entregando ao homem, como se não houvesse escutado Suzana.

 -Creio que isso lhe dirá melhor do que se eu tentar.

 -Sendo assim irei me retirar, tanto para lhe dar mais privacidade quanto para que eu possa ler com tranquilidade. –Ele comentou, manejando levemente a cabeça.

 -À vontade.

          Christopher viu Suzana dar um passo para perto da filha, que permanecia de costa para onde estava, mas parar no instante seguinte.

 -Charlotte, você não pode simplesmente...

 -Dê um tempo a ela. –Christopher mandou, fazendo a mulher o encarar furiosamente, mas ficar quieta.

          Mark encarou Alfred e gesticulou a menina com a cabeça.

 -Faz alguma coisa. –Sussurrou.

          Kyle viu Alfred suspirar e assentir para o menino ruivo, logo se aproximou da menina, tocando em sua costa e se inclinando para lhe dizer algo no ouvido, o que fez Kyle sentir o sangue ferver, mas não conseguiu se mexer, era como se estivesse preso onde estava.

 -Eu ficarei bem ali no canto, certo? –Sussurrou no ouvido dela.

          Char suspirou e ponderou um momento, ter Alfred ali seria reconfortante e seria alguém a quem poderia recorrer caso algo saísse de seu controle, contudo era tanto a ser posto a limpo, tanta mentira, tanta intriga a serem reveladas. Eram coisas demais para que ela o quisesse envolvido, que o mantivesse preso somente por seu egoísmo.

 -O que acha de ir pra sua casa e me preparar um bom jantar? –Ela quis saber, o tom calmo, mas não leve e divertido. –Ai você aproveita e leva o Cabeça de Fogo com você.

 -Por que acha que eu faria isso? –Ele devolveu, ainda falando baixo, para que somente ela ouvisse.

 -Porque você gosta de mim. –Ele sorriu fracamente e falou mais baixo no ouvido da menina.

 -Você tem certeza disso? –Char sentiu os pelos da nuca se arrepiarem. –Está calma o suficiente? Eu não quero quebrar uma promessa. –Seu tom voltou ao estado de preocupação que sentia desde o momento que lhe revelara sobre a chegada de Suzana ao Vale.

          Charlotte sentia a ira se apagando, mas não sabia se estava calma o suficiente para ficar sozinha com a mãe.

 -Você perceberá se algo errado estiver acontecendo. –Ela falou em voz alta. –Não se preocupe com isso agora e em todo caso Christopher ficará.

 -Tem certeza?

 -Será melhor assim. –Assegurou, mas não tinha certeza do que dizia. –E quanto a promessa, no momento está tudo certo, eu faço você lembrar disso outra hora. Agora seja um bom garoto, Al.

          Alfred suspirou, mas assentiu. Mesmo a brincadeira de duplo sentindo, a qual somente eles compreendiam, não parecia divertida naquele instante, não com Charlotte daquela forma.

 -Me senti um cachorro. –Ele sussurrou, mas ajustou a postura. –Você sabe onde me achar.

          Charlotte assentiu, sentindo o afastamento de Alfred e o vento gelado entrar quando a porta se abriu.

 -Vá com eles, Kyle. –Ela pediu, não fora uma ordem, mas Kyle obedeceria de toda forma, pois percebia que aquele seria um momento muito particular de Charlotte com os pais.

 -Claro.

 -Kyle. –Ela o chamou, quando ele já estava começando a caminhar para a porta, onde Mark e Alfred aguardavam. –Não faça com que eu me arrependa.

 -Não irá.

          Char o encarou por sob o ombro.

 -Mark, você sabe o que fazer caso Kyle saia da linha. –Ela disse e viu um sorriso perverso ser desenhado nos lábios do rapaz ruivo.

          Quem olhasse para Mark, mesmo aparentando ser um rapaz de difícil convivência, não imaginaria o quão cruel e malicioso ele poderia ser, mas Char sabia o suficiente e era o que a fazia gostar tanto dele. Mark sabia dosar tudo em sua vida, inclusive o humor.

 -É bom ter a ordem tão abertamente assim, Lottie. –Mark dera o apelido especial para Charlotte logo em sua segunda semana no Vilarejo, começou como ironia, contudo era o único a chama-la de tal forma, além de Alfred que zombava da nomenclatura.

 -Você deu um nome muito meigo para um monstro. –Alfred costumava zombar.

 -De monstro por monstro estamos todos no mesmo buraco. –Mark devolvia.

 -Sou um monstro aprazível com quem merece. Não é o seu caso, Lobinho. –Ela retrucava, normalmente o fazendo rolar os olhos.

          Kyle percebeu a ameaça. Ele não sabia dizer se o garoto de cabeça vermelha era um Lobo, contudo, mesmo que fosse ele não lhe devia subordinação e nem lealdade, o que significa que poderia ataca-lo quando bem quisesse, sendo a pior parte que tinha autorização direta de um Ancião. Kyle não poderia fazer nada contra Alfred, porque seria atacado pelo garoto e ele não sabia a dimensão do que poderia vir a acontecer.

 -Agora vamos ter uma conversa de família. –A garota falou assim que ouviu a porta se fechar.

          Christopher a viu girar nos calcanhares e encarar a mãe.

 -Charlotte...

 -Nós temos muito a conversar. –Ela assegurou.

 -Você me ignorou.

          Charlotte encarou a mulher por um momento e assentiu.

 -Temos muito a conversar. –Repetiu. –E principalmente, eu tenho muito a ouvir da sua boca, mãe.

 

 

 -Você sabe que isso não vai da lá muito certo, não sabe? –Mark questionou, enquanto começavam a andar pela ruela que Kyle morava.

 -Tenha mais esperança. –Alfred disse, andando lentamente.

 -Como farei isso se você, que a conhece bem, não tem?

 -Quem disse um absurdo desses? –Ele fingiu ultraje e Mark riu.

 -Nós não estamos indo pra tua casa, não é?

 -Eu realmente quero saber pra onde vamos. –Kyle falou, parecendo mal humorado.

          Alfred compreendia o mau humor de seu líder, afinal ele fora e ainda era encantado com Charlotte, sendo que era ele próximo a ela, o que Kyle, ele bem sabia, considerava traição.

 -Não, não estamos indo pra casa. –Respondeu a Mark e em seguida encarou, pela primeira vez desde a volta, seu alpha. –Estamos indo até Dália.

 -E por quê? –Kyle quis saber.

 -Fica mais rápido pra chegar até Charlotte. –Explicou. –E lá também está alguém que podemos vir a precisar da ajuda.

 -E isso porque você tem fé que ela não irá perder o controle. –Mark debochou.

 -Charlotte está furiosa com a mãe, Mark. –Relembrou. –E você sabe tão bem quanto eu do que ela é capaz com raiva.

          Mark assentiu.

 -Do que você está falando? –Kyle questionou.

 -Estou dizendo que Charlotte é poderosa e que em um descontrole pode fazer coisas absurdas e que provavelmente se arrependerá mais tarde.

 -Então tá dizendo que ela pode se descontrolar e fazer besteira?

          Alfred suspirou e o encarou.

 -Ele tá dizendo que ela irá se descontrolar em algum momento. –Mark esclareceu com simplicidade. –E que se não tiver alguém que saiba chegar a ela, acontecerá alguma cosia ruim.

 -Em que escala de ruim?

 -Tempestades cheias de fúrias, coisas pegando fogo... –Alfred suspirou. –A última vez, somente quando ela recebeu a noticia de que Suzana estava vindo para o Vale Vermelho, árvores foram derrubadas com a força do vento, por conta do ódio dela.

          Kyle recordou do incêndio que iniciara no quarto da menina, enquanto ela estava em sua casa. Nunca soubera de fato como iniciou, mas Osíris dizia estar certo que se devia ao tanto de poder preso e sem controle que ela tinha.

 -Imagine o que ela poderá fazer com a mãe tentando mentir pra ela, com o pai irritado e com a discussão que esse encontro levará. –Mark comentou e encarou Kyle. –Você é um alpha e é esperto o suficiente para entender o que estamos dizendo.

          Kyle compreendia e não gostava do que lhe fora dito.


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Notas finais do capítulo

O que vocês esperam da nossa querida Suzana? Quais mentiras acham que ela irá revelar ou tentar contar?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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