— Deixa eu ver se eu entendi - Judy falou depois de ouvir meu plano - Você quer que nós, façamos uma emboscada na Van, quando eles entrarem nós os deixamos inconscientes, nos livramos das armas que eles possam ter e depois que nós os deixarmos bem amarrados, levamos para o local onde o DPZ vai estar na hora? Certo?

— Sim - Respondi com um sorriso no rosto e em seguida dando outro gole no café - Eu sei que isso conta quase como suicídio, mas, já estamos mortos, não é?

— É... Então, é um bom plano - Sorriu - Hey, Nick, como você acha que eles vão reagir?

— Quem?

— Os policiais! Como você acha que eles vão reagir quando ver eu e você saindo do carro?

— E-eu não tinha pensado nisso - Eu falei, já me senti meio inútil de novo, obviamente eu nunca ia ter ideias melhores do que a oficial Hopps, a melhor policial de Zootopia, mesmo morta conseguia fazer tudo. Judy pegou na minha mão e deu um sorriso amigo.

— Hey, vai ser um choque, mas o plano é ótimo... Quando vamos pôr em prática?

— Quanto mais rápido melhor, como eu te conheço, não quer ver mais ninguém morto, certo?

— Certo - Ela disse se levantando da cadeira e indo jogar o café que deixou na xícara na pia - Ham... Bom... O chefe Bogo vai oficializar sua morte na TV.

— Quê? - O que ela queria dizer? Como assim oficializar minha morte?

— Você quer ver? - Ela falou pegando o controle da televisão e ligando-a, mostrando o jornal de notícias. Sentamos no sofá e ficamos observando eles contarem as notícias normais do dia, como o clima, um roubo numa cafeteria, que por sinal, o ladrão já foi preso, e finalmente chegaram onde queríamos.

— Todos sabemos da morte da melhor policial de Zootopia, Judy Hopps, que morreu na semana passada. Infelizmente nessa semana, descobriram outro caso de morte, o do oficial Wilde, mais conhecido como Nick Wilde.

— Foi declarado morto hoje pela manhã. Vamos passar para nossa repórter que está no DPZ— Outra imagem apareceu na TV, era uma leoa que estava do lado do Garramansa, que por sinal, parecia estar realmente triste.

— Bom dia, Zootopia, estou aqui do lado de Garramansa, um dos amigos do oficial Wilde e da oficial Hopps, você pode nos dizer o que aconteceu por aqui quando descobriram a morte deles?

— B-bom, quando descobriram a m-morte da Judy, quer dizer, da oficial Hopps, todo o DPZ ficou meio abalado e triste, principalmente o Nick— Judy olhou pra mim nesse momento e percebeu que eu virei o rosto, acho que depois ela sorriu para si mesma por notar que eu me preocupava tanto assim com ela — Ele quase nunca falava e só seguia no caso dos assassinatos. Agora... Ele estava desaparecido, mas d-declaram ele como m-morto— Garramansa já estava com lágrimas nos olhos e depois começou a chorar.

— Foi uma das maiores dificuldades de permanecer morte - Judy falou do meu lado - Ver o que acontecia no DPZ pela TV e não poder ir lá acalmar o pessoal, porque eu, oficial Hopps, estava morta para o mundo - E um ar triste tomou seu rosto. Me arrastei para o seu lado e passei o braço pelo seu ombro, depois encostou sua cabeça no meu peito e voltamos a ver o noticiário, já estava com a imagem do chefe Bogo na tela.

— Oficial Hopps e oficial Wilde, eles eram, sem menor dúvida, os melhores policiais do DPZ. Casos que demorávamos mais de uma semana para resolver, eles conseguiam em três dias ou menos! Eram incríveis, não posso negar, a morte deles significou uma grande falta aqui do DPZ, mas, tudo o que podemos fazer é seguir em frente— A imagem voltou para a inicial.

— Realmente, uma grande falta. Bom, vamos ao intervalo, depois vamos comentar sobre a zebra que— Judy desligou a televisão, cortando a fala da jornalista. Olhei para ela, que ainda estava encostada sobre meu peito e depois ela se aconchegou mais.

— É triste morrer - Ela falou quase como um sussurro - Pode ter certeza, eu entendo bem como é isso...

— Acho que posso te entender agora, também.

— Te ver no cemitério colocando flores sobre um túmulo sem corpo, te ver chorar no meu enterro, te ver ficar triste com minha morte, pode ter certeza, era um dos motivos que eu cobria o rosto, eu não queria que visse o Ynuby chorar...

— E eu, obviamente, não quero ver mesmo você chorar, cenourinha - Falei limpando uma lágrima que caia de seus olhos, e depois fiquei encarando os mesmos, tão violetas, como eu sentia falta deles - Nunca mais morra, está bem?

— Pode ter certeza, Nick, eu não vou querer isso - E depois me abraçou, e o abraço foi ficando cada vez mais apertado - Eu te amo, Nick...

— Eu sei disso, cenourinha.

— Ei - Ela me deu um soco de leve no ombro rindo - Era pra você dizer que me ama também - Então nós dois começamos a rir, caímos no sofá ainda rindo.

— Você sabe que eu te amo - Falei pegando seu rosto com minhas mãos, depois nossos olhos se encontraram, ficamos assim durante dois segundos, até ela falar alguma coisa.

— Será que eu sei? - Depois deu um sorriso - Sei sim - E então eu sorri, e ficamos ali olhando para os olhos um do outro. Não vou mentir que eu ia me abaixando, parei no caminho quando eu percebi o que eu ia fazer, me levantei do sofá e andei uns dois passos e depois parei. Olhei para Judy que estava com a cabeça baixa - Então... Quando vamos ligar para o DPZ? O que acha de botar o plano em prática amanhã mesmo? - Essa era a velha Judy que eu conhecia, o seu espírito não havia morrido.

— Você não muda nem quando está morta, oficial Hopps - Falei indo pra cozinha pegar um copo de água - Pronta para voltar a ativa?

— Sempre esperei por esse momento!

— Eu também... - Deixei escapar. Judy parece ter parado de pular, foi para o meu lado e pegou minha mão.

— Nick... Eu estou aqui certo? Eu nunca mais vou fugir, eu nunca mais vou morrer, eu vou voltar a ficar viva, todos os dias que você pensou que eu estava morta... Esqueça eles, estou aqui do seu lado, não estou?

— Eu espero que esteja mesmo, e isso tudo não se passa de um sonho - Falei, a olhei de novo e depois fiquei passando o dedo pela bochecha dela - Pois o que está acontecendo agora é bom demais para ser verdade...

— Acho que posso te entender... - Sua mão se levantou e se encontrou com a minha que estava na sua bochecha. Eu ia abaixando de novo, mas eu parei no meio, como antes. "O que eu estou fazendo? Por que diachos eu estou fazendo isso?".

— B-bom - Ela falou quando voltamos a postura - E-eu vou tomar banho.

E saiu da cozinha e ouvi ela trancando a porta. Fiquei parado ali na cozinha e dei finalmente o gole na água que estava na minha mão faz um tempo.