Eu amava Emma com todo o meu coração e faria de tudo para vê-la feliz e isso não é pouco, nunca fui uma pessoa fácil de lidar sei que sou um pouco arrogante e não costumo mostrar meu melhor lado para qualquer pessoa. Com minha noiva porem desde que começamos a sair eu quis mostrar meu melhor, mas as vezes era difícil entende-la. Emma não era fácil.

         Principalmente quando o assunto era dinheiro minha loira parecia se ofender com ele, no inicio da nossa relação eu entendia o lado dela, Emma foi criada em um mundo diferente do meu já que enquanto eu cresci em uma cobertura tríplex em frente ao Central Park ela havia crescido em uma cidade pequena no Maine. Entendia que nossos mundos eram diferentes e que gostávamos de coisas diferentes então aceite deixar muito dos meus costumes extravagantes de lado afinal relacionamento era isso duas pessoas fazendo concessões para o bem de ambos.

         Mas dessa vez eu não queria ceder, era meu casamento também e por mais que anos atrás quando começamos a nos relacionar eu tenha aceitado abrir mão de um casamento para estar com ela eu havia sonhado com esse momento por anos. E agora que ela havia tomado coragem de falar com os pais e de formalizar nosso relacionamento não abriria mão de fazer as coisas como tinha sonhado só porque ela era orgulhosa demais para aceitar que tínhamos um padrão de vida melhor afinal já havia passado da hora dela entender que tudo que tinha era nosso não meu.

         - Ela esta sendo infantil – comentei olhando alguns documentos na minha sala na segunda.

         - Vocês são únicas sabia? Conseguiram brigar algumas horas depois de “oficializar” o noivado – minha amiga sorriu, enquanto tomava um pouco de café sentada no sofá da minha sala.

         - Não brigamos, foi uma discussão apenas – Kristin era minha melhor amiga a anos havíamos nos conhecido na faculdade ela estava no ultimo ano quando entrei no meu primeiro semestre e mesmo assim nos demos muito bem e mesmo quando ela se formou mantivemos contato, ela havia vindo para Boston primeiro e foi dela a ideia de que eu viesse morar aqui após me formar já que estava determinada a sair de Nova York e da sombra da carreira bem sucedida do meu pai.

         - Ainda sim era de se esperar que estivessem comemorando, tendo uma noite tórrida de amor e sexo e não discutindo.

         - Acredite eu queria uma noite tórrida de amor e sexo, mas Emma não ajuda e não vou abrir mão desse casamento sem lutar eu mereço isso e você sabe, não vou abrir mão de uma festa com tudo que sonhei só porque ela tem aversão ao meu dinheiro. Eu batalho por ele Kristin, você sabe o quanto é difícil chegar aqui foram sete anos na universidade quase sem uma vida social e todos os dias eu dou o meu melhor dentro desse escritório para no fim do dia minha noiva ter aversão ao meu dinheiro.

         - Queria que Ella tivesse um pouco de aversão ao meu dinheiro – ela comentou rindo – Todos aqueles casacos de pele e joias vão nos levar a falência um dia, acho que ela se esquece que em alguns anos Lilith vai para faculdade e não vai sair nada barato – acabei rindo com ela já que minha amiga trabalhava na filial de Boston de um grande escritório no setor jurídico e era pouco provável que entrasse em falência visto que assim como eu também vinha de uma família importante e com um alto padrão de vida – Serio eu sei que ela ama nossa filha mais do que tudo no mundo, mas as vezes acho que de ela ainda esta me punindo.

         Kristin havia conhecido Ella pouco depois de se formar em um desfile na semana da moda. Ella Smurfit também conhecida por alguns como Cruella apelido que ganhou devido sua paixão por casacos de pele como a personagem do desenho estava se formando em moda e as duas logo iniciaram o que muitos poderiam chamar de o romance do século, minha amiga estava completamente apaixonada e estava nítido que era correspondida e não demorou nada para elas irem morar juntas. Mas pouco mais de dois anos após o inicio do namoro das duas Kristin recebeu uma proposta incrível da empresa que trabalhava o grande problema era a vaga ser em Boston o que desencadeou um período complicado no relacionamento das duas.

         Ella não queria deixar Nova York já que segundo ela era a cidade da ideal para uma estilista e sua carreira estava começando a decolar, Kristin não queria ficar afinal era um grande passo em sua própria carreira e ambas não cogitavam a ideia de um relacionamento a distancia. O resultado foi uma briga daquelas e minha amiga deixando Nova York sozinha após um pedido de casamento recusado. Ella não demorou dar o braço a torcer e menos de dois meses depois partiu para Boston atrás da namorada disposta a fazer dar certo.

         O único problema foi que minha amiga nunca escondeu de ninguém sua bissexualidade, Kristin sempre se orgulhou em dizer que gostava de pessoas independente do sexo embora tivesse tido mais namoradas do que namorados ao longo da vida. E assim que chegou em Boston com o coração partido foi logo afogar as magoas em um bar onde conheceu um cara e o resultado dessa noite foi o nascimento da Lilith nove meses depois. Ella havia ficado possessa quando chegou em Boston e descobriu que sua “namorada” estava gravida e isso só piorou nos meses seguintes, Kristin se negava a dizer quem era o pai da criança já que segundo ela ele não queria qualquer vinculo com o bebê que ela sempre deixou claro que teria mesmo sozinha e Ella por sua vez insistia em saber quem era o sujeito antes de decidir ficar ou não, mas no fim acabou aceitando o silencio da namorada e quando Lilith nasceu segundo ela não havia mais como ir embora já que seu coração estava entregue as duas, então um ano depois elas se casaram e ninguém no mundo poderia dizer que Ella não era mãe da pequena que hoje tinha quase sete anos.

         - Ella não esta te punindo, ela sempre amou joias e casacos sabe disso.

         - Sei, mas antes ela desenhava os que iria usar hoje em dia ela só compra, mas se isso faz ela feliz é o que importa abro falência por aquela mulher sorrindo contanto que ela venda os casacos para pagar a faculdade da nossa filha no futuro – ela colocou a xicara na mesa de centro próxima ao sofá e se levantou vindo até minha mesa se encostando na mesma ficando de frente pra mim – Vocês precisam encontrar um meio termo sabe disso, Emma esta com muita coisa na cabeça agora Gina, os pais tentando aceitar vocês o segredo com os irmãos, conversa com ela sei que você a ama, mas ficar discutindo não leva vocês a lugar nenhum, tão pouco o voto de quase silencio que sei que esta fazendo em casa – concordei com a cabeça ela me conhecia demais para negar – Tenho que ir agora estou atrasada para uma reunião – ela beijou meu rosto e pegou a bolsa – Tenta resolver isso antes de sábado não quero a madrinha da Lily de mau humor por estar brigada com a noiva no aniversario dela.

         Concordei com a cabeça e vi ela sair me deixando sozinha com meus pensamentos, eu amava Emma demais para ficar muito tempo nessa briguinha ainda mais por algo tão simplório, estava disposta a conversar essa noite com ela e entrar em um acordo justo, afinal eu era uma ótima advogada e não iria perder essa.

         O resto do dia seguiu normalmente, uma audiência de guarda compartilhada particularmente difícil já que a ex-mulher do meu cliente estava determinada a conseguir a guarda total para levar os filhos para Nova Jersey onde seu namorado estava morando, mas que consegui ganhar após algumas horas e muitas provas de que a mãe não poderia oferecer melhores condições aos filhos mudando de cidade e afastando as crianças do pai.

         Cheguei em casa um pouco mais cedo do que o costume e me surpreendi ao ver a mesa da sala de jantar posta para dois, Emma apareceu em seguida na porta da cozinha ainda usando as roupas de trabalho.

         - Chegou mais cedo hoje – ela comentou se aproximando

— Vim direto do tribunal – comentei colocando minha bolsa em cima do sofá e olhando a correspondência que havia pegado em cima da mesa de vidro próximo a porta

— O jantar ainda vai demorar alguns minutos – ergui a sobrancelha em duvida sabendo que ela odiava cozinhar – Pedi nosso jantar naquele restaurante chinês que você adora, mas acabei de desligar o telefone então vai demorar um pouco.

— Sem problemas, vou tomar um banho enquanto isso – comentei seguindo em direção ao quarto dando um beijo casto nos lábios dela quando passei e cinco minutos depois estava tentando relaxar dentro da banheira decidida a iniciar o assunto durante o jantar e tentar resolver as coisas. Ouvi os passos dela se aproximando, mas não abri os olhos e não demorei para sentir a presença dela na borda da banheira ela ficou em silencio, mas eu sabia que estava me olhando então perguntei sem abrir os olhos – Como foi seu dia?

— Bom, muita papelada, e o seu? – ela perguntou após alguns minutos em silencio.

— Tranquilo, só tive uma audiência de guarda compartilhada, mas ganhei e não acho que a mãe vai recorrer – respondi ainda de olhos fechados e pude sentir ela mudar de lugar e não demorou para que sentisse as mãos dela massageando meus ombros.

— Que bom, eu queria falar com você – senti os lábios dela no meu pescoço e o simples toque dela fez meu corpo arrepiar - Andei pensando será conseguiríamos uma data no fim da primavera no Fairmont – abri meus olhos no mesmo instante e olhei em seus olhos.

— Você esta falando serio?

— Eu gosto da primavera e acho que sua mãe consegue organizar as coisas em sete meses mais ou menos, mas podemos esperar o verão se você quiser – sorri sabendo que aquele era o modo dela se desculpar.

— Tenho certeza que Cora Mills consegue qualquer data.

— Ótimo agora que tal um beijo descente de oi – concordei com a cabeça selei nossos lábios em um beijo intenso enquanto puxava a loira para dentro da banheira ainda vestida.