Amy Tokisuru em Portland escrita por AJ


Capítulo 11
Capítulo 11 - Uma Missão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689799/chapter/11

AMY

Amy gritou. Levantou-se bruscamente do chão e olhou ao seu redor, ainda apavorada. Então se deu conta de que ainda estava no quarto que Berto oferecera para ela e seus amigos passarem a noite.

Jau e Anny não haviam acordado com seu grito, o que deixou Amy particularmente grata. Seria ruim ter acordado seus colegas por causa de um pesadelo. Voltou a se deitar, mas demorou um pouco antes de fechar os olhos, pois tinha medo de dormir e voltar a sonhar com o ser de capa negra apontando para seu pai morto no chão.

Amy acordou mais uma vez, mas dessa vez era Jau chacoalhando-a levemente, o que era bem melhor que ser acordada por um pesadelo.

— Acorde, dorminhoca — ele disse, com voz de sono. — O sol já nasceu.

Amy coçou os olhos e viu o rosto de seu amigo. Estava sorrindo com carinho. Ela retribuiu o sorriso. Nunca havia sentindo tanto carinho pelo amigo quanto agora. Tinha até mesmo um pouco de receio de que esse sentimento evoluísse mais que o preciso. Afastou esse pensamento da cabeça e se levantou.

— Precisamos encontrar a Sofia — disse rapidamente, deixando sua expressão séria.

— Calma. — Jau colocou a mão no ombro de Amy. — Vamos esperar a loirinha acordar.

— Acorde ela, nós não temos tempo. — Amy se afastou do amigo e foi em direção à porta do quarto.

Jau ficou parado por um instante, observando-a. Sua expressão era indecifrável. Parecia estar pensando ainda se ia ou não acatar ao pedido de Amy.

— Está bem — disse por fim, sem humor. Se aproximou de Anny e a balançou assim como fez com Amy. — Ei, Anny, acorde.

Logo, a garota muda levantou-se também, depois de coçar os olhos e bocejar.

— Muito bem. Sem enrola. — Amy saiu do quarto e esperou os dois do lado de fora.

— Com pressa, Amy?

A garota levou um susto. Olhou para o telhado da cabana, de onde tinha vindo a voz, e viu que Sofia estava lá em cima.

— Não precisa correr. — Sofia pulou do telhado.

Se fosse uma pessoa normal, teria no mínimo torcido o tornozelo na queda de quase quatro metros, mas como Sofia controlava os ventos, pousou suavemente no chão.

— Eu não vou fugir — disse assim que desceu.

— Sofia, vamos logo ao assunto — Amy disse, um pouco nervosa, mas ainda sob controle. — Disse que ia me dar um mapa do tal bosque em que devo ir.

— Sim, é verdade. Para voltar para a Terra e tal... — A jovem dos ventos coçou a cabeça.

— Será que não rola um café da manhã antes? — Jau apareceu atrás de Sofia, acompanhado de Anny. — Eu estou morrendo de fome.

Sofia não se assustou com a aparição repentina do garoto, mas assim que olhou para trás seu rosto empalideceu automaticamente. Ela ficou encarando a garota muda por um tempo com uma expressão de puro pavor, como se Anny fosse um animal selvagem.

Amy notou logo que, de algum modo, Sofia sabia quem era Anny e de onde ela viera. Jau provavelmente notara isso também, pois perguntou:

— Você a conhece de algum lugar, Sofia?

A garota dos ventos demorou um pouco para responder, como se estivesse formulando uma mentira que não parecesse óbvia.

— É claro que não — respondeu por fim.

Amy não precisava ter o superpoder de Jau para saber que Sofia estava mentindo descaradamente. Além de ter demorado de responder e falar quase gaguejando, desviou sua atenção e tentou disfarçar o nervosismo voltando a conversar com Amy sobre o assunto anterior.

— Amy, me acompanhe e vou lhe entregar o mapa. Se quiser também posso te oferecer algo para comer.

— O Jau e a Anny podem vir comigo, certo? — Amy perguntou prontamente.

— De jeito nenhum! — Sofia praticamente gritou, voltando ao seu tom nervoso, mas percebeu que estava dando muito na cara e tentou disfarçar novamente. — Quer dizer... O Bart não é uma pessoa muito generosa. Só você pode ir comigo Amy, e levar o garoto, no máximo.

— Bem, então — Jau interviu — você leva as garotas. Eu vou ficar bem.

— Não pode ser assim...

— Por que não Sofia? — Amy queria arrancar de qualquer forma a verdade de Sofia, e iria pressionar até que a garota dos ventos ficasse sem nenhum argumento plausível. — O que é que está tão errado?

— Parem de fazer perguntas!

De repente, o vento começou a soprar bem mais forte, causando calafrios em Amy, o que era incomum, já que ela quase nunca sentia frio. Ficou com medo de ter passado dos limites tentando pressionar Sofia.

— Tudo bem. Nós nos rendemos — Jau disse, querendo apaziguar a situação, e pareceu dar certo, já que o vento gelado havia parado de soprar. — Amy, vai com a Sofia. Eu e a Anny vamos ver se conseguimos algo com o Berto.

Amy ficou paralisada.

— Quer que eu vá sozinha? — Amy deu uma rápida olhada em Sofia. — Com ela? Você não vai comigo?

— Desculpa. Não posso deixar a loira aqui sozinha. Você entende, certo?

Amy encarou o amigo por um tempo, tentando descobrir se ele realmente estava falando sério. Mas sua expressão dizia que não estava brincando. Ele não ia deixar Anny sozinha. Pelo menos não para ir com Amy até a casa de Bart. Não pôde deixar de se sentir extremamente frustrada com isso. Sentiu uma enorme vontade de ir até Jau e dar um belo soco no meio de sua cara. Queria gritar e chamá-lo de um monte de coisas ofensivas e obscenas.

Mas que droga eu estou pensando? Amy então percebeu que já estava calada por tempo demais e provavelmente com uma expressão nada agradável no rosto. Desviou o olhar do amigo e começou a sentir o rosto queimar. O que era aquilo que estava sentindo? Raiva? Ciúmes?

— Amy — Sofia chamou e tirou a garota de seu torpor. — Vamos ou não?

— Sim, claro. — Amy seguiu em Sofia em direção a sua casa.

— Ah, Amy — Jau chamou. — Se nesse mundo também tiverem pães de queijo, traga alguns para nós!

Amy não respondeu. Apenas continuou andando sem olhar para trás nenhuma vez.

Na casa de Sofia não havia pães de queijo. Apenas alguns pães normais feitos com farinha de trigo e água. Ela pegou um pedaço e mordiscou, mas não estava com muito apetite no momento. Queria mesmo era conseguir logo a porcaria do mapa e começar sua busca, para poder terminá-la o mais rápido possível. Queria muito ver seu pai, ainda mais depois do terrível pesadelo que tivera.

— Bem. Vejo que não está com fome — Sofia notou.

— Não estou mesmo. — Amy colocou o resto do seu pedaço de pão na mesa de madeira da cozinha. — Poderíamos ir direto ao ponto?

— Sim. — Sofia estendeu sua mão direita, e Amy pôde sentir uma leve brisa no lugar. De repente, uma folha de papel apareceu flutuando pelo ar, até chegar à mão levantada da garota dos ventos. Abriu o pedaço de papel que estava dobrado.

— Bem, o item que precisa pegar para criar uma pedra do tele transporte é um fragmento de gelo imortal. Ele está com o rei do gelo. Assim que o tiver traga-o para cá que o Bart vai concluir a pedra. Ele não está aqui agora, mas garanto que vai estar quando vocês chegarem.

— Certo. — Amy não ficou surpresa com o nome clichê. Parecia um daqueles itens de contos de fada ou de jogos de RPG. — E em troca você vai querer...

— Richard — Sofia respondeu antes mesmo de Amy terminar de perguntar. — Nós vamos enfrentá-lo.

— Não está se precipitando? E se eu não for boa o bastante? E se eu morrer no processo de pegar o item? — Amy fez as perguntas que já estavam entaladas há algum tempo. — Por que confiar em mim?

Sofia não quis responder, e, por um momento, Amy notou um ar de tristeza por parte da garota. Ela se dirigiu até a janela da cozinha e a abriu, ficando a observar a paisagem lá fora.

— Você precisa conseguir Amy. Eu mesmo o faria, no entanto...

— Então por que não o faz? — Amy perguntou, chateada.

— Não importa agora. — Sofia entregou o papel à Amy. — O mapa está desenhado aí, mostrando a localização do fragmento.

Amy tentou estudar o que estava no mapa, mas não era boa com isso. Decidiu dobrar o papel e pedir ajuda a Jau.

— Ah. Já ia me esquecendo. — Sofia se ajoelhou e pegou uma caixa de madeira debaixo da mesa.

Depois, posicionou a caixa em cima de suas pernas, removendo a tampa e revelando o seu conteúdo. Tirou de lá um pedaço de pedra brilhante e vermelha, do tamanho de um sabonete.

— Pegue. — Sofia ofereceu a pedra à Amy.

Ela pegou o objeto e o estudou. Era um pouco quente e áspera. Tinha vários detalhes em formas de ondas.

— O que é isso?

— Isso é um fragmento de Feiticeira, mas é tão poderosa quanto uma completa.

Amy ficou encarando Sofia. Será que a idiota dos ventos não tinha percebido que Amy não fazia a menor ideia do que aquilo significava?

— Ah, claro. Quer saber o que ela faz — Sofia notou enfim. — Isso realiza qualquer pedido que você fizer. Mas cuidado. As Feiticeiras sempre entendem da maneira mais errada possível, portanto escolha seu desejo com sabedoria.

— Não posso desejar voltar para a Terra?

— Mesmo que a Feiticeira entendesse seu pedido, você tem que lembrar que seu planeta é um lugar sem mágica, então não daria certo de qualquer forma.

Amy suspirou tristemente, então guardou a tal da Feiticeira no bolso da calça.

— É só isso mesmo. — Sofia se levantou. — Eu realmente quero que consiga, Amy. A vida de uma... De muitas pessoas estão em jogo.

— Escuta, Sofia. Não estou fazendo isso por você. Para mim pouco importa esse mundo e as pessoas nele.

Amy ficou com medo que tivesse exagerado de mais na sinceridade, e que isso irritasse Sofia como das outras vezes. Mas ela apenas olhou para o chão por alguns segundos sem dizer nada.

— Enfim, vou embora. — Já estava pronta para ir até que Sofia disse mais uma coisa:

— Só dois dias, Amy. Dois dias ou então vai acontecer algo ruim.

Amy sabia que se perguntasse por algo menos vago não iria receber nada além do silêncio, então desistiu de fazer mais perguntas.

— Vou tentar fazer o meu melhor.

Saiu da casa sem despedidas e seguiu caminho de volta à residência de Berto. Ainda tinha que se encontrar com Jau e Anny antes de ir.

Ficou pensando em como tinha ficado zangada com Jau anteriormente. Talvez ela tenha sido muito boba. O amigo não tinha feito nada demais. Ele não era seu namorado e Amy não deveria sentir ciúmes por causa dele.

Deveria pensar em coisas mais construtivas, como o que iria dizer ao seu pai quando o reencontrasse. Precisava esclarecer essa história de Thomas não ser seu pai biologicamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amy Tokisuru em Portland" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.