Los Guaimarán escrita por Araimi


Capítulo 6
Capítulo 6




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Marisela sabia em seu mais íntimo que aquele menino havia traçado um caminho completamente diferente para sua vida só por existir; mesmo assim, ela podia contar nos dedos de uma mão as vezes em que o viu durante sua vida.

           

Ela estava remediando esse erro agora.

           

Ainda tinha que lembrar a si mesma que ele não era mais um menino. Era um homem feito. O irmão que ela nunca teve, o amigo que ela sempre desejou ter. Ela tinha a memória de uma foto, a foto de um menino, e de que como havia sentido inveja desse menino. Por ser amado por uma mãe que ela nunca teve, por ser o herdeiro de uma fazenda que deveria ter sido dela, por ter os nomes que ela sempre quis ter.

           

Tudo isso parecia distante agora, parecia bobo. Enquanto cavalgava ao lado de seu irmão mais novo, Marisela sorria ao lembrar daquele tempo. Por que Pedro era assim, fazia com que você sentisse que o conhecia há anos, e não há alguns meses, como era o caso.

           

— Quem muito sorri, está pensando em suas maldades. – Ele declarou brincalhão.

           

Marisela revirou os olhos.

           

Não demorou muito até que ele parasse. Desceu do cavalo e Marisela o acompanhou, passando longe da égua malhada. Terra parecia ser um cavalo dócil, mas era apenas a aparência. Permitia que Pedro a montasse e ninguém além dele. Descobriu aquilo da pior maneira.

           

Ele parou em frente a um descampado, as mãos na cintura, olhando para o horizonte com ar sonhador. Parecia a imagem perfeita de Santos Luzardo.

           

— É aqui. – Ele disse. – Vou construir a casa nova aqui. É bonito, não?

           

— É lindo.

           

— Vou chamar um arquiteto da capital, seu marido que indicou. Quero uma casa bem grande, bonita. Confortável. Acha que Lucía vai gostar?

           

Marisela sorriu, plantando uma mão no braço do rapaz.

           

— Ela seria louca se não gostasse. O que você vai fazer com as outras casas?

           

Era uma pergunta que a importunava. Pedro deu de ombros.

           

— Vou deixar onde estão. Pras visitas. Quem sabe para os meus filhos?

           

Ele olhou para ela e piscou um olho. Virou-se na direção contrária e Marisela o seguiu. Ele estendeu o braço, mostrando algo que estava a frente.

           

— E ali, vou construir o letreiro com o novo nome.

           

Marisela franziu o cenho.

           

— Novo nome?

           

— Claro. Não pode ser Altamira/El Miedo para sempre.

           

— Claro que não. Pensei que se chamaria Altamira. Quando as duas fazendas eram unidas, se chamava...

           

— Altamira, eu sei, eu sei. Seria assim se eu fosse apenas um Luzardo, mas também sou um Guaimarán. Essa fazenda é minha, Marisela. – Ele sorriu e puxou-a para um meio abraço com um braço só. – Nossa. Não pode viver na sombra de outras.

           

Marisela pensou sobre o que ele disse e acabou concordando. Acabaria cedendo de qualquer jeito. Apesar de Pedro gostar de falar que a fazenda era deles, a maior parte era dele apenas. Até mesmo o pedaço que lhe pertencia. Eles acabaram em um acordo em que Marisela deixava a sua parte da fazenda sobre os cuidados de Pedro e ele lhe repassava uma porcentagem dos lucros da fazenda.

           

Pedro ainda assim era o dono e senhor daquela nova fazenda.

           

Após um momento de silêncio, Marisela perguntou:

           

— E qual será o novo nome da fazenda?

           

Pedro sorriu, como se estivesse esperando que fizessem essa pergunta o tempo inteiro.

           

— Bem, minha querida irmã, depois de muito pensar, cheguei a uma conclusão. Mas quero saber a sua opinião. – Marisela assentiu. – Pois bem, o que você acha de: La Doña. Soa bonito, não?

           

Marisela ficou em silêncio. Querendo ou não, Bárbara sempre voltava a sua vida. Não tinha como escapar dela. Bárbara estava dentro dela. Sempre esteve e sempre estaria. Além do mais, realmente soava bonito. Era o nome perfeito para aquela fazenda.

           

— Acho que é um bom nome, Pedro.

           

Pedro sorriu e voltou a olhar o horizonte, Marisela o acompanhou. Em frente a eles a terra se estendia banhada pelo sol como um paraíso.

           

La Doña.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixem comentários.