Judy estava praticamente me arrastando por todo aquele lugar, devo informar que era muito coelho! Nunca vi tantos coelhos assim na minha vida! Okay, vamos admitir que tinha algumas ovelhas, algumas lontras, algumas raposas... Bem que a cenourinha disse que agora estavam aceitando melhor nossa espécie. Mas voltando ao assunto da Judy estar praticamente me arrastando para o teatro do local para ver uma apresentação de filhotes:

— Por que eu concordei com essa ideia mesmo?

— Porque eu fiquei te incomodando até ouvir um sim! Mesmo que tenha sido um sim com a voz de que vai me matar, ainda é um sim, vamos rápido! - Ela falava rápido demais, quase eu não entendo, que bom que eu já estava acostumado, e continuava me puxando entre os demais animais que estavam ali, até chegarmos no teatro.

Sentamos em uma das primeiras fileiras e fiquei vendo super interessado, só que não, aquela cortina, olha como ela é bonita! Nossa! 

Olhei para Judy que estava sorrindo do meu lado, quase ia pular na cadeira, mas segurei seu ombro, pois se não, ela passaria de coelho para pássaro em segundos:

— Por que você está tão alegre com essa apresentação? - Perguntei.

— Porque eu apresentei ela quando eu era filhote, eu quero saber como vai ser, eu realmente vou ficar chateada se tiver mudado alguma coisa - Ela disse, dessa vez com mais calma - E eu vou saber se mudaram, porque eu praticamente decorei até hoje a minha fala, e a dos outros, e a hora de fazer tal coisa e tal coisa, ai meu santo coelho, já vai começar!

Olhei para frente e pude ver uma coelha pequena, da pelagem marrom, com um maiô da mesma cor que a pele "A muito tempo atrás, éramos divididos em dois grupos, presas fáceis, e predadores com sede por sangue"

— Não foi bem isso que eu falei  na minha época - Judy disse do meu lado, mas ainda não perdeu o brilho do olho - Nossa, me senti minha avó agora, na minha época - E soltou um risinho e voltou a olhar a peça.

Um coala pulou em cima da coelha, segurando garras de tigre, a coelhinha caiu para trás e pegou uma fita vermelha e ficou jogando sobre si mesma gritando sangue o tempo todo, acontece que acabou a fita e depois ela pegou um pote de Ketchup e continuou jogando sobre si, e continuou gritando sangue. Eu e Judy estávamos rindo muito, alguns animais do local estavam paralisados observando a cena:

— E-eu fiz isso quando- A coelha do meu lado nem conseguia falar direito, pois estava ainda rindo - N-na minha apresentação, e-eu fiz isso e - E começou a rir de novo, quando finalmente conseguimos respirar, voltamos a atenção para a apresentação que ainda estava acontecendo.

A coelha agora estava vestida de anjo, e de um lado, o coala e do outro, uma girafa, com a mesma roupa. A coelha falava da paz que surgiu entre os predadores e as presas, e ao meu lado, ouvi a cenourinha falando a mesma coisa, ela realmente decorou suas falas de criança:

— Pois é, agora eu posso ser um advogado - Disse o coala revelando sua roupa social.

— E eu posso ser uma médica - Falou a girafa revelando dessa vez um jaleco branco.

— E eu quero ser uma policial, pois em Zootopia você pode ser o que  quiser - A coelha falou e revelou seu uniforme, ao meu lado pude ver Judy com um sorriso e com o os olhos lacrimejando - Muito obrigada e boa noite.

Ainda não entendi o por que aquela coelha ter dito boa noite, sendo que quando saímos, o sol ainda estava brilhando. Dei de ombros e olhei para a coelha que estava do meu lado:

— Então, gostou da apresentação?

— Foi incrível, aquela coelha praticamente  me imitou, nas falas, em tudo. Será que ela fez isso por causa de mim? Não, ninguém sabe que eu estou aqui e...

— Hopps? VOCÊ É A OFICIAL HOPPS? - A coelha marrom do teatro perguntou no meio da multidão, ainda com seu uniforme, e veio correndo até nós e com um pulo deu um abraço na Judy - EU SOU SUA MAIOR FÃ! Eu te amo, Judy, você é minha inspiração! Por favor, prometa que ainda vai estar no DPZ quando eu chegar lá, e que não vai morrer de novo até lá, eu amei aquele seu plano, vou fazer planejar um que possa chegar aos pés dele! Vou fazer você ter orgulho de mim!

— Pequena - Começou a Judy se ajoelhando - Eu já estou orgulhosa, adorei a sua apresentação...

— VOCÊ VIU?

— É claro, adorei a parte do sangue - Lembrou Judy dando uma piscadinha, o que fez a outra coelhinha rir - E, continue sonhando alto, okay? Lembre-se, em Zootopia, você pode ser o que quiser.

— Pode deixar, ofical Hopps - O olhar da coelhinha marrom foi parar em mim, que dei um sorriso de lado - Espera, esse é o oficial Wilde?

— Sim, pequena, esse é o ofical Wilde, mas pode chamá-lo de Nick, e pode me chamar de Judy! - Falou a coelha cinza se levantando e ficando ao meu lado novamente.

— Eu amo vocês! Eu adoraria ficar falando horas e horas, mas minha mãe tá me chamando. Tchau - Se despediu e foi correndo até uma coelha marrom, do mesmo tamanho que a mãe de Judy.

— Eu adoro servir de inspiração, você não? - Judy perguntou quando voltamos a andar - Sei lá, é só mais um motivo pra eu acordar de manhã cedo e ir para o DPZ, já estou com saudades de lá!

— Essa é uma das coisas que eu gosto de você - Sussurrei, mas a cenourinha escutou mesmo assim, então eu só continuei - Você é sempre feliz com tudo, é sempre focada, e enquanto você trabalhava para permanecer a justiça, eu estava vendendo patolês na rua.

— Nick, admita que você gostou deu ter tirado você da rua - Ela disse com um sorriso no rosto. Segurei sua pata, ela ficou séria por uns segundos e olhou para os lados, mas depois voltou a olhar para mim e sorriu - Hm...

— Eu realmente gostei de ter sido você... Que entrou na minha vida - Eu ia me abaixando para dar um selinho nela, mas um grupo de coelhas gritaram em minha direção, nós dois olhamos para ver quem era. Mas que surpresa, a mesma coelha de ontem e outras amigas delas pelo que parece. Se aproximaram de nós:

— Eu disse queridas - Começou a coelha de ontem - Ele estava aqui, me digam, ele não é mais bonito pessoalmente? - Vi que elas gritaram um sim, e para brincar um pouco com a situação dei uma piscadinha para elas, que gritaram um pouco mais.

— Por favor, Nick, posso bater uma foto com você?

— Ham - Eu ia começar a inventar qualquer desculpa ou simplesmente aceitar, mas senti alguém abraçando o meu braço, achei que era uma das coelhas histéricas, mas quando me virei, encontrei os olhos violetas - Desculpe coelhitas, mas eu e Judy temos que ir agora. Até qualquer outra hora - E saímos de perto dali, ainda ouvindo alguns gritinhos por causa que eu chamei elas de coelhitas.

— Feito - Judy disse soltando o meu braço.

— Eu tinha esquecido do que eu tinha te pedido ontem a noite, sério - Eu falei.

— Pra ser sincera, eu também, só lembrei agora - Ela disse isso sorrindo e depois foi sumindo e ela começou a ficar corada - O-okay, e-esquece, e-eu só fiz porque você p-pediu ontem e eu tenho que fazer tudo o que você mandar, c-certo?

— Certo - Eu respondi rápido e a chamei para voltarmos para a casa dela.