A demência pelo mundo escrita por Vênus


Capítulo 3
Pedro?!


Notas iniciais do capítulo

[Capítulo revisado e corrigido]



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Todos voltaram para casa, também sem entender como conseguiram sair daquela sala. Suas poucas memórias que haviam recuperado foram apagadas, e, mais uma vez, eles continuavam um grupo normal de amigos sem saber de sua origem. Um ano se passou depois do ocorrido, dessa vez as salas do 8° ano foram juntadas, permitindo que Eric estudasse junto com suas amigas.

Falaremos agora de uma pessoa que não foi citada: Luciano, o irmão de brincadeira de Carla. Ali3n? Al1en? Humano? Pois bem, mistérios à parte, vamos apenas citar que ele não demonstra muito afeto por qualquer coisa que seja.

Luciano estudou desde a infância com Carla, conhecendo Eric e Ingrid apenas quando se mudou junto com a mesma para outra escola. Os dois viviam juntos nas atividades, o que levava sempre à mesma pergunta: “Vocês são namorados?”. De tanto ouví-la, acabaram dizendo que são irmãos, e, desde então, os outros alunos pararam de perguntar. Foi até estranho terem acreditado, já que não eram parecidos. Luciano era um pouco mais escuro e tinha os olhos castanho-avermelhados, Carla era, provavelmente, a mais pálida da escola e tinha olhos com tons mais claros, puxando para o verde.

Era o último dia de aula, a maioria dos alunos nem havia vindo. Carla, Eric e Ingrid sempre tiravam boas notas e raramente faltavam, em compensação, os alunos que mais precisavam de nota pareciam sequer se importar em ter seu nome marcado na lista de chamada. Luciano não parecia ligar muito para a aula ou pro fim dela, apenas seus três amigos conseguiam decifrá-lo um pouco, muitas vezes tachando-o como frio.

O som do sinal veio seguido de gritos e correrias, deveria ser esse o preço de estudar em uma escola que só tinha o fundamental um e dois, mas pelo menos era a última vez no ano que os quatro teriam que suportar essa baderna. Normalmente Ingrid e Eric guardavam calmamente seus materiais em suas mochilas e pastas, enquanto o restante dos alunos já havia guardado antes mesmo da aula terminar. Luciano e Carla sempre esperavam seus amigos, pois preferiam ficar por último na fila para entrar no ônibus.

O quarteto saiu da sala, andando enquanto faziam alguns comentários engraçados sobre o que tinha acontecido no recreio. Eric, com seus cachos levemente dourados, andava quase pulando, já Ingrid, com sua expressão mais séria e sempre enrolando seu rabo de cavalo, deslizava calmamente pelo chão do corredor. A dinâmica do grupo era tão forte que, até nos dias com as aulas mais chatas, andavam sorrindo com as piadas uns dos outros. Mas todos os sorrisos se esvaíram quando, perplexos, fitaram o pátio totalmente vazio.

Seria um sonho? Nenhum aluno se encontrava naquele local, nem os que gostavam de correr no meio da quadra não coberta. Até o ônibus, que sempre se lotava de gente, não estava perto do portão.

Confusos, olharam para trás, esperando ver alguma pessoa da secretaria, mas novamente o que encontraram foi o vazio. Ao se virarem novamente para o portão, depararam-se com uma silhueta familiar, quase se encostando a eles.

— Ahá! – falou.

Todos gritaram com o susto, e, em coro, disseram:

— Pedro?!

— Eu mesmo! – disse sorridente. – gostaram da nova máquina que eu inventei para criar uma nova realidade?

Pedro era um personagem que Carla havia criado em uma de suas histórias cômicas, era surpreendente terem o reconhecido, já que Ingrid só o tinha desenhado uma vez para um trabalho de língua estrangeira.

— Pra começar, você nem existe! – disse Ingrid meio confusa. – Isso é alguma pegadinha? Onde estão as câmeras?

— Ah é mesmo, – disse Pedro. – vocês ainda não sabem... Mas ok, eu tenho tempo suficiente.

Carla andava em círculos ao redor dele, parecendo não acreditar.

— Eu só posso estar sonhando, isso é impossível!

— Vocês nem se lembram do que aconteceu ano passado, eu, com minha máquina, apaguei a memória de vocês!

— Você não tinha o direito de fazer isso! – gritou Ingrid furiosa. – Eu exijo explicações!

— Calma, Ingrid, eu vou explicar, mas antes, entre no meu teletransportador.

Todos ficaram congelados no lugar, não conseguindo se mexer devido ao choque. Pedro então os puxou um a um para dentro de sua geringonça estranha, teletransportando-os para o mesmo lugar que estiveram um ano antes. Tirando o fato de que Luciano não havia parado lá no ano anterior.

Por fim, ele entra na máquina também, fechando a porta. Nada parece ter mudado, até que a porta se abre e eles se encontram em um lugar completamente diferente do pátio da escola. Quando tomaram coragem, saíram com cautela da máquina e perceberam que estavam em uma espécie de sala futurística.

Tímida, Carla encosta em Pedro antes de falar.

— Vamos, ahn... Pedro. Diga-nos o que exatamente aconteceu.

Ele inspirou o ar, estufando o peito, parecia bem alegre de estar finalmente contando aquilo.

— Bem, ok, vamos explicar desde o início. Vocês não são humanos, são adotados e a vida de vocês foi uma mentira.

— O quê?! – todos disseram.

Ele se dirigiu à Carla.

— Você é uma Ali3n Merceer. Com treino, terá a mesma evolução que sua raça. Sua missão foi espalhar a tecnologia do seu planeta aqui.

Ele agora olhava para Ingrid.

— Você é uma Ali3n Crooser, inimiga dos Merceers. Iremos treinar sua tendência a mexer com química e biologia. Sua missão foi destruir a Carla com a ajuda de Eric.

Sem acalmar os olhares espantados que viu, Pedro foi em direção do integrante de cabelos encaracolados.

— Eric, você é um Al1en, também inimigo dos Merceers. Nosso objetivo é aguçar sua capacidade intelectual. Sua missão foi impedir que os Merceers espalhassem a tecnologia deles e, com ajuda da Ingrid, que você liderasse a tecnologia dos Al1ens.

Ninguém havia falado uma palavra.

— Ah... Seus nomes verdadeiros não posso revelar agora.

Tomando a frente, Luciano encarou Pedro.

— Ok, muito interessante, e eu? O que estou fazendo aqui?

Ele olhou para o canto direito superior e mexeu sua boca para o mesmo lado, parecia estar escolhendo bem as palavras.

— Luciano... Bem... Você é uma experiência que fizeram em um buraco negro, queriam lhe transformar em um humano, já que você era uma pedra, mas o buraco negro sugou seus sentimentos e você hoje é uma pessoa fria... Como uma pedra. – riu ao fazer o trocadilho.

— Que legal!

Ingrid olhou-o arqueando uma sobrancelha, seus cabelos pretos contrastavam com os olhos cor de mel.

— Perguntas? – perguntou Pedro.

—Como assim “perguntas?”? – indagou Eric.

Ele se levantou enquanto parecia gesticular cada palavra com as mãos.

—É óbvio – ressaltou a palavra. – que temos perguntas!

— Que pena, não irei respondê-las.

Em choque, virou-se para Ingrid, tentando demonstrar a ela, com olhares, sua indignação. Um minuto de silêncio passou, mais uma vez sem ninguém ter coragem de começar a conversa.

— Ok, vou falar o verdadeiro propósito de eu contar isso para vocês somente agora, estão ocorrendo muitos casos de desastres naturais aqui na Terra. Furacões, chuvas ácidas, terremotos... Nunca se perguntaram o porquê?

— Bem... – Carla começou. – O aquecimento global vem gerando muitas consequências...

— Sim, é fato, mas o que também está influenciando são os planetas de vocês. Esse seria o código para entenderem que já podem voltar pra casa. O problema é que, até alguns minutos atrás, vocês nem sabiam que não eram humanos. A sorte é que eles pensam que vocês sabem, e é melhor assim, caso saibam que vocês viraram amigos, podem causar uma Guerra Universal.

Luciano sorriu com o canto dos lábios.

— Que máximo! Uma guerra Universal! Morte, dor, sofrimento! Um dia perfeito!

— Às vezes eu tenho medo dele... – disse Carla.

— Continuando, vocês tem que se esconder, ou os Ali3ns e Al1ens descobrirão tudo e o mundo estará perdido.

Luciano continuou com seu tom sarcástico.

— Que maravilha! Qual é o WhatsApp deles? Vou mandar mensagem dizendo onde nós estamos.

Carla deu-lhe uma cotovelada enquanto franzia a testa.

— Luciano, isso é sério!

— Este lugar é subterrâneo, um prédio que construí para servir de proteção, costumo chamá-lo de Steeven, parece menos tenso assim. Esse é só um dos andares, podem explorar no tempo livre. Há tecnologias muito avançadas, cuidado para não apertarem em algum comando errado, uma vez eu tropecei ao apertar em um botão e acabei apertando o de cima. Steeven acabou se reiniciando em vez de apenas fazer o chá...

— Ninguém mandou colocar um botão tão importante próximo de outro tão fútil. – disse Luciano enquanto ajeitava seu topete.

Eric levou suas mãos à boca para não rir, enquanto Carla o olhava com repreensão.

— Vamos ficar presos aqui para sempre? – perguntou Ingrid. – Nunca mais vou sair desse lugar?

Pedro passou a mão gentilmente em seu rosto.

— Não se preocupe, Ingrid, eu estou com você.

Ela empurrou sua mão e recuou, não gostava de ser tocada. De algum jeito, conseguia ver um tom de brincadeira na voz de Pedro, não parecia estar falando sério quando disse que não sairiam dali. Mas mesmo assim, todos ficaram meio tristes, estavam abandonando uma vida... Para começar outra.


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Notas finais do capítulo

Momento de curiosidades:

—Já que um ano se passou, Carla e Ingrid têm 14 anos.
—Luciano também tem 14 anos.
—Eric tem 13 anos.



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