Los Guaimarán escrita por Araimi


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689502/chapter/5

           

Parecia que seu regresso à Araúca estava fadado a ser marcado por uma carta. Dessa vez a surpreendeu bastante ler o nome do remetente. Não Tia Cecília, como Marisela esperava, mas Pedro Luzardo Guaimarán.

           

Falava de Bárbara e de sua partida desse mundo.

           

Marisela nem sabia o que pensar sobre isso. Queria sentir tristeza pela morte da mulher que lhe deu à luz, mas ao mesmo tempo não conseguia sentir pesar algum. Bárbara e ela, ao fim do dia, não passavam de desconhecidas que se conheciam bastante.

           

O menino pedia que ela fosse para Progresso o mais rápido possível. Marisela tinha que lembrar-se que o menino não era mais um menino. Tanto tempo havia se passado, agora com certeza era um homem feito. Dono de duas fazendas. Dono da maior fazenda da Araúca.

           

Agora Tia Cecília morava em El Chaparan, a fazenda do senhor Encarnación Matute, o avô de Lucía, que havia morrido dois anos antes.

           

Dessa vez foi capaz de ver as marcas que o tempo haviam deixado em seu rosto, em suas mãos, em seu cabelo levemente grisalho. Ainda eram os mesmos olhos, o mesmo sorriso, o mesmo abraço caloroso. Por isso, Marisela estava grata. Antonio não estava em casa, metido em uma viajem a capital para resolver algum problema da Associação de Ganadeiros. Em seu lugar estava uma réplica sua, mais jovem. Tonito Sandoval cresceu para ser tão parecido com seu pai quanto todos haviam previsto.

           

Lucía crescera também e havia se tornado uma moça linda. Tinha os traços fortes de sua mãe biológica, os olhos azuis de Antonio e seu gênio forte e ao mesmo tempo tinha algo nela que gritava que era filha de Cecília. A convivência, Marisela supunha.

           

Tonito logo se retirou com uma desculpa educada, sorrindo como seu pai. Ele parecia ser um bom menino. Por fim, quedaram-se as três mulheres. Lucía estava quieta, passando os dedos pelos cabelos castanhos lisos, com o pensamento longe. Tia Cecília serviu uma xícara de chá.

           

— Você vai para El Miedo logo? – Ela perguntou, voltando a sentar-se em seu lugar.

           

Marisela deu de ombros.

           

— Não tenho certeza se quero ir lá.

           

Tia Cecília riu, dando uma rápida olhada em direção a filha.

           

— Pedro já sabe que você está aqui a essas horas. Se não aparecer por lá logo, ele virá te buscar aqui. – E depois completou em tom de segredo. – Aquele menino puxou a falta de paciência de Bárbara. Se bem que, verdade seja dita, Santos também não era muito paciente.

           

Tia Cecília sorriu e Marisela fez o mesmo, mais para acompanhá-la do que porque achara graça de algo.

           

Ao fim ela estava certa. Passaram meia hora conversando sobre sua vida, Lucía vez ou outra dava sua opinião, e no fim daquele tempo puderam ouvir uma voz masculina chamando por Cecília.

           

A chamava de tia e claramente pertencia a um homem feito. Marisela sabia que era o menino.

           

Lucía levantou a cabeça em direção a voz e Tia Cecília lançou-a um olhar preocupado. Marisela achou aquela situação interessante. No segundo seguinte o rosto de Lucía estava vermelho e ela claramente estava furiosa. Levantou-se em um salto e dirigiu-se para a porta, mas o menino já estava lá.

           

Era alto, forte, com ombros largos, parecia com Santos nesse aspecto. Seu cabelo castanho continuava comprido, levemente enrolado, quase cobrindo os olhos azuis. Ele tinha um sorriso travesso nos lábios, parecido demais com o sorriso de Bárbara para deixar Marisela confortável.

           

— Como está a garota mais bonita da Araúca? – Ele perguntou em um tom entre o travesso e o inocente. Como ele conseguia tal feito era uma boa pergunta.

           

Lucía cruzou os braços.

           

— Sem vergonha. Mal nascido. Desgraçado. – E o chamou de outras coisas que deixaram Tia Cecília de olhos arregalados.

           

O menino riu, o que deixou Lucía ainda mais furiosa. Ela o empurrou para fora de seu caminho e seguiu para fora de casa.

           

— Então você ainda está brava. – O menino continuava falando com ela, cada vez mais aumentando o volume de sua voz. – Mas você não pode ficar brava para sempre!

           

Ele entrou na casa rindo consigo mesmo, suas botas pretas fazendo barulho. Usava uma roupa simples e o que mais chamava a atenção de Marisela era a pistola prata pendurada em sua cintura.

           

— Ela não fica linda toda emburrada, tia?

           

Tia Cecília riu em meio a um muxoxo e aceitou o beijo na bochecha que o menino lhe dera. Ele voltou-se para Marisela, o sorriso nos lábios todo o tempo e o cabelo cobrindo os olhos.

           

— E você é Marisela Barquero... de Alvaréz. Minha irmã mais velha. Esperei você em casa, mas como não apareceu, fui obrigado a vir até aqui.

           

Marisela sorriu amarelo.

           

— Sinto muito. Tinha muitas coisas que conversar com Tia Cecília.

           

O menino assentiu. Agora que estava mais perto, Marisela percebia que era uma boa cabeça mais alto que ela.

           

— Sim, sim. Mas acho que já conversaram tudo. Ou não? – Ele olhou de uma para outra, mas não esperou resposta. Algo típico de Bárbara Guaimarán. – Podemos ir?

           

— Ir? – Marisela perguntou confusa.

           

— É. O testamento está em El Miedo. E também tem outras coisas que gostaria que conversássemos. Sobre minha mãe.

           

Marisela não se sentia muito confortável com a ideia de ir ao Miedo ou de ficar a sós com o menino, rapaz; mas sorriu amarelo e assentiu mesmo assim. Pedro alargou seu sorriso e dirigiu-se para a saída, guiando-a para fora da casa com uma mão em suas costas.

           

Ela pegou a caminhonete de Lucía emprestada e o menino montou em uma égua malhada elegante.

           

Quase dez cães vieram receber o menino, eles latiam e pulavam ao redor dele, que ria e distribuía carinhos. Um rapaz um pouco mais novo que Pedro recebeu a égua quando chegaram ao Miedo. O menino bagunçou seus cabelos e deu alguns tapinhas no pescoço do animal.

           

— Cuide bem da Terra.

           

— Pode deixar, patrão.

           

Marisela achou estranho ver um rapaz tão novo como Pedro ser chamado de patrão. Ela lembrou-se que quase foi mulher de Santos Luzardo. Poderia ter sido chamada de patroa quando tinha dezenove anos. Pedro tinha vinte e um.

           

Ele a guiou até a sala como um cavalheiro, pediu que se sentasse e a ofereceu uma bebida. Enquanto ele lhe servia, Marisela olhou ao redor. Tudo estava igual. Tanto havia mudado desde que seu pai fora o senhor da Barquereña, mas a casa continuava a mesma.

           

— Eu sei que essa situação tem tudo para ser desconfortável. – O menino declarou, entregando um copo de conhaque. – Mas eu realmente gostaria que pudéssemos conversar como o que somos. – Ele jogou-se no lugar de frente ao seu. – Irmãos.

           

A palavra parecia errada aos ouvidos de Marisela. Ela soltou um muxoxo, murmurando em seu copo. O menino sorriu de lado. O sorriso de Santos.

           

— Vamos, você tem que dar uma chance para que funcione.

           

Ela quase revirou os olhos. Mas parte de si desejava o mesmo que o menino. Marisela mirou-o em silêncio durante alguns segundos e disse por fim:

           

— Como ela era com você?

           

O menino riu, afundando-se em sua cadeira.

           

— Assustadora. – Seu tom era de brincadeira. – E divertida. Dura e gentil. Como as mães são, eu acho. – Bárbara nunca havia sido nem remotamente perto do que uma mãe deveria ser se tratando de Marisela. – Não. Bárbara Guaimarán não era como as outras mães. Se eu caísse, que levantasse sozinho. Se tivesse um problema, que resolvesse sozinho. Não tinha muitos beijos e abraços e carinhos, mas não significa que não me amasse. Ela amava e eu sabia e isso era tudo o que importava. – Ele fez uma pausa, olhando para os pés grandes. – Não, minha mãe não era como as outras mães. Mas eu gosto que tenha sido assim. Me fez ser quem eu sou. E você também. Para bem ou para mal, ela fez você ser quem é hoje.

           

Marisela sorriu amarelo.

           

— Sim, exceto que ela não me amava. Ela me odiava e eu sabia disso. Todo mundo sabia disso.

           

O menino sorriu, tirando um pouco do cabelo da frente dos olhos.

           

— Então acho que estavam todos errados. Principalmente você.

           

Ela fez uma cara confusa e ele logo explicou.

           

— Ela não te odiava, Marisela. Ela te amava também. E te admirava. Ela não falava muito de você com, bom, com ninguém, mas eu sei. Tinha alguma coisa nos olhos dela quando falavam de você. – Ele olhou para seu copo, remexendo-o, ganhando tempo como um menino travesso. – Além do mais, não se deixa metade de uma fazenda para alguém que se odeia.

           

A primeira declaração do menino trouxe lágrimas aos olhos de Marisela, para seu desgosto; anos atrás ela havia prometido a si mesma que não deixaria essa mulher tirar qualquer reação sua. A segunda declaração a deixou com a boca abrindo e fechando como um peixe a beira da morte. Seu cérebro mal conseguia processar a informação.

           

A fazenda que deveria ter sido sua. A fazenda que Bárbara havia lutado tanto para que não fosse dela. Para que pertencesse ao seu filho e a mais ninguém. Essa mesma fazenda, Bárbara Guaimarán havia deixado metade dela para Marisela.

           

Ela suspirou. Alguém algum dia seria capaz de entender aquela mulher?

           

— Bárbara deixou... ela deixou...

           

O menino riu.

           

— Metade de El Miedo é seu, irmã. Ou La Barquereña, se preferir. É sua agora.

           

Marisela ainda estava sem palavras e o menino, aparentemente, não conseguia ficar muito tempo em silêncio.

           

— Então. – Ele começou. – Quando você vai se mudar?

           

— Mudar? O que? Não, não posso mudar. Eu tenho uma vida na capital. Tenho uma filha, um marido, amigos. Meu trabalho. Não posso... Não posso aceitar uma fazenda.

           

As palavras saíram sem que Marisela pensasse sobre elas, mas quando as escutou, soube que era a verdade. Um dia, ter a Barquereña havia sido seu maior sonho, mas esse tempo já tinha passado. Ela era outra pessoa.

           

O menino tinha uma feição triste e frustrada.

           

— Claro que vai aceitar. Não é uma lembrancinha, ou uma roupa que não cabe. É uma fazenda. Era do seu pai, da sua mãe e agora é sua também. Nossa.

           

— Não.

           

— Ora, não. Claro que sim.

           

— Não. Não posso. Tenho família.

           

— Convença seu marido. E... eu tenho uma sobrinha? – Marisela assentiu e o menino sorriu de orelha a orelha. – Pois traga ela. Crianças adoram o campo e ela vai adorar ter um tio divertido e bonito como eu. – Marisela sorriu a contragosto e o menino riu também. – Vamos. Somos família. Não deveríamos ter ficado separados tanto tempo. Talvez seja o momento de reparar isso. Talvez seja isso que a minha mãe queria. Que ficássemos juntos.

           

Marisela pensou sobre aquilo. Nunca, em todos os seus anos morando longe da Araúca, havia recebido uma carta de Bárbara, um telegrama, qualquer coisa. Ela nunca havia se mostrado interessada em Marisela ou em sua relação com o filho mais novo. Mas era quase impossível entender Bárbara.

           

Olhou para o menino, sorridente, descontraído e esperançoso e pensou como teria sido sua vida se tivesse convivido com aquele rapaz. Perguntou-se como seria ter um irmão. Um irmão como Pedro. Pensou em Daniel e nas pessoas que ele iria gostar de conhecer aqui. Pensou em Laura e imaginou sua menina correndo pelo campo, subindo nas árvores, brincando com os animais como ela havia feito quando criança. Pensou em sua família, em Pedro, na família de Cecília e nas terneras. E se eles fossem uma grande família novamente?

           

— Olha. – O menino chamou sua atenção. – Você não precisa se mudar. A fazenda continua unida e eu cuido da sua parte. Mas você vem visitar, passar as férias. O que você acha?

           

Marisela achava uma boa ideia.

           

— Eu...

           

Mas ele não a deixou terminar.

           

— Eu quero muito que você aceite. Eu gostaria de poder conviver com você. Eu realmente acredito que era o que a minha mãe queria. E é o que eu quero também.

           

Marisela sorriu.

           

— Eu acho que é uma ideia que pode ser colocada em teste.

           

O sorriso que ele deu poderia ter iluminado o mundo e Marisela pensou, claro, como ela poderia não amar alguém como ele?

           

— Ótimo. – Ele disse. – Perfeito.

           

Ele levantou, estava quase sem fôlego, embriagado de felicidade. Marisela riu e levantou com ele, aceitando sua mão estendida.

           

— Foi ótimo fazer negócio com você, Sra. Barquero de Alvarez.

           

— Acho que seremos bons sócios, Sr. Luzardo Guaimarán.

 

—***-***-***-

           

Pedro a acompanhou de volta a casa de Tia Cecília. Ele deu um beijo em sua bochecha e lhe encheu de elogios que a deixaram levemente vermelha e contou a ela sobre a decisão de Marisela. Tia Cecília chorou de emoção e abraçou Marisela repetidas vezes.

           

Eles estavam na varanda, comendo um bolo que Tia Cecília havia feito especialmente para Marisela quando Lucía apareceu. Ela vinha caminhando com a cabeça baixa e não viu a visita até o último instante. Pedro sorriu, ainda mastigando um pedaço de bolo e a saudou com um:

           

— Olá, menina bonita.

           

Lucía foi de serena a soltando fumaça pelos ouvidos em segundos. Deu meia volta e começou a se afastar a passos firmes e rápidos. O menino engoliu o pedaço de bolo, limpou as mãos e levantou-se em um salto, murmurando para si mesmo um:

           

— Estou cansando dessa situação...

           

Ele começou uma caminhada/corrida em direção a Lucía e, com suas pernas compridas, ele a alcançou rapidamente.

           

Marisela observava o desenrolar da cena com interesse.

           

Lucía se debatia e batia nele com os punhos fechados, coisa que não parecia afetar Pedro de maneira alguma. Ele falava com ela, coisas que Marisela não conseguia entender de onde estava.

           

Ia perguntar para Tia Cecília o que estava acontecendo quando Pedro segurou um dos punhos de Lucía e puxou-a para si, com a mão livre segurou a cabeça da menina e lhe deu um beijo que parecia ter saído de um filme.

           

Marisela ergueu as sobrancelhas e Tia Cecília soltou uma exclamação. As duas desviaram o olhar quando perceberam que não iria acabar tão cedo.

           

— Então, eles namoram? – Ela perguntou, ligeiramente sem jeito.

           

Tia Cecília sorriu.

           

— Há muito tempo. Desde crianças.

           

— E porque Lucía está tão brava com ele?

           

— Ela acha que ele andou metido com uma das filhas de Frederica.

           

Marisela não achava surpreendente que a filha de Frederica estivesse envolvida em uma história como essa.

           

— E ele estava? – Ela perguntou.

           

— Eu não sei. Mas se tem uma coisa que podemos dizer sobre as filhas de Frederica é que elas são umas mentirosas oferecidas. – Tia Cecília parecia irritada, como se tivesse tido trabalho com essas meninas antes. E muitas vezes. Ela respirou fundo e voltou a falar. – E se tem uma coisa que pode ser dita sobre Pedrinho, é que ele é obsessivo como Bárbara. Quando se interessa por algo, não tem muito espaço para qualquer outra coisa.

           

Marisela lembrava do amor obsessivo que Bárbara sentia por Santos. Ela mentia e o enganava, mas não dessa maneira. Não havia espaço na vida e no coração de Bárbara para outro homem que não fosse Santos Luzardo.

           

Até Pedro nascer pelo menos.

           

Marisela olhou de canto de olho para o jovem casal. Eles não estavam mais se beijando. Estavam abraçados, as testas unidas e conversavam.

           

— Acho que a briga acabou.

           

Tia Cecília também olhou para os dois e sorriu.

           

— Esses dois vivem assim. Agora que vai passar mais tempo aqui é melhor se acostumar. São como cão e gato. Mas se amam. Dá pra ver de longe.

           

Sim, Marisela conseguia ver. Formavam um lindo casal.

           

Pedro e Lucía se separaram e começaram a caminhar em direção a casa de mãos dadas. Pedro era consideravelmente maior que ela.

           

— Já fizeram as pazes? – Cecília perguntou.

           

O menino deu um sorriso feliz, levantando um polegar. Lucía sorriu.

           

— Sim. E agora que as coisas estão melhores, eu queria te contar uma coisa.

           

Tia Cecília sorriu e pediu que ela dissesse.

           

— Eu estou grávida.

           

Cecília cuspiu o chá que estava tomando, Marisela se engasgou no seu e o menino ficou em completo choque, os olhos esbugalhados, os ombros mexendo com a respiração rápida e descompassada.

           

— Você tá o que?

           

Ele reagiu mais rápido que elas. Lucía olhou para ele como se fosse um demente, depois abriu um sorriso e deu um tapa em seu ombro.

           

— É brincadeira.

           

Tia Cecília relaxou em um instante, mas Marisela e o menino continuaram sem palavras por alguns segundos. Lucía riu alto.

           

Antonio e Tonito chegaram juntos instantes depois, eles conversavam sobre alguma coisa de trabalho, mas largaram a conversa séria quando estavam perto o suficiente. Pedro cumprimentou Antonio com um aperto de mão respeitoso e Tonito o abraçou como um irmão, rindo e dando tapas em suas costas.

           

— Conseguiu dobrar essa marrenta. – Tonito disse.

           

O menino encolheu os ombros convencido e recebeu um tapa na nuca da namorada. Marisela sorriu e observou em silêncio a interação daquela família. Não era tanta surpresa que o filho de Santos e a filha de Antonio fossem namorados, mas ficava difícil de imaginar quando se levava em consideração que o menino também era filho de Dona Bárbara.

           

Marisela tomava goles de seu chá e observava uma nova geração brincando, rindo, vivendo, e pensava no futuro que estava por vir. Mesmo com parte da fazenda de Bárbara agora legalmente pertencendo à ela, Pedro Luzardo Guaimarán ainda era o dono de uma fazenda de tamanho impressionante. E se ele se casasse com Lucía e os dois tivessem filhos, essas crianças herdariam Altamira, El Miedo e El Chaparán. A maior fazenda que já existiu na Araúca.

           

Enquanto estava perdida em seus pensamentos, mal notou que já estava escurecendo. Ela havia feito planos para voltar naquele mesmo dia, estaria de volta em casa no dia seguinte. Era tudo o que mais queria quando partiu em direção ao Progresso.

           

Agora que estava ali, se via incapaz de levantar daquela cadeira de balanço e deixar aquelas pessoas para trás. Mal conhecia seu irmão e, a cada gesto, a cada sorriso, a cada piada sem graça, Marisela tinha mais vontade de conhece-lo, de ter aquela pessoa em sua vida.

           

Tonito, com seu sorriso fácil e seus olhos claros, foi quem a perguntou:

           

— Marisela, vai jantar com a gente?

           

Tia Cecília e Antonio olharam para fora, reparando que era noite. Cecília olhou para Marisela e parecia pronta para fazer algum comentário sobre sua viagem que já não aconteceria. Mas Marisela sorriu, olhando para aqueles rostos familiares e aqueles que ela queria que fossem, e respondeu:

           

— Claro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Los Guaimarán" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.