Amy Tokisuru em Portland escrita por AJ


Capítulo 8
Capítulo 8 - Tribo


Notas iniciais do capítulo

Olá gente. Agora a história tem uma capa (WEEEE), graças a Leh, é claro (sim, ela de novo :3 ). Hahaha, espero que gostem porque eu amei. Enfim, boa leitura para vocês!



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WALTER

Walter acordou com alguém mexendo curiosamente em seu nariz. Quando abriu os olhos, viu que um menino baixinho com cabelos ruivos estava fazendo cosquinha em seu rosto com uma pena vermelha.

— Ei — resmungou. — Pare com isso se não eu vou... — Walter espirrou, fazendo com que o ruivinho saísse de perto dele assustado.

O garoto estava vestido como um índio, com uma tanga vermelha cobrindo suas partes baixas. Na cabeça usava um cocar feito com penas coloridas. Aparentava ter pouco mais de seis anos. Ele gritou algumas palavras estranhas quando se recuperou do susto. Logo, mais dois índios ruivos entraram na barraca onde Walter se encontrava. Esses dois eram altos e robustos, vestidos iguais ao garoto. Deveriam ter vinte anos ou mais.

— Ah, oi — Walter disse, um pouco nervoso. — Vocês devem ser os curupiras, não é? Eu sou Walter... — Ele tentou acenar, mas então percebeu que suas mãos estavam amarradas atrás de suas costas. — Gente, sério, não precisa disso.

Os dois índios nada disseram. O pequeno curumim já havia saído do local.

— Onde está o meu amigo? — Walter insistiu. — Sabe, ele é bem alto e musculoso e tem uns hematomas estranhos no peito...

O garoto foi completamente ignorado. Ótimo, eles não devem falar a minha língua, Walter deduziu.

Então, outra pessoa entrou na tenda. Dessa vez era uma mulher. Seu cabelo possuía um tom mais forte de vermelho, e era trançado até a altura dos joelhos. Walter imaginou que se estivessem soltos, os fios tocariam o chão. Seu busto estava enfeitado com vários colares enormes e pinturas, que cobriam os seus seios. Na cintura, ao invés de uma tanga, usava uma saia curta feita com penas vermelhas e laranjas. Walter a acharia uma mulher interessante, se não tivesse um olhar tão ameaçador. Suas pupilas eram felinas, e as íris eram de um castanho-claro intenso, quase amarelo. Seu nariz era pontudo e seus lábios carnudos e sem nenhuma coloração.

A jovem murmurou algo para os outros companheiros e eles se retiraram, deixando-a sozinha com Walter.

— Pois é — ele tentou dialogar novamente. — Acho que está havendo algum engano. Quero dizer, não era intensão minha queimar aquela árvore, sabe...

— Silêncio, seu imundo. — A mulher pegou uma espécie de adaga feita de pedra que estava escondida atrás de sua saia. — Logo você e seu amigo servirão como sacrifício para o ritual dos caiporas.

Todos os pelos do corpo de Walter se arrepiaram. Ele não estava nem um pouco a fim de servir de sacrifício para ritual nenhum.

— O quê?! Do que você está falando?

A índia pegou uma rocha do chão e começou a amolar a sua adaga.

— Em situações normais, nós jogaríamos vocês na masmorra, onde serviriam como comida de curupira. Mas, não estamos em situações normais. — Ela arremessou a rocha para o lado, e testou a lâmina de sua arma cortando a própria mão levemente. O sangue quente da índia pingou nas pernas cabeludas de Walter.

— Se você me deixar explicar — Walter gaguejou — garanto que vai entender. — Nesse momento ele já estava extremamente assustado e trêmulo.

— Tudo o que entendemos é que são homens destruidores da natureza, como todos os outros que já apareceram por aqui. Acha que somos clementes a esse tipo de coisa? — Ela se agachou e passou a parte lisa da adaga no rosto de Walter. — Quando terminarmos, o senhor Amanaci finalmente vai atender às nossas preces.

— Senhor Amanaci... Preces? Do que vocês estão falando?

— Não preciso perder meu tempo explicando isso a você. — Ela se levantou e se afastou de Walter. — Logo, você e seu amigo serão apenas uma pilha de ossos.

— O que vocês fizeram com o Rick? — Walter perguntou, preocupado com o rapaz.

— Seu amigo? Está lá fora. Vamos começar com ele. Se Amanaci não quiser a alma dele, então vamos manda-lo à masmorra e... — Ela sorriu sombriamente. — Vamos usar você. — Então ela se retirou da tenda, deixando Walter sozinho com seus pensamentos.

Droga! Ele tentou se soltar das amarras, mas foi inútil. Ele poderia simplesmente se levantar e sair da barraca, mas algo lhe dizia que se fizesse isso, os dois índios corpulentos de antes iriam fazer ele de churrasquinho. Precisava de outro plano rápido. Mais uma vez, fechou os olhos e tentou se concentrar em água. Por favor, água, eu preciso de você. Para a sua sorte, ele encontrou uma fonte não muito longe dali, mas seu poder não era forte o bastante para controlá-la naquela situação. Antes, ele precisaria se soltar. Walter olhou em volta, em busca de algo que pudesse cortar as cordas que prendiam suas mãos. Avistou a rocha que a índia maluca usara para amolar a adaga. Talvez ela fosse o suficiente. Esgueirou-se até a pedra e, desajeitadamente, pegou-a e após ficar uns cinco minutos pressionando-a contra a corda, finalmente conseguiu fazer com que ela se partisse.

— Formidável — sussurrou para si mesmo. — Agora a água. — Ele espiou discretamente pela fresta da entrada da tenda.

Walter estava certo. Havia dois índios de guarda com enormes lanças com cascalhos nas pontas. Provavelmente, iriam atacar antes e perguntar depois.

O mais estranho foi pensar que Rick poderia controlar as armas da tribo, já que todas pareciam serem feitas de rochas. Isso lhe daria plena vantagem. Mas como não foi o caso, Walter pensou que seu amigo não deveria estar em condições de usar seus poderes.

— Droga Rick, cadê você? — Ainda pela fresta, tentou avistar se seu parceiro estava em algum lugar, mas não o viu. Ao invés disso, ele avistou uma espécie de fonte, onde algumas indiazinhas pegavam água em jarros de barro. Era sua chance. — Certo. — Estendeu suas mãos e se concentrou o máximo que conseguiu.

A água da fonte começou a flutuar. Uma índia que estava próxima gritou de susto e derrubou o jarro que estava segurando.

— Santo Amanaci — outras gritaram. — O que está acontecendo?

O tumulto chamou a atenção dos dois guardas, que foram ajudar as garotas assustadas.

— Perfeito. — Walter saiu da tenda, e, cuidadosamente, foi se esgueirando para longe. Ele ainda tinha que achar Rick.

— Onde você pensa que vai? — Era a voz da índia com a adaga. Ela estava de vigia logo atrás da tenda.

— Onde está o meu amigo? — Walter exigiu saber. Dessa vez não estava mais com medo. Sentia-se mais confiante.

— Se quer mesmo saber, então olhe. — Ela apontou para o sul.

Walter virou-se e então o viu. Rick estava inconsciente, amarrado em um enorme pau de madeira que estava fincado em meio a várias pedras brilhantes vermelhas, da mesma cor das folhas das árvores do Bosque dos Rubis.

— Essa não. — Ele correu em direção a Rick, mas então algo se enrolou em seus pés e o fez tropeçar, batendo o rosto com força no gramado. — Ai, porcaria!

— Acha que vai fugir? — As mãos da índia estavam levantadas. Ela estava controlando a grama verde que encobria o chão do lugar.

— Me solta agora, se não... — Walter não completou a frase, pois não sabia o que poderia fazer. A fonte havia ficado para trás e não havia mais água por perto.

— Se não o quê? — Ela olhou para ele desafiadoramente. — Não pode fazer nada. — Ela cerrou seus punhos. A grama em volta de Walter enrolou seu pescoço e o pressionou contra o chão, deixando-o quase sem ar.

— Jaci — gritou uma índia, se aproximando da ruiva que estava sufocando Walter. Ela estava carregando um jarro de barro no ombro. — Aconteceu algo na fonte. A água emergiu sozinha, como uma cobra do mar.

Jaci olhou para a índia do jarro perplexa, como se estivesse achando que ela fosse louca, mas, mais índios se aproximaram dela e lhe contaram a mesma história.

— Isso só pode significar uma coisa — Jaci disse enfim. — O deus Amanaci está começando a ficar impaciente e está nos dando sinais. Temos que começar o sacrifício agora...

Então, uma esfera de água atingiu o rosto dela com toda a força. Walter havia controlado a água do jarro de barro da índia anterior e arremessado em Jaci. Ela ficou tão absorta com aquilo que caiu, libertando Walter da fúria da grama. Agora que estava solto, precisava salvar Rick.

Mas nada estava indo bem. Alguns índios com lanças encurralaram Walter por todos os lados. Talvez não conseguisse lutar contra todos eles, mas precisava tentar. Ainda havia três ou quatro mulheres com jarros de água por perto que poderia controlar.

Estendeu suas mãos contra um dos índios que avançava contra ele. Splash! Uma esfera de água o atingiu na barriga, deixando-o sem ar. Outro índio avançava contra ele ameaçando-lhe com a lança. Tibum! Walter usou a água para desferir um golpe no rosto do ruivo, fazendo-o cair. Por fim, dois índios o atacaram de uma só vez. Para pará-los, Walter estendeu seus braços em direção aos dois. Shuá! Ambos foram atingidos por duas correntezas poderosas.

Walter nunca se sentira tão forte na vida. Ele poderia fazer aquilo a noite toda, olhou ao seu redor procurando por mais índios para atacar, mas todos estavam recuando, com medo. Os outros, que estavam atrás, olhavam para ele com perplexidade, recuando alguns passos para trás, inclusive Jaci. Então, ela foi a primeira a dizer.

— Salve o deus Amanaci. — Então, algo inesperado aconteceu. Jaci se curvou respeitosamente. Todos os outros índios repetiram o seu gesto.

— Droga — Walter resmungou. — No que é que eu fui me meter.


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