A criança escolhida dos Croosers teve sua vinda a Terra mais tranquila que a das outras. Sua cápsula abriu ao pousar no chão, mostrando que era uma menina. Mas, ao invés de esperar, seu instinto independente a fez engatinhar para fora. Foi um erro, pois ela acabou encontrando um grupo de cachorros que a atacaram e destruíram seu chip com todas as informações que deviam ser implantadas no seu cérebro, assim, ela cresceria sem saber do seu verdadeiro propósito. Desde esse dia, ela cresceu com certo medo de cachorros.

A criança foi adotada por um casal que já tinha um filho de seis anos, o garoto teve receio no início, mas depois concordou em ter uma nova integrante na casa. No início, o nome da Crooser seria Irina, mas, depois de alguns argumentos convincentes, o nome passou a ser Ingrid.

Sua infância foi diferente da maioria das crianças, Ingrid não era muito social com as outras pessoas, principalmente com garotas. Seu melhor amigo era seu relógio de pulso, que não tirava de modo algum. Com o tempo, foi começando a se socializar mais, só o necessário. Ela ainda não sabia, mas seu subconsciente entendia que ela veio ao mundo não para fazer amigos, mas para destruir a escolhida dos Merceers. Talvez esse seja o motivo de ela não se relacionar muito com meninas, ela sabia em seu subconsciente que alguma das meninas era quem ela deveria destruir.

Do lado oposto do estado onde a Crooser tinha ido, a criança escolhida dos Merceers teve sua vinda à Terra um tanto... Desastrosa. Como se não bastasse a cápsula despencar de um penhasco, uma avalanche de pedras acabou atingindo a parte em que estava seu chip, fazendo-a perder também suas informações.

A cápsula abriu, revelando uma menina de aproximadamente quatro meses. Após algumas horas, um casal sentiu pena da pobre criança abandonada e resolveu a adotar, dando-a o nome de Carla. A vida deles foi muito diferente após isso. Eles se mudaram para um local que coincidentemente era próximo de onde a Crooser havia pousado. Carla sempre teve interesse por livros, o que orgulhava seus pais adotivos, mas seus atos eram estranhos. Seu comportamento antissocial, traço de personalidade característico dos Ali3ns, veio à tona com seus quatro anos de idade. Seus únicos amigos eram os livros, que, como ela descreveria, eram portas para viajar a universos paralelos. A ausência dos pais adotivos também causou um desenvolvimento muito grande de sua personalidade antissocial. Quando Carla tinha cinco anos e meio, seus pais tiveram mais uma filha, à qual deram o nome de Ana. Carla não sabia que não era filha legítima dos dois, então sempre tratou a irmã como igual.

Próximo de onde Ingrid acabou indo, o escolhido dos Al1ens também teve sua vinda à Terra, mas teve muitos contratempos. Quando a cápsula abriu, pôde-se ver que era um menino. Como ela abriu de mau jeito, ele caiu de cabeça no chão, foi atingido por uma bicicleta voadora, não me pergunte como isso aconteceu, e teve alguns danos no seu chip, graças a um garoto de 11 anos chamado Douglas que estava passeando e não foi com a cara dele, batendo com um violão na cabeça do pobre Al1en. Em meio a tudo isso, um casal o achou e deu-lhe o nome de Eric. Eles já tinham uma filha de dez anos, que morreu de ciúmes do novo integrante e sempre lhe dava beliscões e mordidas.

Eric acabou estudando com Ingrid, ele era mais extrovertido que ela, e, talvez, mais extrovertido que qualquer outra criança do mundo. Ele puxou muito as características dos Al1ens, com bastante inteligência e extroversão, Eric aceitava qualquer desafio. O Al1en cresceu com um problema no joelho, graças à série de acontecimentos desastrosos na sua chegada ao planeta. Mas isso não o deixava para trás, fazia natação e até mesmo karatê.

O dia em que todos vieram a se conhecer não é preciso, mas nunca se esquecerão. Não demonstraram nenhum sinal de rivalidade ou algo do tipo, para eles, seus amigos eram apenas mais algumas pessoas comuns, mas é aí que, finalmente, começa nossa história.

— ­Ingrid, você viu o novo vídeo do Coisa de Nerd?

Carla e Ingrid estavam no 7° ano, começaram a estudar juntas no 6°. Eric havia estudado com Ingrid até o 5°, mas após completarem o ano, as salas foram separadas. Por esse motivo, Eric não era tão íntimo de Carla.  

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— Ainda não, irei ver quando eu chegar em casa, o último vídeo foi muito engraçado! Eu acho que já vi umas trezentas vezes!

Por incrível que pareça, as duas tinham se dado muito bem.

Caminhavam pelo colégio durante o recreio, quando algo inesperado aconteceu. Não sei quando nem como, mas elas se encontraram em um lugar desconhecido, cheio de aparelhos eletrônicos e pedaços velhos de lata.

Meio confusa, mas reconhecendo o local, Carla olhava para a infinidade de máquinas ali presentes.

— Como... Nós viemos parar aqui?

— Estávamos caminhando pelo colégio e, quando nos demos conta, viemos parar nesse lugar estranho!

Em meio a alguns pedaços de ferro velho, elas encontraram Eric, que, parecendo aliviado, suspirou antes de falar.

— Vocês também se perderam? Como chegaram?

— Também gostaríamos de saber, – disse Ingrid olhando para os lados. – tudo aqui é tão estranho! Mas... De certo modo... Parece que já estive aqui antes!

— Eu tenho a mesma sensação... – disse Carla. – Parece que já estive aqui... Há muito tempo...

Carla olhou para um símbolo da parede, arregalando os olhos no mesmo instante.

— Ei! Esse símbolo! É dos Merceers!

A palavra “Merceers” fez todos se lembrarem de uma série de acontecimentos, cada um lembrando algo de sua origem. Talvez lembraram o nome de seus pais ou o seu objetivo na Terra, mas uma coisa é certa: todos se lembraram que não são desse mundo.