— Então - Judy começou se sentando na cama assim que eu sai do banheiro - É hoje que os assassinatos terminam?

— Talvez - Falei indo para frente dela - O plano tem que realmente dar certo para acabar com tudo isso de uma vez. Você está pronta, certo? - Falei pedindo um "Toca aqui" que foi rapidamente atendido.

— Eu já nasci pronta - Falou e se levantou da cama indo trocar de roupa.

Fui andando até a sala e eu já havia me vestido com a roupa policial, provavelmente Judy estava louca e dando pulinhos de alegria para vestir a dela novamente. E eu não duvido que ela já colocou ela alguma outra vez enquanto estava "morta".

Fui andando até a cozinha e peguei alguma coisa para comer, mas uma mão logo impediu e fechou a porta da geladeira:

— Depois nós comemos, oficial Wilde - Ela falou se encostando na geladeira, limpando seu distintivo, Judy sempre apaixonada por ele, saudades desse estilo dela.

— Oficial Hopps - Falei me ajoelhando como se ela fosse uma espécie de rainha, ela riu daquilo e logo foi me puxando até a sala e ligando a TV - O que será que o jornal tem de bom pra hoje?

— É o que vamos descobrir - E clicou no botão especial do controle remoto que faz a magia acontecer.

— Bom dia, Zootopia. Estamos aqui hoje para notificar mais uma vez o caso dos assassinatos no DPZ, eu sou Jenny e estou aqui ao lado do chefe Bogo. Com licença, você poderia nos informar como está indo os casos?

— Hoje, é, definitivamente o dia em que vamos provar que a oficial Hopps e o oficial Wilde não morreram em vão - Isso era uma coisa que não se ouve todo dia saindo da boca do chefe búfalo — Já estou preparando meus melhores policiais para investigarmos... - Nesse momento o telefone do DPZ tocou. Olhei para o lado e Judy já estava pondo o meu plano em ação. Garramansa atendeu.

— Alô? Departamento de Polícia de Zootopia, em que posso ajudar?

— Eu desejo urgentemente falar com o chefe Bogo - Judy falou com sua voz de Ynuby, pude ver na TV o recepcionista chamar a atenção do búfalo, que pegou o telefone bruscamente e a repórter prestava atenção em tudo - Espero que eu esteja falando com o chefe Bogo.

— Sim, é ele, o que deseja? - Falou com todo seu bom humor matinal.

— Eu sei onde pode encontrar os criminosos - Judy falou sendo direta, pude observar na tela o rosto de espanto no chefe, sorri de lado - Você pode encontrá-los no local onde a oficial Hopps foi baleada - Percebi que Judy falou apenas baleada e não morta, o que achei estranho, mas resolvi não interferir na ligação - Talvez demorem para você verem eles, mas, eu aposto que é ali que vocês vão encontrá-los - Judy desligou rapidamente e nós dois voltamos o olhar para a tela.

— Alô? Alô? Droga - Chefe Bogo disse para o telefone mudo em suas mãos e foi logo saindo de cena para chamar os policiais, eu acho, para ir para o local onde o "desconhecido" disse no telefone.

— Bom, aqui eu me despeço de vocês, pessoal. Voltamos depois dos comerciais - Apareceu então uma propaganda de mercantil e depois uma de uma loja que vendia coisas para namorados, não pude ver toda porque Judy desligou a TV na mesma hora.

— Nick - Ela me chamou e me virei pra ela, que ficou um tempo calada até criar coragem pra falar - O-o que significou o beijo de ontem?

— Bom... - Eu  podia esperar qualquer pergunta, menos aquela, eu realmente não esperava ela perguntar sobre isso. E eu não sabia o que responder, nem mesmo o que mentir, Nick Wilde não sabia como mentir, isso é uma raridade. Voltei meus olhos para os dela e fiz a primeira coisa que me veio a cabeça. Segurei seu rosto com minha mão e simplesmente aproximei meu rosto, novamente eu estava beijando Judy Hopps. Nos afastamos depois de alguns segundos - Significou apenas um beijo... Certo?

— Um beijo sempre tem mais de um significado - Ela disse segurando uma de minhas mãos que ainda segurava seu rosto - O que significou pra você?

— O que significou pra você? - Foi a única coisa que consegui dizer.

— Já é hora de pôr nosso plano em prática - Judy falou se levantando do sofá e indo em direção a porta. Sempre trocando de assunto quando não quer falar sobre ele - Você não vem? - Minha única opção era ir junto.

Dois animais com capuz no em um ferro velho, praticamente, ninguém ia ali, poderiam ser considerados perigosos, ri com esse pensamento, imagine oficial Wilde e oficial Hopps procurado. Judy se virou e pude ver seu rosto de dúvida, ela não entendia o porque deu rir, mas depois deu um sorrisinho de lado, continuou andando. Chegamos no Carro'ts e por sorte, ali estava a van que iria ajudar na execução de todo nosso plano.

Vamos colocar em prática.

— Alô, DPZ, aqui é o Garramansa, o que deseja?— Pude escutar a voz do recepcionista.

— Alô? Aqui é o Ynuby... Bom, eu soube que os assassinos combinaram um ponto de encontro no local onde a oficial Hopps morreu, entendeu? Chefe Bogo e alguns policiais deviam ir lá.

— S-sim, pode deixar. CHEFE BOG...— E o Garramansa desligou, deve estar bem animado com a ideia de finalmente pôr as mãos naqueles assassinos. Judy guardou o celular e observou o local.

— Eles ainda não estão aqui, podemos entrar na van - Saímos do local onde estávamos escondidos e fomos em direção ao automóvel. Dessa vez estava trancada, a coelha ao meu lado pegou um grampo e conseguiu abrir, olhou pra mim e conseguiu ver minha boca aberta - Não sabia que eu conseguia fazer isso, raposa boba?

— Isso seria considerado como um crime - Sorri sarcasticamente pra pequena orelhuda.

— Estamos mortos, lembra? Não podemos ser presos - Falou sorrindo e depois entrando na van - Vamos se esconder onde?

— Aqui, atrás dos bancos deles - Eu falei e ela ficou me olhando de cima a baixo como se eu tivesse ficado louco - Pode confiar, eles não vão saber que estamos aqui.

— Tá bom, só dessa vez, Yxof - Judy falou se sentando ao meu lado.

Ficou tudo quieto por um tempo, até finalmente ouvirmos passos se aproximando da van. Por sorte não checaram nada por trás e foram logo para o banco da frente, escutei as risadas do lobo e da doninha:

— É hoje Duke, que vamos conseguir matar mais alguns do DPZ - Ele disse rindo mostrando uma arma nas mãos, a cenourinha pediu pra eu me abaixar, obedeci, ficamos apenas ouvindo - Agora, o que acha de comermos alguma coisa?

— Eu aprovo essa ideia - A doninha falou se espreguiçando no banco e colocando um palito na boca simplesmente pra ter algo pra mastigar.

O lobo começou a farejar alguma coisa, Judy logo apertou minha mão com o medo de acontecer mais alguma coisa pela frente, mas o lobo apenas espirrou. Judy finalmente soltou o ar que prendeu e eu demonstrei com o olhar para ela manter a calma, logo ela concordou com a cabeça.

O carro estacionou. Sentimos cheiro de cachorro quente, hamburguer, batata frita e muitos fast-foods. o Lobo e a doninha iam pedindo, foi quando eu tive uma ideia genial:

— Ham, eu vou querer um cheeseburguer com dupla carne e um refrigerante de RatoCola - O lobo e Duke se viraram rapidamente pra mim e ficaram me encarando como se tivessem visto uma alma, literalmente podemos assim dizer, esqueci de dizer que eu estava sem o gorro.

— E eu vou querer um sanduíche natural com suco de cenoura - Judy falou mostrando seu lindo rostinho para os que estavam ali no carro, logo pegamos um pano que tinha um pó que deixava a pessoa adormecida em segundos e ali estavam Judy e Nick dominando o carro.

Rapidamente tomei posse do volante primeiro que a coelha, que ficou emburrada do meu lado. Olhamos para a atendente que ficou observando nós dois com o rosto expressando espanto, pisquei pra ela e depois cobri a boca com um só dedo dizendo "Shhh", resumindo, expressei que ela não devia contar pra ninguém:

— Mortos não podem andar entre os vivos - Judy disse e piscou pra ela, depois apertei o acelerador e fomos em direção ao único local que faltava, o local da morte da Judy.

Foi engraçado a reação dos policias com a van se aproximando de repente, logo pegaram as armas e apontaram pra mesma. Cobrimos nossos rostos, e chutamos os corpos desmaiados pra fora da van. Os policais se assustaram novamente, menos o chefe Bogo, ficaram olhando para os corpos ainda tentando entender o que estava acontecendo. Nós saímos do carro e todos nos encararam:

— Quem são vocês? - Perguntou um dos policiais ali presentes.

— Vocês não me conhecem? Estou me sentindo esquecido agora - Falei com o tom de sarcasmo de sempre, todos ficaram tentando reconhecer de onde já ouviram a voz que saia do animal encapuzado.

— Como puderam dizer isso nas nossas caras - Judy falou se fazendo de vítima, alguns já reconheceram as vozes e se afastaram um pouco.

— O quê? Nunca ouviram falar de mortos-vivos? - Eu e Judy falamos juntos, olhamos um pro outro e sorrimos, pegando no capuz, ameaçando tirar. Mas na verdade, eu peguei no da Judy e tirei.

O rosto que eles fizeram.

Foi impagável.

Alguns policias gritaram de susto, não sei porque diachos, outros simplesmente continuaram com a boca aberta, chefe Bogo também. Eu não me segurei, eu comecei a rir e Judy também, deixei o capuz cair e eles se espantaram mais ainda. Judy quase cai em cima de mim de tanto rir, lágrimas já ameaçavam cair dos nossos olhos. Paramos de rir aos poucos e tiramos completamente a capa, mostrando novamente nossas roupas de policias e prendendo o lobo e a doninha por algemas, depois ficamos de frente pro chefe Bogo:

— Desde... quando...vocês...? - Ele ainda estava impressionado.

— Desde sempre - Judy respondeu - Posso explicar, depois que colocarmos esses dois atrás das grades - A cenourinha apoiou seu pé no ombro da doninha - Os assassinatos terminam aqui - Todos bateram palmas, inclusive eu. Judy e Nick estavam de volta a ativa, como se tivéssemos saído dela alguma vez.

Todos entraram novamente em seus carros, chefe Bogo levou os criminosos e nós fomos com um policial que era um rinoceronte:

— Não consigo acreditar que são vocês - Ele deixou escapar - Tipo, há alguns minutos, vocês estavam mortos para nós. Dá pra acreditar?

— Há alguns minutos, nem sabíamos mais se estávamos vivos ou mortos... - Judy disse, logo olhei pra ela, eu entendia o que ela estava tentando dizer, um pouco, ela passou mais tempo "morta" do que eu - O importante, é que hoje, vamos ressucitar.

— Esse é o espírito - O policial respondeu estacionando.

Descemos e o chefe Bogo entrou com os dois assassinos, todos pararam o que estavam fazendo e olharam pra ele:

— Os criminosos hoje vão ter o que merecem - Todos que estavam ali, ou seja, a maioria do DPZ, bateram palmas. Alguns gritavam um "Uhu", outros "Isso mesmo, chefe Bogo" - Não, não mereço todas essas palmas. Quem merece realmente, são eles - O búfalo apontou para a porta principal, onde entrou eu e Judy.

Novamente, queria tirar uma foto de todas as reações.

Muitos, muitos mesmo, de boa aberta, alguns estavam chorando, e outros... Bom... desmaiaram, não sei porque, mas estavam caídos no chão. Judy deu mais um passo e eu segui ela, chefe Bogo segurou nossos ombros:

— Bem vindos de volta - E pela primeira vez eu vi o chefe Bogo sorrir, um sorriso sincero, não um forçado - Judy e Nick, é melhor se prepararem.

— Por que? - Judy perguntou, alguns ficaram um pouco espantados, acho que pelo fato da oficial Hopps estar em pé, saudável e falando, enquanto todos pensavam que ela estava se desintegrando a sete palmos debaixo da terra.

— Nós já morremos, o que mais precisamos enfrentar? - Perguntei, alguns riram, mas chefe Bogo colocou seu rosto sério novamente.

— A volta a vida.